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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ASSISTÊNCIA SOCIAL - UM PACTO DIABÓLICO

Crianças em situação degradante no abrigo
O grupo de conselhos municipais composto pelo Conselho Municipal de Assistência Social (COMASP), Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (COMDCAP), Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Parauapebas (COMDPDP) e Conselhos Tutelares I e II concedeu entrevista coletiva na última sexta (26) e apresentou um relatório estarrecedor e macabro sobre a realidade da assistência social do município. As imagens são tão chocantes que tornam-se impossíveis não associar com um pacto diabólico para destruir as pessoas em condições vulneráveis - principalmente as crianças. Se o Hitler estivesse vivo, seria capaz de chorar diante de tão degradantes imagens.

Os conselhos reunidos produziram um relatório completo e minucioso e encaminharam para todos os órgãos fiscalizadores das esferas municipal, estadual e federal. Na coletiva, afirmaram que já cansaram de informar e pedir providências ao gestor e ver a situação só piorando.

Todos os órgãos que compõem o quadro da assistência social estão literalmente falidos. Abrigos de crianças e adolescentes em situação de risco, abrigo de idosos, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) Centros de Inclusão Digital, Centro Pop (que acolhe os conhecidos "pé inchado"), enfim, toda a rede de assistência que deveria cuidar bem da nossa população carente está em completo abandono e sendo sistematicamente destruída. Os problemas vão desde a falta de funcionários (quantidade mínima como determina a Lei de Assistência Social), falta de veículos, de combustível, de alimento...

A situação mais catastrófica é notada no abrigo das crianças e adolescentes. Essas, que já vêm de situação de extrema vulnerabilidade social, são jogadas num depósito em situação mais degradante do que nos campos de concentração nazista. Nesse ambiente inóspito, elas convivem com a sujeira, com a fome, dormem no chão em colchões improvisados e em quartos abafados,  e ainda convivem com o perigo proporcionado por marginais que transitam livremente no local. 

O relatório dos Conselhos apresentam um paradoxo: enquanto falta verba para alimento, para pagar energia, para equipamentos, para transporte, existe contratos milionários para todos esses itens que são constantemente aditados. Além das verbas do governo federal que entram nos cofres da prefeitura que deveriam proporcionar provimento de todas as necessidades.

Uso político-eleitoral


Geladeira vazia no abrigo infantil
Desde o início da gestão, o prefeito Valmir vem usando as secretarias como moeda de troca para conseguir apoio político dos partidos. Com a SEMMAS não têm sido diferente. Essa prática perniciosa vem causando enorme prejuízo na política de assistência social do município e proporcionando enorme sofrimento às famílias vulneráveis. Cestas básicas, remédios, auxílio funeral, kit natalidade... O quê é isso? No papel, tudo isso existe. Mas vá procurar na SEMAS para ver o que acha!

A SEMAS atualmente é comandada pelo vereador Marcelo Parceirinho (PMDB) que segue a risca o plano de destruição da política pública de assistência social.

Confira mais imagens do abandono e do caos:


Janelas do abrigo com vidros quebrados

Mobília do Inclusão Digital


Galpão que deveria funcionar aula de caratê

O que restou do Inclusão Digital

Abrigo dos moradores de rua ("pés inchados")

Carteiras escolares novinhas viraram entulho e ocupam espaço no abrigo das crianças


Prefeito Valmir controla o PT?!

Por Henrique Branco do seu blog.

Não é de hoje que a postura do PT de Parauapebas é questionada. Desde quando deixou o poder, por conta da derrota nas urnas em 2012, o partido é cobrado em relação a algumas decisões e posturas. A lógica seria que o partido se posicionasse na oposição ao governo e construísse alternativas para retornar ao poder. Muitos afirmam que a referida legenda não assume ou não faz efetiva oposição ao governo do prefeito Valmir Mariano. Na Câmara Municipal são quatro cadeiras, ocupadas por Miquinha, Eusébio, Eliene e Joelma. Quase 1/3 do total de assentos.

Bastaria analisar as sessões que são realizadas todas as terças-feiras na Câmara de Vereadores, em breve pesquisa sobre as votações, percebe-se que os vereadores citados, exceto Eliene Soares, votam sempre favorável aos assuntos ou projetos de interesse do Palácio do Morro dos Ventos. Os citados não assumem que estão na base do prefeito Valmir, mas suas respectivas defesas do contrário são facilmente derrubada e questionável, haja vista, a postura e ações.

Só para citar um exemplo, a Secretaria de Cultura (pela oitava vez teve a sua gestão interrompida para atender a interesses políticos, famosa “moeda de troca”) foi entregue ao controle da vereadora petista Joelma Leite. Isso não confirma que a referida parlamentar passa a ser governo? Ou o prefeito resolveu distribuir espaços em sua gestão para a oposição? Ou a adversários políticos? Claro que não.


O fato mais recente é que escancara a postura do PT parauapebense é a presença do prefeito Valmir Mariano ao já tradicional evento de prestação de contas de mandato do vereador Miquinha, em Palmares Sul, seu reduto eleitoral, no último dia 27. A estada do alcaide nunca havia ocorrido no referido evento que já soma sete edições. Valmir não só se fez presente, como compôs a mesa (tomada por petistas, deputados federal e estadual, além de representantes das direções estadual e municipal) discursando a todos os presentes.

Esse fato pode ocasionar diversas análises e processos. Os defensores do Palácio do Morro dos Ventos podem afirmar que se trata de uma ação republicana, um reconhecimento por parte do prefeito de uma importante atitude de transparência de recursos públicos, isso independente de ideologia ou agremiação partidária. Outros, da oposição, irão enxergar que isso não passa de uma estratégia política do prefeito de demonstração de força, aparecer, se fazer presente em eventos dessa natureza, mostrar que está se movimentando, acompanhando os acontecimentos políticos da cidade. Em ano de disputa eleitoral, essas aparições são normais, fazem parte do processo.

Fui informado por uma fonte que a estratégia dos articuladores políticos do Palácio do Morro dos Ventos é de dividir o PT. Para isso cargos e espaços são oferecidos. Alguns aceitam, outros resistem. De certo mesmo, independente de lado político ou grupo de interesse, a presença de Valmir em um encontro petista escancara alguma relação próxima entre a legenda e o atual mandatário municipal. A confirmação de algo que já se assumia nos bastidores, mas sem a confirmação real. 

Nesta condição, no atual cenário, como o ex-prefeito Darci conseguirá se manter no PT? Impossível. Valmir e seus auxiliares diretos mexem bem as peças do tabuleiro político, buscando ter o PT sob controle, ou promovendo o xeque-mate político-eleitoral. Façam as suas apostas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

PRESIDENTE DO PT PARAUAPEBAS RESPONDE A ANÁLISE DO BLOGGER

Olá companheiro Luiz Vieira!

Sempre acompanho com muita atenção vossas postagens. E gostaria de contribuir com vossa crítica, dizendo que partidos políticos dificilmente serão uniformes do ponto de vista ideológico o mesmo em posições, a não ser talvez quando bem pequenos ou em sua fase inicial, como foi o caso do PT em Parauapebas, onde vosso companheiro era dirigente. É plausível conjeturar que regularmente emergem discordâncias importantes, em relação às três dimensões postas conjunturalmente em sua argumentação, e ao meu entendimento: À DEFINIÇÃO DE DARCI, O CAMINHO DO PT EM PARAUAPEBAS, e O PT, QUEM CONDUZIRÁ-LO. 

Para análise da primeira questão (definição de Darci), tudo que está sobre a definição e alcance do PT local (nas suas palavras) o mesmo fez, que era unificarmos em torno do nome do companheiro Darci e evitar prévias, não repetindo o erro de 2012, onde vários críticos do PT/Parauapebas/agora/direção eram dirigentes, mandatários ou mesmo da gestão, entre esses o companheiro Darci/prefeito. Bom ponto para a direção local nesse momento, mais, todavia teremos que esperarmos essa decisão, para podemos lambermos as feridas e tocarmos o barco para frente. 

Segunda questão, se tal decisão de Darci for sair do PT, será uma partida de dois perdedores: Darci e PT, mais o ultimo com a responsabilidade de manter-se na defesa de Parauapebas, Pará e Brasil, no projeto e objetivos de longo prazo, ideologicamente balizado nos aspectos fundacionais (manifesto de fundação) do nosso partido. 

Terceira questão, o partido que temos não está à altura dos tempos em que vivemos das direções até as bases, é preciso realizar transformações profundas, precisamos de um partido para tempos de guerra, e não para fugirmos das dificuldades postas. Nossa direção, compreende que a conjuntura que vivemos não se limita ao Darci, entendemos que isso é fruto da nossa gestão e nossos gestores na PMP, que esqueceram o partido. Contudo, como parte da direção, temos a responsabilidade de criar uma articulação permanente do conjunto das forças políticas internas no PT/Parauapebas, para verdadeiramente nortear e dirigir o PT, neste momento onde vários primam pela fuga e esquecem das suas responsabilidades e erros no processo. Temos o dever enquanto dirigentes do PT, aproximar o partido da sociedade, movimentos social, sindicatos, associações entre outros. Um partido de povo, de massas. Nossa militância deve ser convocada a participar ativamente neste processo de definição politica. Quem participar vai ajuda a decidir o rumo do PT em Parauapebas.

Parazinho do PT
Presidente do diretório Municipal do PT

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A CRISE DE IDENTIDADE DO PT DE PARAUAPEBAS

Que o Partido dos Trabalhadores está com uma imagem desgastada em todo o país, todos já sabem. Esse desgaste nacional é fruto de quase quatro mandatos, de alguns erros na política econômico, de constantes ataque da mídia, etc. Não vamos aprofundar esses motivos aqui, pois daria uma tese de doutorado.

Aqui em Parauapebas, além da influência do desgaste nacional, existe um fator muito mais poderoso que coloca o partido em situação bastante delicada. Toda uma história de lutas, de conquistas, de transformações, está comprometida pelo posicionamento da sua direção municipal e de sua bancada de vereadores na câmara. Depois de uma gestão de 8 anos, alguns membros não souberam como viver fora do poder e desvirtuaram completamente a prática do partido. Um exemplo claro disso é o comportamento dos quatro vereadores (maior bancada da câmara) que vive constantemente um dilema: ser oposição ou governo. Euzébio e Miquinhas, desde o início do mandato se posicionaram claramente a favor do governo Valmir e foram os grandes responsáveis por mantê-lo no poder. Já falei isso em outro post e essa é uma triste verdade: o Valmir só continua prefeito, só continua acabando com nosso município, graças ao apoio desses dois vereadores petistas. 

Com a prisão e afastamento do vereador Arenes, a Joelma Leite assumiu a vaga. Se apresentou com um brilhante  discurso de oposição e representou por alguns momentos o sonho de renovação política daquela casa. Não foi forte o bastante e sucumbiu a política nefasta e servil do sistema. Se aliou ao governo em troca de uma secretaria falida onde indicou seu próprio marido, numa clara demonstração de que não acredita na transformação política e ignora a imoralidade do nepotismo vigente.

A vereadora Eliene que no momento mantém um discurso solitário de oposição, não consegue se firmar como tal, não mantém uma prática capaz de agregar pessoas em torno de uma causa. Talvez, essa falta de credibilidade se dá pelo comportamento vacilante e pela falta de um discurso mais consistente e com conteúdo. Como já abordei aqui, também já flertou com o governo e chegou a preparar sua equipe para assumir a Secretaria de Assistência Social (SEMAS) e a negociação só não se concretizou porque o Valmir resolveu brincar para testar até onde ia a índole dos petistas.

Nesse contexto, o partido vive um dilema e não sabe como enfrentará a disputa eleitoral de 2016, mesmo tendo o nome do Darci apontado com ampla vantagem em todas as pesquisas. Tudo indica que deve sofrer um esvaziamento. A direção continua vacilante, sem saber o que fazer e sem dar claros sinais de qualquer estratégia. Existe até a desconfiança de que esteja negociando uma tática eleitoral com o mau velhinho. 


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

SESSÃO DOS IMORTAIS

Você sabia que em Parauapebas tem Academia de Letras? Você sabe por que se usa o termo imortal para se referir a um membro da academia? O que faz a academia? Como funciona? Que importância tem uma academia de letras para o município de Parauapebas?

Se você tem curiosidade, se tem interesse por literatura ou qualquer outra área do conhecimento, se se considera uma pessoa capaz de aprender coisas novas, essa será a grande oportunidade de entrar no mundo dos imortais.

A Academia Parauapebense de Letras (APL) realiza sua primeira sessão pública de 2016. As sessões públicas acontecerão sempre nas últimas sextas-feiras de cada mês e apresentarão e debaterão grandes temas de interesse da sociedade. A primeira do ano trará o tema "A importância da Academia de Letras para a sociedade de Parauapebas" e será apresentada pelos imortais Paulo Poeta e Luiz Vieira.

Toda a sociedade é convidada para participar desse evento. Venha mergulhar nesse caldeirão de conhecimento e enriquecer ainda mais a sua mente.

Data: 26 de fevereiro
Local: auditório da Secretaria de Cultura (antiga Câmara na rua E)
Horas: 19:30

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A PENEIRA DO MEDO

No dia 20 de fevereiro eu estava participando de um seminário organizado pela Associação da Imprensa de Parauapebas (AICOP) e a palestra que mais me chamou a atenção foi a do Juiz Líbio Moura. Com sua conhecida habilidade e oratória objetiva, discorreu sobre a ética no jornalismo para uma platéia atenta e curiosa. 

Num determinado momento de sua explanação, o dr. Líbio disse a seguinte frase: "Muito me incomoda a peneira feita pelo medo nos órgãos de informação". E destacou que a imprensa não pode ter medo de divulgar, de denunciar a violência seja qual for. Nota-se um certo silêncio de alguns órgãos da imprensa local quando se trata de ações de criminosos poderosos. Aí foi inevitável a ligação com a ação do GAECO que culminou com a prisão de uma advogada e três policiais. Durante as perguntas da platéia o dr. Líbio citou um texto desse blog publicado no dia 18 de fevereiro com o título OPERAÇÃO DO GAECO DEIXA PARAUAPEBAS NUM CLIMA DE MISTÉRIO E MEDO onde faço uma abordagem sobre a  realidade pós prisões dos suspeitos de crimes de pistolagem. E ressaltou que a sociedade não pode viver com medo, pois isso reforça o espírito de impunidade e violência. "Quem manda aqui somos nós e não os pistoleiros", ressaltou o juiz. 

É notório que o juiz Líbio Moura tem sido muito corajoso ao enfrentar alguns processos contra poderosos em Parauapebas. Recentemente, afastou de forma inédita quatro vereadores e, praticamente induziu um a renunciar. Isso é coragem e, entendemos que todos os membros do Judiciário deveriam ter essa qualidade como uma condição natural. É certo que o medo paralisa uma cidade e deixa seu povo como refém nas mãos dos malfeitores. De certa forma, o medo nos torna cúmplice de quem vive às margens da lei. Porém, por outro lado, ressalto que o medo é um sentimento natural do ser humano e, muitas vezes é um instinto de defesa e instrumento de sobrevivência produzido pelo nosso cérebro.

Medo e covardia


Se o medo é uma defesa natural, um instinto de sobrevivência, por outro lado, a covardia é um sentimento ruim que nos paralisa e nos torna vítimas fáceis da violência. No meu livro "O escorpião e a borboleta" trato desse tema na página 107 com o título "Sob o signo do medo e da covardia". Sem querer fazer propagando, vale a pena conferir. 

O dr. Líbio Moura está coberto de razão. Não podemos deixar imperar a lei do silêncio, a lei do "bico calado". Todavia, há de se fazer algumas considerações. É notório que nossa cidade é muito violenta e, somente bem recente é que a população passou a experimentar a sensação de que os criminosos não tem tanta costa larga e blindagem assim. Infelizmente, a lentidão da justiça nos deixa com essa sensação de insegurança. É verdade que uma advogada, um capitão e dois cabos da polícia militar foram presos. Mas, no caso de eles serem realmente culpados, no caso de existir aqui em Parauapebas um grupo de extermínio a serviço dos poderosos, que segurança teremos? Foram presos apenas quatro. Mas e os outros que estão soltos e convivendo conosco, gozando de nossa confiança? Esse grupo, - se existir - apenas daria um tempo para voltar a atuar e acertar as contas com aqueles que divulgaram notícias, que falaram demais, que atrapalharam seus planos. Que garantia teremos dos órgãos de segurança e da justiça? Nesse contexto, eu, você e até o dr. Líbio Moura corremos risco de morte.

Um exemplo claro desse clima de medo foi apresentado no debate no seminário da imprensa: nas redes sociais quase ninguém falou nada das prisões dos militares, ao contrário do que aconteceu na época das prisões dos vereadores, empresários e secretários onde foram exaustivamente hostilizados. Dessa vez, bastou alguém postar uma foto dos presos embarcando de avião e outro fazer um comentário sobre o meio de transporte, para aparecer as ameaças veladas.

Por isso reafirmo: o medo nos paralisa e nos torna reféns. Temos que enfrentar o perigo de frente, mas com cautela. Para quem tem medo mas não é covarde, sugiro uma leitura no texto do livro citado aqui. Lá você vai encontrar valiosas dicas de sobrevivência que podem salvar sua vida. E olhe que quem está falando é um sobrevivente! Quem não puder comprar o livro é só falar que eu mando o texto por e-mail.


Lula, FHC e a tentação dos pequenos favores.


Texto indicado pelo leitor José O. (Zelão) Vieira Reis


Diz a lenda que Assis Chateaubriand, magnata da imprensa entre os anos 1940 e 1960, costumava responder aos pedidos de aumento salarial de seus empregados com uma pergunta retórica: “Mas você não é repórter? Precisa de dinheiro pra quê?”

Era no tempo do rei - ou quase isso. Na concepção do dono dos Diários Associados, o salário de um jornalista era um detalhe entre outros rendimentos indiretos provenientes do ofício.
Em outras palavras, o repórter não precisava ter dinheiro para ter acesso a restaurantes, festas, presentes: bastava se relacionar com as pessoas certas - as interessadas em manter um bom relacionamento com quem poderia escrever sobre elas.

Desde que comecei a trabalhar como jornalista já recebi ofertas de viagem, convites para shows, jantares, ingresso para assistir corrida de automóveis e até de passeio de helicóptero. Aceitar seria divertido, mas significaria colocar sob suspeita qualquer notícia relacionada à generosidade das empresas.
Fico imaginando a vida de quem, em vez de espaços na imprensa, tem a prerrogativa de propor projetos de lei. Ou de sancioná-los.

No exercício do poder, políticos costumam dizer que, ao fim do mandato, é estranho acostumar-se novamente a abrir (literalmente) as próprias portas. Por extensão, deve ser estranho voltar a abrir a carteira após anos circulando entre agrados de anfitriões e convidados – há sempre, imaginamos, alguém disposto a acertar a fatura. Digamos, a reforma de um sítio. Ou um apartamento. Ou a pensão dos filhos.

Na estranha história da reforma de um sítio frequentado pela família Lula, paga supostamente por empreiteiras investigadas na Lava Jato, não é o valor da obra ou das encomendas entregues no local os elementos de suspeição. É o fato de um ex-presidente, influente no governo da sucessora e com razoáveis pretensões eleitorais, ter supostamente aceitado o agrado de empresários interessados em manter o bom relacionamento institucional em troca de favores pessoais.

Não importa o quanto esses agrados pareçam picuinhas. Quando se trata de figuras públicas, tenham ou não mandato é justificada a atenção da imprensa e das autoridades sobre a proximidade entre eles e as empresas interessadas em operar por meio de agrados ou atalhos.

Tão estranho quanta essa proximidade para além da margem de segurança é usar simpatias e antipatias partidárias para espernear ou cravar quem (não) inventou a roda. Em uma disputa tão acirrada entre partidos, é bom lembrar os versos de uma velha música: “tudo aquilo contra o que sempre lutam é exatamente tudo aquilo que eles são”.

Confortável, até então, no camarote de onde assistia à dissolução do patrimônio petista - o discurso de que, apesar dos erros e das prisões de aliados, tudo foi feito em nome de um bem maior, jamais em troca de benefícios pessoais - Fernando Henrique Cardoso será cobrado, a partir de agora, a explicar por que diabos uma empresa privada repassaria, durante anos, recursos para a conta de Mirian Dutra, ex-amante de quem reconheceu o filho, no exterior.

FHC, que até ontem subia no pedestal para pedir a renúncia de adversários, jura que os recursos eram dele. A transferência era feita, segundo noticiou a colunista Mônica Bergamo, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho entre dezembro de 2002 e dezembro de 2006. O acordo, afirmou a jornalista, foi intermediado por um lobista.

À Folha o ex-presidente admitiu manter contas no exterior e ter mandado dinheiro para o filho da jornalista, que foi presenteado recentemente com um apartamento de € 200 mil em Barcelona, na Espanha.

O que faz da vida dele, por óbvio, é questão de foro íntimo. Mas, se pau que bate em Chico também bate em Francisco, as perguntas de sempre, válidas para qualquer homem público, sobre correlação entre despesas, patrimônio e favores desempenhados por terceiros podem e devem ser feitas. Em situação parecida, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi alvo de uma devassa por tentar justificar a origem de recursos para pagar a pensão de uma amante – a suspeita é que o acerto era cortesia de uma empreiteira.

Confira daqui a pouco: A PENEIRA DO MEDO.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

OPERAÇÃO DO GAECO DEIXA PARAUAPEBAS NUM CLIMA DE MISTÉRIO E MEDO

Desde ontem (18) quando os policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado efetuaram as prisões de uma advogada e de três policiais de Parauapebas, a população vive num clima de estarrecimento e medo. A ordem é "ficar de bico calado". Ninguém sabe as consequências e nem o tamanho desse tal grupo que atuava na cidade e região. Alguns falam em grupo de extermínio, mas fica tudo na sombra. O medo é maior por se tratar de agentes do Estado que deveriam cuidar da segurança do cidadão.

O radialista Laércio de Castro ao repassar informações ao vivo durante o programa Conexão Carajás de Demerval Moreno falou que posteriormente traria informações de fatos bem mais graves que balançaria Parauapebas. Que fatos são esses? Ainda há algo mais grave do que isso?

O silêncio do Ministério Público


Para piorar o clima de mistério e insegurança, os responsáveis pela operação até o momento não deram a rotineira coletiva de imprensa para falar das prisões. Digo rotineira, pois é o que sempre acontece nessas operações do GAECO. Geralmente, no final do dia, o promotor responsável reúne a imprensa e repassa os detalhes e esclarece dúvidas. Dessa vez, só restou o silêncio. 

Outra coisa que chama a atenção é o silêncio e a censura nas redes sociais. Nas outras vezes, os fatos e os personagens (quando vereadores, secretários e empresários foram presos) foram exaustivamente explorados nas redes. Agora está tudo quieto, tudo a boca pequena como dizem por aí. Bastou uma pessoa colocar uma foto dos presos embarcando no aeroporto de Carajás e outra questionar o porque do transporte aéreo (quando os vereadores presos na época foram para Belém de carro), para o caldo azedar. Logo notou-se as ameaças veladas, disfarçadas. Esse é o clima que toma conta da cidade nesse momento.

Delegados transferidos


Coincidência ou não, mas um dia antes da operação quase todos os delegados da Polícia Civil de Parauapebas foram transferido sem motivo aparente. Por mais que se diga que foi uma rotina administrativa, não é normal e nem é rotineiro no histórico da Polícia Civil. A imprensa chegou a ensaiar um protesto pedindo a permanência dos delegados, mas parece que a ação é irreversível. 

Será que esse pequeno abalo sísmico é um prenúncio do grande terremoto? Pelo sim pelo não, redobrem seus cuidados e fiquem atentos aos movimentos. Cuide de sua segurança pessoal e, principalmente se você é daqueles que "fala demais" (como eu), tome muito cuidado.

As águas de março vem aí! 

DIÁRIO DE MOTOCICLETA (FINAL)

Por Antonino Brito


Parte II


Deixei propositalmente minha parceira fora dos últimos relatos da viagem, para recolocá-la nesse momento crucial, pois ao alertar-me com seu grito estridente, evitou um acidente fatal, o maior perigo que já passei nesses mais de 10 mil quilômetros de moto pelas estradas do Brasil.

O animal era cinza, e nas condições de chuva, inicio de noite e vizeira embaçada, tornou-se invisível para mim, a alguns milésimos de segundos de um acidente com final trágico para nossa aventura.

Quando pensei, no inicio, em colocá-la num ônibus, enganei-me. Sua determinação a fez superar as dores e incômodos. Ver as belas paisagens e sentir o vento soprando no rosto, foi sua recompensa por curtir viajar de moto. Viajou cada um dos 6.470 km na garupa da motoca. Já reconduzida a seu devido lugar de motoqueira, vou pedir aos amigos leitores que a incluam na leitura anterior, principalmente no belo dia na Praia do Futuro.

Deixando de lado a tensão, seguimos mais 80 km na estrada até Juazeiro do Norte, onde chegamos as 8 horas da noite. No domingo de manhã, fomos a missa, na capela onde está enterrado o Padre Santo do Nordeste. A energia que permaneceu naquele ambiente durante toda a missa, a fé transbordando no olhar dos romeiros, nos fez seguir a multidão e, tocando o túmulo ao pé do altar, rezamos.

Antes de partir com destino a Paraíba, fomos conhecer a famosa estátua de Padre Cicero, de chapéu na mão. Uma agenda sagrada da fé Nordestina.

Na Paraíba, terra abençoada, terra de Maria, compramos uma legítima rapadura e bolachas sete capas, típicos do Nordeste para trazer, - mesmo com a mochila já rasgada -, uma lembrança comestível para familiares.

Rumamos a moto para o Pernambuco, já passava do meio dia e tínhamos 400 km pela frente. No Sertão Pernambucano, relembrei as imagens e histórias do maior fluxo migratório brasileiro no seculo XX, o êxodo nordestino, com destino ao Sudeste, mais precisamente São Paulo. Passei pelo Canal de Transposição do Rio São Francisco, tive ali a sensação de estar olhando para o futuro.

Em Petrolina tinha uma missão dada por um Pernambucano que conheci em Fortaleza: tomar banho nas águas do Velho Chico e conhecer o Bodódromo, um importante e sofisticado recanto culinário nordestino. O bode assado é pedido obrigatório. Antes das sete da manhã me lavei nas águas famosas do Rio São Francisco. Missão cumprida, atravessamos a ponte que faz divisa entre os dois Estados e fomos conhecer a Bahia de todos os santos.

Na Bahia nos perdemos. Não só por errar a estrada e mudar a rota, por culpa do GPS do celular (alguém tem que levar a culpa por ficar sem gasolina no meio do nada e mais de 200 km percorridos fora da rota), mas também pela sorte, ai sim cabe a sorte, de curtir a abertura do carnaval da Bahia, em Juazeiro, com o desfile de vários trios elétricos famosos e para fechar a festa, pular carnaval na Orla do Rio São Francisco ao som do Trio Elétrico de Ivete Sangalo. Maria pulou tanto que perdeu o prendedor de cabelo. Eu, sem este pique todo, curti o show da diva baiana acompanhando a multidão frenética e ordeira, hipnotizada por Ivete. Um belo jeito de conhecer a Bahia.

Na Chapada Diamantina conheci Jacobina, cidade do ouro, importante polo de riquezas minerais da época do Brasil Império. Suas belas cachoeiras e belo acervo da historia brasileira, são um convite à visita. Em Morro do Chapéu, ao avistar vários veículos estacionados as margens da BR, dei meia volta na 160 e, de mochila nas costas, descobrimos um oásis: cachoeira do Ferro Doido. Um canyon com belas cachoeiras e suas águas cor de ouro, reflexo das longas distâncias percorridas em grutas e pedras de ferro, ate desaguarem formando estas maravilhas da natureza. Pilotei por mais de 1.300 km em terras de Jorge Amado.

Em Xique Xique avistei uma C-10 verde, que me fez voltar ao tempo, ao final da década de 1970. Meu pai tinha uma, na cor bege. Lembrei-me das não raras vezes que saíamos em sua carroceria, eu e meus irmãos, nas estradas de terra nos confins do Mato Grosso, em Cana Brava. Em uma destas, após alguns quilômetros comecei a bater desesperadamente na cabine da C-10 e meu pai parou. "O que foi?" Meu irmão mais velho tinha caído da carroceria. Saímos correndo naquela estrada empoeirada e lá estava ele, chorando, com o rostinho molhado de lágrimas e sujo de poeira. Sem um arranhão sequer. Bela aventura com meu irmão Hélio.

Em terras goianas me senti um pouco mais em casa. Nascido na Ilha do Bananal, maior ilha fluvial do mundo, os ares do serrado me eram familiares. Minha parceira estava com muito entusiasmo, conhecer Brasília e Goiânia seria um dos pontos altos da viagem para ela.

Rasgar o Planalto Central, de moto, pela segunda vez tinha um sabor especial. Apresentei a Maria a Capital Federal, centro do poder politico do Brasil. Na torre de TV, no seu mirante de 70 metros de altura, contemplamos, por um ângulo especial, a esplanada dos ministérios, a catedral e a Praça dos Três Poderes. Deixamos Brasília com seu imenso desafio politico e pegamos a estrada novamente. A noite estávamos em Goiânia.

Na Capital do Centro Oeste, fizemos uma agenda familiar. Visitamos irmãos, tios, primos e juntamente com minha mãe, passamos uma agradável tarde com minha avó materna.

Ainda em Goiânia, visitamos seus belos bosques e parques com seus leões, tigres e anacondas. Para não perder o costume, fomos ao Shopping tomar um bom chopp escuro.

Saímos da casa de dona Francelina, minha mãe, as 6 horas da manhã, segunda feira, 15 dias após o inicio da viagem. Em Gurupi fui recebido com um bom churrasco na casa do meu tio Adão e a noite, pedi benção à minha avó paterna com 91 anos de vida. Um exemplo!

Em terras tocantinenses pela segunda vez nesta viagem, - já que passamos no Bico do Papagaio no inicio da caminhada -, algumas cenas passavam por minha cabeça enquanto pilotava. Nos 150 km que ainda restavam ate chegar em Palmas, fiz um breve balanço das paisagens que me chamavam mais a atenção. Em todo sertão nordestino, vi e conversei com gente simples, solícita e trabalhadora, que mostra, mesmo com suas peculiaridades, um Brasil de povo forte, batalhador e honesto. Vi na Bahia, um mar verde do agronegócio que por dezenas de quilômetros não se avista mais nada, e no final, o verde deixa a impressão que toca o céu. No Tocantins tive a mesma sensação, só que desta vez era o serrado estendendo-se ao infinito, entregava-se a linda cordilheira, imponente e majestosa, fazia-se de escada, indo tocar o céu. O Oceano Atlântico, da praia tem-se a sensação de que o mar vai tocar o céu e você pode, num barquinho, fazer o mesmo.

Um banho de cachoeira e um bom papo com amigo Ricardo e sua esposa, foram nossa despedida de Palmas.

Cruzar o rio Araguaia de volta a terras paraenses, passando em Conceição do Araguaia, tinha um sabor de vitória. Dezessete dias e 6.470 km depois, tínhamos visitado 9 estados, passado por 157 cidades além do Distrito Federal, nossa capital brasília.

O prazer de uma aventura dessas está nas descobertas que você faz, nas pessoas que conhece, nas belezas naturais do nosso grandioso Brasil, e principalmente no sabor da liberdade, apresentada na forma do vento e seus assobios, a tocar seu rosto e embalar seus pensamentos, enquanto você toca pra frente a fé, a esperança, a MOTO e a VIDA.

Quando alguém perguntar agora de onde sou, responderei: sou nordestino de descendência, sou goiano de nascença, sou paraense de criação e amor. Sou Brasileiro.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

GAECO INICIA DESARTICULAÇÃO DE GRUPO DE EXTERMÍNIO

Na manhã dessa quinta-feira (18) a cidade de Parauapebas foi surpreendida pela presença do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). Muitos cidadãos eufóricos achando que se tratava das prisões do prefeito e seu grupo correram para alguns pontos públicos em busca de informações.  Circulou boatos nas redes sociais que vereadores saíram correndo escada abaixo na câmara, outros se esconderam embaixo da cama em suas casas e alguns empresários passaram mal. Ainda não foi dessa vez, mas tudo indica que foi apenas um ensaio.

Na verdade, o GAECO prendeu algumas pessoas que estariam envolvidas com a morte do advogado Dácio Cunha que foi assassinado a tiros por dois pistoleiros na noite do dia 5 de novembro de 2013. Os presos foram: os policiais militares Francisco da Silva, Kacílio Rodrigues da Silva, capitão Júlio de Souza Nascimento que foi preso em Redenção onde se encontrava, além de uma advogada.

O promotor responsável pela operação até o momento ainda não concedeu entrevista para dar explicações sobre as prisões. Mas comenta-se que esse é apenas o início de um trabalho que visa desarticular um grupo de extermínio que há muitos anos estaria atuando em Parauapebas e que já vinha sendo investigado pelo Ministério Público.

Esqueletos no armário


Na mesma noite do assassinato do dr. Dácio, também foi assassinado o líder comunitário conhecido como "Grande" no bairro Caetanópolis. Grande tinha forte atuação popular contra o prefeito Valmir Mariano, e na semana de sua morte havia prometido organizar uma grande manifestação e fechar a prefeitura. O crime seguiu o mesmo modus operandi do Dácio. 

Essas prisões poderão ser apenas o fio da meada e desencadear uma queda no estilo dominó. Na cidade, muitos já estão preocupados e com medo, pois os suspeitos são pessoas poderosas e com influência. Apesar de muitos comentarem a boca pequena sobre a existência de tal grupo, ninguém quer se comprometer, haja visto o perigo que correm.

Parauapebas há muito vive dominada pelo clima de medo e pela sensação de insegurança. A fama de crimes sem soluções e impunidade já faz parte do imaginário popular. A lei é "ficar de bico calado". Esperamos que essa ação do Ministério Público coloque um fim nessa má fama e devolva a tranquilidade a nossa população. Até lá, é melhor que todos fiquem atentos.

Enquanto a justiça não esclareça e prove a culpabilidade dos presos, desejamos serenidade e força às suas famílias.

Muita paz a todos que confiam na proteção de Deus. 

GAECO EM PARAUAPEBAS NOVAMENTE

Informações acabam de chegar a nossa redação dando conta de que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) estaria em Parauapebas executando alguns mandados de prisão. Tudo indica que trata-se do grupo de extermínio que teria envolvimento com o assassinato do dr. Jakson.

Encaminhamos nossos correspondentes para as ruas a fim de colher mais informações. A qualquer momento, teremos mais informações.

COLUNA DO LEITOR - DIÁRIO DE MOTOCICLETA

Por Antonino Brito


Parte I


Segunda-feira, sete da manha, 15km, 100 km/h. Lá estava eu de novo na estrada, dois anos depois, para uma viagem de mais de 4 mil quilômetros de moto. Só que desta vez era diferente. Casado novamente, fui informar a Maria sobre a viagem e receber seu consentimento. Ela, como mulher "obediente" que é, disse: ”Claro que você pode ir, sei quanto é importante para você estas viagens de moto pelo Brasil. Mas tem uma condição: que eu viaje contigo.“

De uma hora para outra, eu que me intitulava motoqueiro solitário, tinha alguém para dividir a aventura, a moto, a cama e a conta. Topei na hora.

Minha preocupação era a resistência de minha companheira, em aguentar as dores e o desconforto inerentes a viajar de moto, na garupa, com uma mochila nas costas por mais de 600 km dia. Estava decidido a colocá-la em um ônibus - se fosse o caso - assim que não mais resistisse, e esperá-la na cidade que escolhesse para dormir. 

Para uma viagem desta é necessário ter uma destas duas opções:

* primeira opção: bastante dinheiro.

* Segunda opção: determinação, uma boa rede de contatos e desapego ao conforto.

A segunda opção, é onde me encaixo.

As 18 horas cumpri a primeira etapa da viajem - 730 km -, passando por terras indígenas cheguei a Barra do Corda-Ma. As duas horas da tarde de terça almocei com meu amigo Francimar e sua família, na casa de seus tios, que receberam-me com muito carinho e uma carne frita no azeite de coco, - ainda sinto o cheiro e o gosto delicioso. Já estava em Teresina, capital do Piauí.

A expectativa era grande. Cortar o Nordeste de moto, indo do litoral ao sertão, me fazia sonhar acordado, enquanto pilotava. Na entrada do Ceará vi um dos maiores complexos eólicos do país. Visitei Sobral, uma cidade com grande riqueza histórica e cultural. Cheguei a Fortaleza ao entardecer, um belo céu azul acompanhava minha primeira visita a capital Cearense. Como parte do roteiro, assisti um clássico do futebol brasileiro, Flamengo e Ceará, na Arena Castelão, estádio de copa do mundo. Depois de uma virada espetacular, sofremos o empate aos 45 minutos do segundo tempo, 3 X 3, um jogaço. Nos pênaltis, perdemos (Ahh!). Com um largo sorriso no rosto, pensava nos três coelhos matados numa só cajadada: conhecer uma arena de copa do mundo, ver meu Mengão depois de 10 anos e assistir uma disputa de pênaltis valendo taça. Só alegria.

A sexta fora reservada a Praia do Futuro. Suas águas azuis e quentes prenderam-me, das 9 horas da manha as 5 da tarde. Entre um mergulho no mar e um gole de cerveja, conheci um argentino que logo trouxe sua família para dividirmos a mesa. Nas próximas três horas conversamos sobre família, viagens, politica sul-americana, mais precisamente argentina e brasileira, com tradução e participação efetiva de sua bela filha Paula, uma moça de 24 anos recém formada em direito que, além ter uma interessante visão politica, fala fluente o português. Observei que aquele argentino conhecia muito mais da nossa realidade geopolítica do que a muitos brasileiros.

Como bom anfitrião e feliz com as decisões de vida tomadas por meus filhos, falei um pouco destes em nossa conversa. Minha filha Talita, já casada, cursando pedagogia, minha filha Miquesia já matriculada no curso de direito em universidade estadual, meu filho Caio determinado a fazer Educação física e meu mais novo João Felipe, ainda no ensino médio, com tempo para definir seu rumo. Olhando pros lados via o rosto da alegria, da felicidade. O dia na Praia do Futuro terminou com um lindo pôr do sol.

Deixei a costa brasileira rumo a outra importante parte da viagem. Cruzar o sertão nordestino em cima de uma motocicleta, cortando as lindas paisagens entre regiões secas e hostis. Ao longe avistei debaixo de uma tenda à beira da estrada, umas duas dúzias de mulheres e homens dançando. Parei e ouvi um autentico forró pé de serra no sertão cearense. Aproveitei para um breve descanso ao som da sanfona e do triângulo.

Na região do Cariri Cearense, já no sexto dia de viagem, como em todos os outros, as fortes chuvas de janeiro acompanhavam a jornada. Neste sábado não era diferente. Com a roupa encharcada e alma repleta de chão e alegria - parafraseando o grande Milton Nascimento -, e com intuito de recarregar as baterias da fé, decidi ir a Juazeiro do Norte-CE, terra do “Padim Pade Ciço”. Em minhas contas entre distância e velocidade, chegaria às 19 horas.

Um fator que vinha tomando bastante minha atenção era o grande numero de animais mortos por atropelamento às margens da estrada. Do inicio, em terras maranhenses, piauienses e cearenses até aquele momento, as rodovias federais estavam em bom estado de conservação, do ponto de vista de sinalização e trafegabilidade, mas, a grande frequência de animais, principalmente jumentos na pista, era motivo de preocupação constante.

Com a visão prejudicada pelo lusco-fusco do anoitecer, a chuva que caia torrencialmente e o farol dos veículos que vinham em direção contraria, por alguns segundos não enxergava mais que 10 metros à frente. Reduzi a velocidade para 90 km/h, pois sabia dos riscos. Continuei pilotando ate ouvir um desesperador grito da Maria: “Antoniiiino!” Fixei ainda mais o olhar para frente a tempo ver o primeiro jumento que liderava a fila indiana de três, que tomavam completamente meu lado da pista. Por reflexo, por Deus, consegui cruzar a faixa amarela indo parar na contra mão, dois segundos depois da passagem de uma caminhonete na direção contrária. A adrenalina subiu e por alguns longos segundos não trocamos uma só palavra, um só gesto. Reservamos este tempo para agradecer a Deus pela proteção. Continuamos em silencio ate a cidade mais próxima. (...)

Confira amanhã (sexta) o final dessa aventura.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

DEPUTADO EDUARDO CUNHA (PMDB), DESMASCARA O JUDICIÁRIO BRASILEIRO


O líder do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral (PT) foi preso em novembro de 2015. Fato inédito na nossa jovem democracia, onde nunca antes na história desse país um senador havia sido preso em pleno exercício do mandato. Motivo da prisão: segundo os investigadores, ele estava atrapalhando a operação Lava Jato. Por um breve momento pensei: até que enfim, nosso judiciário está tomando o rumo e fazendo justiça. Vários empresários e políticos graúdos foram presos, também de forma inédita na história do Brasil. Cheguei a soltar foguete e abri uma garrafa de vinho para comemorar. Será que estamos entrando em uma nova era?

Ao analisar os fatos e as prisões com mais frieza, percebo que não é bem assim. Ainda não será dessa vez que assistiremos o fim da impunidade e da corrupção no Brasil. O que vemos na mídia é uma justiça seletiva que tem seu alvo certo e nem consegue esconder que está comprometida ideologicamente. Senão, vejamos: o senador Delcídio do Amaral foi preso por atrapalhar as investigações da polícia; o deputado Eduardo Cunha foi denunciado pelo ministério público da Suíça por manter contas secretas com 2,4 milhões de dólares. Tudo foi feito com provas robustas e inquestionáveis contra o Cunha, e ele continua solto e presidindo a Câmara dos Deputados. Como se não bastasse, usa o cargo e o poder de presidente para manipular, chantagear e atrapalhar de todas as formas a comissão de ética que tenta sem sucesso lhe processar. Isso é um flagrante acintoso de que Eduardo Cunha confia na impunidade e sabe que tem fortes aliados no Poder Judiciário. E ainda conta com o apoio baseado na chantagem que ele mantém no congresso, fruto de acordos impublicáveis para se eleger presidente da câmara.

A Suíça no caminho da justiça brasileira


Cunha será preso? Talvez. O Ministério Público botou água no chope da justiça brasileira. As provas são tão contundentes que constrangem a nossa justiça. Não afastar Cunha do cargo e não prendê-lo seria expor o nosso sistema ao ridículo perante a comunidade internacional.  Mas vão protelar até o final e retardar o máximo o seu afastamento.

Prender o senador Delcídio Amaral (PT) por atrapalhar a justiça e deixar solto o Eduardo Cunha (PMDB) que manipula o Congresso, abusa do poder e manobra a justiça é um tapa na cara do nosso sistema.  É um flagrante que prova que nossa justiça é seletiva e vingativa contra um lado. Para os velhos poderosos tradicionais, ela continua uma senhora matrona, carcomida, ultrapassada  e cega. E nem vou me alongar aqui para falar de helicóptero com meia tonelada de cocaína que a polícia federal não conseguiu descobrir o dono, nem da sonegação da Globo, nem de evasão de divisa e apartamentos de luxo não declarados de tucanos de alta plumagem, nem de aeroporto construído com dinheiro público em fazenda do tio do ex-governador Aécio, nem de apartamento de luxo de ex-juiz em Nova York, etc. Mas certamente vão tentar pegar o Lula com toda pirotecnia por frequentar uma chácara e, supostamente comprar um apartamento de classe média.

Não será dessa vez que assistiremos o alvorecer de uma nova era e testemunharemos uma justiça implacável contra a corrupção e agindo de forma imparcial. Ainda teremos que conviver com juízes, promotores e procuradores midiáticos que adoram holofotes e capas da Revista Veja. Claro, salvo algumas exceções.


SESSÃO DE 16 DE FEVEREIRO - O HOMEM DA BÍBLIA

Sei que prometi esfriar a pauta política aqui no blog devido ao tempo dedicado ao meu segundo livro. Mas caí na tentação de assistir a sessão de abertura do último ano (último ano? Uhuuuu!!!) dessa legislatura e não resisti. Ademais, falei que só escreveria sobre a câmara se houvesse alguma coisa excepcional sobre os vereadores. Não foi bem esse o caso, mas vale a pena gastar meus preciosos 15 minutos.

Ao ouvir a gravação dos discursos da sessão solene de abertura da segunda (15), e ao assistir presencialmente os discursos da sessão de terça (16), veio-me uma brilhante ideia e quero compartilhar com os leitores. Vejamos:

Na sessão do dia 15 o vereador Pavão usou a Bíblia e o nome de Deus para justificar sua adesão ao governo Valmir, a quem tanto detonou e que por várias vezes falou que no dia que isso acontecesse poderiam interná-lo num hospício. Talvez seja o caso! Ele disse que estava com escamas nos olhos. Uai sô! Não sabia que o nome disso agora era escamas. 

Já na sessão do dia 16, ao ouvir os discursos dos vereadores que se pronunciaram, não tive mais dúvida. Então a ideia é a seguinte: vamos eleger o Homem da Bíblia para vereador. Já pensou que bacana?! O Homem da Bíblia já é um conhecido de todos por viver nas festas e portas de bancos com a bíblia na mão pregando o fim do mundo. Vive exortando os homens a se converterem, pois o fim está próximo. 

Olhando o perfil da nossa atual legislatura, estou convencido de que o Homem da Bíblia daria um excelente vereador. Além disso, ele poderia ser aproveitado dentro da câmara para diversas funções. Poderia ser o presidente da câmara, o líder do governo (no caso da reeleição do Valmir - toc, toc, toc - bata na madeira), e até poderia ser o líder da bancada do PT. Que tal?

Pelo menos o Homem da Bíblia não prejudica ninguém. Não mente, não faz "safadezas" com outras autoridades, não rouba, não faz discurso simulado, não mente, não usa o nome de Deus em vão, não ostenta riqueza repentina, de quebra, ainda adora uma festa. 

Pense nisso. O Homem da Bíblia vem aí!

COLUNA DO LEITOR - O MOSQUITO E SEUS EFEITOS

Por  Rogério Silva dos Reis*


Aqui, o autor de forma brilhante faz um paralelo entre o mosquito transmissor do Zica vírus e nossa falta de ATITUDE. Vai desde as consequências da doença até a corrupção que assola nosso país e que começa em nossa casa. Vale muito a pena reservar um tempinho, sentar com os filhos e ler. O blogger recomenda.

Há algum tempo que não se fala em outro assunto que tomou agora proporções universais! Um inseto insignificante acabou repentinamente alastrando pelos quatro cantos do planeta uma nova epidemia desconhecida que avança com mais rapidez que o HIV e além disso pode causar óbitos que já foram confirmados.

Diante desse novo cenário que mais parece um enredo fantasioso de filme ficcionista, a mobilização se concentra no país que detém a mais larga incidência dos focos do mosquito transmissor: o Brasil!

Mas não pensemos que esse novo mal que está pairando sobre nossa nação é algo simples de ser erradicado. Por mais que análises científicas cheguem a um consenso e indiquem os meios eficientes para o combate, um item essencial e que está ao nosso alcance mas que vem sendo ignorado pela ampla maioria de nossa população pode fazer toda a diferença: ele se chama ATITUDE!

Mas onde que essa palavra vai ser realmente útil e até certeira para que o país como um todo se livre dessa nova epidemia? Pode não parecer muita coisa mas ATITUDE é fundamental sim!

Senão, vejamos. Mesmo com toda a ciência e tecnologia disponíveis para a detenção do mosquito transmissor, ela não irá surtir efeito se não houver uma ação que parta de nós mesmos. E não é só apenas achar que o fato de não se preocupar com a limpeza do seu ambiente de trabalho, da casa, da rua, do bairro ou da cidade vai fazer diferença. Faz sim! A ATITUDE de se mobilizar pra impedir a proliferação das larvas é fundamental porque não é só sua própria proteção. Mesmo que alguém ache que não vai ser afetado por isso, não é sua própria visão de comodismo que está na mira e sim o que acontece com todos a sua volta. Se não houver seu esforço nesse sentido que incentiva os demais a fazer o mesmo, todos serão penalizados de alguma forma.

Então achar que uma simples ATITUDE como essa não traz efeitos tem a mesma consequência de comportamento quando alguém só olha pro seu próprio umbigo e não imagina que há mais gente lá fora. É por conta de pensamentos individuais como esse que há um enorme impacto e reflexo em toda a sociedade. Daí surgem as mudanças que provocam uma transformação de mentalidade onde há uma consequência que pode significar sua prosperidade ou sua desgraça.

Para pensar mais praticamente, se uma única pessoa acha que jogar um pedacinho de papel em qualquer lugar não faz diferença ela o fará todos os dias. Em um ano haverá acumulação considerável. E se muitos pensam dessa forma, o que ocorre? Um acumulado muito maior que ocasiona desde proliferação de infestações desagradáveis até entupimento de esgotos e bueiros e daí ninguém pode reclamar quando uma chuva torrencial cai e deixa a rua de seu quarteirão inviável para o transporte justamente porque pelo fato de uns e outros pensaram que jogar qualquer coisa por aí não vai trazer prejuízos.

Ampliando esse aspecto então o que dizer de muitas ATITUDES de nosso povo brasileiro em outras situações? Pensar em ações inconvenientes mas que não se vê por aí como se ninguém percebesse fazendo isso às escondidas tem um reflexo enorme e quando isso prolifera de maneira desordenada o estrago já está feito.

Senão podemos analisar certas ATITUDES: receber troco a mais e não devolver, passar na frente de pessoas em fila comum se achando privilegiado, não ceder lugar a quem tem prioridade legalmente constituída, aceitar agrados fora das normas em qualquer circunstância, pegar emprestada alguma coisa e adiar sua devolução ou nem fazer isso dando uma porção de desculpas, aproveitar-se da bondade alheia fazendo a pessoa de culpada levando vantagens, colocar um indivíduo sob suspeita porque ele possui uma característica que não lhe agrada sem nem ao menos conhecê-lo ou ter ouvido seus argumentos e ainda considerar um perigo iminente, bajular demais alguém que tem boa aparência com fluência admirável em detrimento de conhecer se não há algum ato negativo de sua conduta e muitas outras coisas.

Com tanta citação já feita não se acredita que isso vá mudar alguma coisa. É aí que o coletivo faz diferença. A ATITUDE que uma grande maioria tem produz o resultado esperado. Ou na ausência da percepção de sua consequência a colheita vai ocasionar em frutos podres e estragados.

Ou não se acredita que deixando de eleger alguém competente pelo fato de ter recebido favorecimento do outro por alguma coisa isso não muda em nada, vai impactar no modo como sua gestão se conduzir e nas escolhas que acarretarão o avanço ou retrocesso da cidade. Cada um é responsável por tomar essa decisão. Não se pode pensar só em si em detrimento do restante.

Da mesma forma o que pensar quando alguém decide sair com seu veículo e vai se divertir ingerindo muito álcool? Por não prezar por si mesmo ao dirigir embriagado ao sair vai afetar a todos que estão a sua volta e isso ocasiona um final muitas vezes irreversível.

Análise assim tem sua importância. Por não haver uma preocupação com a preservação de boas maneiras e uma educação eficiente e positiva, introduziu-se um novo espectro social: o de que NÃO TEM SENTIDO MAIS FAZER A COISA CERTA! O QUE VALE É A CONQUISTA DE BENS E O SUCESSO INDIVIDUAL A QUALQUER PREÇO E DANE-SE O RESTO OU QUEM QUER QUE SEJA! Por isso há tanta violação de direitos, desrespeito aos idosos e crianças, rebeldia desenfreada dos jovens, insensibilidade dianteira de fato horrendos, violência extrema e cruel onde por qualquer mínima desavença se pode matar à vontade sem ser penalizado pois a legislação é muito leve, degradação moral e ética visível no comportamento social em sua totalidade, falta de bom senso em situações do dia a dia, conteúdo cultural insuficiente que nada agrega ou que consegue denegrir e isso observa-se plenamente no conteúdo das atuais letras de músicas e suas melodias.

Enfim há um sem número de itens a se elencar por aqui e que é tudo fruto da FALTA DE ATITUDE. Da mesma forma que em nossos dias devemos nos esforçar no combate a esse novo mal externo, se faz necessário combater o mal interno que é tão destrutivo e pode causar muito mais estragos permanentes do que um simples mosquito.

QUE CADA UM POSSA COM ATITUDE FAZER SUA PARTE! NOSSO BRASIL MERECE COISAS MELHORES! SÓ DEPENDE DE NÓS MESMOS!

*Músico e bancário.