Pesquisar este blog

sábado, 30 de agosto de 2014

Jânio, Collor e o fenômeno Marina




Do blog: http://pigimprensagolpista.blogspot.com.br/
Por Ricardo Kostcho, no blogBalaio do Kotscho:



Advertência necessária: quero deixar bem claro, antes de começar a escrever este texto, no qual venho pensando desde que Marina Silva explodiu como candidata favorita a presidente da República, após a tragédia aérea que matou Eduardo Campos, para que ninguém entenda errado o título: não se trata de uma comparação entre pessoas e suas trajetórias de vida, mas entre fenômenos políticos.

Nos últimos dias, apareceram muitos comentários na mídia comparando Marina a Lula, ambos com origens bem humildes e histórias de vida comoventes, que acabaram construindo seus próprios caminhos, os dois fundadores do PT e vitoriosos em suas caminhadas. Por diferentes caminhos, eles agora se encontram frente a frente em mais uma disputa pela Presidência da República do Brasil, e há quem chame Marina de "Lula de saias", a mulher que desafia Dilma Rousseff, candidata de Lula.

A única vantagem de ficar velho, trabalhando no mesmo ofício, é ser testemunha de tantas histórias acontecidas ao longo deste enredo político dos últimos 50 anos. Conheci e convivi com os quatro personagens citados no título deste artigo e tenho condições de escrever sobre as coincidências e as diferenças entre eles.

Chamar Marina de "Lula de saias" é um grande equívoco. O professor mato-grossense Jânio Quadros, o playboy alagoano Fernando Collor, o metalúrgico pernambucano Lula, criado no ABC paulista, e a ambientalista acreana Marina da Silva chegaram onde chegaram por caminhos muito diferentes.

Embora os quatro sejam um retrato da diversidade social brasileira, com algumas semelhanças no surgimento do fenômeno político, há enormes abismos entre as motivações e os apoiadores das suas candidaturas. Jânio, Collor e Marina têm um ponto em comum: lançaram-se candidatos com discursos contra a "velha política", à margem dos grandes partidos, prometendo nas campanhas criar um "novo Brasil" e uma "nova política", baseados unicamente em suas vontades e carismas, como se isso fosse possível. Pelos exemplos do passado, sabemos que isso não dá muito certo.

Os três lançaram candidaturas mais simbólicas do que reais: Jânio era o "homem da vassoura" e Collor o "caçador de marajás", ambos tendo como bandeira o combate à corrupção, a bordo do velho mantra udenista, moralista e hipócrita. Na mesma linha, Marina também aparece como a candidata "contra tudo isto que está aí", a bordo das manifestações de protesto de junho de 2013, candidata provisoriamente abrigada no PSB, partido do falecido Eduardo Campos que, até meados do ano passado, estava na base aliada do governo petista.

Ao contrário destes três fenômenos eleitorais anteriores, bancados todos pela grana gorda do empresariado paulista, sempre em busca de um candidato viável que atenda aos seus interesses, Lula só foi eleito presidente da República em 2002, depois de três campanhas presidenciais fracassadas, e da longa construção de um amplo apoio na sociedade civil, que começou pelos sindicatos, passou pelos meios acadêmicos e culturais, e conquistou a juventude, combatendo justamente estes grandes barões paulistas aboletados na Fiesp e na Febraban, que financiaram Jânio, Collor e, agora, Marina, para evitar que seus inimigos de classe chegassem ao poder central.

Não tenhamos ilusões neste momento: é exatamente isto que está em jogo, não as personalidades de Marina e Dilma, os seus defeitos e virtudes pessoais, que são subjetivos. O mais importante é saber quem está de que lado, quais os interesses de classe que estão em disputa, quem apoia quem e por qual motivo.

Eu nunca escondi de que lado estou: diante deste quadro, apoio Dilma Rousseff, com certeza.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

7 motivos pelos quais Marina Silva não representa a “nova política”

por Lino Bocchini 

Se a sua intenção este ano é votar em uma "nova forma de fazer política", leia este texto antes de encarar a urna eletrônica
Léo Cabral/ MSILVA Online
Marina-Silva-visita-a-Bienal-do-Livro-de-Sao-Paulo-foto-Leo-Cabral-MSILVA-ONLINE201408250010 (1).jpg
Neca Setúbal, herdeira do Itaú e coordenadora do programa de governo de Marina Silva, a candidata e seu vice, Beto Albuquerque.

É comum eleitores justificarem o voto em Marina Silva para presidente nas Eleições 2014 afirmando que ela representaria uma “nova forma de fazer política”. Abaixo, sete razões pelas quais essa afirmação não faz sentido:

1. Marina Silva virou candidata fazendo uma aliança de ocasião. Marina abandonou o PT para ser candidata a presidente pelo PV. Desentendeu-se também com o novo partido e saiu para fundar a Rede -- e ser novamente candidata a presidente. Não conseguiu apoio suficiente e, no último dia do prazo legal, com a ameaça de ficar de fora da eleição, filiou-se ao PSB. Os dois lados assumem que a aliança é puramente eleitoral e será desfeita assim que a Rede for criada. Ou seja: sua candidatura nasce de uma necessidade clara (ser candidata), sem base alguma em propostas ou ideologia. Velha política em estado puro.

2. A chapa de Marina Silva está coligada com o que de mais atrasado existe na política. Em São Paulo, o PSB apoia a reeleição de Geraldo Alckmin, e é inclusive o partido de seu candidato a vice, Márcio França. No Paraná, apoia o também tucano Beto Richa, famoso por censurar blogs e pesquisas. A estratégia de “preservá-la” de tais palanques nada mais é do que isso, uma estratégia. Seu vice, seu partido, seus apoiadores próximos, seus financiadores e sua equipe estão a serviço de tais candidatos. Seu vice, Beto Albuquerque, aliás, é historicamente ligado ao agronegócio. Tudo normal, necessário até. Mas não é “nova política”.
3. As escolhas econômicas de Marina Silva são ainda mais conservadoras que as de Aécio Neves. A campanha de Marina é a que defende de forma mais contundente a independência do Banco Central. Na prática, isso significa deixar na mão do mercado a função de regular a si próprio. Nesse modelo, a política econômica fica nas mãos dos banqueiros, e não com o governo eleito pela população. Nem Aécio Neves é tão contundente em seu neoliberalismo. Os mentores de sua política econômica (futuros ministros?) são dois nomes ligados a Fernando Henrique: Eduardo Giannetti da Fonseca e André Lara Rezende, ex-presidente do BNDES e um dos líderes da política de privatizações de FHC. Algum problema? Para quem gosta, nenhum. Não é, contudo, “uma nova forma de se fazer política”.
4. O plano de governo de Marina Silva é feito por megaempresários bilionários. Sua coordenadora de programa de governo e principal arrecadadora de fundos é Maria Alice Setúbal, filha de Olavo Setúbal e acionista do Itaú. Outro parceiro antigo é Guilherme Leal. O sócio da Natura foi seu candidato a vice e um grande doador financeiro individual em 2010. A proximidade ainda mais explícita no debate da Band desta terça-feira. Para defendê-los, Marina chegou a comparar Neca, herdeira do maior banco do Brasil, com um lucro líquido de mais de R$ 9,3 bilhões no primeiro semestre, ao líder seringueiro Chico Mendes, que morreu pobre, assassinado com tiros de escopeta nos fundos de sua casa em Xapuri (AC) em dezembro de 1988. Devemos ter ojeriza dos muito ricos? Claro que não. Deixar o programa de governo a cargo de bilionários, contudo, não é exatamente algo inovador.
5. Marina Silva tem posições conservadoras em relação a gays, drogas e aborto. O discurso ensaiado vem se sofisticando, mas é grande a coleção de vídeos e entrevistas da ex-senadora nas quais ela se alinha aos mais fundamentalistas dogmas evangélicos. Devota da Assembleia de Deus, Marina já colocou-se diversas vezes contra o casamento gay, contra o aborto mesmo nos casos definidos por lei, contra a pesquisa com células-tronco e contra qualquer flexibilização na legislação das drogas. Nesses temas, a sua posição é a mais conservadora dentre os três principais postulantes à Presidência.
6. Marina Silva usa o marketing político convencional. Como qualquer candidato convencional, Marina tem uma estrutura robusta e profissionalizada de marketing. É defendida por uma assessoria de imprensa forte, age guiada por pesquisas qualitativas, ouve marqueteiros, publicitários e consultores de imagem. A grande diferença é que Marina usa sua equipe de marketing justamente para passar a imagem de não ter uma equipe de marketing.
7. Marina Silva mente ao negar a política. A cada vez que nega qualquer um dos pontos descritos acima, a candidata falta com a verdade. Ou, de forma mais clara: ela mente. E faz isso diariamente, como boa parte dos políticos dos quais diz ser diferente.
Há algum mal no uso de elementos da política tradicional? Nenhum. Dentro do atual sistema político, é assim que as coisas funcionam. E é bom para a democracia que pessoas com ideias diferentes conversem e cheguem a acordos sobre determinados pontos. Isso só vai mudar com uma reforma política para valer, algo que ainda não se sabe quando, como e se de fato será feita no Brasil.
Aécio tem objetivos claros. Quer resgatar as bandeiras históricas do PSDB, fala em enxugamento do Estado, moralização da máquina pública, melhora da economia e o fim do que considera um assistencialismo com a população mais pobre. Dilma também faz política calcada em propósitos claros: manter e aprofundar o conjunto de medidas do governo petista que estão reduzindo a desigualdade social no País.
Se você, entretanto, não gosta da plataforma de Dilma ou da de Aécio e quer fortalecer “uma nova forma de fazer política”, esqueça Marina e ouça Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) com mais atenção.
De Marina Silva, espere tudo menos a tal “nova forma de fazer política”. Até agora a sua principal e quase que única proposta é negar o que faz diariamente: política.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O VAZIO E O NADA

Sessão de 26 de agosto - Parte II


Como prometi ontem, farei um pequeno resumo do que rolou na primeira parte da sessão dessa terça. Como sempre, esse teatro está ficando cada vez mais sem graça, mas como sou brasileiro e não desisto nunca continuarei firme na torcida por dias melhores para nossos edis. Por princípio confio nos bons propósitos dos homens e sei que nossos bravos guerreiros ainda darão uma guinada para não ficarem na história como a pior legislatura.

Mais uma vez os feirantes que estão sob ameaça de despejo pelo prefeito compareceram a Câmara portando cartazes e pediram apoio dos vereadores. Todos que discursaram no grande expediente manifestaram apoio, mas ninguém se comprometeu, ninguém fez uma proposta concreta para garantir os direitos daquelas famílias. Ficou o vazio. 

Outro grupo que marcou presença foi o time PFC com sua nova comissão técnica. Pelo jeito as coisas não andam nada bem  para os nossos atletas. Reclamam da falta de apoio do prefeito e do Secretário de Esportes. Nem local para treinar nosso time tem e por enquanto só contam com a sorte e boa vontade dos atletas.

A vergonha do Jatene


O vereador Miquinha como sempre usou a tribuna de forma irreverente. Cobrou providências quanto a reforma do estádio Rozenão. Disse que a Câmara aprovou uma emenda para cobrir a arquibancada e instalar o placar eletrônico. Mesmo o recurso estando disponível no orçamento até agora nada fizeram. 

Criticou a vinda do Jatene simplesmente para participar da cavalgada do SIPRODUZ. "Esse governador deveria tomar vergonha na cara e trazer obras para essa cidade e não vir andar a cavalo", setenciou o vereador.

Cavalgada é só carro, moto e cachaça


O vereador Charles fez uma grave denúncia na tribuna, mas passou despercebido. Em outra realidade essa denúncia causaria um terremoto na política de Parauapebas, mas aqui virou coisa banal. Falou que tem Secretário do governo Valmir alugando carros ilegalmente e dando o "cano" nos comerciantes. A qualquer momento, segundo o vereador essa bomba vai estourar, pois tem muitos comerciantes revoltados com essa situação.

Charles também cobrou providências contra os abusos da CELPA e dos bancos. Disse que o cidadão não tem a quem recorrer, pois o PROCOM daqui é um órgão invisível. Pelo jeito essas instituições já perceberam que aqui não tem autoridades e podem fazer o que bem entender. Criticou duramente a organização da cavalgada. Esse evento, segundo ele, já perdeu o sentido. "É só carro, moto e cachaça". Finalizando, voltou a criticar o Chefe de Gabinete do Prefeito que classificou de "arrogante e incompetente".  Criticou também a situação de abandono do hospital municipal. Disse que se a Vigilância Sanitária fizesse uma inspeção por lá e agisse como age com as empresas de Parauapebas, o hospital seria interditado. Será?

As valas do Gesmar


Mais uma vez o responsável pelo SAAEP e candidato Gesmar apanhou na sessão. Dessa vez o algoz foi o presidente da Câmara Josineto Feitosa. Reclamou que seu bairro -Bela Vista- e Caetanópolis estão em situação lastimável devido as valas que o SAAEP  fez para enterrar os canos. "Cavaram todas as ruas para colocar água, deixaram uma buraqueira só e abandonaram. Deixaram as valas e esqueceram da água, uma tremenda irresponsabilidade", desabafou Josineto. Disse que procurou o SAAEP e esse jogou a culpa para a SEMOB que, por sua vez disse que não tinha nada a ver com isso e assim ficam no empurra-empurra e ninguém resolve nada. Enquanto isso a população é castigada pois nem os vanzeiros querem andar por lá, finalizou o vereador.

Josineto também criticou duramente o Secretário de Administração Wadyr. Segundo ele, o secretário nunca lhe atende. "Não atende nem vereador, imagina o povo!"

É meus amigos, parece que os vereadores da base do prefeito continuam não se entendendo. Um vereador que veio na plenária durante a sessão trocar um "dedo de prosa" comigo falou a seguinte frase: "se o prefeito não gosta nem dos filhos, vai gostar de nós?" Como dizia Raul Seixas, "a coisa tá feia". 


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

SESSÃO DO DIA 26 DE AGOSTO

Valmir da Integral e seus soldadinhos de papel


Hoje vou inverter a ordem das coisas. Vou começar de trás pra frente. Começarei pelo momento final da sessão, pois é onde os vereadores mostram suas verdadeiras personalidades. É o momento onde não tem mais público, pois até os assessores já foram embora por não aguentarem tanto lenga-lenga e discursos vazios. Geralmente no início da sessão tem um certo público. Aí os vereadores apresentam seus requerimentos, fazem discursos calorosos para a platéia, declaram apoio a algum movimento social que aparece por lá, fazem protestos, etc. Após o grande expediente (onde os vereadores discursam na tribuna), já com a casa vazia, todos tiram suas máscaras, deixam de representar e demonstram seus verdadeiros perfis nas discussões e aprovações de projetos e leis. Vou até fazer uma campanha para que o povo vá para a sessão após as 18 horas.

Mas o que aconteceu ontem de tão importante para levar esse Blogger a inverter a ordem? Lembram do texto nesse Blog onde relatei a sessão de 24 de junho? Lembram do título "Sansão X Dalila"? Para quem não se lembra ou não leu,  veja aqui. Resumindo: o Valmir tentou dar um golpe na Câmara. Enviou um projeto de lei que previa que a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentária) poderia ser suplementada sem a necessidade de aprovação da Câmara. Poderia ser também remanejada sem necessidade de pitaco de vereador. Um grande golpe que, se fosse aprovado colocaria toda a Câmara como meros soldadinhos de papel. Houve até um embate na época entre Odilom e Euzébio. Odilom, no auge de sua experiência, vendo que ia ser derrotado,  voltou atrás e recomendou o veto ao projeto. Pura estratégia política. 

Sabe aquela história do pai malvado que bate no filho? Manda o filho baixar as calças para apanhar de cinto na bunda. O filho se rebela e se recusa a baixar as calças. Então o pai fala: "não quer baixar as calças então vai apanhar na cara mesmo". Foi mais ou menos isso que aconteceu na sessão de ontem. O Valmir pegou o veto dos vereadores, deu uma maquiada, mudou algumas palavras no texto original, passou vaselina e empurrou nos vereadores. Mandou seu Procurador se reunir com todos os vereadores antes da sessão -o que causou um atraso de cinquenta minutos- e coagir a todos a votar no tal projeto. 

Mas o pior foi como o projeto foi aprovado. O próprio Euzébio que foi o relator e propôs o veto em 24 de junho, teve que engolir o novo texto maquiado. Teve a missão de fazer um novo relatório dizendo que estava tudo certo. Passou trinta e oito minutos numa enfadonha leitura do texto que deu até dor de barriga nos colegas. 

Miquinha se rebela mas vota a favor


Quando o Presidente da Câmara abriu para discussão, Miquinha se pronunciou e disse: "Essa casa tem que se impor... A cada dia essa Câmara se encolhe mais, a cada projeto que chega aqui enviado pelo prefeito tira o poder do vereador. Fico muito triste com essa situação, mas os companheiros decidiram..." Cheguei até a pensar que o Miquinha ia se rebelar, que ia ser uma voz coerente e votar contra o projeto.

Após o pronunciamento do Miquinha, o vereador Odilom se pronunciou e disse que não queria mais discutir o veto porque já havia um entendimento. É meus amigos, pelo jeito o entendimento foi grande, pois todos obedeceram ao Odilom e ninguém se inscreveu mais para discutir. Sem discussão o presidente passou a votação nominal e todos votaram a favor, inclusive o Miquinha que mesmo "triste" votou a favor no projeto que tira o poder dos vereadores. Alguns até jogaram a responsabilidade para cima do relator Euzébio. Enquanto isso o Odilom sorria satisfeito ao ver sua brilhante manobra sendo bem sucedida.

Parabéns ao prefeito Valmir que mais uma vez mostrou que vereador tem que comer em sua mão e obedecer sem reclamar. Parabéns ao líder do governo que recuou na hora de vetar o projeto do prefeito para depois fazer os mesmos vereadores votarem num "novo" texto com o mesmo teor. 

Quatro vereadores estavam ausentes: Devanir, Arenes, Eliene e Luzinete.

Para não ficar cansativo, amanhã escreverei sobre o que aconteceu na primeira parte da sessão.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

O avião e a "canonização" de Campos


Por Bepe Damasco, em seu blog:

Nunca um funeral no Brasil foi tão sordidamente utilizado pela velha mídia para fazer política. Os corpos do ex-governador Eduardo Campos e de seus companheiros de infortúnio nem haviam sido encontrados, mas a Rede Globo dedicava horas de sua programação para promover a "santificação" do recém-falecido. Horas depois da tragédia a Folha de São Paulo despachou seus pesquisadores para as ruas, com o nítido objetivo de emplacar Marina Silva o quanto antes.

Mas a falta de respeito às vítimas do acidente estava só começando. As cerimônias fúnebres descambaram para um deplorável ato político, com direito a foguetório de 17 minutos, farta distribuição de bandeiras do PSB, vaias à presidenta Dilma e gritos de guerra em favor de Marina.

Tudo isso com cobertura ao vivo da Globo. Estava em curso uma operação política para transformar em "mártir da luta pela transformação do país" um político tradicional, com qualidades e defeitos como qualquer ser humano feito de carne e osso. Calhordice pura, para fazer de Marina a herdeira da comoção nacional.

Contudo, manipulações grosseiras são sempre vulneráveis à força da realidade. Não demorou para vir à tona o imbróglio do avião utilizado por Campos em sua campanha, e que caiu em Santos matando sete pessoas e deixando um rastro de destruição ao redor do local da queda.

Para início de conversa, por incrível que pareça, a aeronave não tinha seguro. Isso, provavelmente, deixará ao Deus dará, sem receber indenização, tanto os familiares dos mortos como os moradores que tiveram suas casas destruídas. Só o dono de uma academia de ginástica reclama um prejuízo de R$ 1,5 milhões.

Mas a confusão envolvendo o avião vai longe. Pertencente a uma empresa quebrada de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, foi arrendada por três empresários pernambucanos, os quais assumiram o pagamento das parcelas do leasing. Só que essa operação é ilegal, pois a empresa de Ribeirão Preto, um tal Grupo Andrade, encontra-se em processo de recuperação judicial. Nestes casos, quaisquer transações só podem ser feitas com autorização da Justiça, o que não ocorreu.

A legislação eleitoral estabelece que candidatos a cargos eletivos só podem voar em aviões registrados como táxi aéreo.A aeronave de Campos não tinha esse tipo de registro. Também é obrigatória a inclusão do valor relativo às horas de voo na prestação de contas dos candidatos. Igualmente essa providência não foi tomada pelo PSB. Como se sabe, Marina utilizou o mesmo avião incontáveis vezes em deslocamentos pelo país junto com Campos. Já imaginou se o passageiro de um avião nessas condições fosse um petista de expressão ? Com a palavra, a justiça eleitoral.

Esse episódio contribui para jogar luz sobre o legado do ex-governador de Pernambuco. Levantando-se o véu da "canonização", encontramos um político que fez um governo de grandes realizações, contando com muitas verbas federais, em Pernambuco, mas, picado pela mosca azul, aderiu à oposição neoliberal; um político que tinha tudo para aguardar sua vez, em 2018, como candidato da base aliada, mas optou pelo caminho do oportunismo oposicionista de ocasião; um político que aderiu aos ataques moralistas contra o governo, como no caso da CPI da Petrobras, mas foi protagonista do "escândalo" dos precatórios, quando era secretário de Fazenda do governo do seu avô, em Pernambuco, nos anos 90; um político que posava como o "novo", mas adotava a velha prática de nomear parentes.

Na minha visão, se solidarizar com a dor da família de Campos e de seus amigos é se indignar com o uso político do luto para consumo eleitoral, é denunciar o cinismo e a mistificação dos veículos de comunicação na megacobertura da tragédia.

Por outro lado, esse comportamento abjeto da imprensa brasileira está longe de surpreender. Ao contrário, é muito coerente para quem tem no currículo a campanha que levou Vargas ao suicídio; a tentativa de impedir a posse de Jango e o apoio ao golpe de 1964, dentre tantas outras páginas vergonhosas da nossa história.

Obs : Um dia depois que postei este artigo surge a informação de que a Polícia Federal vai investigar o suposto uso de recursos de caixa dois, por parte do PSB, para comprar o avião.

sábado, 23 de agosto de 2014

William Bonner, o "robô" da TV Globo




Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:




Se faltava prova da diferença com que o Jornal Nacional tratou os candidatos à Presidência da República ao longo das duas últimas semanas, mensagem que o “âncora” William Bonner postou no Twitter (vide imagem abaixo) em resposta à enxurrada de críticas que recebeu na internet por desrespeitar Dilma Rousseff (como pessoa), dirime a questão.





Das quatro entrevistas que o telejornal apresentou, só a de Dilma Rousseff levou Bonner a se manifestar publicamente, apesar de, em sua mensagem no Twitter, ter tentado vender a tese de que as militâncias de todos os candidatos não gostaram do seu trabalho.

Muitos se divertiram, em blogs e redes sociais, com a alusão de Bonner a “blogueiros sujos”, expressão criada por José Serra na campanha eleitoral de 2010 para se referir aos blogueiros que se opuseram à sua candidatura presidencial e apoiaram a de Dilma Rousseff. Porém, o mais “espetacular” da assunção pelo âncora do JN de seu papel político é ter chamado de “robôs” aqueles que o criticaram.

O termo “Robot” apareceu na literatura de ficção científica nos primórdios do século XX. Em 1920, o dramaturgo tcheco Kapel Kapec escreveu a peça “R.U.R – Rossum Universal Robot”. A palavra robô, portanto, derivou da palavra tcheca “Robota”, sinônimo de trabalho escravo. Na peça, o cientista Rossum cria humanos mecanizados, os Robot, que exerciam funções repetitivas sob controle de seu criador.

Dezenas de milhares de pessoas manifestaram na internet que sentiram-se desrespeitadas pelo comportamento dos “âncoras” do JN, que chegaram a pôr o dedo no rosto da presidente da República, que a interromperam 21 vezes contra 6 vezes com Aécio Neves e 7 com Eduardo Campos, que gastaram mais tempo interrompendo-a do que ela lhes respondendo.



Bonner dizer que todas as pessoas que o criticaram são “robôs” ou “corruptos” ou “blogueiros sujos” é um desrespeito com o público, verdadeiro dono da concessão que a Globo recebeu da ditadura militar, mas que, ao fim e ao cabo, pertence à sociedade.

Claro que alguns dos que sentiram-se desrespeitados pela agressão à presidente são militantes de partidos políticos, mas mesmo os militantes de partidos têm mais liberdade de expressão do que um âncora de telejornal. Sobretudo se for de um telejornal da Globo, pois nessa emissora a liberdade do jornalista simplesmente não existe. Sobretudo se for em questões políticas.

Sim, Bonner é o editor do Jornal Nacional, mas sua liberdade de expressão termina onde começa o ponto de vista dos três filhos de Roberto Marinho. Como editor do JN, ele tem toda liberdade de pautar o programa noticioso desde que não saia um milímetro das diretrizes que os funcionários graduados da Globo nem precisam receber, já que se destacaram na empresa pela capacidade de intuir o que o patrão quer.

Como se sabe, TelePromPter é uma engenhoca acoplada às câmeras de tevê que exibe o texto que o apresentador de telejornais deve ler. Âncoras dos telejornais da Globo – entre outros – são meros leitores do que aparece na telinha diante de si. Apesar de ser Booner quem escolhe o que vai ao ar no Jornal Nacional, ele escolhe o que o patrão quer que escolha. Ponto.

Os “blogueiros sujos” ou “robôs” aos quais se referiu o “robota” do JN, portanto, são livres para dizer o que pensam enquanto ele, Bonner, não é. Militantes partidários têm muito mais liberdade, pois todos os que conhecem de perto a política sabem que são sinônimo de rebeldia contra decisões de cúpula. Sobretudo no caso do PT.

Bonner considera o público formado por “Homers Simpsons”, ou seja, por idiotas manipuláveis. Desse modo, crê que o Brasil não notou a diferença de tratamento aos candidatos a presidente. Subestimou o público em 2002, em 2006 e em 2010. De lá para cá, não aprendeu nada sobre aqueles aos quais se dirige toda noite. Azar dele. E do patrão.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

UM FURACÃO CHAMADO MARINA

Entre os anos de 2005 a 2008 participei como membro do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) que era presidido pela então Ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Reuníamos em Brasília a cada dois meses e tive o privilégio de conviver de perto e conhecer melhor a Marina. Mulher aparentemente frágil, com saúde debilitada -em consequência de doença que contraiu na floresta quando era seringueira-, fala mansa e sorriso fácil. A trajetória política de Marina mostra o contrário. Para uma mulher que saiu da floresta, trabalhou como doméstica grande parte de sua vida, se alfabetizou depois de adulta, não tem nada de frágil. Muito ao contrário! Marina se torna uma gigante quando defende uma causa. Seu tom de voz mansa, seu espírito conciliador acabam sendo armas letais no embate político.

Assim, por um acaso do destino Marina se tornou candidata a Presidente da República em substituição ao Eduardo Campos, morto no desastre aéreo do dia 13 de agosto. Acaso do destino mesmo! Marina vem de um desgaste por não ter conseguido registrar seu partido -REDE- mesmo com todo apoio da mídia conservadora e uma grande mobilização nacional. Após essa derrota Marina se ofereceu para se filiar no PSB (Partido Socialista Brasileiro) e ser candidata a vice na chapa do Eduardo Campos. Com a morte do Eduardo o PSB ficou desnorteado pois não tinha em seu quadro ninguém com bagagem para substituí-lo na chapa. Eles não engoliam a Marina. No máximo ela servia como vice simplesmente pela força que teve na última campanha presidencial, mas nas questões políticas divergiam muito. Há uma enorme distância entre o pensamento de Marina e da turma do Eduardo. Enquanto o Eduardo e o PSB estão próximo ao PSDB inclusive com dobradinha em vários Estados como São Paulo e Pará, Marina se posiciona mais a esquerda e ainda luta para oficializar seu partido REDE.

Marina se demonstrou mais "macho" do que muitos marmanjos


Como o PSB não tinha nome com bagagem, tiveram que engolir a Marina pela possibilidade real de uma disputa real com Dilma. No entanto, fizeram uma carta onde engessavam a Marina. Em tese, essa carta exigia entre outras coisas que Marina esquecesse a ideia de criar a REDE e se submetesse a todas exigências do PSB. Ela seria, caso fosse eleita, a presidente, mas todo o comando ficaria com o PSB. Seria uma espécie de rainha da Inglaterra, uma presidente figurante, uma fantoche nas mãos da velha trupe da ala conservadora do PSB que mais se parece com o PSDB.

E a Marina, o que fez? Botou para quebrar. Com aquela voz mansa disparou: "quer dizer que para ser vice eu servia. Agora para ser presidente tenho que assinar carta"? Marina não assinou a tal carta e ainda falou que não subiria nos palanques que o Eduardo subiria nos Estados em que ele era aliado dos tucanos como São Paulo e Pará. Isso causou uma saia justa e tremendo desconforto na velharia do PSB que de socialista só tem o nome. De cara dois caciques caíram fora da coordenação, inclusive o coordenador geral Carlos Siqueira -secretário geral do partido- que alfinetou: "Ela é que vá mandar na REDE dela". Marina que já havia dito que teria sua própria coordenação, não se fez de rogada: convocou a ex-petista Deputada Luíza Erundina para ser a coordenadora geral. Assim, entre farpas e cravos de defunto começa a campanha presidencial de Marina.

Essa campanha será muito interessante. Não tenho dúvidas que a disputa será entre as duas mulheres. Se antes o eleitorado tinha que decidir entre a Dilma e o playboy mineiro Aécio Neves, agora terá uma terceira opção. Aliás, segunda opção, pois Aécio não é opção para ninguém que leva política a sério.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

HOMENAGEM A RAUL SEIXAS

Eterno Maluco Beleza


Hoje, 21 de agosto de 2014, completamos 25 anos desde a morte de Raul Seixas. Sempre nessa data sinto uma tristeza, uma nostalgia e ao mesmo tempo, sinto alegria de ter tido o privilégio de conviver com a obra de Raul na minha infância e juventude. Nossa geração teve esse privilégio e a geração dos meus filhos nunca terá. Jamais existirá outro Maluco Beleza. Qualquer imitação não chegará a ser nem um borrão do que foi a mente mais brilhante, mais instigante que o século XX já conheceu.

Acordei decidido a escrever um texto inédito para homenagear esse ícone da música brasileira. Enquanto pensava no que escrever senti uma sensação estranha. De repente senti um comichão na espinha dorsal, meus olhos embaçaram e um calor tomou conta do meu corpo. Frases do Raul brotaram automaticamente do meu cérebro enquanto meus olhos vertiam em lágrimas. Não sei de onde surgiram tantas frases e tantas lágrimas. Tive certeza que Raul estava aqui me "dando o toque". Então decidi abandonar as pesquisas e escrever apenas o que saia da cabeça. Foi muito fácil. As músicas do Raul são histórias vivas, vibrantes que mostram o homem que foi e o que queria ser. Espero que todos os malucos belezas curtam.

Raul Rebeldia


"Faze o que tu queres há de ser tudo da lei. Viva! Viva"! (Sociedade Alternativa). Raul Seixas já nasceu rebelde. Garoto inquieto, desde cedo começou a rabiscar suas primeiras músicas. Compôs Metamorfose Ambulante aos 14 anos de idade. Baiano de classe média, não queria seguir o figurino dos outros meninos de sua idade. Resolveu botar para quebrar e quebrar todos os paradigmas da sua época. 

Na escola Raul Seixas não teve boas experiências. Reprovou por várias vezes na segunda série. Seu pai tentou até um colégio religioso mas não surtiu efeito. Ele próprio falava que na escola não achava o conhecimento que buscava. Ao invés de estudar, gastava grande parte do tempo ouvindo rock and rool na loja Cantinho da Música. O que aprendeu foi com a música, com os livros e com as experiências das ruas. Um leitor voraz, influenciado pelo pai Raul Varella que tinha uma vasta biblioteca, devorava toda espécie de livros, mas se interessava particularmente por filosofia. Quando adulto, resolveu provar para o pai que estudar era apenas um detalhe, que tinha inteligência, mas que a escola careta não era suficiente. Fez vestibular e passou para direito. Estudou até dar um diploma ao pai. A partir daí se dedicou exclusivamente a sua maior paixão: a música.

Além da música sociedade alternativa, mosca na sopa mostra esse espírito inquieto, insubordinável e contestador. "Eu sou a mosca que perturba o seu sono, eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar. E não adianta vim me dedetizar, pois nem o DDT pode assim me exterminar, se você mata uma e vem outra em meu lugar". (Mosca na Sopa). Raul é assim. Espírito rebelde que incomoda, que derruba a ordem, que sacode o comodismo, que escancara a hipocrisia e expõe a verdade nua e crua de forma desconcertante. 

Com a música Cowboy fora da lei ele dispara: "Mamãe não quero ser prefeito, pode ser que eu seja eleito e alguém pode querer me assassinar. Eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz, não quero ir de encontro ao azar". Aqui ele debocha do poder de cartas marcadas.  Sua sociedade alternativa não tinha espaço para poder, para opressão. Era um anarquista convicto. 

Na música As Aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor, Raul critica o sistema capitalista e expõe suas armadilhas. "Tá rebocado meu compadre, como os donos do mundo piraram. eles já são carrascos e vítimas do próprio mecanismo que criaram. O monstro SIST (sistema) é retado, e tá doido pra transar comigo. E sempre que você dorme de touca ele fatura em cima do inimigo". Com sua irreverência falou de forma simples e bem humorada o que filósofos, economistas e sociólogos não conseguiram.


Meu amigo Raul era assim. Nunca se acomodou, nunca se entregou. "Tente, e não diga que a vitória está perdida. se é de batalhas que se vive a vida, tente outra vez". (Tente outra vez). Mesmo quando estava no auge do sucesso nunca se acomodou e desprezou os princípios burgueses-classe-média. "Eu devia estar contente porque tenho um emprego, sou o dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês". (Ouro de tolo). E segue sempre em frente falando: "Não pare na pista, é muito cedo pra você se acostumar. Amor não desista, se você para o carro pode te pegar". (Não pare na Pista). Além de nos induzir a seguir em frente, Raul nos convida a ousar, a buscar o novo, a exercitar a curiosidade. "Na curva do futuro muito carro capotou, talvez por causa disso é que a estrada ali parou. Porém atras da curva perigosa eu sei que existe, alguma coisa nova, mais vibrante e menos triste" (A Verdade Sobre a Nostalgia).


Rebelde sim, mas nunca insensato. Como Raul já dizia: "conserve seu medo, mantenha ele aceso. Se você não teme, se você não ama, vai acabar cedo(...) conserve seu medo mas sempre ficando sem medo de nada, porque desta vida, de qualquer maneira não se leva nada". (Conserve Seu Medo).

Raul Seixas - família

Rabisco do Blogger em 1993

Já vimos que como filho foi rebelde mas sereno. O maior gesto de amor foi parar um tempo para estudar e dar um diploma de advogado ao pai, realizando assim o sonho do velho Raul Varella. Amou muito sua família, principalmente seu pai e sua mãe. Já maduro, após vários casamentos e relacionamentos, falou (cantou) a seguinte pérola: "Eu tive que perder minha família para perceber o benefício que ela me proporcionava. É triste aceitar esse engano quando já se esgotaram as possibilidades. E agora sofro as atitudes que tomei por acreditar em verdades ignorantes...Não respeitei o sacrifício que custa para construir a fortaleza que se chama família..." (Diamante de Mendigo).

Raul Seixas era um amante insaciável. Em uma anotação no seu diário pessoal escreveu: "Eu como marido sou uma merda total. Como Raul Seixas sou um homem ideal". Raul teve cinco esposas, além das várias mulheres com quem se relacionou extra-oficialmente. Seu estilo de vida não era para casamento, mas amou cada uma das suas mulheres intensamente. Na música Medo da Chuva define bem esse perfil: "É pena que você pense que sou seu escravo, dizendo que sou seu marido e não posso partir. Como as pedras imóveis na praia eu fico ao seu lado sem saber dos amores que a vida me trouxe e eu não pude viver". Na música A Maçã Raul demonstra um desejo de um relacionamento aberto, sem censura, sem amarras e sem dominação. "Se esse amor ficar entre nós dois, vai ser tão pobre amor, vai se gastar...Quando eu te escolhi para morar junto de mim, eu quis ser tua alma, ter seu corpo tudo enfim. Mas compreendi que além de dois existem mais. Amor só dura em liberdade, o ciúme é só vaidade, sofro mas eu vou te libertar. O que é que eu quero se eu te privo do que eu mais venero que é a beleza de deitar".

Mesmo distante devido sua rotina, Raul Seixas foi um pai amoroso e influente. Na música Cantiga de Ninar consegue expressar toda sua ternura paterna e amor na forma mais pura e bela: "Dorme enquanto teu pai faz músicas, que é a forma dele rezar. Todos os sonhos na realidade são verdades, se eu puder cantar... Fiz meu rumo por essa terra, entre o fogo que o amor consome. Eu lutei mas perdi a guerra, eu só posso te dar meu nome".

Raul eterno


"Eu sei que determinada rua que já passei não tornará a ouvir o som dos meus passos, tem uma revista que eu guardo há muitos anos, e que eu nunca mais eu vou abrir; Cada vez que eu me despeço de uma pessoa, pode ser que esta pessoa esteja me vendo pela última vez; a morte, surda, caminha a meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar... " (Canto para Minha Morte).
E foi assim. No dia 21 de agosto de 1989 a morte beijou Raul Seixas, nosso eterno Maluco Beleza. Sozinho em seu apartamento sem  testemunhas embarcou num disco voador e partiu para outra dimensão. O Planeta Terra já estava pequeno e ultrapassado para uma mente tão além do seu tempo. Agora só nos resta cantar: "Hoje é feriado é o dia da saudade! Hoje é feriado é o dia da saudade!" (O dia da Saudade).


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL - UMA ATITUDE INTELIGENTE!

Aprenda mais esta!!! FRUTAS…

Do Blog Mundo Horta
Slide 1
Slide 2
Slide 3
Slide 4
Slide 5
Por isso é que quando você come fruta junto ou após as refeições, você fica com sensação de estufamento, com estômago muito cheio e até com indigestão. 
Experimente comer só frutas no café da manhã e no lanche antes do almoço. Misture pelo menos três tipos. Além de frutas, só água e nada mais. Em uma semana você vai sentir a diferença. Um verdadeiro milagre!
CATEGORIAS

SESSÃO DE 20 DE AGOSTO

O lixo do governo Valmir


Na sessão de ontem, 19 de agosto, a tônica foi o contrato do lixo. É claro e notório que desde dezembro de 2013 a coleta do lixo entrou em colapso. Só para relembrar, no final do ano passado o prefeito tomou um Whisky estragado e resolveu cancelar o contrato da Clean faltando dois meses para o final. A cidade ficou toda coberta de lixo por dois meses até que o "iluminado prefeito" fez um contrato de emergência com um financiador de campanha. Esse contrato deveria durar só uns dois ou três meses, tempo necessário para realizar licitação para contrato de nova empresa. Acontece que o prefeito com absoluta confiança na impunidade que há em Parauapebas, não fez a licitação. Resultado: o contrato emergencial findou e a cidade mais uma vez mergulhou no lixo.

Na cidade todos perguntam: cadê os vereadores? Pois bem. Na sessão de ontem a vereadora Eliene abriu o grande expediente cobrando do prefeito e dos colegas vereadores um posicionamento sobre "a vergonha do lixo". Disse que o prefeito está sendo irresponsável e cometendo improbidade administrativa e os vereadores não podem mais ficar assistindo isso passivamente. Falou ainda que ficou sabendo que o contrato estava debaixo do braço do prefeito e que o secretário de urbanismo Judson -que é o responsável pela limpeza da cidade- nem conhecia o tal contrato e que cabia a ele apenas assinar as medições sem poder questionar. Algo de podre no ar! Enquanto a vereadora discursava os colegas faziam cara de paisagem, brincavam nos celulares ou batiam papo entre si, demonstrando  que esse assunto não interessa. A coisa é tão escandalosa que em qualquer município do Brasil já teria dado cassação do Prefeito. No nosso rico município esse escândalo nem chegará a ser questionado pelo Ministério Público e na Câmara não passará de discurso isolado de um ou outro vereador. Nenhuma medida concreta será tomada pela Câmara até mesmo porque os edis estão com os pés e as mãos amarradas diante do Prefeito.

O Dr. Charles fez coro com o discurso da vereadora Eliene e também cobrou uma solução. O Odilom -líder do governo- deu uma vaga explicação sobre esse episódio mas não quis se comprometer. Saiu pela tangente. O ponto alto do discurso do Odilom foi uma homenagem ao ex-prefeito Darci. Quando falava sobre mineração disse que o Darci foi o único prefeito que enquadrou a VALE e que o contrato com os Pazinatos fez com que a mineradora pagasse o valor devido ao município. Lembrou que na ocasião o enfrentamento do Darci ao grande elefante que é a VALE causou até a queda do então presidente Roger Agnelli.

O vereador Miquinha criticou duramente a situação deplorável e a falta de apoio que o futebol parauapebense está passando. Pelo jeito, a avaliação negativa do secretário de esportes é unanimidade naquela casa. Criticou também a situação de abandono que vive a praça da Bíblia. Segundo ele, já foram aprovadas duas verbas para asfaltamento da via de acesso a praça e até agora nada foi feito. Enquanto isso os moradores vizinhos sofrem com a poeira e com a presença de vândalos e usuários de droga que frequentam a praça abandonada. Miquinha mostrou no telão o acesso interditado pelos moradores que já não aguentam mais tanto descaso das autoridades.

Mas quem roubou a cena na sessão de ontem foi a vereadora Irmã Luzinete. Começou seu discurso como sempre como se estivesse num púlpito de uma igreja. Cobrou novamente providências para a casa de apoio em Belém que vem sendo empurrada pelo secretário de saúde há sete meses. Disse que estava retirando sua emenda para a saúde e colocando para o asfaltamento do acesso a Praça da Bíblia. Assim sendo, pelas minhas contas, aquele pequeno trecho de mil metros vai custar uns cinco milhões de reais. Haja verba! Entre outras "pérolas", a vereadora Luzinete disparou que não havia gestão em Parauapebas porque 60% dos secretários são incompetentes. Será? Agora deu medo! Sobre o lixo, falou que os vereadores tinham que sentar na sala do presidente e ter uma conversa a parte. Fiquei pensando: por que na sala do presidente? Será que tem algum "acerto"? Num contrato de lixo que custa 4 milhões por mês, todo mundo quer se chafurdar. 

Aproveitando a presença dos feirantes despejados do mercado a vereadora Luzinete manifestou veemente seu apoio. Teve a coragem de se posicionar com firmeza e denunciou que o prefeito estaria alugando um espaço próximo ao Hiper Sena por 18 mil ao mês. Falou que é contra, pois só o empresário enriqueceria com esse contrato. Garantiu que ninguém sairia do seu local de trabalho enquanto o prefeito não construir o camelódromo. A vereadora foi bastante aplaudida. 

Quando falei que a Luzinete roubou a cena, é porque ontem ela soube -a seu modo- fazer um discurso coerente. Tirando as tentativas de manipulação  religiosa ao citar exageradamente a Bíblia, a vereadora falou com empolgação e se comprometeu publicamente. Soube aproveitar a presença dos feirantes e discursou para a platéia. Antes, bastava a vereadora abrir a boca a vaia comia solta. Ela não se intimidou e mudou sua estratégia. Passou a fazer um trabalho nos bairros e a cada semana defende uma causa e mobiliza setores interessados por aquela causa para assistir a sessão. O que antes era vaia aos poucos está se transformando em aplausos. Muitos chamam a vereadora Luzinete de "doidinha", de "maluca", e outros adjetivos depreciativos. Nota-se que de boba ela não tem nada. Até o episódio do cheque do Boi de Ouro já foi esquecido pela platéia. 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

CARTA A EDUARDO CAMPOS


Por Carlos Francisco da Silva, de Bezerros (PE).


Eduardo, você não imagina o quanto eu e todo povo pernambucano estamos lamentando a tua trágica e inesperada partida. Temos muitos motivos para isso. Primeiro, pela falta que irás fazer a tua família e aos teus amigos. Depois, pelo exemplo de homem público que representavas para o nosso estado e para o Brasil.
No entanto, eu tenho um motivo particular para lamentar a tua morte. Depois da tua entrevista no Jornal Nacional, eu fiquei com muita vontade de te encontrar, de apertar a tua mão, olhar no teu olho e te perguntar: Quem disse que eu desisti do Brasil, Eduardo? Infelizmente, no dia seguinte, ocorreu o trágico acidente e eu nunca vou poder te dizer isso.
Eduardo, não fui eu, nem o povo brasileiro que desistimos do Brasil.
Quem desistiu do Brasil foram setores da política e da mídia brasileira, quando promoveram o golpe militar de 1964 que mergulhou o nosso país em 21 anos de ditadura militar e que submeteu o povo brasileiro aos anos mais difíceis de nossa história. Inclusive, sua família foi vítima na carne daquele momento, quando o seu avô e então governador de Pernambuco, o inesquecível Miguel Arraes, foi retirado à força do Palácio do Campo das Princesas e levado ao exílio.
Eduardo, você não imagina o que essa mesma mídia está fazendo com a tragédia que marcou a queda do teu avião. Eu nunca pensei que um dia pudesse ver carrascos do jornalismo político brasileiro como Willian Bonner, Patrícia Poeta, Alexandre Garcia e Miriam Leitão falando tão bem de um homem público. Os mesmos que, um dia antes do acidente, quiseram associar a tua imagem ao nepotismo no Brasil choram agora a tua morte como se você fosse a última esperança do povo brasileiro ver um Brasil melhor. Reconheço as tuas qualidades, governador, mas não sou ingênuo para acreditar que sejam elas o motivo de tanta comoção no noticiário político brasileiro.
A pauta dos veículos de comunicação conservadores do Brasil sempre foi e vai continuar sendo a mesma: destruir o projeto político do partido dos trabalhadores que ameaça por fim às concessões feitas até então a eles. O teu acidente, Eduardo, é só mais uma circunstância explorada com esse fim, do mesmo jeito que foi o mensalão, os protestos de julho e a refinaria de Pasádena. Se amanhã surgir um escândalo “que dê mais ibope” e ameace a reeleição de Dilma, a mídia não hesitará em enterrar você de uma vez por todas. Por enquanto, eles vão disseminando as suposições de que foi Dilma quem sabotou o teu avião, e que fez isso no dia 13 justamente pra dizer que quem manda é o PT. Pior do que isso é que tem gente que acredita e multiplica mentiras e ódio nas redes sociais.
Lamentável! A Rede Globo e a Veja não estão nem aí para a dor da família, dos amigos e dos que, assim como eu, acreditavam que você não desistiria do Brasil. Você é objeto midiático do momento.
Eduardo, não fui eu quem desistiu do Brasil. Quem desistiu foi o PSDB, que após o regime militar teve a oportunidade de construir um novo projeto de nação soberana e, no entanto, preferiu entregar o Brasil ao FMI e ao imperialismo norte americano, afundando o Brasil em dívidas, inflação, concentração de renda e miséria. O mesmo PSDB que, antes do teu corpo ser enterrado, já estava disseminando disputas entre o PSB e REDE para inviabilizar a candidatura de Marina, aliança que custou tanto a você construir.
Eu não desisti do Brasil, Eduardo. Quem desistiu foi a classe média alta que vaiou uma chefe de Estado num evento de dimensões como a abertura de uma copa do mundo porque não se conforma com o Brasil que distribui renda e possibilita a ricos e pobres, negros e brancos as mesmas oportunidades.
E tem mais uma coisa, Governador. Se ao convocar o povo brasileiro para não desistir do Brasil o senhor quis passar o recado de que quem desistiu foi Lula e Dilma, eu gostaria muito de dizer que nem eu, nem o povo e, nem mesmo o senhor, acredita nisso. Muito pelo contrário. A gente sabe que o PT resgatou o Brasil do atraso imposto pelo nosso processo histórico de colonização, do intervencionismo norte americano e da recessão dos governos tucanos. Ao contrário de desistir do Brasil, Lula e Dilma se doaram ao nosso povo e promoveram a maior política de distribuição de renda do mundo, através do bolsa família. Lula e Dilma universalizaram o acesso às universidades públicas através do PROUNI, do FIES e do ENEM. Estão criando novas oportunidades de emprego e renda através do PRONATEC e estão revolucionando a saúde com o programa mais médicos.
Eduardo, eu precisava te dizer: não fui eu, nem o povo brasileiro, nem Lula, nem Dilma que desistimos do Brasil. Quem desistiu do Brasil, meu caro, foram os mesmos que hoje estão chafurdando em cima das circunstâncias que envolvem o acidente que de forma lamentável tirou você do nosso convívio. Fazem isso com o motivo único e claro de desgastar a reeleição de Dilma e entregar o país nas mãos de quem, de fato, desistiu do Brasil.
Descanse em paz, Eduardo. Por aqui, apesar da falta que você vai fazer a todo povo pernambucano, eu, Lula, Dilma e os brasileiros que acreditam no futuro do Brasil vamos continuar na luta, porque NÓS NUNCA DESISTIREMOS DO BRASIL.
C

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

VEREADOR BRUNO SOARES NA BERLINDA

Na quarta feira o vereador Bruno Soares foi tema de uma denúncia na Arara Azul. Lideranças comunitárias do Garimpo das Pedras que fica na região do Contestado denunciaram o descumprimento de uma promessa por parte do vereador que havia garantido durante a campanha eleitoral que levaria uma ambulância para aquela comunidade logo que fosse eleito. Passado 19 meses, a comunidade do garimpo continua sem a ambulância e sofrendo as consequências do isolamento e da falta de atenção dos governantes. A região do Contestado é assim chamada porque pertence geograficamente ao município de Marabá, mas a população vota e mantém relações comerciais com Parauapebas. Assim, em todas as eleições há uma corrida dos políticos de Parauapebas que vão garimpar votos na região com promessas que depois se transformam em desculpas de não poderem fazer nada por pertencer a Marabá.

No mesmo dia o vereador agendou entrevista na rádio para as onze horas e não compareceu. Justificou que estava em reunião com o Prefeito. Marcou para a quinta, mas só compareceu na sexta feira onde deu uma entrevista vaga e superficial, não respondendo objetivamente a denúncia da comunidade. Disse apenas que iria procurar o prefeito de Marabá e até setembro iria a comunidade do Garimpo das Pedras para levar uma posição.

O Bruno prometeu a ambulância?


Apesar do vereador não ter assumido que prometeu, a promessa foi feita e eu fui testemunha. Aconteceu em uma reunião em praça pública com a presença do então candidato a prefeito Coutinho. Além do Bruno estava a Eliene Soares que também disputava votos naquela localidade. Bruno disse textualmente: "...sei das dificuldades que vocês enfrentam aqui por falta de uma ambulância. Estou sensibilizado com essa situação. Para mim essa é uma questão de honra. Quando eu for eleito minha primeira medida será conseguir uma ambulância para atender exclusivamente ao Garimpo das Pedras. Se eu não conseguir vou comprar uma por minha conta e venho aqui entregar a vocês". O então candidato Bruno Soares foi bastante aplaudido nesse momento e essa promessa lhe rendeu muitos votos no garimpo.

Pensei com meus botões: "o candidato fez bobagem. Agiu por impulso e empolgação. Jamais poderá cumprir essa promessa". Quanto custa uma ambulância? Fiz uma rápida pesquisa e descobri que um modelo mais simples custa em torno de 100 mil reais.

Conhecendo um pouco do caráter do Bruno, tenho certeza que ele não fez essa promessa de má fé. Agiu por impulso e faltou-lhe uma boa assessoria para preparar e monitorar seus discursos. Acho até que ele realmente tinha a intenção de comprar a ambulância para a comunidade. Infelizmente essa é uma atitude comum a políticos novos e velhos que se lançam numa aventura sem o devido conhecimento. Comprar ambulância não é papel de vereador. Também acontece de má fé. E como acontece! Em todas as eleições vemos políticos inescrupulosos se aproveitando da boa fé do povo e fazendo promessas esdrúxulas sem a mínima intenção de cumprir.

Acho que o Bruno Soares perdeu uma grande chance de se explicar na Arara Azul. Sinto que se assumisse o problema de frente teria mais respaldo na comunidade. Se eu pudesse lhe dar um conselho lhe diria: "mude a sua rota. Refaça o seu caminho, volte ao ponto de origem e recomece de forma diferente.

O vereador Bruno iniciou o mandato como uma grande promessa de inovação política. Muitos comentavam até que seria o próximo prefeito de Parauapebas. De repente mudou sua rota política e deu uma guinada de 180 graus a direita. Passou a dar apoio incondicional e ser um fiel defensor do governo Valmir. Sua página no Face virou uma agenda da ASCOM. Essa atitude deixou seus fãs e correligionários decepcionados e confusos. Uns falam até que foi levado a isso devido a estar muito endividado da campanha, hipótese que eu recuso a acreditar.

Ainda acredito que ele ainda venha a ser um grande político. É jovem, é gente de boa família, de boa índole e tem inteligência. Basta encontrar o rumo certo e acreditar. Confie nisso Bruno Soares! Ainda há tempo para recomeçar. 


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Parauapebas: governo Valmir da Integral, sujeira por todo lado

Do Blog http://soldocarajas.blogspot.com.br/


Poucos metros separam esta praça da porta de entrada da Secretaria Municipal de Obras, veja que o lixo toma conta de Parauapebas que também padece com a falta d'água!






O lixo do governo VALMIR DA INTEGRAL enche as ruas de Parauapebas de sujeira, a cidade nunca viu tanta imundície nas ruas.


Por todo lado só se vê lixo nas ruas, no governo que o prefeito enche a máquina pública de ex-empregados da empresa da sua família , a Integral.


Secretário incompetente





O titulara da secretaria de obras é um senhor que foi demitido da VALE e prestou serviços para a Integral, basta ouvir como anda a empresa da família do prefeito pra saber como está Parauapebas.


O Sr. QUEIROGA não dá conta nem de varrer a cidade, o entulho que já tinha tomado conta o governo VALMIR DA INTEGRAL, agora se espalha pelas ruas do município.


Filha ocupando cargo público





Enquanto a cidade é tomada pela sujeira, o prefeito está preocupado em segurar sua filha com um cargo público.


Como a cidade mais rica do Pará vive sob o domínio da sujeira e dá falta d'àgua, é preciso muita incompetência.




Ruas sujas


ADESÃO DO PARÁ A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Quase um ano após a independência do Brasil, o Pará resolve aderir ameaçado por um blefe




Foi somente quase um ano depois que Dom Pedro I desembainhou a espada e deu o famoso grito às margens do Ipiranga que a então Província do Pará se juntou ao novo império praticamente à força.

A adesão do Pará à independência que se comemora hoje se deu num contexto de guerra, com a presença do primeiro-tenente inglês John Pascoe Grenfell, que usou do blefe para ameaçar as autoridades locais e conseguir prender o governador Joaquim Moura, no dia 15 de agosto de 1823. Capitão general, Joaquim Moura já havia dito não à adesão, em 1822, preferindo manter a Província do Pará ligada diretamente a Dom João VI que havia voltado recentemente a Portugal, depois da Revolução Liberal do Porto, deixando Dom Pedro I no comando do Brasil, na chamada monarquia dual.

“O povo gostou e o Pará continuou português, ligado a Portugal”, diz a professora Magda Ricci, diretora do curso de História da Universidade Federal do Pará (UFPA), explicando que o contato com Lisboa era mais fácil do que com o Rio de Janeiro naquela época. Sob as ordens do lorde Thomas Alexander Cochrane, contratado pelo império para obrigar a adesão das províncias rebeldes à independência, Grenfell chegou em Belém no brigue “Maranhão”, afirmando que a esquadra do então primeiro almirante da Marinha do Brasil vinha logo atrás, mas Cochrane permaneceu no Maranhão, já com uma esquadra reduzida, depois de forçar a adesão da Bahia, Pernambuco, Piauí e do próprio Maranhão à independência.

No cumprimento dessa missão, Grenfell ordenou o fuzilamento de cinco paraenses, no Largo do Palácio, no dia 17 de Outubro de 1823, do qual o cônego Batista Campos escapou por interferência de amigos depois de ter sido amarrado à boca de um canhão. Grenfell também ordenou que jogassem cal em 258 prisioneiros, dos quais 256 morreram no porão de uma embarcação no porto de Belém, na chamada “tragédia do brigue Palhaço”, durante aquela revolta dos oficiais brasileiros que queriam a equiparação de seu soldo ao dos portugueses. 

O fato serviu de mote para a Cabanagem, em 1935, da qual Batista Campos se tornou um dos maiores líderes. “Muitas vezes se enfatizou o processo pacífico da nossa independência, diferente da América hispânica, marcada por guerras e divisões, enquanto o Brasil manteve sua unidade e o próprio rei, dom Pedro I, mas como se pode dizer que a independência foi tranquila?”, questiona a professora, referindo-se não só às lutas no Pará, mas às revoltas no Rio Grande do Sul, que resultaram na separação do Uruguai do Brasil, na Bahia e em Pernambuco, entre outras, conhecidas como Guerra da Independência do Brasil. 

(Diário do Pará)