Pesquisar este blog

sábado, 12 de outubro de 2013

VAMOS VOLTAR A SER CRIANÇA COMO ANTIGAMENTE?

"Viver, e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz..." (Gonzaguinha)


Hoje inevitavelmente me lembrei da minha infância. Sem saudosismo, mas lembrei do quanto minha geração foi feliz. Apesar da imensa pobreza, apesar das dificuldades, apesar das limitações, éramos muito felizes. Não tínhamos tv, celular (nem telefone), vídeos games e brinquedos eletrônicos. A grande sensação era a molecada se juntar para fabricar seus próprios brinquedos. Isso era o máximo!
Brinquedo comprado era só no Natal quando ficávamos ansiosos esperando a vinda do Papai Noel. Pela tradição, íamos dormir no dia 24 de dezembro após a missa do galo sem esquecer de deixar um pé de sapato bem a vista para que o bom velhinho não confundisse. Já pensou confundir o meu sapato com o de minha irmã? Uma boneca para o menino e um carrinho para a menina era nosso maior temor. Por isso o sapato tinha que estar bem posicionado. Apesar de ficarmos de olhos bem arregalados para flagrar o Noel descendo como um ladrão pelo velho telhado, sempre dormíamos. No outro dia, ao pisar no chão, lá estava o presentão embrulhado com papel amassado. Minha mãe dizia que era porque vinha no saco junto com outros presentes. Só mais tarde descobri que o papel era reaproveitado, por isso amassado.
Dia 25 de dezembro a molecada ia para a rua exibir seus presentes. Bolas, carrinhos, trenzinhos, bonecas e bicicletas. Nesse ponto quero chamar a atenção para um fato: nunca ganhei uma bicicleta e meus presentes eram simples, compatíveis com a condição financeira de meus pais.Porém, ia para a rua todo orgulhoso exibir meu carrinho de plástico (se fosse hoje seria daqueles vendidos por 1,99). Não me lembro de uma única vez que menosprezei meu presente ou me envergonhei diante daquela bicicleta possante que meu vizinho riquinho havia ganhado do Papai Noel. Nem eu nem meus amigos. Ao contrário, nos alegrávamos com o presente do colega e fazíamos a maior farra. A lógica era essa: se meu amigo tem uma bicicleta, agora vou poder dar uma voltinha de vez em quando.
Assim vivíamos. Estudávamos, brincávamos, aprontávamos nossas peraltices. Tomar banho no igarapé de águas cristalinas com a molecada (naquele tempo tínhamos esse privilégio) era o troféu pelo bom comportamento. Amávamos e admirávamos nossos professores. Na escola sentíamos seguros e protegidos. Estudávamos com afinco alimentando sempre o sonho de virar doutores. Nossos mestres nos ensinavam muito mais do que ler, escrever e contar. Aprendíamos a crescer com independência e autonomia. Aprendíamos a ser homens e mulheres íntegros. O Professor era a autoridade máxima dentro e fora da escola e eram reverenciados pelos nossos pais. Naquele tempo não existia essa história de bullying. De vez em quando resolvíamos nossas diferenças no braço mas logo voltávamos a ser amigos. 
 E hoje? Será que as crianças tem essa mesma pureza? Infelizmente não. Hoje a tv, a internet e outros meios de comunicação tem mais poder de influência do que os pais. A escola e os professores não são mais referência para nossos jovens e para as famílias. Nossas crianças estão perdendo a pureza da infância cada vez mais cedo. A erotização, o despudor e a banalização do corpo estão presentes em todas as áreas infantis, seja nos desenhos animados, nas histórias infantis, nas músicas, nas brincadeiras, nas modas infantojuvenil e até na escola. Outro dia fui numa festa de aniversário de criança e prestei atenção a um detalhe: enquanto estava tocando musicas infantis, as crianças estavam todas sentadinhas com ar de tédio. Alguém teve a ideia de tocar um funk e a molecada soltou geral. Impressionante as menininhas rebolando até o chão fazendo gestos com insinuação sexual sob os olhos admirados dos pais. Alguns falavam orgulhosos: "essa é minha menina".
Não quero aqui fazer nem um julgamento moralista, mas apenas provocar um debate sobre a forma como estamos educando nossas crianças. Que sociedade estamos preparando? Que adulto estamos formando?  Quais valores estamos imprimindo na mente dos nossos filhos? Valorizamos a sua escola e seus professores? Conversamos com eles sobre os valores da sociedade e os contra valores?
É comprovado que um adulto feliz, de bom caráter (com raras exceções)  foi uma criança feliz. Então está na hora de garantir a felicidade integral da molecada para evitar um futuro cheio de neuróticos, de frustrados e desprovidos de caráter.

5 comentários:

  1. Caro amigo,também faço parte desse time em que os presentes eram como forma de carinho que nossos pais com muita luta, nos ensinou que o melhor é encontrar a felicidade em coisas simples e são guardadas na lembrança para sempre.um abraço Viviane

    ResponderExcluir
  2. Belo texto doutor Luis. Me fez relembrar de minha infância. Era desse jeito que eu fazia no natal. Uma sugestão: faça uma pesquisa sobre a infância dos vereadores. Acho que a maioria eram infelizes. Alguns maltratavam animais ou tomavam os brinquedos dos coleguinhas. Rsrs. Vê se publica isso. Você anda muito comedido. (Paulão)

    ResponderExcluir
  3. Noossa, “Paulão” .... com uma mensagem dessa é ate pecado você falar isso! Quer dizer que políticos quando criança eram ricos e mal? Quanta futilidade da sua parte, da ate pena de pessoas que pensam assim como você... Creio que se essa pesquisa for realizada você ira conhecer muitas historias bonitas e de superação.

    ResponderExcluir
  4. vamos nos dar o direito de desfrutar um texto que remete a maioria de nós aos melhores momentos de nossas vidas.misturar esse momento lúdico com problemas de adulto,é, no minimo falta de bom senso.

    ResponderExcluir
  5. Confundiram a liberdade com libertinagem meu caro colega!

    ResponderExcluir