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terça-feira, 29 de julho de 2014

De volta a realidade

Depois de uma pequena temporada na Europa o Blogger está de volta com carga total. Apesar de ser uma viagem de férias onde deveria me concentrar exclusivamente nas belezas do Velho Continente, não consegui me desligar da realidade política de Parauapebas. Acompanhei de perto por exemplo (graças aos meus correspondentes direto do ninho no Morro dos Ventos), a mais uma tentativa do governo Valmir de levar o PT para dentro do seu governo.

Tentativa de vender o PT para Valmir é frustrada mais uma vez


Por pouco eu não chego em Parauapebas e encontro uma realidade medonha e caótica. Mais uma vez o ex-petista e atual lacaio do Valmir tentou colocar o PT na vala comum da política e assim jogar uma pá de cal (ou seria um pá?) na sua história em Parauapebas. Dessa vez a negociação avançou bastante e por pouco não se concretiza.

Felizmente os bravos guerreiros petistas não se deixaram seduzir por promessas de cargos e secretarias e resistiram bravamente. Para felicidade de uns e desespero de outros o noivado foi mais uma vez rompido (ou adiado). Felicidade para os verdadeiros petistas que não se sucumbem a negociações espúrias e conchavos secretos; desespero para quem acha que não consegue mais viver na oposição depois de ter passado oito anos no poder ou se beneficiando de alguma forma dele.

A negociação entre outras coisas, estava condicionada ao apoio incondicional a candidatura do Gesmar e a desistência da candidatura da vereadora Eliene Soares a Deputada Estadual. Se concretizada essa seria a negociação mais desastrosa e danosa para Parauapebas e para o Partido dos Trabalhadores. Enterraria de vez sua pretensão de voltar ao governo de Parauapebas.

As vezes o poder cega


Sabe o que é um professor passar um mês inteiro ensinando a uma criança uma simples operação de adição como 2+2 e no final o aluno ainda dar a resposta errada? É tão óbvio que o professor não compreende como o seu aluno não possa aprender uma coisa tão simples assim. Estupidez mesmo! Acontece que esse aluno passou por um grande trauma e não consegue enxergar o óbvio.

É mais ou menos isso o que está acontecendo. As pessoas com algum senso e um mínimo de compreensão se perguntam como é que alguém ligado ao PT ainda cogite a mínima possibilidade de aliança com Valmir diante da atual conjuntura! E antes que me chamem de radical, coloco um ponto de vista que já abordei outras vezes: em política as alianças são possíveis e salutares num regime democrático. O PT não é melhor do que os que comandam atualmente a prefeitura e nem Valmir é pior ou melhor do que a turma do PT. Apenas possuem pontos de vistas diferentes e usam metodologias e ideologias diferenciadas para administrar. Assim, uma aliança política em prol do município seria perfeitamente compreensível. Porém, essa aliança teria que ser pautada na ética, na transparência e nos propósitos mais elevados.

E por que essa aliança da forma como vem sendo construída não pode dar certo? Simplesmente porque está alicerçada na traição, no tirar proveito, na infidelidade e no baixo espírito de civilização. Está claro e tão cristalino que não entendo como alguém ainda é incapaz de ver.

Uma aliança política teria que ser debatida amplarmente, teria que se colocar todos os termos na mesa. O PT precisaria estar convencido de que o projeto do Valmir é de fato o melhor para a sociedade e disposto a abraçar esse projeto com todas as forças. Teria que estar disposto a se comprometer com a reeleição do Valmir. Agora eu pergunto: é isso o que está acontecendo? Como o PT pode embarcar numa aventura dessa se nem o secretariado do Valmir, nem os vereadores de sua base confiam nele? Como é que alguém pode confiar num governo tão instável e construído a base de intrigas? Qual seria o papel do PT diante de tantas denúncias de corrupção e de nepotismo? 

Se alguém tiver uma ideia diferente por favor mande sugestão pela caixa de comentários.

sábado, 19 de julho de 2014

A culpa por você ser pobre é totalmente sua.



Do Blog do Sakamoto



A frase acima raramente traduz a verdade. Mas é o que muita gente quer que você acredite.
Aí a gente liga a TV de manhã para acompanhar os telejornais por conta do ofício e já se depara com histórias inspiradoras de pessoas que não ficaram esperando o Maná cair do céu e foram à luta. Pois a educação é a saída, o que concordo. E está ao alcance de todos – o que é uma besteira. E as cotas por cor de pele, que foram fundamentais para o personagem retratado na reportagem alcançar seu espaço e mudar sua história, nem bem são citadas.
Pra quê? No Brasil, não temos racismo, não é mesmo? Até porque o negro não existe. É uma construção social…
Quando resgato a história do Joãozinho, os meus leitores doutrinados para acreditar em tudo o que vêem na TV ficam loucos. Joãozinho, aquele self-made man, que é o exemplo de que professores e alunos podem vencer e, com esforço individual, apesar de toda adversidade, “ser alguém na vida”.
(Sobe música triste ao fundo ao som de violinos.)
Joãozinho comia biscoitos de lama com insetos, tomava banho em rios fétidos e vendia ossos de zebu para sobreviver. Quando pequeno, brincava de esconde-esconde nas carcaças de zebus mortos por falta de brinquedos. Mas não ficou esperando o Estado, nem seus professores lhe ajudarem e, por conta, própria, lutou, lutou, lutou (contando com a ajuda de um mecenas da iniciativa privada, que lhe ensinou a fazer lápis a partir de carvão das árvores queimadas da Amazônia), andando 73,5 quilômetros todos os dias para pegar o ônibus da escola e usando folhas de bananeira como caderno. Hoje é presidente de uma multinacional.
(Violinos são substituídos por orquestra em êxtase.)
Ao ouvir um caso assim, não dá vontade de cantar: Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooooooor?
Já participei de comissões julgadoras de prêmios de jornalismo e posso dizer que esse tipo de história faz a alegria de muitos jurados. Afinal, esse é o brasileiro que muitos querem. Ou, melhor: é como muitos querem que seja o brasileiro.
Enfim, a moral da história é:
“Se não consegue ser como Joãozinho e vencer por conta própria sem depender de uma escola de qualidade, com professores bem capacitados, remunerados e respeitados, e de um contexto social e econômico que te dê tranquilidade para estudar, você é um verme nojento que merece nosso desprezo. A propósito, morra!''
Uma vez, recebi reclamações da turma ligada a ações como “Amigos do Joãozinho”. Sabe, o pessoal cheio de boa vontade genuína e sincera, mas que acredita que o problema da escola é que falta gente para pintar as paredes. Um deles me disse que acreditava na “força interior'' de cada um para superar as suas adversidades. E que histórias de superação são exemplos a serem seguidos.
Críticas anotadas e encaminhadas ao bispo, que me lembrou de que eu iria para o inferno – se o inferno existisse, é claro.
O Brasil está conseguindo universalizar o seu ensino fundamental, mas isso não está vindo acompanhado de um aumento rápido na qualidade da educação. Mesmo que os dados para a evolução dos primeiros anos de estudo estejam além do que o governo esperava no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), grande parte dos jovens de escolas públicas têm entrado no ensino médio sabendo apenas ordenar e reconhecer letras, mas não redigir e interpretar textos.
Enquanto isso, o magistério no Brasil continua sendo tratado como profissão de segunda categoria. Todo mundo adora arrotar que professor precisa ser reconhecido, mas adora chamar de vagabundo quando eles entram em greve para garantir esse direito.
Ai, como eu detesto aquele papinho-aranha de que é possível uma boa educação com poucos recursos, usando apenas a imaginação. Aulas tipo MacGyver, sabe? “Agora eu pego essa ripa de madeira de demolição, junto com esses potinhos de Yakult usados, coloco esses dois pregadores de roupa, mais essa corda de sisal… Pronto! Eis um laboratório para o ensino de química para o ensino médio!''
É possível ter boas aula sem estrutura? Claro. Há professores que viajam o mundo com seus alunos embaixo da copa de uma mangueira, com uma lousa e pouco giz. Por vezes, isso faz parte do processo pedagógico. Em outras, contudo, é o que foi possível. Nesse caso, transformar o jeitinho provisório em padrão consolidado é o ó do borogodó.
Pois, como sempre é bom lembrar, quem gosta da estética da miséria é intelectual, porque são preferíveis escolas que contem com um mínimo de estrutura. Para conectar o aluno ao conhecimento. Para guiá-lo além dos limites de sua comunidade.
“Ah, mas Sakamoto, seu chato! Eu achei linda a história da Ritinha, do Povoado To Decastigo, que passa a madrugada encadernando sacos de papel de pão e apontando lascas de carvão, que servirão de lápis, para seus alunos da manhã seguinte. Ela sozinha dá aula para 176 pessoas de uma vez só, do primeiro ao nono ano, e perdeu peso porque passa seu almoço para o Joãozinho, um dos alunos mais necessitados. Ritinha, deu um depoimento emocionante ao Globo Repórter, dia desses, dizendo que, apesar da parca luz de candeeiro de óleo de rato estar acabando com sua visão, ela romperá quantas madrugadas for necessário porque acredita que cada um deve fazer sua parte.''
Ritinha simboliza a construção de um discurso que joga nas costas do professor a responsabilidade pelo sucesso ou o fracasso das políticas públicas de educação. Esqueçam o desvio do orçamento da educação para pagamento de juros da dívida, esqueçam a incapacidade administrativa e gerencial, o sucateamento e a falta de formação dos profissionais, os salários vergonhosamente pequenos e planos de carreira risíveis, a ausência de infraestrutura, de material didático, de merenda decente, de segurança para se trabalhar. Esqueçam o fato de que 10% do PIB para a educação está longe de sair do papel.
Joãozinho e Ritinha são alfa e ômega, os responsáveis por tudo. Pois, como todos sabemos, o Estado não deveria ter responsabilidade pela qualidade de vida dos cidadãos.
Vocês acham sinceramente que “a pessoa é pobre porque não estudou ou trabalhou''?
Acreditam que basta trabalhar e estudar para ter uma boa vida e que um emprego decente e uma educação de qualidade é alcançável a todos e todas desde o berço?
E que todas as pessoas ricas e de posses conquistaram o que têm de forma honesta?
Acham que todas as leis foram criadas para garantir Justiça e que só temos um problema de aplicação?
Não se perguntam quem fez as leis, o porquê de terem sido feitas ou questiona quem as aplica?
Sabem de naaaaada, inocentes!
Como já disse aqui, uma das principais funções da escola deveria ser produzir pessoas pensantes e contestadoras que podem colocar em risco a própria estrutura política e econômica montada para que tudo funcione do jeito em que está. Educar pode significar libertar ou enquadrar – inclusive libertar para subverter.
Que tipo de educação estamos oferecendo?
Que tipo de educação precisamos ter?
Uma educação de baixa qualidade, insuficiente às características de cada lugar, que passa longe das demandas profissionalizantes e com professores mal tratados pode mudar a vida de um povo?
O Joãozinho e a Ritinha acham que sim. Mas eu duvido.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Direto de Roma

Agora aqui em Roma-capital da Itália- são 23h e 09m. No Brasil são apenas 18h e 09m. Para minimizar o efeito do fuso-horário estou no restaurante do hotel Holiday Inn usufruindo do Wi-Fi grátis e zapeando os sites e blogs brasileiros. Garimpei esse texto que achei fenomenal que mistura futebol X política X imprensa. Resolvi compartilhar com meus leitores.

Tente ler até o final. Afinal, quem lê, quem se informa se torna mais interessante.

Mídia transfere o peso da derrota



Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:

Avisem os adolescentes que sonham, os vestibulandos que se iludem com o brilhareco da carreira e os estudantes que ainda acham importante entender a semiótica: para chegar lá, para manipular o microfone, surgir gloriosamente nas telas da televisão ou para ver seu nome estampado em páginas de jornais e revistas, será preciso ter estômago de avestruz e convencer a si mesmo de que é a pauta que inventa o mundo.

Essa é uma das lições que se pode extrair da cobertura que se segue ao desastre futebolístico do Mineirão. O noticiário e o opiniário agasalhados pelos jornais desta quinta-feira (10/7) nos apresentam o padrão que deverá balizar o jornalismo brasileiro após a vexaminosa derrota da seleção nacional para a equipe da Alemanha.

Baixada a poeira da decepção, quando as redes sociais extravasam em ironias e anedotas a capacidade dos brasileiros de superar a tristeza com bom humor, eis que a imprensa resolve abrir sua caixa de maldades. Não, os textos não condenam liminarmente os principais responsáveis pelo fiasco dentro de campo: os jornais tratam de transferir o peso da derrota para Brasília.

Editoriais e artigos, diretamente, tentam fazer a conexão entre o fracasso da equipe de Luiz Felipe Scolari e a disputa eleitoral, buscando uma relação entre política e futebol que de alguma maneira vincule o governo federal ao frustrado projeto do hexacampeonato.

A referência mais explícita está na manchete do Estado de S. Paulo: “Dilma tenta se descolar do fracasso da seleção”, diz o título no alto da primeira página. A frase afirma que há um vínculo a priori entre o futebol e o campo da política.

Ora, se existe esse vínculo, convém que a imprensa esclareça ao público em que grupo político se alinham o presidente da CBF, José Maria Marin, seu sucessor, Marco Polo Del Nero, o coordenador técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, e o técnico Scolari.

Discursos de campanha, frases de efeito e oportunismo caracterizam todas as disputas eleitorais. O problema é o que a imprensa faz com tais manifestações. No caso, claramente, os jornais resguardam os outros candidatos e expõem junto à foto da vergonhosa derrota no futebol a imagem da presidente da República.

Jornalismo obsceno

Ainda que saibamos, todos, que a imprensa adora chutar cachorro morto, pode-se observar certa complacência com relação à entrevista em que Parreira e Scolari defenderam seu projeto fracassado.

Ainda que aqui e ali alguns comentaristas mais críticos afirmem a obviedade de que ambos são responsáveis pelo resultado vergonhoso do projeto, os textos principais da imprensa e os comentários das emissoras mais empenhadas na cobertura da Copa evitam contrariar a avaliação da dupla de que tudo foi planejado com perfeição.

Ora, diante do resultado e com a possibilidade de analisar friamente os seis minutos de pânico e desorganização que permitiram à seleção da Alemanha impor uma goleada irreversível à equipe nacional, o mínimo que se poderia esperar da imprensa era que fizesse o mea culpa e admitisse que havia sido complacente demais com os dois coordenadores da CBF.

Uma mensagem lançada nas redes sociais pelo empresário do jogador Neymar Jr. desmoraliza em poucas linhas o trajeto recente de Luiz Felipe Scolari – que em nada autorizava o entusiasmo com que a imprensa apoiou seu trabalho até o dia do desastre.

Como sabemos todos que a carreira de Scolari e Parreira se encerra por aqui, com o selo do vexame fechando os envelopes de seus currículos, é apenas questão de dias para que os jornais finalmente façam a radiografia de seus erros. A data mais provável é o próximo domingo (13/7), principalmente se a seleção brasileira não conseguir vencer no sábado a desmotivada Holanda, cujo técnico já declarou que preferia voltar para casa do que disputar o terceiro lugar.

Mas antes de fazer o rescaldo completo do fracasso dentro das quatro linhas, a imprensa hegemônica trata de transferir o saldo negativo para o campo político. Trata-se apenas de uma amostra do que vem por aí a partir da semana que vem, quando as atenções estiverem voltadas para a disputa eleitoral.

Tirem as crianças da sala. O jornalismo brasileiro está se aproximando perigosamente da obscenidade.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Recesso no Blog

Todos tem direito a férias, inclusive esse incansável Blogger. Assim, estaremos dando um pequeno intervalo nas publicações autorais, a não ser que aconteça algo extraordinário e eu não resista.

Hoje embarcarei para a Europa a fim de desfrutar de uns dias de folga e recarregar as baterias. Não vou fazer como alguns que quando saem do país dizem que vão tomar um banho de cultura e civilização. Isso já faço sem precisar sair do Brasil.

Para não deixar meus leitores sem conteúdo, selecionarei cuidadosamente alguns textos interessantes de sites fenomenais, de preferência, sobre política. No retorno iniciarei o projeto de publicação do encarte com os 100 textos mais acessados no Blog para comemorar (atrasado) os cem mil acessos.

No início de agosto estaremos de volta se assim Deus permitir.

Boas férias a todos!!!

4.0 - Temos direito a sonhar

Por Antonino Brito*


Quando completei 35 anos convoquei três amigos para passarmos o dia juntos, sem mulheres, filhos, namoradas (quem porventura tivesse), e escolhemos um recanto fora da cidade, onde pescamos, bebemos e comemos um bom peixe frito à beira do lago. Eu que era abstêmio já alguns anos, acompanhei na base do refrigerante e água mineral.
            A razão deste encontro era trazer para hoje as ideias e projetos que norteavam nossas vidas nos idos da adolescência, quando nos conhecemos, e fazer um paralelo com o que nós realizamos nos quase 20 anos que se passaram.
            Saímos de lá com a certeza que acertamos mais que erramos, pois tínhamos família, filhos e gozávamos de bom relacionamento com a sociedade.
            Hoje completo 4.0, quarenta que mais parecem 20 pela vontade de realizar e às vezes parecem 60 pelas vitórias e derrotas acumuladas pelo caminho.
            Fiz muitos planos para comemorar os quarenta anos: uma grande festa na minha casa, uma viagem com a família pelo nordeste, assistir com os meus filhos um jogo do Brasil na copa do mundo. Ao final do prazo e a poucos dias do 05 de julho, após fazer alguns cálculos matemáticos, percebi, sem tristeza ou ressentimento, que os números não permitiam realizar qualquer um destes planos, não só os números, mas também outros acontecimentos que ao longo da minha caminhada me moldaram, as vezes com dor e outras com alegria e felicidades.
            Como quem tem amigos nunca está só, graças a Deus. Fui intimado a não sair de casa na noite do meu aniversário, mesmo já tendo duas agendas para comemorar a data em festas já organizadas, desmarquei a saída. Fizemos uma lasanha para receber alguns amigos em casa, e ao som do violão tomamos umas cervejas acompanhadas de petiscos e carne assada até a madrugada.
            Foi melhor do que o esperado, mais gostoso que o planejado e com isso tive a certeza que algumas pessoas sentem prazer em estarmos juntos.
            Fazendo um balanço, vejo que os melhores momentos vividos foram aqueles que tomei a decisão  de ir e fui, medindo sempre as consequências, mas não deixando que o medo definisse os rumos da minha vida.
            Renovei meus sonhos, troquei alguns deles e com isso acredito chegar aos outros quarenta com chance de olhar para trás e sorrir.



Bye bye Brasil

Apagão coletivo


Quem se lembra da grande final de 1998? Brasil X França? Toda expectativa foi depositada sobre o melhor jogador do mundo, Ronaldo Nazário, o fenômeno. Ronaldo estava no auge! Por dois anos consecutivos foi eleito o melhor do mundo -1996 e 1997. (Em 2002 foi eleito pela terceira vez). 

Copa do Mundo na França, jogo final contra os donos da casa. O Brasil era o favorito absoluto e todos os comentaristas esportivos do mundo apontavam suas baterias para o nosso fenômeno. Além do fenômeno tínhamos Cafú, Bebeto, Roberto Carlos, Leonardo, Júnior Baiano, entre outros craques que estavam entrosados e com muita experiência.

No dia do jogo corre o boato que Ronaldo teria sofrido um mal estar na noite anterior. Apreensão total! Somente 30 minutos antes do jogo o técnico Zagalo confirmou a escalação de Ronaldo. Mas bastou iniciar a partida para todos perceberem que havia algo errado. Um Ronaldo apático, com aparência de quem estava dopado não conseguia se movimentar e não acertava uma jogada. Os demais jogadores foram contaminados com aquela situação e aí vocês já sabem o que aconteceu: o Brasil tomou uma goleada de 3 X 0 e todos os torcedores ficaram desnorteados procurando uma explicação. Aquela seleção que brilhou tanto nos seis jogos não era a mesma na final. Será que a situação de um jogador pode abalar um time inteiro? Falou-se até em teoria da conspiração. O fato é que nem Zagalo, nem Ronaldo explicou o que aconteceu naquele dia.

Ontem, dia 08 de junho no Mineirão (terra do principal secador da seleção -Aécio Neves), aconteceu outro apagão. Só que dessa vez foi diferente. Com a lesão do nosso principal atleta, o time teve uma semana para se adaptar à nova realidade e preparar uma nova tática para jogar sem Neymar. O resultado foi desastroso e cruel. Criou-se a expectativa de que todos os jogadores dariam a alma por aquele jogo e supririam a falta do Neymar. Mas, o que vimos foi a pior tragédia da história do futebol. Nem um brasileiro mais pessimista e nem um alemão mais otimista seria capaz de prever essa catástrofe. Assistimos a um time inteiro se arrastando pelo campo após o primeiro gol da Alemanha e cometendo erros infantis. Parecia um time juvenil treinando contra uma poderosa seleção. Pela segunda vez a nossa seleção sofreu um apagão coletivo causado pela ausência de apenas um jogador.

Já escrevi duas vezes sobre essa tese quando comentei sobre as derrotas do Anderson Silva. A minha tese é a seguinte: quando se começa uma batalha com o psicológico abalado, a derrota é certeira e natural. O nosso grande problema é não saber lhe dar com as adversidades da vida. O brasileiro tem esse perfil. Não fomos preparados para agirmos com sangue frio diante de condições adversas. Não temos a frieza dos alemães. E nesse aspecto os alemães são mestres. Veja um exemplo: eles escolheram as cores da camisa da maior torcida do Brasil. Esse detalhe por mais que pareça banal tem uma forte reação psicológica no nosso subconsciente.

Perder faz parte, é natural numa disputa. Agora tomar de 7 X 1? Esse resultado deixou toda a nação brasileira perplexa e triste. Hoje amanhecemos de luto. O mais importante é viver intensamente esse luto e tentar aprender alguma lição dessa derrota desastrosa.

De quem foi a culpa?


É normal o brasileiro ficar procurando culpados diante de uma derrota. Eu diria que não houve. A escalação do Felipão foi a mais consensual e festejada de todos os tempos. Jamais na nossa história houve tamanha concordância da escalação de um técnico, salvo algumas poucas exceções. Nossos jogadores são de qualidades inquestionáveis. Todos arrebentaram nos seus clubes -a exceção de Júlio Cesar. Ganhamos os outros jogos com placar apertados? Normal em Copa. Grandes seleções como Inglaterra, Itália e Espanha deram vexame e voltaram cedo para casa. Na minha visão, o Felipão só falhou em dois aspectos: Hulk e Fred. Hulk estava pesadão e desde o primeiro jogo teve péssimo desempenho; Fred era a única experiência do time, mas era jogador para entrar após trinta minutos do segundo tempo. Começando o jogo com Fred é o mesmo que jogar com um a menos. Sem desmerecer suas qualidades, Fred já não tem mais as habilidades e o perfil de jogador de seleção.

Outro fator foi o desentrosamento do time. Enquanto a Alemanha tinha sete jogadores do mesmo time (Bayern de Munique), o Brasil tinha craques isolados e desentrosados. E pior: todos dependiam da genialidade do Neymar.

Ganhamos fora de campo


Se perdemos a copa de forma vexaminosa, fora de campo demos um show e conquistamos uma grande vitória. Ao contrário do que previam os agouradores do apocalipse que tentaram tirar vantagem política, não tivemos apagões nos aeroportos, não tivemos violência, arruaças, manifestações, não tivemos estádios inacabados, enfim, a tragédia tão esperada e propalada pelos políticos derrotados não aconteceu. Ao contrário, demos um show de organização, de entusiasmo, de civilidade, de empreendedorismo e de hospitalidade. Os jornalões, a imprensa dominada pela elite retrógrada e reacionária caíram no ridículo. Tiveram que engolir elogios rasgados da imprensa internacional sobre a nossa organização da copa.

Última esperança para Aécio e Campos


Por incrível que pareça, já vemos nas redes sociais os adeptos desses dois políticos espalharem mensagens ridículas tentando a qualquer custo associar a política com o futebol. Antes falavam que Dilma teria comprado a copa. Agora agem tentando passar a ideia de que a Dilma foi a responsável pela escalação da seleção. 

Pela falta de criatividade, pela falta de propostas concretas de mudança política para o país, a velha e carcomida elite política continua apostando no caos. Alimentam a esperança de que com esse resultado os vândalos vão promover quebra-quebra, vão provocar instabilidade política e assim tirarem proveito nas eleições próximas. Apostam na imbecilidade dos desavisados que torcem pelo pior e acham que somos desprovidos de cérebro.

E por falar em bye bye Brasil, hoje me despeço temporariamente do meu país. FÉRIAS! Vou dar uma voltinha pela Europa e em agosto estarei de volta com as baterias carregadas e com muito mais balas na agulha.

Boa sorte a todos! Independente do futebol a vida segue nos oferecendo muitos motivos para comemorar. Aproveite cada um deles e agradeça.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Análise política das eleições 2014

Como prometi ontem, hoje farei uma pequena análise do cenário político de Parauapebas e de alguns candidatos. Mas antes atenderei ao pedido de um leitor e colocarei os partidos de todos.

Para Deputado Federal:

  • Afonso Vidinha- PRTB
  • Charles Borges- SDD
  • Célia Oliveira- PEN
  • Faisal Salmen - PPS
  • Marcelo Catalão - DEM
  • Milton Zimmer - PT
  • Zé Roberto - PSC
Para Deputado Estadual:

  • Adelson - PSC
  • Ângela - PTB
  • Chico das Cortinas - PHS
  • Coutinho - PMDB
  • Eliene Soares - PT
  • Flávio Veras - PRB
  • Gesmar - PSD
  • Luzinete - PV
  • Zezinho- PSOL
  • Zé Rinaldo - PSDB

Governo Valmir rachado


Desde o início do seu governo o Prefeito Valmir nunca conseguiu unificar a sua base. Essa realidade salta aos olhos de forma escancarada nessas eleições. No início havia uma briga por candidaturas governistas entre Horácio da SEMPROR e Gesmar do SAAEP. Até os 48 minutos do segundo tempo o Valmir apresentava o Horácio como o seu candidato. No apito final anunciou o Gesmar como seu candidato a Deputado Estadual. Isso gerou uma grande insatisfação na base governista que achava o nome do Horácio com mais consistência e mais experiência para o cargo. 

Como se não bastasse essa confusão, a Vereadora Luzinete do PV que mantém como "SUAS" as Secretarias de Meio Ambiente e da Mulher resolveu se lançar candidata. Para completar a família Veras que é "DONA" da Secretaria Municipal de Cultura lançou o Flávio Veras na disputa estadual. Temos ainda o Zé Rinaldo que foi a principal liderança na campanha do Valmir e Secretário de Finanças no começo da gestão. Esse se desentendeu com o prefeito por se sentir fritado e isolado. Como tinha força junto ao Governador Jatene, mesmo deixando a SEFAZ, permaneceu no comando de duas secretarias municipais sob a batuta do seu partido PSDB: SEFAZ E SEMAD. Zé Rinaldo é um forte candidato a Deputado Estadual e deve atrapalhar muito os planos do Prefeito Valmir de eleger seu pupilo Gesmar.

E só para colocar a cereja no bolo dessa confusão em que o prefeito se meteu, a vice-prefeita Ângela do PTB se sentiu traída e abandonada pelo prefeito. Seu marido Massud foi o responsável por bater pesado em seu antigo aliado -Darci- durante a campanha. Por conta disso,  não se reelegeu vereador mas contribuiu muito com a eleição do atual prefeito. Resultado: foi abandonado e agora lançou sua esposa, a vice-prefeita Ângela que vem prometendo vingança.

Em síntese, mesmo derramando muito dinheiro a candidatura oficial do Prefeito Valmir representada por Gesmar pode dar água. Mas, caso dê certo o Prefeito Valmir sairá bem fortalecido, aí eu vou tirar o chapéu para ele.

Estado de Carajás


Outro obstáculo que os candidatos ligados ao Prefeito Valmir terão é o discurso quanto ao Estado de Carajás. O povo dessa região tende a votar em quem se comprometer verdadeiramente com esse projeto. Todos defenderam à época a sua emancipação, porém, hoje estão na coligação do maior carrasco do sonho carajaense que é Simão Jatene. Portanto, mesmo que algum fale que será a favor, não passará de demagogia e discurso vago para enganar trouxa, pois em política o que vale mesmo é a ideia do comando, do grupo majoritário ou do cacique. Isso seria o mesmo que um elemento falar que defende a Reforma Agrária e se candidatar num partido de latifundiários. Portanto, muito cuidado com os discursos.

A grande surpresa dessa eleição

A Vereadora Eliene Soares do PT poderá ser a grande surpresa nesse processo eleitoral. Com a saída do Deputado Estadual Miltom Zimmer para disputar uma vaga de Federal, o PT de Parauapebas ficou com esse vácuo. Entre as várias lideranças do partido a vereadora foi convidada para assumir essa missão. Eliene que nunca pensou nessa possibilidade e priorizou seu mandato popular como vereadora foi apanhada de surpresa juntamente com todo o seu grupo de apoio. Após uma avaliação, após botar na balança os prós e contras aceitou o desafio. Está ciente que uma candidatura a Deputada Estadual não se constrói às vésperas de uma campanha, mas por outro lado o compromisso partidário falou mais alto. Como o eleitorado petista em Parauapebas é muito fiel, como a militância é forte, a Vereadora Eliene poderá ser a grande surpresa nessa eleição. Sem contar que o grupo político do Milton Zimmer apadrinhado pelo Deputado Federal Beto Faro é muito forte e tem votos em todos os municípios do Pará. Assim, Eliene -a exemplo do Milton- poderá ser bem votada em outros municípios.

Parauapebas terá candidato a Governador

Veja só como a nossa pujante Parauapebas é altaneira e atrevida. Além de diversos candidatos a Deputado Estadual e Federal, temos também um candidato a Governador. Trata-se de Elton Braga do PRTB

O Elton veio para Parauapebas para ajudar no projeto de expansão da escola Bom Pastor de propriedade da sua irmã, senhora Jane (esposa do advogado Josenir). Antes morava em Belém e já assumiu a presidência da CTBEL (Companhia de Trânsito de Belém). Hoje tem residência fixa tanto em Belém como em Parauapebas.

O PRTB que foi aliado à Simão Jatene na última eleição, saiu logo no início do governo por descumprimento do acordado na campanha. Nessa eleição preferiu não aderir a nenhuma candidatura majoritária e lançar voo solo. Assim escolheu o jovem Elton Braga para a missão de encabeçar a chapa e oferecer ao eleitorado uma alternativa para quem não vota nem em Helder Barbalho e nem em Jatene. 

O seu principal apoio em Parauapebas é Afonso Mata Vidinha que foi Secretário de Saúde Interino e assumiu a titularidade no último ano da gestão Darci. Vidinha é candidato a Deputado Federal com o número 2800 e conta com um vasto círculo de amizade em Parauapebas.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Aberta a temporada de caça em Parauapebas

Caça de votos



Nada mais, nada menos do que 17 candidatos de Parauapebas disputarão as eleições em outubro próximo, sendo 10 para Deputado Estadual e 07 para Federal. Os nomes são os seguintes em ordem alfabética:

Para Deputado Federal:


  • Afonso Vidinha
  • Charles Borges
  • Célia Oliveira
  • Faisal Salmen
  • Marcelo Catalão
  • Milton Zimmer e
  • Zé Roberto 
Para Deputado Estadual:

  • Adelson
  • Ângela
  • Chico das Cortinas
  • Coutinho
  • Eliene Soares
  • Flávio Veras
  • Gesmar
  • Luzinete
  • Zezinho e
  • Zé Rinaldo
Apesar do grande número de candidatos, a maioria não terá a mínima chance e lançaram seus nomes apenas pensando nas eleições de 2016 para Prefeito e Vereadores. Acreditam que suas candidaturas lhes darão holofotes bastante e os colocarão em evidência para a disputa futura. Essa tática em Parauapebas tem um certo fundamento. Os dois últimos prefeitos -Darci e Valmir- se apossaram da cadeira no executivo após serem bem votados para Deputado Estadual, apesar de não terem sido eleitos.

Candidato a deputado do Pará ou de Parauapebas?


É quase unanimidade em todos os setores de Parauapebas -principalmente na imprensa- que o povo não deve votar em candidato de fora. Quase todos pregam que só devemos votar em gente de Parauapebas.

Mesmo que essa ideia seja quase unanimidade, me permitam discordar. Acontece que ser de Parauapebas não é pré-requisito suficiente para garantir que o sujeito nos representará bem em Belém ou em Brasília. Ademais o cargo de Deputado não é local, e sim regional. Não estamos votando no deputado de Parauapebas, e sim do Estado do Pará. O eleito sendo de Parauapebas não é garantia nenhuma de que seremos priorizados, pois uma vez eleito, o Deputado passa a ter compromisso com todo o Estado, ou no mínimo com uma determinada região.

É claro que com a quantidade de candidatos que temos em Parauapebas, um ou outro se salva e tem a real dimensão do papel do Deputado. É evidente que se escolhermos alguém daqui será melhor para o município. Parauapebas é grande o bastante e merece ter seus representantes na Assembléia Legislativa (Belém) e no Congresso Nacional (Brasília). Porém, a escolha deve ser baseada em critérios técnicos e políticos, e não no fato do candidato ser de Parauapebas. O cidadão poderá julgar que nenhum dos nomes apresentados em Parauapebas atenda aos seus critérios e escolher alguém de fora. Temos que respeitar a decisão e não discriminar quem pensa assim. Afinal, repito: a escolha é regional.

Carajás: o sonho não acabou


Esse ano o que vai dar o tom da campanha é o Estado do Carajás. Ainda está muito fresco em nossa memória o golpe que o Governador Jatene nos deu ao fazer uma campanha agressiva contra a criação dos Estados de Carajás e Tapajós. Os eleitores dessa região estão sedentos para darem o troco e rejeitarão qualquer candidatura que represente o grupo do governador.

Isso está tão evidente que todos os candidatos vão querer pegar carona no discurso pró-Carajás. Mas, muita atenção para o você eleitor não comer mosca. Lembra daquele velho ditado "me digas com quem tu andas e eu te direi quem és?" Então! Não adianta o sujeito fazer discurso defendendo a criação do Estado do Carajás se está atrelado ao grupo político que foi e continua sendo contra a divisão. Portanto, muita atenção: se você votou e torceu a favor da criação do novo Estado, seria incoerência  votar em candidato que esteja no mesmo palanque de Jatene e companhia. 

Então amigo eleitor, olho vivo. Já está mais do que na hora de deixarmos de ser inocentes. Analise o partido político do candidato, a história, sua vida regressa, seu grupo e sua coerência política. Como diz o Faustão, "urna não é penico. Votar em quem te der dinheiro, em quem compra o seu voto com cestas básicas, com favores pessoais é um ato tão corrupto e abominável quanto o ato do político que rouba o dinheiro da saúde e da merenda escolar.

Para não alongar muito, amanhã avaliarei alguns candidatos.