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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

PREVISÕES DO CAPITÃO PARA 2015

Vereador Ivonaldo Braz será Prefeito de Parauapebas em 2015


Devido ao desgaste enfrentado pelo prefeito Valmir e os constantes desentendimentos com os vereadores da base, em 2015 a Câmara vai pegar carona na CPI da saúde e cassar o mandato do Prefeito e da Vice-prefeita. Tudo deverá ser feito de forma rápida e articulada com o grupo do SDD (Solidariedade) que apoiou o Braz como Presidente da Câmara. 

Com a cassação do Prefeito Valmir e da Vice Ângela, quem assumirá o comando do Palácio Cinzento será o Presidente da Câmara Ivonaldo Braz que vem demonstrando fôlego político e poder de articulação, apesar de ser um novato na política.

Vereador Pavão será a referência da oposição na Câmara


O Prefeito Valmir ofereceu o SAAEP para o Pavão para tentar minimizar a crise com o Poder Legislativo e neutralizar o G-5. Apesar de tentadora, Pavão deve recusar a oferta e continuar na oposição. Assim, provará ter caráter e personalidade e ganhará força perante a população. Sairá cacifado como líder da oposição.

Ex-prefeito Darci voltará ao cenário político de Parauapebas


Com as trapalhadas do Valmir e a crise instalada em nossa cidade, o Darci deverá voltar com muita força ao cenário político de Parauapebas. Com o carisma que tem e pelo carinho que é lembrado pela população (principalmente os mais pobres), deverá ser um nome de peso para 2016. Em 2015 deverá confirmar seu favoritismo para retomar o Palácio dos Ventos.


ADEUS ANO VELHO! FELIZ ANO NOVO!

O ano de 2014 não foi muito bom para o povo de Parauapebas. Foi o segundo ano da gestão Valmir onde a população esperava que o governo deslancharia. "O primeiro ano foi para arrumar a casa. Agora nossa cidade vai ver a verdadeira mudança", diziam os mais esperançosos. O fato é que os mais atentos perceberam logo desde o início da gestão que seria um desastre, um verdadeiro calote eleitoral. As primeiras medidas do Prefeito Valmir deixaram isso bem claro: teríamos pela frente um governo manipulado por pessoas inescrupulosas, com muita corrupção, muita concentração de renda e muitas trapalhadas. 

Aqui nessa "terra de muro baixo" aconteceu de tudo. Coisas escabrosas que ninguém acreditaria. A única coisa que não aconteceu foi a ação e o cumprimento do dever dos órgãos que deveriam fiscalizar o executivo e aplicar as leis contra improbidade administrativa. Em vários municípios da região assistimos o Ministério Público fazendo um escarcéu por causa de 30 mil, 50 mil reais. Enquanto isso, no reino da fantasia onde um prefeito torrou mais de $2 bilhões sem inaugurar uma única obra sua com alguma relevância, nada foi feito pelas autoridades judiciárias. Alguns até se escondem por trás da desculpa de que o cidadão não apresenta denúncias com provas concretas. Ora veja: e para que serve o Ministério Público? Um dos seus papéis mais importantes não seria fiscalizar e investigar? Como é que o cidadão vai apresentar provas numa cidade onde impera a pistolagem e a impunidade? Isso deveria ser de responsabilidade das autoridades que tem proteção do Estado e imunidade. E mesmo assim, muita gente denunciou e nada... Continuamos sobrevivendo nessa gaiola de loucas.

A única alegria que o povo de Parauapebas teve em 2014 foi a vinda da Polícia Federal no dia 02 de setembro, onde uma força tarefa ocupou a prefeitura e apreendeu documentos e computadores. A população vibrou e até soltou foguetes. Confiaram na isenção da PF para quebrar o abuso e a impunidade que imperam aqui. Até hoje, 31 de dezembro, nada. Nem uma notícia, um retorno. Parece que tudo ficou esquecido e a equipe do Prefeito Valmir agora é que solta rojões.

"-Não existe mais país, está tudo corrompido, ministros, a Procuradoria Geral da República, Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça, os partidos e políticos, estão todos envolvidos" (Trecho do livro Operação SATIAGRAHA do Delegado da PF Protógenes Queiroz). Espero que em Parauapebas não chegue a esse ponto. Ou será que já chegou? Quando olhamos as lambanças e a falta de ação, dá esse sentimento de impotência, de que tudo está dominado e que não tem mais jeito.

Greve da saúde acaba sem nenhuma resposta


Após mais de 20 dias de greve, os médicos resolveram dar uma trégua, mas prometem voltar em janeiro. A greve foi deflagrada após os médicos registrarem na Delegacia de Polícia Civil um Boletim de Ocorrência denunciando as péssimas condições de atendimento e falta de material básico e remédios. Segundo eles, o Hospital Municipal está totalmente abandonado e colocando em risco a vida dos pacientes. Nem um simples exame de sangue era possível realizar. 

A única resposta da prefeitura foi que já tinha providenciado a compra dos remédios. Agora pergunto: por que deixaram faltar remédios? Foi por incompetência ou por descaso? Não há um planejamento de compras? Somente essa resposta do Prefeito já seria motivo de sobra para afastamento por improbidade administrativa. Mas aqui na terra dos bilhões isso não acontece, pois está tudo dominado.

Para não ficar muito grande esse texto, não vamos ficar aqui descrevendo problemas. Em todas as secretarias, em todas as áreas tivemos exemplo de como não deve ser uma administração pública. Mas há um lado bom nisso tudo: chegamos ao final vivos. Sobrevivemos! Então vamos refletir nossas ações, nosso papel de cidadãos e entrar em 2015 com tudo. 

Desejo de coração a todos os leitores desse Blog e a toda a população um ano abençoado com muita saúde e muita disposição para lutar contra tudo de ruim que ainda persistir no novo vindouro. Faço votos de um ano sem lixo espalhado pelas ruas, sem buracos nas ruas, sem esgoto correndo a céu aberto, sem abandono dos postos de saúde, sem abandono das estradas rurais, sem descaso com a educação, sem violência, e acima de tudo, sem corrupção. 

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

"Veja" tenta explicar nota zero de Aécio


Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Em algum momento do ano, a Veja tinha que publicar alguma coisa verdadeira, pela lei das estatísticas jornalísticas.

Isso aconteceu em sua última edição do ano, numa lista com o desempenho dos parlamentares brasileiros em 2014.

É um levantamento que a revista faz desde 2011, e que leva o pomposo nome de “Ranking do Progresso”.

Segundo a Veja, “critérios objetivos” são usados para a classificação: não se trata apenas de assiduidade, mas da qualidade dos projetos apresentados.

Na lista de 2014, entre os senadores, Aécio apareceu na última colocação. A nota que ele mereceu da revista foi, simplesmente, zero. A escala ia até dez.

Ainda ontem, quando a informação viralizou na internet, alguns tentaram explicar a posição de Aécio.

Um colunista do Globo, no Twitter, sugeriu que a posição de Aécio podia dever-se à campanha presidencial.

Os internautas não engoliram a justificativa. Alguém lembrou que o senador Lindbergh Farias também esteve em campanha em 2014, e ficou na segunda colocação.

Diante do clamor da internet, a Veja decidiu, no domingo, o impossível: justificar a posição de Aécio.

O caminho foi exatamente o do colunista do Globo: a campanha.

Era melhor a revista ficar em silêncio fúnebre. Ou será que a campanha explica também a nota 3,8 – de zero a dez – que Aécio levou em 2013?

Na primeira lista, a de 2011, Aécio sequer foi citado. Apenas 22 senadores apareceram nela, e entre eles não figurava Aécio.

Há, como se vê, uma coerência no Ranking do Progresso, pelo menos no que diz respeito a Aécio Neves.

Jornalisticamente, ficam algumas perguntas.

A primeira é: por que a Veja não utilizou seu “Ranking do Progresso” em nenhum perfil que fez sobre Aécio?

A seus leitores foi subtraída uma informação essencial.

Nenhum dos blogueiros também jamais mencionou uma lista destinada, segundo a Veja, a empurrar o país “rumo ao futuro”.

A Veja tratou seu próprio material como trata as notícias de um modo geral: se são desfavoráveis aos amigos, esconde-as. Mostrou assim a natureza do jornalismo que pratica.

Você pode perguntar: mas por que então ela deu a relação em que Aécio aparece em último lugar?

Boa questão.

Minha desconfiança é que, se não desse, ela vazaria de qualquer forma da internet, e o embaraço seria não só de Aécio mas da Veja.

Um instituto, mediante as diretrizes da Veja, avalia os parlamentares e os enumera. O “Ranking do Progresso” de 2014 fatalmente apareceria em algum site, e de lá viralizaria.

Na internet, é bem mais difícil você manipular as informações.

Por fim, fora as gargalhadas inevitáveis no reconhecimento involuntário que a Veja fez do trabalho de Aécio em Brasília, fica a constatação: a revista se bateu furiosamente para eleger o pior senador do Brasil.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Aécio nota zero. "Veja" rifa o playboy!


Por Altamiro Borges

Não é para menos que o cambaleante Aécio Neves anunciou, em entrevista à Folha nesta semana, que "já cumpri meu papel" e que o governador Geraldo Alckmin deve ser o candidato do PSDB em 2018. Além da sua dupla derrota – na corrida presidencial e na manutenção do governo de Minas Gerais –, o senador sabe que não conta com a simpatia da oligarquia nativa. Ele é visto como um playboy sem condições de governar o país. A elite até o apoiou, no seu ódio ao lulopetismo, mas ele "já cumpriu o seu papel" e pode ser descartado. O "Ranking do Progresso", publicado nesta semana pela "Veja", sinaliza que ele já virou bagaço. Passado o pleito, ele recebeu nota zero do panfleto da direita nativa.   
Pela quarta vez consecutiva, a revista da marginal publica seu "Ranking do Progresso" do ano – "uma avaliação objetiva do desempenho dos senadores e deputados – que, no conjunto, tratam o país com seriedade". O estudo é realizado em parceria com o Núcleo de Estudos sobre o Congresso (Necon), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-­Uerj). Os critérios de escolha seguem a linha editorial da publicação da famiglia Civita – em defesa do "livre mercado" e do "Estado mínimo", o que inclui a redução da carga tributária e dos direitos trabalhistas. Nem por estes critérios neoliberais o cambaleante Aécio Neves foi aprovado. Ele recebeu nota zero – ficando em último lugar na lista – abaixo dos senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que obteve nota 0,13, e Cristovam Buarque (PDT-DF) , que recebeu nota 0,33.

Nos três anos anteriores, o tal "ranking" visou destacar a "presença de uma resistência oposicionista de qualidade", conforme confessa a revista. "Registramos que os parlamentares que sobressaíram como defensores de propostas condizentes com o aumento da competitividade e da modernização da economia brasileira, de novo, segundo os parâmetros de Veja e da Editora Abril, eram basicamente políticos eleitos por partidos de oposição (em especial PSDB e PPS, e alguns do novo PSD, egressos do DEM)". Já na avaliação do desempenho em 2014, a revista levou em conta o "calendário eleitoral" – que resultou em um número relativamente baixo de deliberações no Congresso. "Diante da escassez legislativa, aumentou o peso de pequenas ações dos senadores e deputados. Um simples discurso ou uma votação em plenário podem ter sido decisivos na definição do lugar do congressista no ranking da Veja".

Mesmo com esta nuance, Aécio Neves recebeu nota zero! Além de não apresentar projetos, o senador mineiro-carioca não comparece ao Congresso Nacional. Isto confirma sua fama de playboy, de quem prefere utilizar as passagens pagas do Senado para curtir sua baladas no Rio de Janeiro. "Estar em plenário e votar mal, vale dizer, na contramão daquilo que a revista e a Editora Abril consideram decisivo para a modernização do Brasil, conta, e muito, para que o senador ou deputado em questão desabe no ranking". O estudo não contabilizou a atuação parlamentar em dezembro – talvez Aécio Neves ficasse no negativo, devendo alguns pontos. Mas o cambaleante não tem o que reclamar da revista. Ela evitou divulgar uma prévia da pesquisa em outubro para não prejudicá-lo na eleição. Agora, ele "já cumpriu seu papel". Tchau, playboy!

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

UM CONTO DE NATAL

O trânsito essa noite estava infernal. Parece que todo mundo teve a infeliz ideia de sair de carro ao mesmo tempo nessa véspera de Natal. E para completar, todos estavam impacientes e buzinavam ao mesmo tempo, formando uma orquestra infernal que destoava com as músicas natalinas que ecoavam das lojas que insistiam em permanecer abertas naquele horário.

Paulo se sentia irritado e angustiado. Pela centésima vez olhara o relógio de pulso e logo em seguida o visor do celular. Tinha essa mania. Olhava para o seu Rolex e em seguida dava conta de que não observara os ponteiros. Acabava sempre conferindo a hora pelo smartphone que naquele momento cravava 21:15h. "Com esse maldito trânsito que não anda vou acabar chegando em casa atrasado para a ceia mais uma vez", pensou impaciente. No ano anterior saiu do escritório tarde e com o engarrafamento no trânsito só conseguiu chegar em casa no final da ceia. Encontrou sua mulher de péssimo humor e os dois filhos acabrunhados por mais uma vez terem jantado sem o pai. Isso lhe custou quase um mês de clima de velório e múltiplas reclamações em casa: "você dá mais atenção para seu trabalho do que para a sua família", "seus filhos vão crescer sem conhecer o pai", "você vai acabar se matando de tanto trabalhar e quando você morrer não vai fazer falta à empresa". Paulo lembrava dessas cobranças como uma bofetada no rosto. "Mulher é tudo igual. A gente se mata de trabalhar para dar uma vida decente à família e só recebe incompreensão", pensava irritado  socando o volante.

Naquela véspera de Natal Paulo havia trabalhado até tarde na empresa. Por mais que tentasse não conseguira sair mais cedo. Esse ano os negócios sofrera uma queda devido a recessão que o pais atravessava. Não conseguia parar de pensar nos prejuízos pela queda nas vendas. Teria que demitir mais de cem funcionários no início do ano vindouro. Desde que assumiu a Presidência após a morte do seu pai, aquele teria sido um ano terrível, um verdadeiro teste de fogo para um jovem empresário de apenas 39 anos. Mesmo com a crise, Paulo não tinha do que reclamar. Sua empresa prosperava e com a força do seu trabalho conseguiu transformar uma pequena empresa familiar num gigante conglomerado com filiais em oito Estados. Seu próximo projeto era abrir uma filial em Nova York e a partir daí, o mundo seria o limite.

Paulo era viciado em trabalho. Herdou essa característica do pai. Gostava de cuidar de tudo pessoalmente e era perfeccionista ao extremo. Mesmo delegando tarefas, tinha que acompanhar tudo de perto e constantemente acabava concluindo as tarefas que sempre julgava mal acabadas. Aquela frase de sua mulher no Natal anterior lhe causava angústia: "...quando você morrer não vai fazer falta à empresa". "Será? Como ficaria essa empresa sem minha presença?" Pensava Paulo preso àquele trânsito infernal e congestionado. Sua cabeça latejava insistentemente. Uma pequena dor havia começado à tarde e agora parecia que queria arrebentar seus miolos. Isso vinha acontecendo com frequência e sempre prometia à esposa que procuraria um médico na próxima vez. "Isso é stresse. Nada que uma aspirina não resolva", dizia sempre despreocupado.

Paulo abriu o vidro da janela do seu Mercedes para renovar o ar. Apesar co clima agradável que fazia, se sentia sufocado e angustiado naquela redoma de aço e vidro. De repente, surge na janela do seu carro um mendigo com um gorro de Papai Noel na cabeça e uma longa barba amarelada e desengonçada. Um sujeito esquálido, alto e com aparência esquisita. Estendeu a mão e suplicou: "me dê um trocado irmão. É para inteirar um prato de comida". "Saia daqui vagabundo, vá trabalhar", falou indignado levantando o vidro rapidamente. "Quando preciso de uma pessoa para limpar meu jardim, ninguém aparece. E olhe que pago caro! Agora vem esses vagabundos pedindo dinheiro para se drogar. Esse mundo está mesmo perdido", pensou Paulo indignado. Acelerou o carro com força como para descarregar sua raiva. Buzinou insistentemente e conseguiu andar uns vinte metros. Sua cabeça doía ainda mais e dessa vez parecia que seu cérebro estava sendo comprimido.

O trânsito começou a fluir lentamente. No rádio dava a informação de que a cerca de dois quarteirões um acidente de moto havia tirado a vida de um jovem de 25 anos que imprudentemente entrou na preferencial e colidiu com um veículo. "Esse não vai ver o Natal". pensou Paulo. Além da dor de cabeça que o incomodava, agora sentia um forte formigamento e uma dor estranha no braço esquerdo. Aquilo era novidade para ele. Enfim, Paulo conseguiu sair do engarrafamento que foi causado pelo acidente. Passou devagar e ainda viu os bombeiros retirando um corpo sem vida. Virou à direita e acelerou fundo seu mercedes. Até que enfim conseguiria chegar em casa, tomar umas aspirinas, tomar um banho rápido e cear com sua família que já deveria estar impaciente, pensou aliviado. Aquela dor no braço foi se tornando mais intensa e agora sentia uma forte pressão no centro do tórax. Começou a bater um desespero pois lembrou de uma publicação que havia lido no Blog do Luiz Vieira sobre o infarto do miocárdio. "Será? Não pode ser. Estou com a saúde em dia e não tem nem três anos que fiz um checkup. E eu só tenho 39 anos", falou Paulo em voz alta para si mesmo.

Paulo sentiu o mundo girar à sua volta. Percebeu que perderia os sentidos a qualquer momento. No início acelerou na esperança de chegar a algum hospital. Respirou fundo, puxou o ar com todas as forças para o pulmão, forçou uma tosse como havia lido. Nada. Sentiu que iria desfalecer. Encostou o carro numa via onde era proibido parar e só conseguiu ouvir os protestos das buzinas que ecoavam irritantemente. Tudo começou a escurecer de repente. Arregalava bem os olhos mas só conseguia enxergar sombras turvas e borradas. Conseguia ouvir vozes como se estivessem longe e com eco. Mas ainda sentia fortes dores e seu coração explodia dentro do peito. De repente o mundo parou de girar. A dor desapareceu completamente e tudo que ouvia era vozes distantes e barulhos que ecoavam em seus ouvidos. Bateu um profundo desespero quando em meio ao burburinho identificou a seguinte frase: "esse já está morto. Foi infarto fulminante". Não, não. Isso não. Não estou morto. Paulo tentava gritar mas seus lábios não se mexiam. Sua voz estava apenas na sua consciência e não conseguia mexer sequer um músculo. "Será que estou realmente morto? Não meu Deus. Não pode ser! Ainda sou muito jovem e não terminei minhas tarefas", pensava Paulo com o pouco de consciência que lhe restara.

Ouviu os sons de sirenes e sentiu quando alguém lhe segurou o pulso esquerdo. Conseguiu ver um vulto vestido de branco que falou: "tarde demais. Já está morto. Pode remover o corpo para o Instituto Médico Legal. Chamem o reboque para desobstruir a pista. Vamos lá gente! Temos outro chamado urgente para atender. Nada mais poderá ser feito por esse infeliz". Paulo entregou os pontos. Aquele era realmente o fim. Lembrou que um amigo médico havia dito numa certa ocasião que em alguns casos, após uma morte traumática a consciência ainda funciona por alguns segundos ou até minutos. "O coração para mas o cérebro continua vivo", teria dito o seu amigo médico. Em outra ocasião lera em um artigo sobre a Revolução Francesa que quando o carrasco guilhotinava o condenado, segurava sua cabeça e mostrava ao povo. Segundo acreditava, as cabeças decepadas ainda conseguiam enxergar por cerca de 20 segundos, assim, veriam a multidão aplaudindo a sua morte.

Nesse momento um filme começou a passar na mente de Paulo.  Lembrou que já fazia muito tempo que não havia dito "eu te amo" aos seus filhos. Já nem se lembrava mais da última vez que foi ao quarto das crianças (agora adolescentes) para dar um boa noite. Estava sempre trabalhando muito e nunca tinha tempo para esses detalhes. E os amigos? Muitos ele nem lembrava mais os nomes. Agora tudo o que tinha eram parceiros de trabalhos e de negócios. Igreja? Religião? O que era isso. Ficava irritado sempre que sua mulher insistia em rezar em algumas refeições solenes. "Isso é mito alienante", dizia. Lembrou de como havia sido intolerante com as pessoas, como foi frio e insensível com sua família, com os empregados, com os funcionários do restaurante onde comia de vez em quando. Como foi grosso com a empregada que estragou sua gravata de seda italiana. "Que idiota eu fui! Quanta besteira eu dei importância! Quanta coisa realmente importante eu deixei passar! Que estúpido fui! E agora seu Paulo? O que adiantou tanto trabalho? O que adiantou tanto dinheiro, tantas preocupações? Tudo o que te resta agora é ser enterrado e ser comido pelos vermes que farão um favor a esse corpo inútil", pensava revoltado.

Paulo pedia a Deus uma única chance. Prometia que faria tudo diferente se voltasse a respirar. Já nos seus últimos devaneios viu Deus aparecer à sua frente. "Não pode ser. Você é realmente Deus?" Falou olhando fixamente para aquele mendigo que havia enxotado minutos atrás. O mendigo abriu um grande sorriso amarelado e disse: "não meu amigo. Sou apenas um pobre coitado que ia passando por aqui e viu um irmão precisando de ajuda. Fique calmo. O senhor teve um princípio de infarte mas graças a Deus eu fiz uma massagem e respiração boca-a-boca que aprendi no abrigo. Agora o pior já passou.

Paulo sentiu uma profunda alegria. Não acreditava no que estava vendo e ouvindo. Ficou feliz ao ouvir o barulho do trânsito, as buzinas impacientes. Se alegrou ao poder enxergar as luzes da cidade e as decorações natalinas. Pela primeira vez pode perceber como aquilo era lindo. Abraçou o mendigo com força e perguntou: "Qual o seu nome amigo?" "José", respondeu o mendigo meio tímido. Paulo olhou no seu relógio e pela primeira vez, olhou diretamente nos ponteiros que marcavam 10:15. "Agora somos amigos José. Hoje você será meu convidado para a ceia de Natal com minha família", falou com entusiasmo.

Chegando em casa, Paulo abraçou sua mulher tão afetuosamente como nunca havia feito. Da mesma forma abraçou seus filhos, sua sogra e os demais convidados que já o esperavam desesperançosos. Ninguém entendeu nada. Paulo disse de forma convincente: "perdoem-me pelo atraso. Depois explico tudo à vocês.Trouxe um amigo muito especial para jantar conosco. Esse será o melhor o Natal de todas as nossas vidas. Feliz Natal a todos com Jesus!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O PÂNTANO AZUL - PARTE III

O Grande Conselho do Pântano Azul


Mestre Sist estava eufórico. Tudo havia transcorrido na maior regularidade e o resultado da eleição para a escolha do Grande Conselho do Pântano Azul não poderia ter sido melhor. Ele manipulava tudo e a todos, mas de forma inteligente para parecer que tudo era um jogo aberto e democrático onde venceriam os melhores, os mais preparados. Porém, apesar de manipular, Mestre Sist dava corda e deixava a disputa transcorrer livre em certos momentos para testar o potencial dos participantes. Assim, sempre corria o risco do resultado não sair de acordo com seus desejos. Em algumas ocasiões isso lhe custou a escolha de um Conselho totalmente diferente do planejado, causando desequilíbrio ao Pântano. Mas bastou fazer alguns ajustes na eleição seguinte que tudo voltou ao normal.

O dia da escolha foi perfeito. O povo já comemorava antecipadamente o resultado como se fosse a coisa mais importante e sagrada da vida. Era engraçado de se ver a reação da população daquele lugar nos confins da terra: alguns choravam desesperadamente, outros sorriam histericamente; muitos soltavam fogos de artifício e desfilavam em carros abertos pelas ruas da cidade, outros reagiam violentamente ao resultado e até rompiam velhas amizades; algumas igrejas faziam vigílias de orações e conclamavam os fiéis para participarem do processo; líderes religiosos perdiam o senso de religiosidade e mergulhavam de cabeça na escolha; as pessoas importantes da cidade, líderes comunitários, empresários e trabalhadores se envolviam tanto que esqueciam os problemas do cotidiano. De uma forma ou de outra, todos se envolviam, até mesmo os que diziam que não davam a mínima às coisas do Pântano Azul por serem "sujas e inescrupulosas". Uma certa histeria coletiva tomava conta da cidade após o anúncio do resultado da escolha.

Mestre Sist estava feliz e radiante com o resultado. Dessa vez confiou nos seus instintos e deixou o processo correr solto, sem muito controle, pois sabia que a cidade estava num estágio tão avançado que naturalmente selecionaria as cabeças mais representativas para o seu projeto de Pântano. "A alma humana já está corrompida. Os sentimentos são pérfidos e os interesses são cada vez mais asquerosos. Dessa vez teremos representantes à altura do Pântano", divagava o Mestre sorridente.

Dezessete representantes da comunidade foram os escolhidos para o Grande Conselho. Dessa vez estava muito bem representado. Todos os sentimentos, todos os interesses, todos os sete pecados capitais se faziam representar ali. Para garantir a continuidade do sentimento e da filosofia do Pântano, cuidava para que alguns membros anteriores permanecessem. Assim, não haveria ruptura do sistema e os mais experientes influenciariam os novatos. Mestre Sist sempre deixava que eles escolhessem entre si um pequeno grupo para comandar. Ficava só observando os critérios que os conselheiros inventavam e as estratégias que usavam para comandar o Pântano. Sentia prazer em ver como aquele grupo era tão evoluído a ponto de trapacear e enganar os próprios pares para sentar na "Grande Bancada".

Como já foi citado anteriormente, Mestre Sist deixava que algumas "almas boas" fossem escolhidas para o Grande Conselho. Ele queria testar o poder e a evolução do Pântano Azul. Tudo era parte de um grande jogo, onde ninguém sabia quem seriam os vencedores e os derrotados. Uma vez dentro, todos os artifícios seriam usados para macular e corromper essas "boas almas". O grande desafio seria passar pelo Pântano sem se manchar, sem enlouquecer ou sem perder a vida. Por isso, era comum ouvir frases entre os conselheiros, do tipo: "aqui o sistema é bruto"; "se você não se enquadrar será engolido pelo Pântano"; "aqui não tem santo"; "aqui quem é mais tolo desenha uma vaquinha na parede e tira leite dela"; "nesse Conselho os mais sabidos dão rasteira no vento"; "ou você se enquadra ou morre"; "o povo tá pouco se lixando para você. Então aproveite o tempo que lhe resta aqui e faça sua vida..."

No fundo, Mestre Sist sabia que aquele lugar era apropriado para desnudar os mais íntimos e originais sentimentos do ser humano. Toda a personalidade, todos os desejos inconfessáveis, todas as luxúrias e ganâncias do ser humano apareciam de forma cristalina quando ele mergulhava no Pântano. Alguns comentavam: "fulano era gente boa e se transformou após entrar no Pântano"; aquela era uma mulher virtuosa e mudou do azeite para o óleo contaminado após penetrar no Pântano"; Ciclano era um religioso fervoroso e hoje é um ser depravado e ladrão..." Mestre Sist apenas sorria disfarçadamente  e pensava: "não! Vocês é que não conheciam seus semelhantes. O Pântano Azul não contamina ninguém. Apenas tem o poder de revelar a verdadeira identidade do ser humano".

Assim o Mestre Sist continuava observando o desenrolar dos fatos naquele Grande Conselho composto por dezessete membros. Tinha esperança de encontrar uma boa alma verdadeira que o desafiasse. Quem seria o indivíduo que mergulharia no Pântano Azul e sairia incólume para iniciar um outro ciclo? Até aqui, só um Ser conseguiu essa façanha. 

Mestre Sist aproveita a ocasião para desejar a todos um Feliz Natal e um Novo Ano cheio de saúde e paciência para enfrentar os desafios que o Pântano Azul continuará proporcionando. 

A saga do Pântano continua no próximo ano em data a ser definida após o recesso.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

VEREADOR PAVÃO PODERÁ ASSUMIR O SAAEP

O Prefeito Valmir Mariano anda meio perdido e desesperado nas suas estratégias para salvar a pele. Essa semana teve informações de que uma nova operação da Polícia Federal estaria a caminho. Outro boato que corre na cidade é de que uma equipe do Programa Fantástico já estaria em Parauapebas devido as inúmeras denúncias que foram encaminhadas ao quadro "Cadê o dinheiro que estava aqui?" O fato é que Valmir anda meio desconfortável e o ano de 2015 poderá ser muito difícil para ele. 

Para completar seu inferno astral, ele se sentiu traído pela sua base na Câmara devido o resultado da eleição da Mesa Diretora. A pedido (ou por ordem) de sua namorada Gláucia, o preferido deveria eleger o Euzébio do PT para a presidência da Câmara. No entanto, a turma do SDD (Partido Solidariedade) liderada pelo vereador Devanir entrou em campo e deu uma rasteira no prefeito. Uma espécie de "chega pra lá" para mostrar quem é que manda na Câmara. A turma fechou com o nome do Brás e de quebra ainda retaliaram a LOA 2015. O prefeito encaminhou o projeto, e, como de costume estabeleceu 25% para remanejamento. A Câmara pela primeira vez mexeu nesse artigo e aprovou apenas 5% de remanejamento. Isso quer dizer que o prefeito terá que ter autorização da Câmara se quiser remanejar valor superior, e isso dependerá de muita "negociação". 

E como se não bastasse, o Valmir da Integral está sofrendo pressão dentro de sua própria casa. Como não conseguiu empurrar o Euzébio como Presidente da Câmara, agora sua namorada exige que demita  o amigo pessoal do prefeito, Zé de Fátima e nomeie o seu menino Wanterlor Bandeira como Chefe de Gabinete. Como dizem por aí, o prefeito está entre a cruz e a cadeira de rodas.

Para aplacar essa crise o prefeito Valmir tenta costurar uma aliança mais forte e confiável. Primeiro tentou atrair os vereadores petistas. Por conselho de um vereador desistiu da ideia, pois segundo argumentou o vereador essa aliança seria inútil e traria mais problemas. "Já que o senhor já tem nas mãos o Euzébio e o Miquinhas, para que se comprometer com Eliene e Arenes?" -Teria dito o vereador. O pior é que os vereadores petistas já tinham feito os arranjos para assumirem as secretarias prometidas e com o declínio do prefeito ficaram expostos ao ridículo perante a comunidade. Um verdadeiro tiro no estômago. Agora, a conselho desse mesmo vereador o prefeito tenta pescar o Pavão.

Pavão tem se demonstrado arredio ao convite. Durante todo o ano foi destaque como líder da oposição na Câmara e no G-5 demonstrou liderança e segurança. Desde que rompeu com Valmir, Pavão teve uma postura invejada por muitos petistas que assistem seus vereadores dando vexame. Só que dessa vez o anzol veio com uma minhocona suculenta e azeitada com vaselina: segundo fontes do gabinete do palácio cinzento o Valmir ofereceu-lhe o SAAEP que hoje é considerada uma máquina de votos.

O grande problema é que o Valmir também teria oferecido o SAAEP ao principal desafeto do Pavão, o Dário Veloso. Dário se demitiu da SEMOB para responder a problemas com a justiça e há informações de que já conseguiu reverter no STF e que no início de 2015 estaria de volta em Parauapebas sem nenhuma restrição com a justiça e pronto para assumir um cargo público.

Caso o prefeito dê um drible no Dário e cumpra com o prometido com o Pavão, e caso o Pavão resolva morder o anzol lançado pelo prefeito Valmir, a oposição ficará com as duas pernas quebradas. Os dois vereadores do PT -Eliene e Arenes -estão desgastados pelo infeliz episódio da tentativa de entrar para o governo, e o Bruno não seguraria a peteca sozinho. Então não é exagero afirmar que o grupo de oposição denominado G-5 está dependendo unicamente da resposta do Pavão. Caso o Pavão diga sim, o Valmir ganhará fôlego e a oposição se desfalecerá. Caso diga não, a oposição se fortalecerá e em 2015 a bola da vez será a cassação do Valmir.

domingo, 21 de dezembro de 2014

FIQUE VIVO NESSE FIM DE ANO

Campanha publicitária


Se for dirigir, não beba. Se for beber chame o TAXI do Valamiel. Carro executivo com motorista especializado que vai te levar e trazer com segurança para qualquer lugar.

Ligue nos números: 981192949/991552545/988047445 e evite cenas como essa.



ANTONINHO, O VENDEDOR DE JORNAL

Revirando o baú


Escrevi essa redação (conto infantil) no ano de 1984 na aula de literatura. Ontem, revirando o meu baú encontrei-a e senti vontade de compartilhar. Uma história para amolecer nosso coração nesse período natalino.


Morava no subúrbio da cidade, na favela São José.  Era órfão de pai e sua mãe era uma pobre lavadeira que com o que ganhava nem conseguia alimentar o único filho. O pai morrera quando Antoninho tinha apenas seis anos. Foi atropelado por um caminhão conduzido por um motorista bêbado que avançara o sinal e seu corpo foi esmagado. A única coisa que deixou para seu filho foi o nome: Antônio Dias da Silva Filho.

Antoninho usava uma velha camiseta rasgada no peito, bastante suja e surrada. Uma grande cabeça enfiada num longo pescoço fino, cabelos negros e escorridos na testa emoldurava um rosto triste e sofrido. Tinha grandes olhos com pupilas negras, o rosto sarnento, trazia sempre um sorriso pálido.  Tão magro que se podia contar os ossos, usava uma bermuda abaixo dos joelhos e sempre andava descalço.  Seus pés estavam sempre sujos pois o seu divertimento era pisar nas sarjetas e enxurradas.

Vendia jornal para levar alguns trocados para sua mãe, mas nem sempre era feliz nas vendas. Já eram 17 horas e aquele pobre menino de quatorze anos voltava com um pacote de jornal embaixo do braço. Não tinha vendido nem um exemplar sequer. Parece que ninguém se interessava em saber as notícias do dia, ou não queria comprar de um menino tão feio e sujo.

Naquela manhã tinha quebrado o jejum com um pedaço de pão seco que achara em algum balde de lixo e um pouco de chá de folhas de laranjeira que uma vizinha ofereceu à sua mãe. Não tinha almoçado e se contorcia de fome. Aquele fardo pesado lhe torturava e, como se não bastasse estava com medo de perder a vaga de jornaleiro por não ter vendido nada. Seria o fim! Não tinha nem um trocado para tomar um ônibus e não aguentava dar nem um passo a mais. O sol queimava sua pele parda e mal coberta. Resolveu sentar na calçada de uma loja para descansar um pouco. Encostou no seu fardo de jornal e estava tão cansado que adormeceu. Adormeceu e sonhou. Sonhou que estava no céu em companhia do seu pai e logo veio São Miguel com suas vestes bem alvas e na mão direita trazia um lindo cajado de ouro. Tomou o seu pacote e saiu distribuindo jornais para todos os anjos do céu. Como pagamento deu-lhe uma estrela por cada jornal. Antoninho se sentiu feliz pela primeira vez na vida. Poderia voltar para casa e comprar uma casa de luxo e morar dignamente com sua mãe.

Antoninho acordou, bocejou e coçou os joelhos. Ficou um tanto assustado, pois pensava que ainda estava no céu. Percebeu que tinha adormecido e olhou em volta de si. Que tristeza! Seus jornais já não estavam ali. Tinham sido espalhados pelo vento por toda a avenida da cidade. Já era noite e aquele menino não sabia o que fazer.  Pensou: “neste mundo não tem mesmo lugar para um menino pobre como eu. É melhor ir para junto do meu pai. Lá serei feliz”. Atirou-se sob um caminhão que passava em alta velocidade e partiu...

Marabá, 1984. Escola Santa Terezinha.
Professora de Literatura: Célia Costa.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

EDUCAÇÃO - ESCOLA IRMÃ DULCE APRESENTA MOSTRA DE CONHECIMENTOS

Nos dias 15, 16 e 17 de dezembro a Escola Estadual de ensino Médio Irmã Dulce encerrou o ano de 2014 com chave de ouro. Os estudantes dos três turnos apresentaram a Mostra Interdisciplinar de Conhecimentos que teve como tema "Valor do Amanhã na Educação". O tema escolhido pela equipe técnica e professores destaca os avanços tecnológicos da sociedade e o seu aproveitamento para facilitar o conhecimento na escola. O "Valor do Amanhã" chama a atenção dos jovens para repensar o futuro de forma consciente e despertar para valores cidadãos que possam alterar suas realidades de vida.

Professores e alunos trabalharam com dedicação por cerca de trinta dias na montagem da mostra e utilizaram conhecimentos e experiências acumulados durante o ano letivo. Com destaque para a tecnologia, meio ambiente e sustentabilidade, os alunos dos três turnos ultrapassaram as expectativas e deram um show de criatividade.

Superando as adversidades


A Escola Irmã Dulce sofreu vários contratempos desde 2013. O prédio da escola localizado no Bairro da Paz apresentou rachaduras na estrutura e foi interditado pela Defesa Civil. Foi transferida para um galpão na VS-10 próximo ao Eventual e por falta de condições mínimas para funcionamento de uma escola foi transferida mais uma vez para um prédio da prefeitura onde funcionaria uma creche no Bairro Bela Vista. Em 2014 a SEDUC alugou o prédio da Escola Base Junior no Bairro da Paz. A escola chegou a ter a energia cortada por falta de pagamento devido problemas com o aluguel e teve suas aulas suspensas por vários dias.

Até o presente momento o governo estadual não deu nem um retorno e a comunidade não sabe quando terá sua escola de volta. Enquanto isso, alunos, professores e equipe técnica vão se adaptando no espaço atual para não deixar a comunidade prejudicada.

Com todas as adversidades enfrentadas pela escola, os alunos orientados pelos professores demonstraram capacidade, criatividade e força de vontade. Com pouquíssimos recursos apresentaram belos trabalhos e agradaram a comunidade que compareceu para prestigiar o evento. Parabéns aos Professores, alunos e direção da Escola Irmã Dulce por esse exemplo de superação e dedicação à educação.

Veja a galeria de fotos abaixo:











quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

SECRETÁRIO HORÁCIO NA ARARA AZUL

Hoje, (18) enquanto estava no trânsito ouvia a entrevista do Secretário de Produção rural, Sr. Horácio. Fez um balanço de suas atividades durante os dois anos de gestão frente a SEMPROR e quando perguntado que nota daria à sua gestão, respondeu sem titubear: "dou nota 10". Gostei da ousadia do secretário. 

Não conheço Horácio pessoalmente, mas sua expressão e posicionamento na entrevista passa muita credibilidade. Digo isso porque já treinei para identificar o perfil e a personalidade das pessoas só pelo tom de voz e pelas colocações das palavras. Tem gente que ao abrir a boca já se entrega através de jargões, frases feitas, tonalidade da voz, palavras e expressões artificiais. Com um pouco de experiência dá para identificar até pelo rádio. No caso do Horácio, fiquei com uma boa impressão.

O que mais me chamou a atenção na entrevista do secretário foi a exaltação de sua equipe. Em nenhum momento ele usou a expressão "EU". O tempo todo elogiou e creditou o sucesso a sua equipe técnica. Não tenho elementos para avaliar se o que o secretário Horácio apresentou como avanços da sua gestão é verdade ou fantasia. Estou julgando somente o nível de credibilidade e a segurança da sua entrevista. Nesse aspecto fiquei bem impressionado. Vale lembrar que o Horácio é um dos poucos secretários que está na pasta desde o início da gestão do Valmir da Integral e quase não se ouve críticas ao seu trabalho. Na Câmara, quando os vereadores criticam o abandono das estradas rurais, atribuem a culpa ao secretário de Obras e nunca citam o Horácio.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

SITUAÇÃO DA SAÚDE DE PARAUAPEBAS SE AGRAVA AINDA MAIS

Hoje a greve dos médicos está completando quinze dias. A categoria está mantendo cerca de 30%  do efetivo para atender somente os casos de emergência. A situação é preocupante, pois com as festas de final de ano aumenta muito a procura pelas Unidades de Saúde, principalmente a emergência do Hospital Municipal.

O Prefeito Valmir continua insensível. Até agora não sentou sequer para ouvir os médicos e se limita a dizer que já enviou o caso para a Procuradoria Geral do Município para avaliar o fundamento da greve. Enquanto isso a população pobre padece pelo abandono imposto por um governo apático e sem nenhuma preocupação com seu povo.

Segundo os médicos em greve, está faltando tudo nas unidades de saúde, desde material para curativo, remédios e até material de limpeza. "Da maneira como está o paciente corre risco de morte, pois não há as mínimas condições para um atendimento seguro", desabafa um médico que não quis se identificar. Nem um simples exame de sangue que é fundamental para muitos diagnósticos está sendo possível fazer no momento.

O Governo Valmir torrou misteriosamente $2 bilhões do orçamento de 2014 e segundo um técnico da SEFAZ, parte do orçamento aprovado para 2015 já estaria comprometido com dívidas. Na cidade há uma chiadeira só com o comércio parado e centenas de fornecedores sem receber há mais de quatro meses. 

Esse é o Natal que o Prefeito Valmir está impondo ao seu povo como uma espécie de vingança macabra. Resta saber se o povo vai esquecer disso.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O PÂNTANO AZUL - PARTE II

O GRANDE MESTRE DO PÂNTANO AZUL


O Pântano Azul com seus mistérios e segredos era guardado e protegido pelo Grande Mestre Sist. Ele era um ser enigmático e tão misterioso quanto o Pântano que  guardava. Despertava nas pessoas uma mistura de medo, pavor, asco, admiração, inveja, respeito, repugnância e outros sentimentos contraditórios. Ninguém sabia de onde vinha seu poder e muito menos a quem servia. O fato é que mantinha forte influência sobre todos e ditava as regras dentro e fora do Pântano Azul. As pessoas viviam cercando-o em busca de orientações, de favorecimentos e de suas bênçãos para aproximar do temido Pântano.

Mestre Sist cuidava para que os segredos que envolviam aquele lugar ficasse guardado a sete chaves. Dizia de forma lacônica que todos precisavam do Pântano para manter o equilíbrio, o controle e a ordem entre os homens que viviam em sociedade. Assim, organizava um complexo sistema de escolha a cada quatro anos, onde um grupo de “sortudos” após passar por duras provas era “abençoado” e recebia a autorização para penetrar no Pântano Azul e desfrutar dos seus misteriosos benefícios.

A cada período de escolhas Mestre Sist cuidava para que um maior número de pessoas se habilitassem para a grande disputa. Assim, atribuiria mais importância ao evento. Apesar do temor, dos mistérios, das histórias tenebrosas, das deformidades que causava no ser humano, havia uma força atrativa que atraia as pessoas para aquele lugar. No geral costumava aparecer até duzentas vezes mais candidatos do que o numero de vagas ofertadas. Esses candidatos precisavam passar por um teste até mesmo para se habilitar para a disputa e os critérios eram cada vez mais rigorosos. Dizia-se que para se candidatar para fazer parte do Conselho do Pântano, era preciso ter coragem, ter muito dinheiro e pouco escrúpulo.

Algumas características eram mais exigidas aos candidatos para o Grande Conselho do Pântano. Teriam que ter muita habilidade, muito poder de convencimento, muita astúcia, muito poder de sedução, e, principalmente a capacidade de mentir e enganar o maior número de pessoas sem que ninguém percebesse. Além disso, teria que contar com padrinhos influentes e fazer parte de uma organização que lhe concedesse o registro que legitimava o indivíduo para a disputa. O período da disputa era longo e penoso para provar a resistência dos postulantes. Apesar do Mestre Sist fazer parecer que havia regras bem definidas, na verdade o jogo era um grande vale tudo com muita manipulação.

Os envolvidos agiam como fantoches e acreditavam estar fazendo parte de um jogo aberto onde teriam que mostrar suas espertezas e qualidades. Assim, faziam de tudo: mentiam, roubavam, trapaceavam, traiam, se endividavam com os agiotas de plantão, faziam acordos espúrios que sabiam impossíveis de serem cumpridos, matavam, trocavam de aliados e até abandonavam as próprias famílias e amigos. Porém, tudo teria que ser feito de forma que ninguém percebesse. O mais importante era parecer que o postulante ao cargo era uma pessoa acima de qualquer suspeita, de reputação ilibada e dedicada a alguma causa nobre.

Mestre Sist com sua onipotência dominava todo o processo e às vezes brincava com os postulantes. Alguns realmente eram homens e mulheres com boas intenções que tinham seus trabalhos baseados na ética e no compromisso social. Acreditavam que tinham que fazer parte do Conselho do Pântano Azul para melhorar a vida do seu povo. Eram chamados de ingênuos e na maioria das vezes não tinham a menor chance na disputa, pois eram engolidos pelos que tinham poder e capacidade de manipulação. Porém, como um teste o Mestre Sist manipulava e permitia que alguns desses ingênuos se credenciassem para entrar no Pântano. Falava nas entrelinhas e de forma enigmática que o Pântano precisava de algumas almas boas para manter seu equilíbrio e satisfazer ao seu ecossistema. Um dia, quem sabe, alguma alma boa conseguiria entrar e sair do Pântano Azul sem se manchar e sem perder sua essência! Esse era um grande desafio que ainda não fora cumprido.


Assim, em um período pré-definido, acontecia a grande disputa que envolvia e mobilizava toda a cidade daquela próspera região dos confins da terra. Era um acontecimento sem igual e a cada período reforçava ainda mais os mistérios daquele lugar de luz azulada que continuava cegando e atraindo as pessoas.

Continua na próxima terça, 23. O Grande Conselho do Pântano Azul.

PREPARANDO O TEXTO DE HOJE

Logo mais as 14h. publicarei a segunda parte do texto "O Pântano Azul" com o subtítulo "O Grande Mestre do Pântano Azul". Aguardem!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

DESGOVERNO VALMIR PÕE PARAUAPEBAS DE JOELHOS

Foto recebida por WatsApp sem autor
Nunca Parauapebas teve um Natal tão pobre e preocupante como o que teremos agora. Desde que sentou na cadeira do Gabinete Principal do Morro dos Ventos, o Prefeito Valmir vem  agindo às margens da lei e tomando medidas que estão destruindo o município de Parauapebas literalmente. A prefeitura com seu orçamento milionário sempre foi uma importante propulsora de desenvolvimento e fez circular até período recente uma grande quantidade de dinheiro, principalmente entre os menos favorecidos. Pequenas empresas, pequenos comércios, funcionários, tinham na prefeitura uma aliada para crescimento e desenvolvimento econômico, gerando progresso para o município e fazendo circular dinheiro.

Com apenas dois anos de governo o Valmir já conseguiu matar o sonho de muita gente e está colocando a população em situação difícil. Com seu modelo de administrar concentrou poderes e orçamento e criou uma guerra particular entre os aliados que apoiaram sua candidatura, de tal forma que ninguém confia em ninguém. Assim, o rico orçamento foi sendo dilapidado e apenas um pequeno grupo (maioria de fora) abocanhou toda a riqueza da cidade, deixando a população sem os serviços essenciais.

Troca-troca de Secretários


Valmir bateu todos os recordes na troca de secretários e de assessores. No momento, os únicos secretários que estão com ele desde o início são Wadyr (SEMAD), Leudicy (SEMAS), Irmã Teca (Sec. da Mulher) e Marcel Nogueira (SEMEL), sendo que esse já está demissionário desde o mês de novembro e deve ser remanejado para a falida ASCOM (Assessoria de Comunicação). Isso demonstra um descontrole no governo e a falta de capacidade gerencial. Além disso cria uma paralisia e ineficiência nas pastas, pois ninguém consegue trabalhar direito e desenvolver projetos a médio prazo sabendo que será exonerado a qualquer momento. Nessa lógica prevalece a máxima de "vou tirar o meu enquanto é tempo".

Poder, Sexo e Intrigas


Atualmente o Prefeito Valmir está amolando sua tesoura e até o final de dezembro teremos mais um corte. Dessa vez quem está com o pescoço na lâmina é o Chefe de Gabinete José de Fátima. Como o segundo nome a ocupar essa posição (o primeiro foi José Omar), Zé de Fátima não vem agradando a namorada do Prefeito. Comenta-se nos bastidores do Gabinete que o Chefe de Gabinete desagrada por não atender aos caprichos pessoais da Gláucia e por tentar estabelecer um ambiente profissional no local de trabalho. Há muito tempo a Gláucia vem fazendo pressão para nomear o seu garoto Wanterlor Bandeira para aquela função. Pelo visto, parece que dessa vez ela conseguirá, pois o Prefeito anda meio borocoxô com o castigo imposto pela "primeira dama informal". Caso se confirme a nomeação do Wanterlor, o Prefeito atenderá de uma tacada a dois aliados com interesses distintos e preferências comuns: a Gláucia e o seu menino vereador Euzébio (PT) que anda cabisbaixo e com profunda depressão por nunca ter sido correspondido por Valmir, apesar de sua fidelidade canina.

Nos corredores do Palácio dos Ventos o primeiro e segundo escalão não conseguem esconder a insatisfação pela falta de palavra, de memória, de equilíbrio emocional e da forte influência negativa que alguns financiadores de campanha conseguem ter sobre o Prefeito até hoje. Comenta-se a boca pequena que o mesmo estaria acometido do mal de Alzheimer em estado avançado dado os constantes esquecimentos, principalmente em relação aos compromissos assumidos e ignorados com os aliados. 

Cidade Abandonada


No ano de 2013 o Prefeito conseguiu estourar todo o orçamento ainda no começo do segundo semestre. Apesar de ter recebido a Prefeitura saneada e com muito dinheiro em caixa, tudo o que conseguiu fazer foi pintar obras deixadas pelo Prefeito Darci e inaugurar como sendo suas no estilo "cara de pau". O ex-secretário de Obras Dário Veloso chegou a dizer em público que só estava conseguindo trabalhar devido a projetos e contratos deixados pelo ex-prefeito. 

Assim, Valmir passou o seu primeiro ano de gestão sem mostrar a que veio. Demonstrou sim, muito amadorismo e descontrole. Chegou a colocar a culpa da paralisia na sua equipe de licitação a qual trocou por três vezes e acabou entregando nas mãos dos técnicos do ex-prefeito Darci. Contudo, o nó continuou e a cidade parou. Como se tratava do seu primeiro ano à frente da prefeitura a população foi paciente e ficou aguardando as promessas para 2014. Os próprios vereadores (situação e oposição) fizeram esse discurso com muita ênfase.

Em 2014 tudo se repetiu como um filme antigo. A única diferença foi o incremento do orçamento que passou para a casa dos $2 bilhões. Valmir conseguiu a grande mágica de fazer evaporar essa fortuna e não apresentar nenhuma obra significante. Chegou em outubro de 2014 dizendo que não tinha mais dinheiro e agora anuncia cortes em todas as áreas para 2015, inclusive com demissão em massa de funcionários.

Valmir atravessa o seu maior inferno astral e toda a população está pagando um alto preço. Em todas as áreas, sem exceção está havendo crise por falta de investimento e competência administrativa. 

Os Calcanhares de Aquiles do Prefeito


Todo mundo tem seu Calcanhar de Aquiles. O Prefeito Valmir teve a infelicidade de construir com sua inaptidão vários Calcanhares de Aquiles. Em agosto sofreu uma intervenção da Polícia Federal que cumpriu mandato de busca e apreensão de documentos referentes aos contratos do transporte escolar que vinha sendo fraudado e fazendo desaparecer verba federal. Foi um ato inédito em nosso município, pois até o momento a PF só havia aparecido em Parauapebas para prender hackers. Até o momento a população está aguardando pela conclusão do processo que pode culminar em prisões de membros do primeiro escalão e afastamento do prefeito.

Outro Calcanhar de Aquiles é a CPI da saúde que começou com a denúncia feita pelo Conselho de Saúde referente a uma compra misteriosa de uma quantidade exorbitante de contraceptivos, e tudo sem licitação. Nada menos do que $7 milhões foram torrados nessa compra feita a toque de caixa e sem nenhum critério técnico. O volume comprado daria para esterilizar 15.500 mulheres, sendo que a demanda não chegava a mil. Essa CPI está dando dor de cabeça ao Valmir e se a comissão levar o trabalho a sério poderá acabar com a prisão do ex-secretário de Saúde e do próprio Prefeito, além da perda dos direitos políticos. É esperar para ver. 

E para piorar a situação da saúde, os médicos pela primeira vez fizeram um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia Civil denunciando o abandono e a falta de condições básicas para trabalharem. Chegaram a fazer uma greve logo no início da gestão do atual secretário Dr.Sady. Segundo os médicos, as unidades de saúde estavam sem poder fazer um simples exame de sangue, e até o papel higiênico teria que ser levado pelos funcionários.

E a lista dos Calcanhares de Aquiles segue e tomaria várias páginas desse Blog. Por isso, citaremos apenas alguns:


  • Educação em crise com queda nos índices de avaliação e servidores insatisfeitos.
  • Destruição dos morros e aterramento dos mananciais com cumplicidade da Secretaria de Meio Ambiente.
  • Crise na Câmara entre a base aliada e necessidade de cooptação imoral da oposição para manter a governabilidade.
  • Obras iniciadas e abandonadas por falta de recursos, a exemplo da ampliação do sistema de abastecimento de água e drenagem nos bairros.
  • Denúncia de corrupção em todas as secretarias.
  • Brigas internas no governo e falta de confiança no comandante.
  • Cenas de desrespeito e humilhação de secretários que estão com as mãos amarradas.
  • Comércio em crise por falta de investimento na cidade.
  • Funcionários em desespero às vésperas do Natal devido anúncio de demissões em massa para serem substituídos por empresas terceirizadas de amigos.
  • Calote nos prestadores de serviços.
  • Aumento da violência e crise na segurança.
  • (...)
Essa situação faz com que a população fique apreensiva e torcendo pela antecipação do Natal de 2016. Há um sentimento geral de impotência, de descrédito nas instituições que deveriam fiscalizar o poder público, e, principalmente nas instituições políticas. O sentimento que impera no momento é: salve-se quem puder.

domingo, 14 de dezembro de 2014

COLUNA DO LEITOR - OPINIÃO DIVERGENTE SOBRE A DECISÃO DA JUÍZA NA CPI DA SAÚDE


Amigo Luiz:

Leitor assíduo de seu blog, sinto-me a vontade para discorrer sobre a questão levantada por você no tópico “Juíza quebrou as pernas da CPI”, por considerar que é matéria de interesse público, com ampla repercussão e envolver aspectos interessantes desse ramo do DIREITO a qual pretendo me dedicar como advogado.

Para começar, afirmo que a decisão da magistrada, de recusar que o “órgão” CPI figure como autora da ação é corretíssima.

As Comissões Parlamentares de Inquérito brasileiras constituem órgãos colegiados fracionários, transitórios e auxiliares das Casas Legislativas, investigando, por prazo certo, fato(s) determinado(s)de interesse público, de natureza política, administrativa, jurídica, social ou econômica.

Autônomas, desfrutam de atuação independente do Parlamento, o qual, em consequência, não pode interferir em suas deliberações.

A investigação das Comissões Parlamentares de Inquérito se descortina em sede de processo extrajudicial. A natureza jurídica do inquérito parlamentar transcende a de típico procedimento administrativo inquisitorial, como os presididos pelos Delegados de Polícia (inquéritos policiais civis e federais) e pelos membros do Ministério Público (inquéritos civis e procedimentos administrativos inominados).

Entretanto, ao inquérito parlamentar só cabe o papel de procedimento administrativo preparatório para hipotético processo judicial condenatório ou processo ou fase de execução (penal ou cível) deste derivado, pavimentando o caminho para o Ministério Público ajuizar ação penal pública, ação civil pública ou ação por ato de improbidade administrativa.

Quanto ao aspecto acima abordado (relativo ao fato das Comissões Parlamentares de Inquérito alinhavarem juízos de valor conclusivos mesmo sem decidirem sobre a aplicação ou não de sanção jurídica), as CPIs se assemelham quer às Comissões Disciplinares, quando apenas encaminham o relatório final à autoridade administrativa superior, para que esta decida se aplica ou não dada sanção disciplinar, quer aos Tribunais de Contas, nas circunstâncias nas quais apreciam as contas prestadas a cada ano pelos Chefes dos Poderes Executivos, porquanto, nessas circunstâncias, as Cortes Fiscais, por intermédio dos pareceres prévios encaminhados às correspondentes Casas Legislativas, exaram juízo de valor conclusivo e independente, porém desprovido de conteúdo decisório, pois, nesses casos, o julgamento, por ter no polo passivo a autoridade máxima executiva, será realizado posteriormente pelo Plenário do respectivo Parlamento (art. 71, inciso I, 2ª parte c/c art. 75, caput, todos da CF/88).

Terminada a fundamentação jurídica, parte chata para quem conseguiu ler até aqui, vamos ao caso concreto: quando a Comissão Especial de Inquérito( nome dado a CPI em Parauapebas) julgar que deva ajuizar medida judicial para garantir a efetividade dos atos investigatórios, diante de resistência injustificada de órgãos públicos ou de particulares, caberá ao órgão legislativo (Câmara Municipal) ajuizar medida judicial (mandado de segurança, ação cautelar, ou outra que seja cabível no caso concreto), para garantir a efetividade dos atos de investigação. O detalhe é que a MESA DA CÂMARA NÃO PODE SE NEGAR A ATENDER A SOLICITAÇÃO DA CPI, com a urgência que o caso requer, desde que estejam cumpridas as formalidades legais, tais como a existência de decisão colegiada, fundamentada e registrada em ata, reunião regularmente convocada e realizada, sendo vedado à MESA adentrar no mérito da investigação ou da deliberação em si. É o “cumpra-se” em seu melhor estilo: a CEI decide por ajuizar a ação, comunica a MESA e essa, por sua vez, de forma célere, assina a ação proposta. Se não assinar,responde penalmente!


Outra hipótese, controversa, mas aceita pelos tribunais, é a dos componentes da CPI , colegiadamente, serem os autores da ação, qualificando-os individualmente(após CPF, RG, etc.) como parlamentares “componentes da CPI tal, criada por ato tal..”

Estes são as únicas hipóteses para que a ação não seja rejeitada por inépcia.

Outro Blog citou “exemplos” nos quais, segundo conclusão do próprio blogueiro, teria a CPI poder postulatório, como se entidade autônoma fosse (a autonomia é só para deliberar). Acontece que, se você observar o nome da “parte” autora, em todos os casos consta o nome de parlamentar, ainda que oculto pelo adjetivo de “Presidente/membro da CPI”, Jamais a autora da ação seria o ente CPI, pelos motivos acima descritos, mas seus membros, devidamente qualificados.

Essa é minha modesta contribuição.

Forte abraço,

José Omar.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O MENINO ANJO


Comadre Tercilia -como era carinhosamente chamada pelas inúmeras parturientes  -nunca cobrou para fazer um parto. Dizia ser um dom que havia recebido de Deus e herdado de sua mãe, que por sua vez herdara de sua avó materna. Naquele tórrido sertão esquecido na região Sul da Bahia as parteiras eram as únicas opções de se trazer um bebê ao mundo. Isso quando chegava a tempo, pois inúmeras vezes as dificuldades de acesso impedia o trabalho da parteira e quando chegava ao local a mãe já havia parido sozinha.

 Com sua voz mansa, seu riso frouxo, suas mãos gorduchas, comadre Tercilia desenvolvia o ofício de parteira como se fosse um sacerdócio. Já perdera a conta de quantas crianças fez vir ao mundo e tinha a fama de pé quente, pois os casos de natimortos eram raros no seu currículo. Mesmo assim, lembrava de cada um, e quando contava a alguém, seus olhos lacrimejavam. Bebê atravessado, criança com cordão umbilical enrolado no pescoço, mãe de primeira viagem com “quebranto”, qualquer problema comadre Tercilia tirava de letra. Sua fama corria longe e aumentava a lista de comadres que desejavam sua presença na hora que rompia a bolsa uterina.

Naquela noite de 12 de dezembro de 1967, uma terça-feira de muito calor, seria apenas mais um trabalho de rotina para comadre Tercilia. Nada de novidade. Só mais uma mãe veterana que esperava o seu 9º filho e se tratava de uma boa parideira. Portanto, nenhuma anormalidade era esperada. Como de costume, comadre Tercilia tomou um trago do “mijo” –uma mistura de cachaça temperada com raízes, ervas e folhas de plantas utilizadas para chás que não podia faltar nas casas das paridas- e iniciou “os trabalhos”. Colocou uma panela de água para ferver no fogão a lenha e esterilizou a velha tesoura e duas toalhas de algodão. Tirou de sua sacola um rolo de gaze, água benta, um terço e vários vidros contendo remédios caseiros que ela chamava de milagrosos. Ordenou ao marido da parturiente que colhesse no quintal folhas de mastruz, folhas de algodão e manjericão para o emplastro do umbigo na hora do corte. Mandou providenciar também óleo de copaíba, cânfora, além de fumo de rolo macerado no álcool. Tudo transcorria normalmente naquela pequena casa de taipa coberta com telhas de madeira comumente chamada de “tabuinha”.

Durante o preparo comadre Tercilia conversava animadamente com a parturiente para deixá-la calma. Ela por sua vez, agia como se tivesse numa proza normal e não demonstrava nem uma preocupação. A bolsa havia estourado por volta das 18 horas e o bebê era esperado para depois da meia noite, já no dia 13 de dezembro.

-O que vai ser dessa vez comadre? –Perguntou comadre Tercilia apalpando a barriga da mãe.

-Será menina comadre e vai se chamar Luzia em homenagem a Santa protetora dos olhos.  –Respondeu convicta a mãe que já tinha quatro filhos homens e apenas duas mulheres vivas, já que duas morreram ainda bebês.

-Verdade comadre. Vai nascer bem no dia de Santa Luzia. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

-Para sempre seja louvado! –Respondeu a mãe apertando o travesseiro que tinha sobre o colo.

-Sei não comadre. Essa barriga tá muito pontuda. Acho que tem um macho aí –profetizou comadre Tercilia apalpando a barriga da mãe com força.

De repente um suspiro longo e um gemido. Comadre Tercilia com sua experiência deu uma gargalhada aguda e ordenou que sua parturiente fosse para a cama. Pelo jeito o rebento não queria esperar para nascer no dia de Santa Luzia. Mandou que todos saíssem do quarto, pois era chegada a hora. Segurou as mãos da mãe e rezaram juntas uma Ave-Maria e um Salve Rainha. Mais um longo gemido, um suspiro profundo e respiração ofegante. “Força Comadre. Tenha fé no Misericordioso e na Virgem. Nossa Senhora do Bom Parto está conosco. Respire fundo e faça força que a criança vai sair”, falava calmamente enquanto embebia uma toalha na bacia com água quente.

Às 22 horas comadre Tercilia segurou a criança no colo e se virou rapidamente para fora do campo de visão da mãe. Ordenou em tom severo que  descansasse e não se virasse até ela mandar.  Enrolou aquele corpinho franzino ensanguentado e sem vida num lençol e colocou debaixo da cama. Assim, evitaria que a mãe o visse naquele estado e viesse a quebrar o resguardo, situação que a velha parteira evitava a qualquer custo. "Perder uma criança ainda vai, agora perder a mãe eu não suportaria", pensou a parteira.

Passado esse momento de tristeza, comadre Tercilia enxugou as lágrimas, se recompôs, fez o sinal da cruz, beijou o seu terço bento que trazia sempre à mão esquerda e voltou para os cuidados da mãe aparentando normalidade.

-É menino ou menina comadre? –Perguntou a mãe ansiosa e com voz cansada.

-É anjo comadre. É um belo anjinho macho. –Respondeu a parteira acariciando os cabelos da mãe da pobre criança.

-Melhor assim comadre. Deus sabe o que faz. Já tenho muitos filhos homens. –Falou a mãe conformada.

Enquanto a comadre Tercilia terminava os procedimentos de assepsia da mãe, ouviu-se um som como se fosse um miado de gato distante. O som foi ficando mais intenso e contínuo. A mãe perguntou se havia algum gato no quarto. A velha parteira instintivamente olhou debaixo da cama e não acreditou no que os seus ouvidos ouviam e seus olhos viam. A criança que há pouco era  dada como morta, como por milagre se mexia dentro do lençol e chorava buscando desesperadamente o ar com seus pulmõezinhos frágeis. Comadre Tercilia desembrulhou aquele frágil bebê e gritou emocionada: “Deus seja louvado comadre. O neném está vivo”. Colocou aquele frágil bebê no colo da mãe para absorver o calor materno. A mãe olhou a criaturinha com ternura e exclamou: “Deus seja louvado comadre! Por Sua vontade não é Luzia. Será José Luiz Barbosa Vieira”.