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segunda-feira, 16 de maio de 2022

SEXO, CACHAÇA E SERTANEJO - A HIPOCRISIA NOSSA DE CADA DIA

Lembra daquela velha frase dos anos 60? "Sexo, drogas e rock and roll". Pois é. Me permita parafrasear com o título acima. Um episódio picante envolvendo autoridades de Parauapebas viralizou e dominou o WhatsApp nesse fim de semana. Sim, viralizou no WhatsApp, pois por motivos que todos já conhecem, os sites de notícias não se atrevem a morder a mão dos seus donos que os alimentam. Se não fosse esse detalhe, todos os meios de comunicação (ou quase todos) estariam fazendo um verdadeiro linchamento moral das autoridades envolvidas no escândalo. Não fizeram em suas páginas, mas, como todo cachorro traiçoeiro, encontraram um jeito de morder escondido. Assim, os grupos de "Zap" fizeram a festa. Hoje, segunda-feira (16) contei no meu app 86 mensagens recebidas com esse assunto.

É claro que eu não trataria um assunto banal desse no meu blog. Não me agrada ficar explorando a vida pessoal de quem quer que seja publicamente. Ninguém tem nada a ver com a vida privada de ninguém e cada um assume as consequências dos seus atos. Mas como escritor, vejo em qualquer história uma oportunidade para abordar um tema interessante. E aqui, aproveito para fazer uma reflexão sobre a hipocrisia que reina em nossa sociedade com princípios judaico-cristão e cultura ocidental. Mas não citarei os nomes dos personagens e, sequer falarei sobre o ocorrido que não é de minha conta. Portanto, quem não souber do que se trata, continuará sem saber. E nem adianta me perguntar em off.

"Ah, mas fulano é uma autoridade, tem que dar exemplo" - poderia questionar um puritano. E eu diria: fulano tem que prestar conta publicamente é daquilo que é atribuição dele enquanto autoridade, e não da vida pessoal. Se o cidadão aprendesse a cobrar de suas autoridades apenas aquilo o que lhe compete na vida pública, nós não estaríamos nessa miséria política.

Deixo claro que não estou defendendo as "putarias" de quem assume cargo público. Bom seria se nossas autoridades tivessem uma moral ilibada e tratassem da coisa publica e da privada com a mesma deferência, honestidade e transparência. Mas, caro leitor, vá por mim. Isso é praticamente impossível. Todo mundo está careca de saber que os seres humanos estão sujeitos a falhas e vacilos, e, infelizmente esses vacilos fazem a alegria da massa. Não é a toa que existem milhares de folhetins, sites, blogs e afins que vivem remexendo o lixo das autoridades em busca do circo dos horrores. Parece que isso é tão importante para a maioria quanto comer e respirar. Até me atrevo a dizer que muitos desses escândalos são vazados de propósito pelos próprios políticos para servir como cortina de fumaça. Enquanto o povão está se divertindo com as puladas de cerca, chamando fulano de corno, cicrana de rapariga, o caminho fica livre para as tramoias e os esquemas na esfera publica. Exagero? Talvez, mas já vi esse filme ao vivo e a cores. 

Está provado estatisticamente, historicamente e cientificamente que nossas autoridades políticas são o reflexo da média da nossa sociedade. Se temos uma sociedade corrompida, se temos eleitores que vivem alardeando sobre políticos honestos e, ao mesmo tempo, correndo atrás de favorecimentos pessoais dos corruptos, que acreditam que todo político tem que roubar... E quando aparece um político honesto que fala a verdade, que diz que não pode fazer qualquer favorecimento pessoal pois seria uma imoral compra de votos... Como é que esse povo ainda é capaz de esperar que nossos governantes sejam santos? Repito: NOSSOS GOVERNANTES TEM O COMPORTAMENTO E ATITUDE DA MÉDIA DA SOCIEDADE. Eles não vieram de Marte nem de Vênus. Eles são frutos dessa mesma sociedade, são como a maioria que os elegeram. Isso dói né? Mas é assim que a banda toca. Cabe a você decidir se dança de acordo com a música ou começa a mudar a afinação dos instrumentos.

Para chocar ainda mais a quem ainda não refletiu sobre isso, vou apertar mais um pouco o dedo na ferida. O que aconteceu e foi amplamente divulgado nesse fim de semana (e nem adianta me perguntar se você ainda não sabe) é mais comum do que o "inocente" leitor imagina. No círculo do poder aqui em Parauapebas ou em qualquer lugar desse meu Brasil varonil acontece coisa que faria arrepiar até o cabelo do "fio-fó. É que o poder, apesar de efêmero, é sedutor. Como fala um amigo meu que passou uma temporada por lá num município vizinho: "quando se está no poder, o vento bate de todos os lados, até quando se está de banda. Fora do poder, você abre os braços e o vento passa longe". O cabra pode ser medonho de feio, zarolho, buchudo, bexiguento, troncho, sem noção, palerma e frouxo. Quando ascende ao poder político vira o ser mais lindo e interessante do mundo. Aí meu caro leitor, a tentação vem de todos os lados e é preciso ter muita força e convicção para não sucumbir. Não sei que magia é essa, só sei que é assim. Talvez o mistério do Pântano Azul explique. Se ainda não conhece, recomendo a leitura desse conto. (prometo que postarei aqui qualquer dia).

Você não acreditaria se eu te contasse o que vi durante os 10 anos que estive por lá. E é claro que não vou contar. Aquela mulher santa, mãe de família, honesta, religiosa fervorosa que vive fazendo campanha de oração; aquele homem de caráter ilibado e moral acima de qualquer suspeita, devotado pai de família incapaz de olhar para um rabo de saia. Conhece alguém assim no círculo do poder? Então! As histórias e peripécias de alguns deles (veja só, eu digo alguns. Cuidado para não generalizar senão você vai para o inferno abraçar o chifrudo) daria um best seller picante proibido para menores de 30 anos. 

E isso é normal? Claro que não! Mas também não é normal o brasileiro ter esse gosto de chafurdar a vida pessoal dos outros como se a dele também não fosse cheia de detalhes sórdidos. No dia que esse povo passar a cobrar comprometimento dos políticos com a causa publica; no dia que não aceitar mais favores pessoais e pensar no bem da coletividade; no dia que o eleitor não votar mais em político que compra voto; no dia que esse povo aprender a denunciar os candidatos que andam esbanjando dinheiro nas campanhas eleitorais; no dia que o cidadão exigir dos governantes melhores escolas, saneamento, saúde; no dia que o eleitor impedir que o governante faça obras eleitoreiras e invista os recursos com obras de qualidade... aí sim. Nesse dia ele poderá exigir que os políticos tenham uma vida pessoal sem escândalos. Mas por enquanto, se esse povo priorizar o compromisso publico dos políticos ao invés de se preocupar com quem botou chifre em quem, aí já estaremos na porta do paraíso. 

Concorda? Se concorda, escreva aí nos comentários. Se não concorda, escreva também. 

quarta-feira, 11 de maio de 2022

AS COSTELAS DO DARCI - PÃO E CIRCO OU UMA GRANDE IDEIA?


Nesse dia 10 de maio (terça-feira) foi organizado pela prefeitura de Parauapebas o "maior churrasco do mundo" para comemorar os 34 anos de emancipação de Parauapebas. Não participei do evento, não por falta de vontade. Calculei que haveria grande aglomeração para comer 20 mil quilos de carne, e assim, preferi comemorar com mais tranquilidade na minha cozinha. Comemorar sim! Sempre comemoro o aniversário dessa terra que ajudei a construir desde 1987 e me proporcionou muitas oportunidades. 

Pois bem. Como não estava lá, não posso comentar sobre o tal churrasco. Imagino que tenha sido um sucesso dado ao grau de organização demonstrado nos bastidores. Mas hoje, 11 de maio (quarta-feira), acompanhando a repercussão da festa pelas redes sociais, fiquei incomodado pelo teor dos comentários da maioria dos internautas. Aquele clichê de sempre: "a cidade está cheia de buracos e o prefeito fazendo churrasco", "os postos de saúde estão sem remédios e a prefeitura esbanjando com festa", 'a zona rural está abandonada, as estradas intrafegáveis e o Darci esbanjando nosso dinheiro", "a cidade está um lixo, a educação... blá, blá... e o prefeito fazendo o maior churrasco do mundo. Sabe o que eu acho? Uma grande hipocrisia. Primeiro porque quem quer agradar todo mundo, morre na praia. Então, nesse caso, o prefeito não tem que se preocupar com as críticas nesse momento. Segundo porque a maioria desse povo que está criticando o tal churrasco juntamente com o show de quase meio milhão, provavelmente vai estar nos comitês do Darci ou de quem ele apoiar se oferecendo para ajudar a elegê-los em troca de migalhas ou até de promessas que nunca serão cumpridas. Participo do processo eleitoral em Parauapebas desde 1988 e vejo tudo se repetir ano após ano. Parece que o povo vive implorando por pão e circo. 

Não estou aqui desmerecendo as críticas em relação a situação da cidade. A cidade está abandonada? Está. Falta gestão? Falta. Os críticos têm razão pelas mazelas citadas e muito mais. Aliás, esse povo não sabe da missa um terço. Buraco nas ruas de Parauapebas é coisa pouca em relação aos verdadeiros problemas da gestão. O que esses críticos não tem razão é quanto a abordagem. A cidade abandonada e o churrasco não tem nada a ver. Nosso orçamento é gigantesco e daria para sanar os problemas apresentados e fazer uma super festa no aniversário da cidade. Não estamos falando de um município pobre onde o gestor tem que tirar a verba da saúde, da educação, da infraestrutura para dar festa. Estamos falando de uma cidade próspera com recursos suficientes para se dar ao luxo de proporcionar ao povo o maior churrasco do mundo.

Não me coloco aqui como defensor do Darci. Já tem bajuladores demais fazendo isso e muito bem. Mas convenhamos. O prefeito executou uma jogada de mestre ao arquitetar esse plano ousado e proporcionar ao povo essa churrascada. Pelas fotos foi bonito de se ver. As imagens mostraram todas as classes sociais reunidas para prestigiar a festa - por sinal muito bem organizada - e de quebra, saborear um delicioso churrasco, coisa de luxo nesses tempos de Bolsonaro. Qual o problema em proporcionar esse luxo ao povo? 

Como todos já sabem, o Darci teve seu mandato cassado e se mantém no cargo graças aos recursos jurídicos que o sistema democrático permite. E esse churrasco veio em bom momento. Serviu para atrair ainda mais a simpatia do povo e esfriar os ânimos dos adversários. Portanto, foi um plano bem elaborado e executado com sucesso. E restou a oposição ficar resmungando e usando os mesmos clichês de sempre com a velha ladainha que escuto desde 1996 no pleito que elegeu Bel Mesquita. E o Darci teve inteligência para entender esse processo que já se tornou cultural em Parauapebas. Entendeu e soube jogar o jogo a cada eleição.

Podem acusar o Darci de ser um péssimo gestor, de não ter aptidão para governar, de abandonar a gestão nas mãos dos empresários financiadores e políticos ambiciosos, de deixar que cada secretaria vire uma subprefeitura, de deixar a corrupção correr solta e outros defeitos que preencheriam umas três páginas. Mas ninguém pode acusá-lo de ser um mal político. Como político, o Darci é imbatível, é um especialista em ganhar eleição e matar politicamente seus adversários. Não é a toa que está no seu quarto mandato. Cassado ou não, o Darci continuará vencendo eleições ou elegendo quem ele quiser até que a oposição se reinvente e abandone de vez essa estupidez. Política em Parauapebas é coisa para gente grande e a oposição tem se comportado como meninos mimados em busca de um herói típico valentão ou fanfarrão saído dos Contos de Nárnia. 

Enquanto isso... ponto para o Darci com seu super churrasco.