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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

COMO SE ELEGER PREFEITO E SE PERPETUAR NO PODER - PARTE III


Manual maquiavélico do poder

Como emplacar o terceiro ou quinto mandato?


A distribuição dos cargos


    
Eu, Nicolau Maquiavel, nascido em Florência-Itália no século XV, autor de várias obras, entre elas O Príncipe, que ficou famosa exatamente pela falta de compreensão e entendimento da minha mensagem subliminar que deixei no livro. Agora, em pleno século XXI, me dou ao trabalho de vir aqui, através desse aprendiz de blogueiro deixar uma mensagem. Espero que essa geração do século XXI tenha mais inteligência do que a minha do século XV. Para quem não entender e para quem não compartilhar essa mensagem, prometo que virei pessoalmente atazanar seu sono e assombrar seus dias.

    Dito isso, vamos aos fatos.

    O nobre prefeito seguiu todo o roteiro e se reelegeu com facilidade. Agora, sua missão mais importante é emplacar o terceiro ou quinto mandato. Aí vai depender da sua vontade e da sua fome de poder, pois terá que fazer cada vez mais malabarismo para ludibriar esse povo que já conhece as suas artimanhas. Terá que se reinventar e encontrar maneiras cada vez mais criativas. Uma coisa que sempre cola é dizer aparentando humildade que cometeu muitos erros, que confiou muito em pessoas erradas, que foi traído. Mas, agora, você está calejado, muito mais experiente e com mais sabedoria. O povo cairá nesse conto do vigário com facilidade.

    Antes que você me interrompa, não esqueci que no século XXI ainda prevalece a lei aí no Brasil que só permite a reeleição para cargos executivos uma única vez. O mandato para quem se reelege só dura 8 anos. Mas basta ficar 4 anos fora do governo para você poder voltar a se candidatar e repetir o ciclo, emplacando mais 8 anos, e assim sucessivamente quantas vezes você quiser, de acordo com sua capacidade de inventar novos truques.

    Agora, preste muita atenção nessa lição, pois será a mais importante da sua vida.

    Desde o primeiro dia do seu governo após a reeleição, trate de planejar a sua volta quando terminar o mandato. Nesse caso, escolha deliberadamente um secretariado mais fraco possível. Não se preocupe em buscar competência, honestidade ou qualquer habilidade para o cargo. O único critério é que o secretário seja obediente e não questione nada. Quanto mais néscio, melhor para seus objetivos. Calma! Lá na frente você vai entender o objetivo de escolher tanta gente incompetente para gerenciar o que parece sério.

    Durante a campanha para sua reeleição, você loteou a prefeitura oferecendo secretarias e assessorias para os partidos aliados. Priorize os vereadores eleitos. Dê uma secretaria para cada um, assim, eles não terão como fazer oposição e nem terão tempo para te fiscalizar. E, o mais importante: estarão comprometidos com seus objetivos. E não se preocupe com o que cada um faz na “sua secretaria”. Se der algum problema, você terá um batalhão de advogados para livrar sua cara. Trate a prefeitura como um feudo. Cada um é dono de um pedaço e deixe a coisa se desenrolar (ou se enrolar) por si só.

    Toda unanimidade é burra e levanta suspeitas. Por isso, lembre-se de deixar um ou dois vereadores na oposição comendo o pão que i diabo amassou. Dê corda para que eles falem mal de você. Quanto mais esculhambação, melhor. Se eles te chamarem de ladrão, de corno, de baitola ou do que mais vier à cabeça, apenas sorria. Jamais demonstre raiva. Seja forte, pois o que importa são seus objetivos de se perpetuar no poder.

    Na hora de escolher seus assessores, o único critério é que eles sejam bons puxa-sacos. É importante você ter por perto um bando de bajuladores que te defendam a qualquer custo e em qualquer situação, não importando com o tamanho da merda que você faça. Eles funcionarão como soldados que sairão em campo na sua defesa como verdadeiros pitbulls, principalmente nas redes sociais.



O trato com a imprensa



    Esse é um quesito muito importante. Sabe aquela história de imprensa imparcial? É a pior mentira que já inventaram. Todo mundo tem seus interesses, e, esses interesses, dependem muito do valor envolvido. Então prefeito, seja generoso. Distribua dinheiro com fartura para esse segmento de “trabalhadores”.

    E não escolha veículo de comunicação. Seja rádio, Tv, jornal impresso, blogs, site de notícias, revista de fofocas, página do Facebook, grupos de fofocas no WhatsApp, folheto do grupo de velhinhas missionárias evangélicas... Qualquer um que tenha mais de 100 seguidores, merece sua atenção e o dinheiro dos cofres públicos. Se eles não falarem bem de você, pelo menos vão ocultar as notícias negativas a seu respeito. Não falando mal e nem deixando que outros falem, já está de bom tamanho.

    Monitore todos. Deixe uns três assessores só para acompanhar esses órgãos de comunicação e as redes sociais. Se algum se engraçar com sua gestão, corte a verba. Se ele continuar, levante um dossiê do indivíduo. Todo mundo tem algo podre que esconde a sete chaves. Com isso, você manterá o cabresto no “cabrito rebelde”.



Deixe o caos imperar

    Parece loucura né? Mas vá por mim. Eu sei o que estou falando. Intercale seu último mandato com obras faraônicas (que nunca serão concluídas) com o caos na administração pública. Se o seu município tiver potencial de endividamento, contraia empréstimos bilionários para as tais obras faraônicas. O importante é deixar um rombo para explodir como uma bomba no colo do próximo gestor.

    Se alguém vier reclamar e sugerir que você deve investir em infraestrutura, em saneamento, em postos de saúde e escolas nos bairros, diga que você é visionário e que está pensando no futuro da cidade. Transforme sua cidade num circo pegando fogo. Deixe o caos e o desmando imperar na saúde e, principalmente na educação. E, para aliviar a tensão dos “reclamões”, promova muitas festas, muitos espetáculos, muita pirotecnia. A política do pão e circo deu certo no Império Romano e continuará dando certo nesses confins do mundo atual.

    E o mais importante: crie uma áurea religiosa. O povo adora isso. Coloque no seu vocabulário algumas palavras do tipo “Deus te abençoe”, “Deus proteja nossa cidade”, “nosso município é do senhor Jesus”. Frequente templos evangélicos, reúna com pastores, libere verba para igrejas, mesmo que você não tenha nenhuma religião.

    Mas qual o objetivo de você causar todo esse caos no município que você administra? Eureca!



Aposte em líderes fracos e artificiais



    Você está no seu segundo ou quarto mandato. O seu maior cuidado deve ser com as pessoas com potencial de liderança. A chance de um desses líderes estar se preparando para ocupar o seu lugar é muito grande. Então, trate de destruir qualquer pessoa que demonstre qualquer chance de se tornar um líder. Se algum dos seus secretários ou assessores começar a demonstrar resultados positivos, receber elogios, ser reconhecido pela população pelo seu trabalho, dê um jeito de fritá-lo o mais rápido possível. Arme uma arapuca para ele, use a vaidade do líder como arma de autodestruição, engendre um plano para que ele caia em situação vexaminosa e destrua a sua reputação a qualquer custo. Não tenha escrúpulo ou piedade. No momento, o que você não precisa é de pessoas para dividir a sua glória conquistada com sacrifício.

    A regra aqui é fugir de pessoas que apresentem qualquer potencial de apresentar bons resultados para sua gestão. Lembre-se: você tem que causar o caos. Isso parece absurdo para você? Se não estiver preparado para continuar no poder, pode parar por aqui, pois esse espaço não é para quem tem escrúpulos ou pudor. Afaste-se dos seus amigos e cerque-se de bajuladores profissionais. Eles são a energia que você precisa para continuar no poder.

    Seu mandato vai terminar e você não poderá mais se reeleger. Lembra que eu te falei no sexto parágrafo que iria entender o motivo de se acercar de gente incompetente no seu governo? Então, para concluir, vai a dica de ouro que fará você se perpetuar no poder.

    Você não pode cometer esses dois pecados capitais: a vaidade e a confiança.

    Por vaidade, você pode cair na tentação de eleger seu sucessor. Afinal, é normal querer mostrar que é fodão, que tem popularidade bastante para eleger quem você quiser. E aí vem o segundo pecado: você pode cair na tentação de confiar em alguém achando que ele vai ser manipulado por você, que só vai fazer o que você quiser. Acredita que vai apenas esquentar a cadeira para você voltar. Se cometer esses dois pecados será o seu fim. Raciocine comigo: por mais que o seu ungido seja da sua confiança, que esteja com você para o que der i vier, depois que ele sentar na cadeira de prefeito, vai tomar gosto pelo poder. Aí, meu amigo, já era. Com absoluta certeza, vai te isolar, se afastar de você e criará sua própria estratégia de poder. Quando você menos perceber, já virou peça de descarte.

    No final do seu segundo ou quarto mandato, quando você não puder mais se reeleger, saia de cena e se prepare para voltar em quatro anos. Para isso, faça o jogo teatral. Lembra do caos que você criou na sua gestão? Agora já está começando a entender a utilidade disso. Seu município estará tão destruído que o povo ficará fragilizado e com ódio de você. E no meio a esse caos que você criou, o eleitor estará tão fragilizado e confuso que será quase impossível de raciocinar com a razão. E a história nos mostra que um povo fragilizado, age como náufrago em busca de uma tábua de salvação. Assim, ele tende a fazer escolhas absurdas. Com certeza, ele (o povo) vai eleger a pior opção possível. Entendeu a lógica?

    Como todos esperam que você escolha alguém para te suceder, escolha um candidato que não tenha nenhuma chance de se eleger. Se você eleger seu sucessor, ele terá a chance de ficar oito anos no cargo. E oito anos meu amigo, é tempo suficiente para o povo te esquecer. Então você terá três tarefas: 1º) Provoque divisão na sua base. Prometa apoio a uns três ou quatro nomes. Faça com que eles acreditem que terão sua bênção para a sucessão e deixem eles se matarem por isso; 2º) Na última hora, escolha o candidato mais fraco, que não tenha nenhuma condição de ser eleito. Mesmo você estando queimado com o eleitor, com o uso da máquina o seu candidato ainda pode se eleger. Então cuide-se para que isso não aconteça; 3º) Secretamente, dê apoio ao pior candidato da oposição. Dê um jeito de fazer chegar dinheiro a esse candidato. Um contrato milionário para um financiador da campanha dele é uma boa ideia. Mas cuidado para o eleitor não descobrir isso, senão seu plano vai por água abaixo.

    Tudo o que você precisa é que seja eleito um destrambelhado da oposição que vai herdar uma prefeitura falida e não tenha capacidade de colocar o trem nos trilhos. Fará tanta besteira que o incauto eleitor que raciocinou com o fígado ao invés do cérebro, vai sentir saudade de você.


    Agora, mãos à obra. Se aplicar esse plano direitinho, te garanto que se elegerá quantas vezes quiser. Confie nos seus instintos e na baixa capacidade de entendimento da maioria dos eleitores. E confie mais ainda na incapacidade de raciocínio e falta de inteligência dos que se  matam para assumir o seu lugar.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

COMO SE ELEGER PREFEITO E SE PERPETUAR NO PODER - PARTE II

Afaste-se do povo



Manual maquiavélico do poder

Se você não leu a parte I, clique aqui e leia antes. Compreenderá melhor e será mais divertido.


Agora falaremos sobre o seu relacionamento com o povo.

Mantenha uma certa distância. Deve parecer popular, mas não exagere, senão se tornará uma figura comum e perderá sua importância. Evite se misturar com populares na feira, nos botecos ou na igreja. Deixe o povo sentir sua ausência e apenas em ocasiões raras se envolva. De vez em quando, apareça na casa de um eleitor humilde e demonstre intimidade. Entre na cozinha, tome um café frio e elogie. Abra as panelas, coloque um punhado de arroz queimado na palma da mão e jogue na boca. Pergunte à dona Maria como ela consegue fazer um arroz tão saboroso.

E não esqueça de sempre dizer que sente falta do contato diário com esse povo. Afirme com ênfase que as responsabilidades do cargo não permitem estar sempre com eles. Nestas raras ocasiões, seja gentil, fale com humildade. Peça aos seus assessores que levantem informações familiares de alguns que tenham alguma liderança. Você não imagina o poder e a magia de chegar para o Zé Ninguém e perguntar: como está seu filho Zezinho? A sua esposa Raimundinha está melhor da coluna? E diga isso tocando o rosto da pessoa. Pronto! O Zé Ninguém que falava aos quatro ventos que quando te encontrasse iria te dar uma peixeirada no bucho, agora declarará amor eterno. “Este é o prefeito! Homem humilde, de bom coração. Lembrou até da minha esposa doente e do meu caçula” – dirá o ingênuo cheio de orgulho.

Realize algumas obras importantes. Especialmente asfalto. Os menos favorecidos gostam disso, mesmo que tenham que pisar em fezes dos esgotos que correm sobre esse asfalto. Construa muitas estradas rurais, faça aterros e enterre muitas manilhas. Se algum intrometido questionar o superfaturamento das obras, mande-o cavar pra conferir o tamanho e a espessura das 2.781 manilhas enterradas e contar as 3.269 caçambas de piçarra usada no aterro. Mas tenha cuidado para não realizar obras duráveis. Faça o asfalto “sonrisal” (que derrete na primeira chuva), aterre as cabeceiras das pontes sem uma base sólida, utilize material de baixa qualidade, embora a licitação indique o contrário. Você pode facilmente colocar a culpa na chuvarada que caiu fora de época e até culpar São Pedro. Vai precisar refazer tudo de novo. Isso, significa mais dinheiro para a campanha e para o enriquecimento pessoal. Avance sem medo. Vá na fé.

Os três primeiros anos passaram como um piscar de olhos. Resta apenas um ano para a reeleição. É vital conquistar o segundo mandato, pois, um prefeito que não se reelege, é considerado um fracassado, um estorvo. Ajuste seu discurso. Diga que “o trabalho tem que continuar”, “o progresso não pode parar”, essas palavras vazias que influenciam os mais frágeis.

Ah, é crucial ter nas mãos pelo menos 90% dos vereadores e todas as autointituladas lideranças políticas. Afinal, dinheiro é o que não falta para esse propósito. Aniquile a oposição. Compre uns, desmoralize outros, amplie as alianças. Dessa forma, sua eleição será tranquila. E para que nada dê errado, por margem de segurança, loteie toda a prefeitura. Distribua todos os cargos entre os partidos políticos, prometa assessoria aos candidatos a vereador que não for eleito. Prometa, prometa, prometa... Ah, e não se esqueça de contratar um batalhão de cabos eleitorais (os chamados formiguinhas) 60 dias antes das eleições. Contrate 5 mil formiguinhas por um salário mínimo, mas declare somente 500 para não ser acusado de abuso de poder econômico. Não faltarão desempregados dispostos a ficar sob o sol balançando bandeiras e lotando seus comícios. Até haverá quem deixe o emprego para aproveitar essa oportunidade que julga ser moleza.

Preste atenção aos detalhes na contratação das formiguinhas (cabos eleitorais). Priorize aqueles com uma grande família de eleitores. Imagine alguém com esposa e quatro filhos aptos a votar! Serão 6 votos garantidos. E pelo menos uma vez, reúna todos, ofereça um café e destaque a importância deles na campanha e no governo após a vitória. Não se preocupe. Após vencer, não será preciso vê-los novamente.

Pronto. Você passou por cima dos adversários como um rolo compressor. Sua vitória foi esmagadora. Desapareça por um tempo da cidade. Deixe os aliados ansiosos, sem saber se serão contemplados com os cargos e secretarias prometidas. Afaste-se desses abutres, dessas hienas famintas. Afinal, todos sabiam que você não conseguiria cumprir nem com dez por cento das promessas. No apagar das luzes, após o Natal, anuncie o novo secretariado de maneira que cumpra parcialmente o acordo com alguns partidos, distribua umas assessorias a alguns de seu interesse e desapareça novamente. Passe o réveillon em uma praia distante com sua família, levando consigo três “assessoras” para oferecer suporte. Se é que você me entende.

Relaxe! Agora você tem mais cacife, mais autoridade. Afinal, se reelegeu prefeito com quase 70% dos votos quando os “especialistas” apostavam que você não se elegeria mais nem pra cão de guarda.

Agora é hora de pensar no seu terceiro mandato.

- Como assim Maquiavel? Terceiro mandato? A regra não diz que são apenas dois?

- Calma, meu filho. Pra tudo há um jeitinho. Vá descansar um pouco, antes que tome gosto e resolva permanecer pra sempre no meu espírito. Na sexta-feira continuamos essa aula.


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

LÍDER OU GESTOR - EIS A QUESTÃO!

 

            By Luiz Vieira



Você sabe qual a diferença entre líder e gestor? Muitos pensam que são apenas sinônimos, mas na verdade, existe uma grande diferença.

Gestor lida com processos, com gerenciamento, com a organização da instituição ou empresa. Podem ser excelentes profissionais, podem ter muita competência, mas não ser um líder. O líder é um especialista em gestão de pessoas. Ele, geralmente é dotado de inteligência emocional e tem a capacidade de conduzir uma equipe com diferentes estilos e personalidades de forma harmônica. Sabe separar o pessoal do profissional, é dotado de empatia, dialoga bem em qualquer situação e sabe colocar as palavras certas de acordo com o momento.

O líder conquista a confiança do grupo por suas atitudes. Todos sabem que podem contar com ele, pois se importa com todos e trata toda a equipe com honestidade e transparência. Assim, torna-se uma referência que a maioria quer seguir. Em síntese, o líder tem a capacidade de conduzir a equipe para fazer o que precisa ser feito de forma organizada.

Podemos afirmar, com base nas experiências empíricas e em várias pesquisas que pode haver um gestor bem preparado, mas, por não ter as características de um líder, seu trabalho não apresenta bons resultados. Por outro lado, um bom líder, mesmo que não tenha as habilidades de gestão, poderá alcançar melhores resultados junto a equipe devido a sua capacidade de organizar as equipes e explorar as habilidades de cada um.

O cenário ideal para qualquer instituição (e aqui eu destaco as instituições educacionais), seria o de um gestor com habilidades de liderança. Além de conhecer todo o processo de gestão, o gestor-líder tem a capacidade de conduzir a equipe para a realização das tarefas de forma otimizada e alcançará os melhores resultados.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

COMO SE ELEGER PREFEITO E SE PERPETUAR NO PODER - MANUAL MAQUIAVÉLICO DO PODER


O sonho de 10 entre 10 políticos é se eleger a um cargo executivo e se perpetuar no poder. Em cargos legislativos como vereador, deputado e senador, isso é possível. Já no executivo (prefeito, governador ou presidente), só pode se reeleger uma vez. Daí, o ex tem que esperar quatro anos para tentar novamente uma nova eleição para o mesmo cargo.

Aqui, vou tratar apenas de prefeito. Para governador e presidente já é outra história, pois o buraco é mais em cima. Esse método de milhões que vou ensinar gratuitamente, só vale para prefeito, principalmente de cidades pequenas, interioranas, onde o povo está mais suscetível as manobras políticas.

Pegue um copo d’água, sente-se confortavelmente que agora vou incorporar o espírito de Nicolau Maquiavel que vai me soprar no ouvido esquerdo essa importante e diabólica lição.

Vou saltar a parte da sua primeira eleição para prefeito, pois essa eu cobro muito caro. Agora que você já se elegeu a prefeito de um município qualquer desse interior do Brasil (e não me interessa os métodos que você usou para isso), vem o seu grande desafio. Governar bem o município? Que nada! Relaxa! O povo geralmente não está muito preocupado com esse detalhe da boa governabilidade. No fundo, bem lá no fundo, o eleitor elege alguém que na média se pareça com ele, com todos os seus vícios e defeitos. E o que esse eleitor quer? Mesmo que ele (o eleitor) grite aos quatro ventos que quer educação, saúde, saneamento e outras cositas mais, na verdade, tudo o que ele deseja é um afago, um agrado e algumas promessas de favorecimento pessoal.

Então, prefeito, anote aí sua principal prioridade depois de eleito: garantir desde o primeiro dia de mandato a sua reeleição. E para alcançar esse objetivo, você tem que mandar seus escrúpulos às favas. A primeira tarefa é se livrar dos seus amigos e parceiros que te ajudaram na eleição. Esses, são metidos a honestos e, no primeiro vacilo que você der, no primeiro desviozinho de uma merreca, vão te denunciar ou te chantagear. Trate de arranjar novos parças, ou melhor, novos cúmplices. Se “ajunte” a lobistas, principalmente que moram longe de sua cidade e que tenham esquemas com Brasília e tenha alguma influência no judiciário. Com toda certeza, você vai precisar.

Pausa. Respire! Não fique nervoso(a). (Lembre que quem está falando é Maquiavel e não Luiz Vieira).

Com esses novos aliados (ou cúmplices), faça acordos diversos, mas deixe sempre uma ponta amarrada. Mantenha essa gente comprometida e envolvida com você. Grave conversas, promova festas do cabide com muito whisky e garotas animadas, filme tudo e guarde a sete chaves. Se algum dia um desses cúmplices mostrar os dentes, esfregue na cara dele o segredo mais sórdido e logo ele vai botar o rabinho entre as pernas e recolher os caninos. Assim, você manterá o poder e seu mandato transcorrerá na mais perfeita ordem.

Ah, com esses novos aliados (cúmplices), promova todo o tipo de falcatrua. Afinal, você precisará de muuuito dinheiro para sua reeleição. Ou você pensa que aquele bando de eleitores e lideranças políticas que você convenceu a votar e trabalhar na sua campanha de graça vai cair de novo no seu conto de sereia? Agora, cada voto valerá muito dinheiro. Cada apoio será mais caro que a fórmula da eterna juventude. Mas, faça as falcatruas com presteza. Traga de longe um especialista em transformar licitações fraudulentas milagrosamente em processor transparentes e sem vícios. Distribua contratos (na saúde e nas obras públicas estão os melhores), chame uma grande companhia para cuidar da limpeza urbana, contraia empréstimos em bancos, faça os cambaus. Só não te recomendo a usar verba federal, pois de vez em quando, costuma dar BO. Mas, faça tudo isso de maneira que você não se envolva.

Não deixe rastro, nada de mensagens, nada de ligações. Trate de tudo pessoalmente com seus aliados e bem longe do seu município. Seu nome tem que estar mais limpo do que toalha de sacristia. Não se afobe e não se empolgue. Se algo acontecer, você não precisa ter vergonha de colocar a culpa em algum dos seus secretários ou mesmo no empresário que você confiou. E eles cairão nessa teia que você armou e nada poderão fazer, a não ser se debater. 

... (Continua na quarta-feira)

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

HELDER BARBALHO E OS CATITUS

"Catitu fora da manada é comida de onça"


No dia 5 de fevereiro do corrente, o governador do Pará, Helder Barbalho veio mais uma vez a Parauapebas. Entre outras atividades, entregou para a comunidade a Escola Estadual de Ensino Médio Eduardo Angelim que passou por uma reforma geral. 

Dessa vez, o que roubou a cena não foi as rodadas do governador no carimbó. Durante o seu discurso, ele deu um puxão de orelhas nos pretensos candidatos a prefeito de sua base em Parauapebas. Porém,  o puxão de orelhas (ou foi uma CR?) mais veemente, foi para o prefeito de Parauapebas Darci José Lermen.

O governador usou um animal bem presente na Amazônia para exemplificar o que estaria acontecendo no cenário político de Parauapebas. Disse textualmente: "catitu fora da manada é comida de onça". Aqui, Helder se dirige diretamente ao prefeito que, na visão do governador não teve a competência de unir sua base. Mas, essa crítica foi também diretamente para os pretensos candidatos Kenyston Braga,  Rafael Ribeiro, Bráz e Branco da White, que lançaram suas pré-candidaturas e partiram para uma disputa radical e, usando a estratégia do "fogo amigo", causaram sérios danos na própria base do governo. Temos como exemplo os vídeos vazados do deputado Braz numa situação particular comprometedora. Esse, foi um exemplo do tal "fogo amigo", pois comenta-se nos bastidores do poder que os mesmos saíram da própria base do governo e tinham a clara intenção de expurgar o candidato com mais chance de representar o governo numa disputa pela prefeitura.

Na continuidade do seu discurso, o governador Helder Barbalho, mais uma vez olhando para o prefeito Darci disse: "Eu fico com quem faz. porque lamentavelmente tá na moda, alguns políticos que só ficam em rede social falando bobagem e não dizem o que fazem, não dizem o que realizam. Exercem cargo, mas não tem um prego numa barra de sabão pra mostrar. Portanto, eu acho que a população está cansada de conversa fiada e quer governante que entregue. Governante que sabe o que diz, que sabe fazer e não só papo furado e conversa fiada. Muito menos governante que ao invés de trabalhar fica só em rede social. Quer ficaer em rede social, vira blogueiro, vai ser digital influencer..." 

Esse desabafo em público do Helder para Darci demonstra bem o clima de insatisfação do governador com os rumos da política em Parauapebas. Tive informação de que em conversa com um correligionário de Parauapebas, Helder teria dito que achava o cúmulo do absurdo o Darci ter ido participar da Farofa Gkay e ficar fazendo propaganda de botox enquanto o município vive sua maior crise. 

Como um político experimentado, Helder sabe do prejuízo que será perder um município importante como Parauapebas para a oposição ao seu governo. Por isso, até entendo o seu rompante e o ato radical de lavar roupa suja em público. Mas acho que o governador exagerou. Esse puxão de orelha tinha que ser em particular, a quatro paredes de forma individual. Publicamente Helder deveria demonstrar que sua base estaria unida e forte para o que der e vier. 

Ao usar a alegoria do catitu, o governador também deixa uma metáfora no ar. Sabemos que o catitu é uma espécie de porco que é visto como praga. Por onde passa a manada, deixa um rastro de destruição e grande prejuízo. 

Outra observação. Talvez o governador não conheça a capacidade de articulação do prefeito Darci que tem se tornado a cada mandato, um verdadeiro Mandrake. De onde menos se espera, eis que ele tira uma carta matadora da manga. Então, com certeza, o que o Helder nem desconfia é que essa crise é estruturada, é pensada, é planejada e tem método. Enfim, está tudo sob controle.

Aposto que esse último parágrafo te deixou com uma pulga atrás da orelha não foi? Calma! Se eu tiver de bom humor depois da ressaca de carnaval eu te explico.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O PERFIL DO NOVO GESTOR/LÍDER

 By Luiz Vieira 

       

    Em qualquer área, em qualquer empresa ou instituição, o ambiente acaba refletindo as características do gestor/líder.            Através do seu ambiente de trabalho, uma pessoa com o olhar mais atento, perceberá que ali tem um profissional proativo ou relapso, organizado ou desleixado, equilibrado ou conturbado. E, geralmente, o ambiente de trabalho reflete a sua vida normal no dia-a-dia e vice-versa.

    Por isso, devemos priorizar a formação de lideranças capazes de transformar seu ambiente de trabalho em locais saudáveis. Devemos incentivar a busca pelo autoconhecimento, autocontrole e, principalmente a inteligência emocional. Um líder que tem uma vida pessoal conturbada, por mais que ele seja um bom profissional, seus problemas vão afetar a empresa ou instituição. Uma pessoa que não organiza seu espaço pessoal, tende a reproduzir esse ambiente no seu espaço de trabalho. Assim, torna-se imprescindível que os profissionais tenham autoconhecimento, tenham capacidade de autocrítica e reconheçam a necessidade de construir mudanças em todos os setores de sua vida. A busca do crescimento contínuo é a palavra-chave.

    Como seres humanos, não somos perfeitos e infalíveis. Temos nossos altos e baixos. Quando nos reconhecemos como seres falhos, vem a consciência de que a mudança contínua nos levará inevitavelmente ao aperfeiçoamento. Só paramos de mudar e evoluir quando morremos. Essa mudança tem que ser consciente e com objetivo. Com propósitos bem definidos, vamos mais longe e mais rápido.

     Consideramos que já temos consciência dos nossos propósitos e objetivos, já sabemos onde queremos chegar... Já fizemos um balanço como anda os pilares de nossa vida. Já ajustamos muitos fatores da nossa vida pessoal que estão interferindo no nosso trabalho, nas relações profissionais e pessoais. E agora?

    Agora já estamos preparados para investir na nossa formação profissional e tornar nosso ambiente de trabalho muito mais prazeroso e produtivo. O cenário ideal é sua profissão ser objeto de transformação, crescimento e felicidade para você e para os que te rodeiam. Com propósitos bem definidos e construídos com conhecimento, você não só mudará a sua realidade, como também a realidade de quem estiver a sua volta. Os propósitos geralmente indicam os caminhos a serem seguidos e as melhores escolhas. E como estamos tratando de gestão educacional, certamente buscamos envolver toda a equipe na busca incessante de melhores resultados no aprendizado dos nossos discentes. Para isso, o gestor, além da competência pedagógica, deve ter as habilidades da liderança para envolver e incentivar a equipe na busca desses objetivos.

    O bom gestor geralmente é também um bom líder. E como líder, ele tem o importante papel de incentivar, de encorajar, de impulsionar sua equipe a dar o melhor de si, e se comprometer com todo o processo. Por isso, deve ter a arte da persuasão e não da coerção. O líder é como se fosse um bom vendedor. Ele vende suas ideias. Ele inspira os demais e faz com que todos se sintam importantes e imprescindíveis dentro da escola. Ele reconhece a capacidade, os pontos fortes de cada um e sabe respeitar as individualidades. Assim, o trabalho flui naturalmente e quando há algum conflito, é resolvido antes que tome maiores proporções.

    Outra característica do líder-gestor é o feedback. O gestor deve acompanhar a execução dos projetos ou das rotinas de trabalho e contribuir para o crescimento pessoal e profissional de sua equipe. Por isso é importante o constante feedback. Faz-se necessário que o gestor esteja sempre atento e dê retorno durante e depois da execução de cada tarefe. O feedback tem que ser verdadeiro, honesto, objetivo e humano. Comece elogiando o que há de positivo e, depois, fale dos pontos que o colaborador deve melhorar, sugerindo alternativas. Pergunte se ele entendeu e peça para anotar. É importante pedir que repita suas orientações para ter certeza que ele entendeu. Isso promove o crescimento, a confiança e evita desperdício de energia. 
    O gestor que não dá feedback vive apagando incêndio e boicota sua própria equipe, além de boicotar a si mesmo.