RETROSPECTIVA POLÍTICA - (PARTE III)

A maldição do 13 na vida de Valmir

Como vimos na parte II, o Valmir ganhou a eleição com uma ampla aliança cheia de contradições. Teve que lotear o governo em pleno processo eleitoral e cometeu um dos seus maiores erros: prometeu espaço e cargos para todo mundo sem a mínima condição ou intenção de cumprir.

Assim, após a eleição teve a maior dor de cabeça. Os apoiadores começaram a pressioná-lo para o cumprimento das promessas. Houve até quem trouxe parentes de outros Estados para dividir o quinhão prometido. Eu mesmo tive contato com uma família que veio de fora com a promessa de alugar máquinas para a prefeitura. Depois de penar quatro meses voltaram ao seu Estado de origem levando na mala a decepção e o prejuízo. 

Com esse clima de pressão, desconfiança e indecisão o prefeito eleito Valmir da Integral montou sua equipe de primeiro e segundo escalão. Teve que escolher secretários que ele simplesmente não suportava, gente que ele não teria coragem de dar um emprego na sua empresa. Você acha que isso poderia dar certo?

O subtítulo desse texto "A maldição do 13 na vida do Valmir", ao contrário do que pensou o leitor não se refere ao número do partido de oposição ao seu governo. Aliás, nem sei se o PT é totalmente oposição nesse governo. Me refiro a queda de 13 secretários/Coordenadores no seu primeiro ano de governo. Isso mesmo: 13 em menos de um ano. Inacreditável em qualquer cenário político. Não acredita? Então confira comigo:

1- Secretário de Habitação -Vicente Leite- nem chegou a assumir o cargo. Depois da confusão na festa da posse onde o Josineto deu o drible da vaca louca no prefeito, como retaliação o Valmir lhe tirou a secretaria e todos os cargos.

2- Secretária de Meio Ambiente -Maria Dinelma- caiu com apenas 26 dias de governo. A prefeitura nunca deu satisfação sobre os motivos dessa demissão. No seu lugar assumiu o interino Zoênio -ex-funcionário da Integral. 

3- Secretária de Educação Francisca Ciza. Caiu no dia 20 de maio após um período de muitas denúncias de irregularidades e insatisfação dos trabalhadores em educação.

4- Secretário de Educação Shirlean- Com a saída da Ciza assume o interino Shirlean. Pouco tempo depois foi exonerado para dar lugar a Juliana.

5- Procurador Geral Mario Brasil. No dia 25 de junho de 2013 foi a vez do Procurador Geral. Dr. Mario foi o comandante do comitê jurídico da campanha do prefeito e considerado um aliado imexível. Mas caiu. Este chegou a divulgar uma carta de pedido de exoneração alegando insatisfação com os rumos da política do gestor. Porém, segundo informação do Gabinete, essa é uma prática do prefeito. Ele exonera e dá a chance da vítima sair por cima com uma carta de exoneração.

6- Coordenador da ASCOM Jorge Vieira. Depois de problemas com a comunicação e principalmente com o episódio do excesso de publicidade ilegal na revista Veja sua situação ficou insustentável. Foi exonerado em julho de 2013, mas como de hábito também recebeu o benefício da carta de exoneração.

7- Chefe de Gabinete José Omar. No dia 06 de agosto foi a vez do Zé Omar. Também considerado homem forte do Valmir, coordenou a equipe de transição e desenhou o perfil técnico do governo.

8-Secretário de Gestão e Planejamento Célio Costa. Ninguém imaginaria que o todo poderoso, manda chuva do governo cairia. Depois de uma gestão de intrigas, abuso de poder e clara demonstração de incompetência, o prefeito se desencantou de sua bússola e o demitiu no dia 10 de outubro de 2013. Também foi divulgada carta de pedido de exoneração para inglês ver.

9- Secretário de Obras Dário Veloso. Em novembro de 2013 foi a vez do Dário Veloso. Esse já vinha reclamando da bagunça que estava o governo, e, principalmente dos processos de licitações que nunca saiam. Depois de expressar publicamente suas insatisfações (uma vez testemunhei numa reunião com a comunidade na quadra da escola Jean Piaget) foi exonerado. Repetição do modus operandos: carta de pedido de exoneração. O Blog Sol do Carajás divulgou matéria informando que o mesmo saiu para cumprir pena por processo de desvio de leite.

10- Secretário de Fazenda Zé Rinaldo. Qual o prefeito em sã consciência demitiria seu secretário de Fazenda no primeiro ano? Valmir fez. Segundo informações sua demissão era para ser bem antes, só que fizeram um acordo para o Zé Rinaldo ficar até o fim do ano e pedir exoneração. Zé Rinaldo foi quem comandou a arrecadação financeira da campanha.

11- Secretário de Mineração -Massud. Ex-vereador, responsável por organizar a tropa de choque de oposição ao PT e por incendiar o palanque com denúncias contra a gestão do Darci -a qual fez parte. Não se reelegeu e recebeu uma rasteira traiçoeira do Valmir. Pleiteou a SEMOB e como consolo assumiu a recém criada Secretaria de Mineração que na verdade nunca funcionou. Com personalidade forte nunca escondeu sua insatisfação com o governo. Foi exonerado e abandonado mesmo tendo sua esposa como vice-prefeita.

12- DMTT- três trocas

13- Comissão de Licitações - duas equipes demitidas. Depois de várias trapalhadas, duas trocas de equipes e nenhuma licitação realizada o Valmir jogou a toalha e chamou a equipe de licitação do ex-prefeito Darci. Só a partir daí o nó foi desatado e alguma licitação começou a sair.

Esse troca-troca inusitado representa a fraqueza de um governo sem planejamento, perdido e sem rumo. É um flagrante da falta de critérios e sabedoria para escolher sua equipe de gestão.