Viva o povo brasileiro!
Muitas vezes ouvi ou vi nas redes sociais frases do tipo: Brasil, país tupiniquim; só podia ser coisa do Brasil; isso é coisa de Brasileiro; só sendo no Brasil mesmo; isso é típico desse povinho atrasado; Brasil é o país da corrupção... Frases pejorativas do tipo que refletem o pessimismo, a falta de credibilidade no país e a baixa autoestima do povo brasileiro.
Na minha época de estudante universitário era moda falar mal do Brasil. Elogiar o país e os brasileiros era coisa de gente reacionária, gente arcaica. A onda era avacalhar geral para mostrar que tinha espírito revolucionário e vanguardista. Essa cultura veio desde a ditadura militar e tem justificativa na sua origem. Os milicos ao instalarem a ditadura no país passaram a usar um discurso ufanista para mostrar ao povo que agora, sob o controle dos militares tudo era "ordem, progresso e prosperidade". Na realidade não era nada disso. O povo estava sofrendo, reprimido, violentado e sem poder reagir. Os que reagiam eram presos, torturados, expulsos do país ou mortos. A melhor forma de reagir contra esse sistema opressor era contrapor a ideologia imposta pela ditadura e mostrar que o Brasil não era nada disso não. Daí surge o pensamento de crítica, de revolta e até as pichações. Falar mal do país era falar mal do sistema. Era uma forma de desabafo, de soltar o grito sufocado no peito.
Graças a luta de bravos combatentes vencemos a ditadura após 20 longos anos. Só que os resquícios ficaram. O sistema ideológico foi tão forte que ainda há quem defenda o comando militar como forma de restabelecer a ordem. A revolta ficou plantada no peito de tal forma quer ainda denegrimos a imagem do Brasil e do povo brasileiro para protestar contra alguma coisa.
Quando passei 40 dias na Europa (desses, 30 dias foram andando a pés de Saint Jean-Pied-de-Port na França até Santiago de Compostela na Espanha), tive a oportunidade de vivenciar de perto a cultura, a política, a economia e a história de parte da velha Europa, especialmente da Espanha, um país desenvolvido de primeiro mundo. Com 504.030Km² de território, a Espanha é o 2º maior país Europeu depois da França. Sua população atual é de 47.19 milhões de habitantes. Enquanto o Brasil tem 513 anos de História, a Espanha já é uma velha senhora com mais de 35 mil anos desde que os primeiros habitantes pisaram na Península Ibérica, atual território espanhol. Portanto, tudo lá já está consolidado.
Atualmente a Espanha vive uma de suas piores crises econômicas. Após a ditadura de Franco o país experimentou um longo período de democracia e estabilidade econômica. Agora com a crise que assola todo o continente europeu, a Espanha vive seus piores dias. Com cerca de 6 milhões de desempregados (27% da população ativa) os espanhóis não encontram saída a curto ou médio prazo. Pobre povo espanhol! Acostumados com o luxo, a estabilidade, a ostentação e com o contínuo crescimento da economia, não estão sabendo como enfrentar essa realidade. Imagine um pai de família bem sucedido, com casas, empresas lucrativas e muitos investimentos. De repente descobre que não tem mais nada. Tudo agora pertence ao banco e se vê obrigado a abandonar a casa e ir morar na rua com a família. Não é exagero. Está acontecendo muito na Espanha. Muitos estão se suicidando, outros estão fugindo para os países com novas possibilidades como o Brasil. Engraçado! Há uns anos atrás o sonho do brasileiro era se mudar para a Espanha, agora se inverteu. Os brasileiros -que são milhares- que moram na Espanha sonham em voltar ao Brasil e não conseguem.
Durante a minha Odisseia pelo Caminho de Santiago observei muito, conversei com muitos espanhóis. Sempre que chegava a uma cidade grande pegava um táxi e saia conhecendo os lugares e batendo papo com o motorista. Em qualquer lugar do mundo taxista é o ser mais bem informado que já vi. Nessa minha pesquisa, nas minhas andanças descobri que o povo brasileiro é um valoroso povo guerreiro, criativo, perspicaz, cativante, inteligente, hospitaleiro e feliz. Que saudade senti do meu país, da minha gente!
Pobres espanhóis!
Na próxima terça continua: o Brasileiro é o cara! O Brasil é o máximo!
Na verdade isto pode se resumir da seguinte maneira: o Brasil ainda não se descobriu; o brasileiro ainda não se conhece.
ResponderExcluirSão apenas 513 anos... um dia a gente chega lá.