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quarta-feira, 13 de março de 2024

DARCI APRESENTA RAFAEL RIBEIRO AO PT E CAUSA BAIXA IMPORTANTE NA LEGENDA

Depois da última visita do governador em Parauapebas, na ocasião da inauguração da reforma da escola Eduardo Angelim, o cenário político tomou novo rumo. Durante o seu discurso, Helder Barbalho causou mal estar no prefeito com a história dos caititus e dos blogueiros vazios. (Leia a matéria aqui).

Depois disso, o governador chamou as suas lideranças de Parauapebas (Kenyston, Braz, Rafael e Darci) para um café sem açúcar e bateu o martelo em torno do nome de Ivonaldo Bráz, que, segundo ele, tem mais condições e experiência para barrar a sanha da oposição e ganhar as eleições. 

O prefeito Darci, não gostou nem um pouco de ser contrariado e resolveu peitar o governador e mostrar a ele quem é que manda nessa joça. Entrou em campo para procurar um partido para seu pupilo Rafael Ribeiro. E não deu outra. Foi ao PT, partido que, mesmo ele tendo se desfiliado em 2016, continua tendo total influência. 

A reunião com o diretório petista aconteceu no último sábado, 09 de março. Rafael Ribeiro foi apresentado como candidato a ser apoiado pelo PT. Há inclusive a possibilidade do Rafael se filiar ao PT ou se candidatar pelo PSDB e fazer dobradinha com o PT. Tudo está na mesa de negociação e deve se acertar nos próximos dias.


Baixa no PT


Quem não gostou nem um pouco dessa negociação foi o professor Raimundo Neto. O mesmo, tinha colocado seu nome a disposição como opção para candidatura do PT. A apresentação foi fruto de um debate entre um grupo importante de filiados que acham que já chegou a hora do PT sair da sombra do Darci e apresentar candidatura própria. 

O diretório do PT resolveu ignorar o nome do Raimundo Neto e, sem ao menos dialogar, reuniu quase secretamente e abriu as portas para os planos do Darci. Acontece que Neto não está sozinho. Além de ser um nome histórico no partido, tem um grupo grande que deve lhe acompanhar na sua decisão, e não apoiará a decisão do diretório. 

Veja abaixo a carta de desfiliação que o professor Raimundo Neto apresentou ao Partido dos Trabalhadores de Parauapebas:


Há cerca de 40 anos, iniciei minha militância no Partido dos Trabalhadores – PT, ainda muito jovem, nos anos finais da ditadura militar, na década de 80. Na época, morava em Imperatriz.

No início dos anos 90, mudei-me para Parauapebas, onde continuei minha militância no PT, sendo este o único partido ao qual fui filiado, permanecendo até ontem, 12.03.24. Após tanto tempo de engajamento, tudo tem seu fim.

Minha decisão de sair deve-se à profunda incompatibilidade entre meu pensamento e o dos dirigentes locais do PT sobre as próximas eleições. O PT local recusou-se a seguir o calendário interno estabelecido em seus próprios atos normativos.

Por esses motivos, decidi deixar o partido. Continuarei firme com minha ideologia de esquerda, mantendo-me como sempre fui, moderado.

Expresso minha eterna gratidão aos companheiros e companheiras que me acolheram durante esses anos de militância.

Raimundo Oliveira Neto


terça-feira, 12 de março de 2024

A TOMADA DO PODER EM BROGODÓ

Os vampiros de Brogodó - Episódio II

 

Esse é um conto de ficção. Qualquer semelhança com a realidade será coisa de sua cabeça

        

        

Tudo caminhava com a devida normalidade na cidadezinha dos confins do mundo no interior da Pensilvânia. Velhos vampiros de Brogodó se revezavam no cargo de prefeito e conduziam a política de forma que o povo acreditasse que tinha participação ativa no processo político. Ledo engano!

        Brogodó respirava política todos os dias do ano, mas quando chegava no ano eleitoral, a coisa pegava fogo literalmente. Os eleitores agiam de forma passional e defendiam com unhas e dentes seus políticos. Se envolviam com tamanha paixão que, as vezes dava até morte. Velhos amigos viravam inimigos; familiares brigavam entre si; casais se separavam. Tudo fazia parte de um jogo envolvente dos vampiros para que aquele povo se sentisse parte do jogo. No fundo, quase todos eram manipulados e estavam no mesmo saco defendendo os interesses dos vampiros contra os seus próprios.

        A cada eleição, os vampiros promoviam dantescos espetáculos e transformavam a disputa num picadeiro, usando e abusando da política pão e circo. O povo se divertia e, muitos aproveitavam para ganhar um dinheirinho ou até mesmo objetos como: óculos, tijolos, telhas, sacas de cimento, cesta básica, dentaduras, etc. Muitos desempregados ou desocupados aguardavam esse momento para conquistar o trabalho dos sonhos que era balançar bandeira nos cruzamentos e acompanhar os políticos nas passeatas e comícios. A ordem era aplaudir e gritar palavras de ordem, independente do que o político falasse. Bastava o sujeito subir no palanque e dizer “boa noite brogodoenses”, já se ouvia gritos histéricos e palavras desconexas como “lindoooo!” “Maravilhosooo!” “Te amooo!”.

        Uma minoria quase insignificante lutava bravamente para mudar aquela situação. Esse grupo era composto majoritariamente por trabalhadores rurais, operários das minas de diamante e alguns intelectuais como, advogados, administradores, engenheiros, padres, e, muitos, muitos professores. Pregavam uma Brogodó para todos com justiça, paz e equidade. Denunciavam a corrupção, as tramoias políticas e os acordos nefastos entre executivo e legislativo. Faziam muitas reuniões e construíam planos para retirar Brogodó das garras dos vampiros. No início, falavam quase que exclusivamente para eles próprios e quase ninguém os levava a sério. Aos poucos, a plateia foi crescendo, mesmo que por curiosidade. Alguns falavam: “vamos lá ouvir o que aqueles malucos estão falando”.

        Esse grupo de opositores foi crescendo, crescendo, ocupando vários espaços até que ficou grande. Se antes as pessoas ouviam com descrédito e desdém, agora já tinha um numero significativo de pessoas que aderiam às ideias e tomavam consciência de que poderiam se unir e derrotar os vampiros. Aquela ideia de que a família vampiresca dos Salins era imbatível, ia perdendo força e, no fundo do túnel começava a aparecer uma luz verde.

        E aconteceu o que muitos duvidavam. O ano era 1940 do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus. Ano eleitoral onde os vampiros esperavam confiantes por mais uma eleição “normal” como era de costume. Um velho vampiro, chefe do clã dos Salins que há muito dominava Brogodó sucederia sua mulher que já estava há dois mandatos no poder enquanto seu marido se aventurava por outras bandas. Tudo parecia normal.

        Normal, mas nem tanto. Na eleição para escolha do governador da Pensilvânia que ocorrera há dois anos, os vampiros de Brogodó tomaram o maior susto. Uma mulher quase desconhecida, candidata ao governo pela oposição, deu uma surra no candidato dos vampiros e, só não se elegeu porque sua votação expressiva só se deu em Brogodó. Esse foi um aviso que fez com que a vampirada reforçasse sua defesa e atacasse ainda mais aquele grupo de oposição considerado até então inofensivo.

        Pois muito bem. Voltemos a eleição de 1940. A campanha começou fria até que foi esquentando. A oposição aos vampiros foi tomando corpo e, sem dinheiro, sem estrutura, foi se espalhando como rastro de pólvora. De repente, a cidade inteira foi invadida pela cor lilás que representava a cor do grupo de oposição batizado de BROGODÓ PARA TODOS. A cada comício, a cada passeata, cada carreata, era surpreendente ver como aquele grupo crescia. Foi a campanha mais bonita e apaixonante que Brogodó já vira até então. Muitos até falavam empolgados que aquela era a campanha mais bonita de toda a Pensilvânia ou, quiçá do país.

        A campanha contra os vampiros de Brogodó seguia firme e mais empolgante a cada dia. O candidato representante da oposição foi escolhido pela sua simplicidade, sua simpatia, mas, principalmente devido ao seu carisma de se comunicar com o povão. Dizem as más línguas que ele não tinha a menor ideia do que fosse administração nem governo, e, além de tudo era desorganizado e desleixado até com sua vida pessoal. Mas, seu talento de se comunicar com o povo dava gosto de ver. Era daqueles que saia de casa de manhã para comprar pão para o café e voltava a noite sem os pães, mas cheio de histórias sobre as conversas que tivera com as pessoas na rua. “Eis aí o nosso candidato ideal. No quesito administração, nós daremos um jeito. Nós montaremos uma equipe técnica competente e com habilidade para governar. O Vavá será nosso passaporte para ganhar as eleições dos vampiros. Vamos furar essa bolha” – dizia empolgado o professor João Paulo, líder da oposição.

        Ia tudo muito bem na campanha mais empolgante e bonita de toda a história. O candidato Vavá, a cada dia empolgava mais os eleitores. No início, tinha dificuldade para discursar, mas logo pegou o jeito e, falava por horas para uma multidão cada vez mais entusiasmada. Mas uma coisa começou a deixar os líderes da oposição com uma pulga atrás da orelha. É que apesar do grupo não ter dinheiro e ter que fazer vaquinha até para comprar água, de repente, começou a aparecer uma fartura de material. A multidão que lotava os comícios, aparecia em peso de camiseta lilás e portando bandeiras. Quem comprou? Quem pagou? Ninguém sabia. O Vavá dizia que o povo estava comprando com o próprio dinheiro. Do nada, aparecia um cantor famoso para animar o showmício. Quem contratou? O diretor do comitê não sabia. No palco, a coordenação do evento muitas vezes percebia rostos estranhos àquela campanha. “Quem é esse com cara de barão? Não conheço”. “Quem é esse do chapelão com pinta de latifundiário? Nunca vi mais gordo”. “E essa madame com jeito esnobe, seria uma espiã? Não conheço, mas a bicha é bonita! Deixa ela aí. Pelo menos enfeita nossa campanha”. E o Vavá, sempre muito simpático, muito solícito, ia agregando a todos. No final da campanha, havia mais gente estranha acompanhando-o do que seus próprios amigos e companheiros de partido. Mas, o mistério continuava. Ninguém sabia de onde vinha tanto dinheiro, tanto material e tantas atrações caras. Mas naquela altura do campeonato, era bom nem perguntar. Todos estavam empolgados demais para se preocupar com detalhes sem importância.

        Eis que chegou o dia da eleição. Mesmo com os ataques violentos dos vampiros, o grupo de oposição deu uma lavada e venceu com folga. Mesmo já completando vinte anos, lembro-me como se fosse hoje a explosão de alegria e o clima de empolgação e esperança que tomou conta de Brogodó. Era festa pra todo lado. Até alguns fazendeiros que antes se declaravam inimigos daquele “bando de baderneiros comunistas” – como costumavam se referir ao grupo do Vavá – doaram vacas para o churrasco. Empresários empolgados comemoravam e se diziam ser Vavá desde criancinha. Foi uma vitória para lavar a alma daquele povo sofrido que resolveu, como num passe de mágica, abrir os olhos e se livrar de uma vez por todas dos vampiros.

        Será?


        Segue no episódio III

       

terça-feira, 5 de março de 2024

OS VAMPIROS DE BROGODÓ

 

PARTE I


No ano de 1924 da era do Nosso Senhor Jesus Cristo, o povo se preparava para uma nova eleição em Brogodó, uma cidadezinha enigmática, encravada nas montanhas de diamante no Estado da Pensilvânia . O nome, considerado esquisito por muitos, era uma justa homenagem ao igarapé que cortava a cidade e, outrora, servia como fonte de lazer e garantia água limpa para a população. Devido a má gestão de Brogodó, o igarapé agora era apenas um corredor de águas fétidas carregadas de clorofórmio fecal.

        Devido a grande atividade mineradora nas montanhas de diamante de Brogodó, a prefeitura tinha uma receita maior do que muitos Estados americanos. Mas, o que era para ser uma bênção, virou uma maldição para o povo brogodoense que vivia numa constante contradição. Tanta riqueza gerada e o povo vivia numa pobreza que dava dó. Eu explico essa contradição: devido as vultuosas quantidades de dinheiro gerada pela mineração, Brogodó atraiu vampiros de todos os cantos do país. Esses vampiros, disfarçados de homens de bem, descobriram um método para se revezar no poder de Brogodó e assim, sugarem todo o sangue do povo e suas riquezas.

        E o povo, de tanto ter o sangue sugado, estava apático e sem condições de reagir ao sistema implantado pelos vampiros. Alguns, até tentavam reagir, ameaçavam tomar o poder dos vampiros, mas, no final, como num encantamento vampirístico, todos agiam como bobalhões, paspalhões e acabavam contribuindo para que os vampiros permanecessem no poder. E assim, Brogodó continuava se afundando cada vez mais num círculo vicioso.

        A cada eleição, a história se repetia. Os não vampiros se uniam para expulsar os vampiros do poder. Os líderes não vampiros, espumando de ódio, prometiam vingança. “Dessa vez, vamos nos unir e botar esses vampiros ladrões de sangue para correr. Chega de roubalheira” – dizia seu Raimundo do mercadinho. “Vou votar em um cachorro, mas não voto mais nesse FDP chifrudo” – ameaçava seu Paulo da farmácia. “Agora chegou a hora do povo dar o troco. Vou botar pra torar nesses sanguessugas nojentos. Vamos nos unir meu povo. Não podemos esperar. A nossa hora é agora” – esbravejava com valentia o pré-candidato Zé Boca de Burro fingindo lacrimejar no olho esquerdo.

        Será que esse ano seria diferente?

        No fundo, bem lá no fundo, os não vampiros não tinham bons propósitos para Brogodó. Queriam apenas ocupar o lugar dos vampiros para continuar sugando o sangue do povo. E o povo? Ah, o povo! Esse era um capítulo a parte. Quando chegava o período eleitoral, aqueles que viviam ameaçando fincar uma estaca de madeira santa no peito dos vampiros, faziam filas nos comitês para oferecer seu trabalho como cabos eleitorais para ajuda-los, em troca de algum benefício ou até vãs promessas. E assim, tudo se repetia eleição após eleição.

        Já foram registrados casos em Brogodó de políticos não vampiros que conseguiram furar a bolha e chegar ao poder, mas foram mordidos pelos vampiros e se aliaram, tornando-se até piores. Mas, esse será um novo capítulo dessa história.

 

  

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

COMO SE ELEGER PREFEITO E SE PERPETUAR NO PODER - PARTE III


Manual maquiavélico do poder

Como emplacar o terceiro ou quinto mandato?


A distribuição dos cargos


    
Eu, Nicolau Maquiavel, nascido em Florência-Itália no século XV, autor de várias obras, entre elas O Príncipe, que ficou famosa exatamente pela falta de compreensão e entendimento da minha mensagem subliminar que deixei no livro. Agora, em pleno século XXI, me dou ao trabalho de vir aqui, através desse aprendiz de blogueiro deixar uma mensagem. Espero que essa geração do século XXI tenha mais inteligência do que a minha do século XV. Para quem não entender e para quem não compartilhar essa mensagem, prometo que virei pessoalmente atazanar seu sono e assombrar seus dias.

    Dito isso, vamos aos fatos.

    O nobre prefeito seguiu todo o roteiro e se reelegeu com facilidade. Agora, sua missão mais importante é emplacar o terceiro ou quinto mandato. Aí vai depender da sua vontade e da sua fome de poder, pois terá que fazer cada vez mais malabarismo para ludibriar esse povo que já conhece as suas artimanhas. Terá que se reinventar e encontrar maneiras cada vez mais criativas. Uma coisa que sempre cola é dizer aparentando humildade que cometeu muitos erros, que confiou muito em pessoas erradas, que foi traído. Mas, agora, você está calejado, muito mais experiente e com mais sabedoria. O povo cairá nesse conto do vigário com facilidade.

    Antes que você me interrompa, não esqueci que no século XXI ainda prevalece a lei aí no Brasil que só permite a reeleição para cargos executivos uma única vez. O mandato para quem se reelege só dura 8 anos. Mas basta ficar 4 anos fora do governo para você poder voltar a se candidatar e repetir o ciclo, emplacando mais 8 anos, e assim sucessivamente quantas vezes você quiser, de acordo com sua capacidade de inventar novos truques.

    Agora, preste muita atenção nessa lição, pois será a mais importante da sua vida.

    Desde o primeiro dia do seu governo após a reeleição, trate de planejar a sua volta quando terminar o mandato. Nesse caso, escolha deliberadamente um secretariado mais fraco possível. Não se preocupe em buscar competência, honestidade ou qualquer habilidade para o cargo. O único critério é que o secretário seja obediente e não questione nada. Quanto mais néscio, melhor para seus objetivos. Calma! Lá na frente você vai entender o objetivo de escolher tanta gente incompetente para gerenciar o que parece sério.

    Durante a campanha para sua reeleição, você loteou a prefeitura oferecendo secretarias e assessorias para os partidos aliados. Priorize os vereadores eleitos. Dê uma secretaria para cada um, assim, eles não terão como fazer oposição e nem terão tempo para te fiscalizar. E, o mais importante: estarão comprometidos com seus objetivos. E não se preocupe com o que cada um faz na “sua secretaria”. Se der algum problema, você terá um batalhão de advogados para livrar sua cara. Trate a prefeitura como um feudo. Cada um é dono de um pedaço e deixe a coisa se desenrolar (ou se enrolar) por si só.

    Toda unanimidade é burra e levanta suspeitas. Por isso, lembre-se de deixar um ou dois vereadores na oposição comendo o pão que i diabo amassou. Dê corda para que eles falem mal de você. Quanto mais esculhambação, melhor. Se eles te chamarem de ladrão, de corno, de baitola ou do que mais vier à cabeça, apenas sorria. Jamais demonstre raiva. Seja forte, pois o que importa são seus objetivos de se perpetuar no poder.

    Na hora de escolher seus assessores, o único critério é que eles sejam bons puxa-sacos. É importante você ter por perto um bando de bajuladores que te defendam a qualquer custo e em qualquer situação, não importando com o tamanho da merda que você faça. Eles funcionarão como soldados que sairão em campo na sua defesa como verdadeiros pitbulls, principalmente nas redes sociais.



O trato com a imprensa



    Esse é um quesito muito importante. Sabe aquela história de imprensa imparcial? É a pior mentira que já inventaram. Todo mundo tem seus interesses, e, esses interesses, dependem muito do valor envolvido. Então prefeito, seja generoso. Distribua dinheiro com fartura para esse segmento de “trabalhadores”.

    E não escolha veículo de comunicação. Seja rádio, Tv, jornal impresso, blogs, site de notícias, revista de fofocas, página do Facebook, grupos de fofocas no WhatsApp, folheto do grupo de velhinhas missionárias evangélicas... Qualquer um que tenha mais de 100 seguidores, merece sua atenção e o dinheiro dos cofres públicos. Se eles não falarem bem de você, pelo menos vão ocultar as notícias negativas a seu respeito. Não falando mal e nem deixando que outros falem, já está de bom tamanho.

    Monitore todos. Deixe uns três assessores só para acompanhar esses órgãos de comunicação e as redes sociais. Se algum se engraçar com sua gestão, corte a verba. Se ele continuar, levante um dossiê do indivíduo. Todo mundo tem algo podre que esconde a sete chaves. Com isso, você manterá o cabresto no “cabrito rebelde”.



Deixe o caos imperar

    Parece loucura né? Mas vá por mim. Eu sei o que estou falando. Intercale seu último mandato com obras faraônicas (que nunca serão concluídas) com o caos na administração pública. Se o seu município tiver potencial de endividamento, contraia empréstimos bilionários para as tais obras faraônicas. O importante é deixar um rombo para explodir como uma bomba no colo do próximo gestor.

    Se alguém vier reclamar e sugerir que você deve investir em infraestrutura, em saneamento, em postos de saúde e escolas nos bairros, diga que você é visionário e que está pensando no futuro da cidade. Transforme sua cidade num circo pegando fogo. Deixe o caos e o desmando imperar na saúde e, principalmente na educação. E, para aliviar a tensão dos “reclamões”, promova muitas festas, muitos espetáculos, muita pirotecnia. A política do pão e circo deu certo no Império Romano e continuará dando certo nesses confins do mundo atual.

    E o mais importante: crie uma áurea religiosa. O povo adora isso. Coloque no seu vocabulário algumas palavras do tipo “Deus te abençoe”, “Deus proteja nossa cidade”, “nosso município é do senhor Jesus”. Frequente templos evangélicos, reúna com pastores, libere verba para igrejas, mesmo que você não tenha nenhuma religião.

    Mas qual o objetivo de você causar todo esse caos no município que você administra? Eureca!



Aposte em líderes fracos e artificiais



    Você está no seu segundo ou quarto mandato. O seu maior cuidado deve ser com as pessoas com potencial de liderança. A chance de um desses líderes estar se preparando para ocupar o seu lugar é muito grande. Então, trate de destruir qualquer pessoa que demonstre qualquer chance de se tornar um líder. Se algum dos seus secretários ou assessores começar a demonstrar resultados positivos, receber elogios, ser reconhecido pela população pelo seu trabalho, dê um jeito de fritá-lo o mais rápido possível. Arme uma arapuca para ele, use a vaidade do líder como arma de autodestruição, engendre um plano para que ele caia em situação vexaminosa e destrua a sua reputação a qualquer custo. Não tenha escrúpulo ou piedade. No momento, o que você não precisa é de pessoas para dividir a sua glória conquistada com sacrifício.

    A regra aqui é fugir de pessoas que apresentem qualquer potencial de apresentar bons resultados para sua gestão. Lembre-se: você tem que causar o caos. Isso parece absurdo para você? Se não estiver preparado para continuar no poder, pode parar por aqui, pois esse espaço não é para quem tem escrúpulos ou pudor. Afaste-se dos seus amigos e cerque-se de bajuladores profissionais. Eles são a energia que você precisa para continuar no poder.

    Seu mandato vai terminar e você não poderá mais se reeleger. Lembra que eu te falei no sexto parágrafo que iria entender o motivo de se acercar de gente incompetente no seu governo? Então, para concluir, vai a dica de ouro que fará você se perpetuar no poder.

    Você não pode cometer esses dois pecados capitais: a vaidade e a confiança.

    Por vaidade, você pode cair na tentação de eleger seu sucessor. Afinal, é normal querer mostrar que é fodão, que tem popularidade bastante para eleger quem você quiser. E aí vem o segundo pecado: você pode cair na tentação de confiar em alguém achando que ele vai ser manipulado por você, que só vai fazer o que você quiser. Acredita que vai apenas esquentar a cadeira para você voltar. Se cometer esses dois pecados será o seu fim. Raciocine comigo: por mais que o seu ungido seja da sua confiança, que esteja com você para o que der i vier, depois que ele sentar na cadeira de prefeito, vai tomar gosto pelo poder. Aí, meu amigo, já era. Com absoluta certeza, vai te isolar, se afastar de você e criará sua própria estratégia de poder. Quando você menos perceber, já virou peça de descarte.

    No final do seu segundo ou quarto mandato, quando você não puder mais se reeleger, saia de cena e se prepare para voltar em quatro anos. Para isso, faça o jogo teatral. Lembra do caos que você criou na sua gestão? Agora já está começando a entender a utilidade disso. Seu município estará tão destruído que o povo ficará fragilizado e com ódio de você. E no meio a esse caos que você criou, o eleitor estará tão fragilizado e confuso que será quase impossível de raciocinar com a razão. E a história nos mostra que um povo fragilizado, age como náufrago em busca de uma tábua de salvação. Assim, ele tende a fazer escolhas absurdas. Com certeza, ele (o povo) vai eleger a pior opção possível. Entendeu a lógica?

    Como todos esperam que você escolha alguém para te suceder, escolha um candidato que não tenha nenhuma chance de se eleger. Se você eleger seu sucessor, ele terá a chance de ficar oito anos no cargo. E oito anos meu amigo, é tempo suficiente para o povo te esquecer. Então você terá três tarefas: 1º) Provoque divisão na sua base. Prometa apoio a uns três ou quatro nomes. Faça com que eles acreditem que terão sua bênção para a sucessão e deixem eles se matarem por isso; 2º) Na última hora, escolha o candidato mais fraco, que não tenha nenhuma condição de ser eleito. Mesmo você estando queimado com o eleitor, com o uso da máquina o seu candidato ainda pode se eleger. Então cuide-se para que isso não aconteça; 3º) Secretamente, dê apoio ao pior candidato da oposição. Dê um jeito de fazer chegar dinheiro a esse candidato. Um contrato milionário para um financiador da campanha dele é uma boa ideia. Mas cuidado para o eleitor não descobrir isso, senão seu plano vai por água abaixo.

    Tudo o que você precisa é que seja eleito um destrambelhado da oposição que vai herdar uma prefeitura falida e não tenha capacidade de colocar o trem nos trilhos. Fará tanta besteira que o incauto eleitor que raciocinou com o fígado ao invés do cérebro, vai sentir saudade de você.


    Agora, mãos à obra. Se aplicar esse plano direitinho, te garanto que se elegerá quantas vezes quiser. Confie nos seus instintos e na baixa capacidade de entendimento da maioria dos eleitores. E confie mais ainda na incapacidade de raciocínio e falta de inteligência dos que se  matam para assumir o seu lugar.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

COMO SE ELEGER PREFEITO E SE PERPETUAR NO PODER - PARTE II

Afaste-se do povo



Manual maquiavélico do poder

Se você não leu a parte I, clique aqui e leia antes. Compreenderá melhor e será mais divertido.


Agora falaremos sobre o seu relacionamento com o povo.

Mantenha uma certa distância. Deve parecer popular, mas não exagere, senão se tornará uma figura comum e perderá sua importância. Evite se misturar com populares na feira, nos botecos ou na igreja. Deixe o povo sentir sua ausência e apenas em ocasiões raras se envolva. De vez em quando, apareça na casa de um eleitor humilde e demonstre intimidade. Entre na cozinha, tome um café frio e elogie. Abra as panelas, coloque um punhado de arroz queimado na palma da mão e jogue na boca. Pergunte à dona Maria como ela consegue fazer um arroz tão saboroso.

E não esqueça de sempre dizer que sente falta do contato diário com esse povo. Afirme com ênfase que as responsabilidades do cargo não permitem estar sempre com eles. Nestas raras ocasiões, seja gentil, fale com humildade. Peça aos seus assessores que levantem informações familiares de alguns que tenham alguma liderança. Você não imagina o poder e a magia de chegar para o Zé Ninguém e perguntar: como está seu filho Zezinho? A sua esposa Raimundinha está melhor da coluna? E diga isso tocando o rosto da pessoa. Pronto! O Zé Ninguém que falava aos quatro ventos que quando te encontrasse iria te dar uma peixeirada no bucho, agora declarará amor eterno. “Este é o prefeito! Homem humilde, de bom coração. Lembrou até da minha esposa doente e do meu caçula” – dirá o ingênuo cheio de orgulho.

Realize algumas obras importantes. Especialmente asfalto. Os menos favorecidos gostam disso, mesmo que tenham que pisar em fezes dos esgotos que correm sobre esse asfalto. Construa muitas estradas rurais, faça aterros e enterre muitas manilhas. Se algum intrometido questionar o superfaturamento das obras, mande-o cavar pra conferir o tamanho e a espessura das 2.781 manilhas enterradas e contar as 3.269 caçambas de piçarra usada no aterro. Mas tenha cuidado para não realizar obras duráveis. Faça o asfalto “sonrisal” (que derrete na primeira chuva), aterre as cabeceiras das pontes sem uma base sólida, utilize material de baixa qualidade, embora a licitação indique o contrário. Você pode facilmente colocar a culpa na chuvarada que caiu fora de época e até culpar São Pedro. Vai precisar refazer tudo de novo. Isso, significa mais dinheiro para a campanha e para o enriquecimento pessoal. Avance sem medo. Vá na fé.

Os três primeiros anos passaram como um piscar de olhos. Resta apenas um ano para a reeleição. É vital conquistar o segundo mandato, pois, um prefeito que não se reelege, é considerado um fracassado, um estorvo. Ajuste seu discurso. Diga que “o trabalho tem que continuar”, “o progresso não pode parar”, essas palavras vazias que influenciam os mais frágeis.

Ah, é crucial ter nas mãos pelo menos 90% dos vereadores e todas as autointituladas lideranças políticas. Afinal, dinheiro é o que não falta para esse propósito. Aniquile a oposição. Compre uns, desmoralize outros, amplie as alianças. Dessa forma, sua eleição será tranquila. E para que nada dê errado, por margem de segurança, loteie toda a prefeitura. Distribua todos os cargos entre os partidos políticos, prometa assessoria aos candidatos a vereador que não for eleito. Prometa, prometa, prometa... Ah, e não se esqueça de contratar um batalhão de cabos eleitorais (os chamados formiguinhas) 60 dias antes das eleições. Contrate 5 mil formiguinhas por um salário mínimo, mas declare somente 500 para não ser acusado de abuso de poder econômico. Não faltarão desempregados dispostos a ficar sob o sol balançando bandeiras e lotando seus comícios. Até haverá quem deixe o emprego para aproveitar essa oportunidade que julga ser moleza.

Preste atenção aos detalhes na contratação das formiguinhas (cabos eleitorais). Priorize aqueles com uma grande família de eleitores. Imagine alguém com esposa e quatro filhos aptos a votar! Serão 6 votos garantidos. E pelo menos uma vez, reúna todos, ofereça um café e destaque a importância deles na campanha e no governo após a vitória. Não se preocupe. Após vencer, não será preciso vê-los novamente.

Pronto. Você passou por cima dos adversários como um rolo compressor. Sua vitória foi esmagadora. Desapareça por um tempo da cidade. Deixe os aliados ansiosos, sem saber se serão contemplados com os cargos e secretarias prometidas. Afaste-se desses abutres, dessas hienas famintas. Afinal, todos sabiam que você não conseguiria cumprir nem com dez por cento das promessas. No apagar das luzes, após o Natal, anuncie o novo secretariado de maneira que cumpra parcialmente o acordo com alguns partidos, distribua umas assessorias a alguns de seu interesse e desapareça novamente. Passe o réveillon em uma praia distante com sua família, levando consigo três “assessoras” para oferecer suporte. Se é que você me entende.

Relaxe! Agora você tem mais cacife, mais autoridade. Afinal, se reelegeu prefeito com quase 70% dos votos quando os “especialistas” apostavam que você não se elegeria mais nem pra cão de guarda.

Agora é hora de pensar no seu terceiro mandato.

- Como assim Maquiavel? Terceiro mandato? A regra não diz que são apenas dois?

- Calma, meu filho. Pra tudo há um jeitinho. Vá descansar um pouco, antes que tome gosto e resolva permanecer pra sempre no meu espírito. Na sexta-feira continuamos essa aula.


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

LÍDER OU GESTOR - EIS A QUESTÃO!

 

            By Luiz Vieira



Você sabe qual a diferença entre líder e gestor? Muitos pensam que são apenas sinônimos, mas na verdade, existe uma grande diferença.

Gestor lida com processos, com gerenciamento, com a organização da instituição ou empresa. Podem ser excelentes profissionais, podem ter muita competência, mas não ser um líder. O líder é um especialista em gestão de pessoas. Ele, geralmente é dotado de inteligência emocional e tem a capacidade de conduzir uma equipe com diferentes estilos e personalidades de forma harmônica. Sabe separar o pessoal do profissional, é dotado de empatia, dialoga bem em qualquer situação e sabe colocar as palavras certas de acordo com o momento.

O líder conquista a confiança do grupo por suas atitudes. Todos sabem que podem contar com ele, pois se importa com todos e trata toda a equipe com honestidade e transparência. Assim, torna-se uma referência que a maioria quer seguir. Em síntese, o líder tem a capacidade de conduzir a equipe para fazer o que precisa ser feito de forma organizada.

Podemos afirmar, com base nas experiências empíricas e em várias pesquisas que pode haver um gestor bem preparado, mas, por não ter as características de um líder, seu trabalho não apresenta bons resultados. Por outro lado, um bom líder, mesmo que não tenha as habilidades de gestão, poderá alcançar melhores resultados junto a equipe devido a sua capacidade de organizar as equipes e explorar as habilidades de cada um.

O cenário ideal para qualquer instituição (e aqui eu destaco as instituições educacionais), seria o de um gestor com habilidades de liderança. Além de conhecer todo o processo de gestão, o gestor-líder tem a capacidade de conduzir a equipe para a realização das tarefas de forma otimizada e alcançará os melhores resultados.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

COMO SE ELEGER PREFEITO E SE PERPETUAR NO PODER - MANUAL MAQUIAVÉLICO DO PODER


O sonho de 10 entre 10 políticos é se eleger a um cargo executivo e se perpetuar no poder. Em cargos legislativos como vereador, deputado e senador, isso é possível. Já no executivo (prefeito, governador ou presidente), só pode se reeleger uma vez. Daí, o ex tem que esperar quatro anos para tentar novamente uma nova eleição para o mesmo cargo.

Aqui, vou tratar apenas de prefeito. Para governador e presidente já é outra história, pois o buraco é mais em cima. Esse método de milhões que vou ensinar gratuitamente, só vale para prefeito, principalmente de cidades pequenas, interioranas, onde o povo está mais suscetível as manobras políticas.

Pegue um copo d’água, sente-se confortavelmente que agora vou incorporar o espírito de Nicolau Maquiavel que vai me soprar no ouvido esquerdo essa importante e diabólica lição.

Vou saltar a parte da sua primeira eleição para prefeito, pois essa eu cobro muito caro. Agora que você já se elegeu a prefeito de um município qualquer desse interior do Brasil (e não me interessa os métodos que você usou para isso), vem o seu grande desafio. Governar bem o município? Que nada! Relaxa! O povo geralmente não está muito preocupado com esse detalhe da boa governabilidade. No fundo, bem lá no fundo, o eleitor elege alguém que na média se pareça com ele, com todos os seus vícios e defeitos. E o que esse eleitor quer? Mesmo que ele (o eleitor) grite aos quatro ventos que quer educação, saúde, saneamento e outras cositas mais, na verdade, tudo o que ele deseja é um afago, um agrado e algumas promessas de favorecimento pessoal.

Então, prefeito, anote aí sua principal prioridade depois de eleito: garantir desde o primeiro dia de mandato a sua reeleição. E para alcançar esse objetivo, você tem que mandar seus escrúpulos às favas. A primeira tarefa é se livrar dos seus amigos e parceiros que te ajudaram na eleição. Esses, são metidos a honestos e, no primeiro vacilo que você der, no primeiro desviozinho de uma merreca, vão te denunciar ou te chantagear. Trate de arranjar novos parças, ou melhor, novos cúmplices. Se “ajunte” a lobistas, principalmente que moram longe de sua cidade e que tenham esquemas com Brasília e tenha alguma influência no judiciário. Com toda certeza, você vai precisar.

Pausa. Respire! Não fique nervoso(a). (Lembre que quem está falando é Maquiavel e não Luiz Vieira).

Com esses novos aliados (ou cúmplices), faça acordos diversos, mas deixe sempre uma ponta amarrada. Mantenha essa gente comprometida e envolvida com você. Grave conversas, promova festas do cabide com muito whisky e garotas animadas, filme tudo e guarde a sete chaves. Se algum dia um desses cúmplices mostrar os dentes, esfregue na cara dele o segredo mais sórdido e logo ele vai botar o rabinho entre as pernas e recolher os caninos. Assim, você manterá o poder e seu mandato transcorrerá na mais perfeita ordem.

Ah, com esses novos aliados (cúmplices), promova todo o tipo de falcatrua. Afinal, você precisará de muuuito dinheiro para sua reeleição. Ou você pensa que aquele bando de eleitores e lideranças políticas que você convenceu a votar e trabalhar na sua campanha de graça vai cair de novo no seu conto de sereia? Agora, cada voto valerá muito dinheiro. Cada apoio será mais caro que a fórmula da eterna juventude. Mas, faça as falcatruas com presteza. Traga de longe um especialista em transformar licitações fraudulentas milagrosamente em processor transparentes e sem vícios. Distribua contratos (na saúde e nas obras públicas estão os melhores), chame uma grande companhia para cuidar da limpeza urbana, contraia empréstimos em bancos, faça os cambaus. Só não te recomendo a usar verba federal, pois de vez em quando, costuma dar BO. Mas, faça tudo isso de maneira que você não se envolva.

Não deixe rastro, nada de mensagens, nada de ligações. Trate de tudo pessoalmente com seus aliados e bem longe do seu município. Seu nome tem que estar mais limpo do que toalha de sacristia. Não se afobe e não se empolgue. Se algo acontecer, você não precisa ter vergonha de colocar a culpa em algum dos seus secretários ou mesmo no empresário que você confiou. E eles cairão nessa teia que você armou e nada poderão fazer, a não ser se debater. 

... (Continua na quarta-feira)

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

HELDER BARBALHO E OS CATITUS

"Catitu fora da manada é comida de onça"


No dia 5 de fevereiro do corrente, o governador do Pará, Helder Barbalho veio mais uma vez a Parauapebas. Entre outras atividades, entregou para a comunidade a Escola Estadual de Ensino Médio Eduardo Angelim que passou por uma reforma geral. 

Dessa vez, o que roubou a cena não foi as rodadas do governador no carimbó. Durante o seu discurso, ele deu um puxão de orelhas nos pretensos candidatos a prefeito de sua base em Parauapebas. Porém,  o puxão de orelhas (ou foi uma CR?) mais veemente, foi para o prefeito de Parauapebas Darci José Lermen.

O governador usou um animal bem presente na Amazônia para exemplificar o que estaria acontecendo no cenário político de Parauapebas. Disse textualmente: "catitu fora da manada é comida de onça". Aqui, Helder se dirige diretamente ao prefeito que, na visão do governador não teve a competência de unir sua base. Mas, essa crítica foi também diretamente para os pretensos candidatos Kenyston Braga,  Rafael Ribeiro, Bráz e Branco da White, que lançaram suas pré-candidaturas e partiram para uma disputa radical e, usando a estratégia do "fogo amigo", causaram sérios danos na própria base do governo. Temos como exemplo os vídeos vazados do deputado Braz numa situação particular comprometedora. Esse, foi um exemplo do tal "fogo amigo", pois comenta-se nos bastidores do poder que os mesmos saíram da própria base do governo e tinham a clara intenção de expurgar o candidato com mais chance de representar o governo numa disputa pela prefeitura.

Na continuidade do seu discurso, o governador Helder Barbalho, mais uma vez olhando para o prefeito Darci disse: "Eu fico com quem faz. porque lamentavelmente tá na moda, alguns políticos que só ficam em rede social falando bobagem e não dizem o que fazem, não dizem o que realizam. Exercem cargo, mas não tem um prego numa barra de sabão pra mostrar. Portanto, eu acho que a população está cansada de conversa fiada e quer governante que entregue. Governante que sabe o que diz, que sabe fazer e não só papo furado e conversa fiada. Muito menos governante que ao invés de trabalhar fica só em rede social. Quer ficaer em rede social, vira blogueiro, vai ser digital influencer..." 

Esse desabafo em público do Helder para Darci demonstra bem o clima de insatisfação do governador com os rumos da política em Parauapebas. Tive informação de que em conversa com um correligionário de Parauapebas, Helder teria dito que achava o cúmulo do absurdo o Darci ter ido participar da Farofa Gkay e ficar fazendo propaganda de botox enquanto o município vive sua maior crise. 

Como um político experimentado, Helder sabe do prejuízo que será perder um município importante como Parauapebas para a oposição ao seu governo. Por isso, até entendo o seu rompante e o ato radical de lavar roupa suja em público. Mas acho que o governador exagerou. Esse puxão de orelha tinha que ser em particular, a quatro paredes de forma individual. Publicamente Helder deveria demonstrar que sua base estaria unida e forte para o que der e vier. 

Ao usar a alegoria do catitu, o governador também deixa uma metáfora no ar. Sabemos que o catitu é uma espécie de porco que é visto como praga. Por onde passa a manada, deixa um rastro de destruição e grande prejuízo. 

Outra observação. Talvez o governador não conheça a capacidade de articulação do prefeito Darci que tem se tornado a cada mandato, um verdadeiro Mandrake. De onde menos se espera, eis que ele tira uma carta matadora da manga. Então, com certeza, o que o Helder nem desconfia é que essa crise é estruturada, é pensada, é planejada e tem método. Enfim, está tudo sob controle.

Aposto que esse último parágrafo te deixou com uma pulga atrás da orelha não foi? Calma! Se eu tiver de bom humor depois da ressaca de carnaval eu te explico.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O PERFIL DO NOVO GESTOR/LÍDER

 By Luiz Vieira 

       

    Em qualquer área, em qualquer empresa ou instituição, o ambiente acaba refletindo as características do gestor/líder.            Através do seu ambiente de trabalho, uma pessoa com o olhar mais atento, perceberá que ali tem um profissional proativo ou relapso, organizado ou desleixado, equilibrado ou conturbado. E, geralmente, o ambiente de trabalho reflete a sua vida normal no dia-a-dia e vice-versa.

    Por isso, devemos priorizar a formação de lideranças capazes de transformar seu ambiente de trabalho em locais saudáveis. Devemos incentivar a busca pelo autoconhecimento, autocontrole e, principalmente a inteligência emocional. Um líder que tem uma vida pessoal conturbada, por mais que ele seja um bom profissional, seus problemas vão afetar a empresa ou instituição. Uma pessoa que não organiza seu espaço pessoal, tende a reproduzir esse ambiente no seu espaço de trabalho. Assim, torna-se imprescindível que os profissionais tenham autoconhecimento, tenham capacidade de autocrítica e reconheçam a necessidade de construir mudanças em todos os setores de sua vida. A busca do crescimento contínuo é a palavra-chave.

    Como seres humanos, não somos perfeitos e infalíveis. Temos nossos altos e baixos. Quando nos reconhecemos como seres falhos, vem a consciência de que a mudança contínua nos levará inevitavelmente ao aperfeiçoamento. Só paramos de mudar e evoluir quando morremos. Essa mudança tem que ser consciente e com objetivo. Com propósitos bem definidos, vamos mais longe e mais rápido.

     Consideramos que já temos consciência dos nossos propósitos e objetivos, já sabemos onde queremos chegar... Já fizemos um balanço como anda os pilares de nossa vida. Já ajustamos muitos fatores da nossa vida pessoal que estão interferindo no nosso trabalho, nas relações profissionais e pessoais. E agora?

    Agora já estamos preparados para investir na nossa formação profissional e tornar nosso ambiente de trabalho muito mais prazeroso e produtivo. O cenário ideal é sua profissão ser objeto de transformação, crescimento e felicidade para você e para os que te rodeiam. Com propósitos bem definidos e construídos com conhecimento, você não só mudará a sua realidade, como também a realidade de quem estiver a sua volta. Os propósitos geralmente indicam os caminhos a serem seguidos e as melhores escolhas. E como estamos tratando de gestão educacional, certamente buscamos envolver toda a equipe na busca incessante de melhores resultados no aprendizado dos nossos discentes. Para isso, o gestor, além da competência pedagógica, deve ter as habilidades da liderança para envolver e incentivar a equipe na busca desses objetivos.

    O bom gestor geralmente é também um bom líder. E como líder, ele tem o importante papel de incentivar, de encorajar, de impulsionar sua equipe a dar o melhor de si, e se comprometer com todo o processo. Por isso, deve ter a arte da persuasão e não da coerção. O líder é como se fosse um bom vendedor. Ele vende suas ideias. Ele inspira os demais e faz com que todos se sintam importantes e imprescindíveis dentro da escola. Ele reconhece a capacidade, os pontos fortes de cada um e sabe respeitar as individualidades. Assim, o trabalho flui naturalmente e quando há algum conflito, é resolvido antes que tome maiores proporções.

    Outra característica do líder-gestor é o feedback. O gestor deve acompanhar a execução dos projetos ou das rotinas de trabalho e contribuir para o crescimento pessoal e profissional de sua equipe. Por isso é importante o constante feedback. Faz-se necessário que o gestor esteja sempre atento e dê retorno durante e depois da execução de cada tarefe. O feedback tem que ser verdadeiro, honesto, objetivo e humano. Comece elogiando o que há de positivo e, depois, fale dos pontos que o colaborador deve melhorar, sugerindo alternativas. Pergunte se ele entendeu e peça para anotar. É importante pedir que repita suas orientações para ter certeza que ele entendeu. Isso promove o crescimento, a confiança e evita desperdício de energia. 
    O gestor que não dá feedback vive apagando incêndio e boicota sua própria equipe, além de boicotar a si mesmo.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

QUANDO A ESCOLA SE TORNA A NOSSA CARA

Luiz Vieira

              

    Desde a entrada, a comunidade já percebe que ali é um ambiente diferenciado. No portão, o agente de portaria recebe a todos com simpatia e cortesia. Sabe das principais informações sobre a escola e encaminha o visitante para o setor de acordo com o que veio tratar. Todos os funcionários (do porteiro ao diretor) estão preparados para receber a todos com toda a deferência, fazendo que todos se sintam especiais na comunidade escolar.

    Porém, esse ambiente, nem sempre foi assim. Antes, era uma escola com aspectos de abandono. O mato tomava conta da área externa. Não havia árvores e o interior estava sempre sujo. As paredes sempre estavam pichadas devido a ação dos vândalos. A quadra de esportes ficava sem uso e quando era utilizada, era por meninos que pulavam o muro nos finais de semana para jogar bola, deixando um rastro de destruição e sujeira.

    Esse cenário mudou quando o professor João assumiu a direção e imprimiu naquele lugar suas características, seus sonhos e seus propósitos de vida. Sua primeira ação foi se aproximar da comunidade e abrir as portas da escola. Com método e paciência, foi fazendo a mesma entender que a escola é um patrimônio de todos, e assim, deve ser abraçada, defendida e cuidada.

    E o mais importante, segundo o diretor João é que agora, a própria comunidade era quem cobrava das autoridades as melhorias para a escola. “E quando a comunidade cobra, os resultados vêm mais rápido – destacou o diretor com um sorriso. Aquela pequena escola passou a ser a referência da comunidade. Antes, fechada e alheia ao povo, agora estava sempre de portas abertas, inclusive nos finais de semana, onde era usada para todos os fins como atividades desportivas, reuniões da associação de moradores, festa da comunidade, cultos, entre outras.

    Tudo naquele ambiente fugia aos padrões do que estávamos acostumados a ver. Uma escola limpa, paredes e chão bem cuidados, jardim florido e área verde com boa manutenção... Logo na entrada, notava-se que ali tinha uma equipe bem administrada e motivada.

    Na visita que fiz à escola, no portão, fui recebido por um senhor gentil que me cumprimentou de forma simpática, se apresentou como o vigia Antônio e perguntou o meu nome. Me apresentei e disse que precisava falar com o diretor. Ele, gentilmente, me acompanhou até a direção. – “Diretor, tem um senhor aqui querendo falar com o senhor” – disse gentilmente.

    A sala do diretor estava impecável. Uma mesa de escritório bem organizada, quatro cadeiras, um sofá no canto sobre um carpete preto e uma estante com alguns livros. Na mesa havia um vaso com flores aparentemente colhidas do jardim da escola e na parede havia um banner com a filosofia e metas da escola. Enquanto conversava, meus olhos críticos passeavam pela sala em busca de algum detalhe que apresentasse desordem. Nada. Absolutamente nada. Tudo ali estava incrivelmente bem organizado.

    O diretor me falava da escola com brilho nos olhos. Primeiro me falou do que já havia conquistado junto com a comunidade, elogiou sua equipe, os alunos, professores... “Batalhamos bastante para que essa escola chegasse a esse nível. No início, nem muro tinha. Faltava desde vigia, merendeiras e até alguns professores.” – falou cerimoniosamente. Depois, apresentou as dificuldades e o que a escola precisava com urgência. “Nossa maior dificuldade atualmente é referente a recursos humanos. Estou cobrando com insistência que a SEDUC me mande mais duas merendeiras, pelo menos mais duas ASG´s (Agente de Serviços gerais) e os técnicos para os laboratórios e biblioteca. Por enquanto, vamos nos virando por aqui com a ajuda voluntária da comunidade.” – falava com serenidade, sempre olhando nos meus olhos.

    No final da conversa, fui visitar o restante do espaço. Salas de aula bem decoradas, banheiros limpos e, alunos estudando e aprendendo na maior animação. Tive a impressão de que ali trabalhava um gestor com conhecimento de gestão, apaixonado pela educação e comprometido com os resultados da escola. Enfim, um gestor líder.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

O CRIME INVISÍVEL

Muita gente tem comentado sobre os esquemas de corrupção que supostamente acontecem na administração pública de Parauapebas. Bastou o GAECO fazer uma visitinha de cortesia nas casas de alguns agentes públicos para esse debate pegar fogo nas redes sociais.

Porém, há um fator que ultrapassa todas as formas de corrupção que passa desapercebido pela grande maioria do público. Principalmente porque a grande maioria acredita que corrupção é exclusividade dos políticos. Mas o buraco é mais em baixo. 

Quero, antes de qualquer coisa deixar registrado o meu apreço pela imprensa de Parauapebas. Tenho orgulho de ter feito muitas amizades nesse setor, principalmente no rádio e na Tv. Mas, como em todos os setores, temos as maçãs podres e, essas, infelizmente, acabam contaminando quase todo mundo.

Setores da imprensa - principalmente sites de notícias e até perfis de Instagram - recebem uma verdadeira fortuna da prefeitura de forma "legal" (com nota fiscal) e de forma ilegal (caixa 2). E recebem para divulgar os trabalhos da prefeitura? Não. De vez em quando até publicam alguma notinha, um edital, mas o produto mais caro é o silêncio. Ou seja: muitas secretarias pagam para que esses sites ou páginas de redes sociais não falem mal, não divulguem os escândalos e falcatruas que rolam. Pura chantagem do mais baixo nível que embrulha o estômago até de avestruz.

O perfil do Instagram conhecido como Picunhão publicou a foto da nota fiscal de recebimento de uma mensalidade no valor de 51.900,00 pago pela SEMED a um site local. O leitor desavisado pode pensar: "Que absurdo! As crianças sem transporte, sem merenda escolar e a SEMED pagando 50 mil por mês pra um site fazer propaganda! Mas posso te garantir que esse valor é apenas uma pechincha. Isso é apenas a ponta de um barbante que está emaranhado sobre uma montanha de novelos e faz parte de uma rede de corrupção intrincada que tem toda a chance de ficar impune por nunca ser descoberto. 

E como eu sei disso? Já estive lá como agente público e já recebi muitas propostas indecentes e tentativas de extorsão e chantagem. Nunca denunciei simplesmente porque eu teria que ter uma prova cabal e, para obter essa prova, teria que ceder a uma dessas  chantagens e produzir algum registro. Não tive estômago para isso.  Tenho orgulho de dizer que nunca cedi a nenhuma e escorracei os chantagistas e picaretas, ou, simplesmente ignorei os recados. Mas, até hoje pago um alto preço por isso. Que preço? Explico: se um vereador pega indevidamente o carro oficial da câmara e sair pra tomar cachaça, ficar tri-bêbado, atropelar e matar um jovem trabalhador, essa banda da imprensa não dará nenhuma repercussão. No máximo fará uma notinha sem importância. Já eu, ao contrário, se tomar um copo de cerveja e der o azar de cair na blitz da lei seca, podem ter a certeza de que sofrerei um implacável linchamento moral. 

Arrisco a dizer que, essa forma de corrupção praticada por alguns órgãos de imprensa é a mais danosa. Pode até não ser a que mais causa prejuízo ao erário pelo valor praticado. Mas, no fim, representa muito, pois alimenta uma rede que vira uma bola de neve. Se setores da imprensa se cala, deixa de informar com imparcialidade, esconde os "podres" de agentes públicos por dinheiro, está contribuindo diretamente com todo o esquema de corrupção existente no município. E, se essa turma acredita em castigo divino, já deve estar desconfiada que virarão churrasquinho do "chifrudo", pois, provavelmente, por aqui ficarão impunes a não ser que se metam com o Jogo do Tigre.

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

GAECO NA SEMED - LEAL INOCENTE

    

Ontem, 28 de novembro, as redes sociais de Parauapebas ficaram em polvorosa com a notícia de que o GAECO (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) fez uma visita surpresa na casa do secretário de educação, Sr. José Leal Nunes e também na SEMED. Segundo um amigo que já passou por isso, essa é uma situação humilhante que ele não deseja nem para o seu pior inimigo. Eu também não desejo para ninguém, muito menos para o Leal. Muito pelo contrário. Quero me solidarizar com o ele pelo ocorrido e reafirmo minha tese de que ele é inocente. “Como assim Luiz Vieira? Tu só pode estar de sacanagem!” 

     Não estou e explico mais uma vez.

    Em primeiro lugar, o Leal tem responsabilidade pelo que acontece na SEMED pelo simples fato de ser o gestor legalmente nomeado. Porém, como já falei antes, há um esquema de centralização de poder na área financeira da prefeitura que o secretário vira um mero expectador no que diz respeito a gestão financeira. E isso é uma bomba que, mais cedo ou mais tarde vai explodir. Apesar do secretário ser “obrigado” a assinar tudo, não é ele quem define as regras do jogo. Eu mesmo quando estive lá, botei o pé na parede, briguei com o diabo, fiz um escarcéu e, mesmo assim, alguma coisa conseguiu escapar. Imagine o Leal que é totalmente submisso e não tem condições de brigar com ninguém!

    Em segundo lugar, o Leal assume o cargo fictício de secretário de educação. A vereadora Eliene Soares – “dona da secretaria” – precisava de um ser dócil, obediente e incapaz de se rebelar. Encontrou no Leal a figura perfeita para seu projeto de poder. Como ela previu, o Leal seria incapaz de calcular ou até mesmo de perceber o risco que corria. Amigos que trabalham na SEMED, comentam que uma assessora próxima à vereadora manda mais do que ele.

    Por esses dois motivos eu afirmo que estão procurando no lugar errado e, talvez não encontre nada além de papéis não comprometedores. O buraco é mais em cima. Quem quiser encontrar o esquema, tem que utilizar o serviço de inteligência do Estado ou até mesmo se infiltrar no meio.

    Posso até estar sendo ingênuo, mas acredito na inocência do Leal. E torço para que ele acorde e não fique pagando o pato sozinho.

 

domingo, 5 de novembro de 2023

A EDUCAÇÃO DE PARAUAPEBAS ESTÁ FALIDA E A CULPA NÃO É DO LEAL

Foto da rede social

Após um tempão sem escrever aqui, nem me dei conta de que esse Blog já atingiu 1 milhão de visualizações, mesmo estando há anos sem movimentação. Apesar das cobranças que recebo diariamente de leitores, insisto em não usar esse espaço devido a um autoexílio político que me impus. 

Porém, nessa sexta-feira, meu WhatsApp mais uma vez foi bombardeado com prints e links de um texto publicado na coluna do Blog de Zé Dudu sobre a possível exoneração do secretário de educação José Leal Nunes. Não sei o porquê as pessoas acham que me importo com esse tema. Ou será que importo?

Tento não me importar, mas o "trem" está no sangue. Lá vem aquele diabinho disfarçado de libélula, pousa em meu ombro esquerdo e sopra em meu ouvido: "Vá lá Luiz Vieira. Dê sua opinião. Não vai falar nada?" Geralmente, dou um peteleco no tal diabinho/libélula e mando-o pra puta-que-pariu. Não tenho nada que opinar, principalmente porque já estive nessa pasta por 1 ano e 10 meses e não consegui romper com o sistema viciado e enraizado que perpetua ali. E olha que briguei! 

Então, caro leitor, o título não é uma mera ironia - recurso que vez por outra usava aqui. - Mas, trata-se de uma defesa honesta do atual secretário de educação José Leal Nunes. Dito isso, vamos às *detrudições. (*Desculpe por usar uma palavra que não existe no dicionário oficial, mas existe no "linguajá" baiano de seu Terêncio, meu saudoso pai).

Primeiro, não acredito que Darci exonere o Leal, pois o prefeito evita a qualquer custo bater de frente com a vereadora Eliene Soares (MDB) - dona da educação em Parauapebas. Caso aconteça um milagre e ele exonere o Leal, apenas trocará 6 por meia dúzia, pois nomeará uma secretária novamente indicada pela vereadora e que seja tão obediente quanto o Leal. E nesse caso, quando digo obediente, é para não usar o termo "fidelidade canina ou fantoche". Afinal, sou um professor e não posso ficar usando essas palavras feias. 

Essa troca, se houver, será apenas uma cortina de fumaça para encobrir as críticas da sociedade sobre os escândalos que a pasta atravessa. Assim ele fez na saúde e deu certo. Pelo menos, desviou o foco e o prefeito conseguiu respirar um pouco. Mas é aquele tipo de mudança que tem como objetivo deixar tudo como está.

É fato que a falta de gestão na SEMED (secretaria Municipal de Educação) colocou o governo em situação vexaminosa. Diariamente vemos nas redes sociais reclamações como falta de transporte escolar, falta de merenda, escolas sem aulas, falta de professores, calote nos fornecedores e prestadores de serviço, etc. E todos perguntam: onde está indo parar o dinheiro? Para uma secretaria que tem um orçamento de mais de meio bilhão de reais, que é maior do que o orçamento de 80% das prefeituras do Brasil, fica meio duvidoso falar que existe crise. 

Mas acredite. A crise existe e você leitor, não sabe da missa um terço. O buraco é bem mais embaixo, e a má notícia é que essa crise não vai passar nos próximos anos. Infelizmente, o futuro de nossas crianças está comprometido nos próximos cinco anos ou mais. Pessimismo? Quem dera!

Agora, sejamos justos. Jogar a culpa em cima do pobre Leal, é injusto. Chego a dizer que é até uma desonestidade intelectual. No máximo, podemos até falar que ele teve muita coragem de continuar com uma fidelidade canina a vereadora Eliene Soares. Mas nem desse detalhe eu o culpo por conhecer a ingenuidade e o caráter simplório dele. Ele apenas faz o que lhe mandam e se contenta em aparecer na foto, nem que seja num cantinho discreto. 

O professor Leal tem muitas qualidades e habilidades, mas nem de longe tem a habilidade mínima para um gestor. Isso já foi comprovado quando ele foi diretor na Escola Estadual Carlos Henrique (que quase fechou) e do antigo Colégio Fênix/COOPED que veio a falência na sua gestão. Isso não é uma crítica, pois ninguém é obrigado a ser bom em tudo. Eu, por exemplo, tenho muitas habilidades, mas me bote para fazer uma "Equação diofantina x³ + y³ + z³ = K", que vou me comportar como um jumento lesado

O secretário não pode ser culpado por uma crise que ele não criou. A estrutura montada para gerenciar os recursos de todas as secretarias é "viciada". E diga-se de passagem: é uma estrutura muito profissional e competente. O secretário vira um mero "assinador" de papel e por isso, é quem pode ir para a cadeia ou ter seus bens bloqueados sem nem sequer saber o que está se passando. 

Então, se o Darci quiser realmente transformar a educação de Parauapebas, não será com a troca do secretário. Teria que ter a coragem de romper com um sistema desastroso e maléfico que ele mesmo criou na prefeitura de Parauapebas. Teria que ter sangue nos olhos para chegar para a vereadora e dizer: acabou madame! Agora a receita da educação não servirá mais para motivações espúrias nem para promoção pessoal. Chega de vereador sendo dono de secretaria! Chega de botar gente que só tem competência para carregar a bolsinha da madame para cuidar de coisa séria! Agora, todo o dinheiro será administrado para transformar Parauapebas numa referência nacional de educação.

Esse seria o primeiro passo para a transformação. Eu diria até a redenção, a volta do antigo líder político que o Darci já foi um dia. O segundo passo seria criar a comissão de licitação e setor de compras dentro da SEMED. É inadmissível que uma secretaria do porte da SEMED que, por lei administra recurso do seu orçamento, ficar a mercê de uma CPL centralizada que mal dá conta de realizar os processos das secretarias que não são gestoras de fundos. Aí sim. Com uma comissão de licitação própria, com uma comissão de controle dentro da estrutura da SEMED, com a independência técnica e política necessária, o secretário poderia ser responsabilizado pelas falhas da sua gestão.

O Darci terá capacidade de dar essa reviravolta e afastar os vampiros da prefeitura? Dificilmente. Um velho sábio filósofo já dizia: "depois que você abre as portas da sua casa para um vampiro e oferece seu sangue em troca de poder e glória, só sai desse pacto morto". 

Veremos.



terça-feira, 27 de junho de 2023

IDEOLOGIA PRA QUÊ?

Outro dia, a caminho da academia, ouvia o programa matinal sertanejo de uma rádio local. O locutor, com voz alterada, anunciava o preço da arroba do boi gordo na região. Fiquei analisando sua indignação, sua revolta pelo fato de o preço do boi estar caindo. E ele, alterado, fazia comentários completamente desproporcionais, colocando a culpa no governo, nos eleitores do candidato tal.

Sua indignação era real, mas não era legítima. Na minha mania de ficar analisando as pessoas pela sua fala (geralmente as pessoas falam o que pensam, o que acreditam, mesmo quando contam piadas), vi que se tratava de um exemplo genuíno de uma vítima da ideologia dominante.

O dito locutor da rádio é claramente um pobre. Digo pobre de dinheiro, mas pela sua vivência e experiência (ou falta dela), se tornou pobre também de cultura e de espírito. O normal seria ele ficar feliz com a queda do preço da arroba do boi gordo, pois isso representa queda no preço da carne no açougue e, consequentemente, ele que ganha uma “miséria” como trabalhador assalariado, poderá comprar mais carne e melhorar sua alimentação. Seria até legítimo para um grande criador de boi, para um latifundiário sem visão de macro economia ter essa preocupação. Mas para um cidadão que não tem sequer uma cabeça de galinha, isso soa estranho e vai na contramão da lógica.

O locutor citado era apenas uma vítima da falta de conhecimento. Vítima da ideologia que emprenhou sua mente desde a infância com ideias paralelas a realidade, se tornou um alienado. E a ideologia dominante tem exatamente esse papel: fazer você comprar e assumir as ideias que favorecem a quem tem o poder econômico e, às vezes, o poder político. Isso leva o locutor a pensar como rico e não se reconhecer como um trabalhador assalariado. A ideologia dominante faz com que o pobre lute contra sua própria classe, contra seus próprios interesses. É isso que garante que o pobre seja a favor da reforma trabalhista que lhe tire direitos; isso garante que o pobre legitime a precarização do trabalho e acredite que é um empreendedor por ter uma moto e passar o dia entregando marmita sem nenhuma garantia de direito; alienado, sem quaisquer perspectivas, acredita ser quem não é, e vira um objeto útil a causa dos exploradores, dos milionários e joga sempre contra a sua classe. São seres úteis a manutenção do sistema que perpetua a miséria, a desigualdade e favorece a uma pequena elite.