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segunda-feira, 31 de julho de 2017

OS BRUTOS TAMBÉM MAMAM?

O abestado do pisca-alerta


Alguma coisa acontece no meu coração. É quase ódio, como diria o Paulo Bemerguy, meu mano. O “quase”, aqui, é a gaveta do arrependimento diante do pecado. O “ódio” é apenas uma permissão ao exagero, meu tempero. Tudo isso por causa do irritante trânsito em Belém. Dos intransigentes motoristas. Dos tresloucados recalcitrantes. Dos recalcados trafegantes. De alguns patetas em forma de gente.


É fértil o terreno do estresse no asfalto. Daria tábuas e tábuas de dez xingamentos. Mas quero apenas tratar de um personagem, uma só erva daninha. Meucalo. Euvouchamá-loassim: “OAbestadodoPisca-Alerta”. Antes, um flashback.

Em 1993, Joel Scumacher, um diretor de cinema que tem a cara do Gabeira misturada com a do Itamar Franco, com um olhar de Zilka Salaberry, fez uma obra-prima: “Um dia de fúria”. Eu já gostava dele, por causa de: “Os Garotos Perdidos”, com Jim Morrison emoldurado na caverna dos vampiros!

“Um dia de fúria” revela o drama de um cidadão à beira de um ataque de nervos. O momento da explosão. A bomba-agá da intolerância no paradoxo deste mundo repleto de soluções com mania de problema. Shumacher cutuca as feridas da sociedade fast-foda-se. É um filme violento. Sem adornos, embora tolinho no final. Tudo no filme, a trilha, os enquadramentos, a fotografia, o tríplice conflito, a opção pelo travelling, a escolha de Robert Duvall (a quem admiro) em contraponto ao Michael Douglas (de quem nem gosto), a opção por Los angeles, a caricatura da leseira americana, tudo foi desenhado como uma espiral concêntrica, que conduzisse a trama ao suicídio. O drama do avesso. A realidade na veia aberta da ficção. O ralo.

Sinto na pele, primeiro às 18h e depois às 22h, o encosto do William Foster, o cara vivido por Douglas, aquele que chuta o balde, enforca o pau da barraca e espanca a gota d’água ao se aborrecer nos percalços do trânsito de uma cidade civilizada, virando lobo, fera e monstro. Não vou virar cavalo do cão. Mas não sou imune à vontade. Quem nunca desejou matar, estrangular, esquartejar, bicudar um motorista barbeiro ou boçal? Pensar não machuca. Nesses horários de pico, em frente ao Cesupa da Alcindo Cacela, formam-se filas triplas. A Camila percebe minha irritação e recita o mantra:

- Paaaaai! Calma, paaaaaai...

Graças a Deus, eu sou obediente à filha. Mas a vontade, a vontade mesmo, e aqui eu abro meu coração vulnerável ao ódio, a vontade é virar Michael Douglas em “Dia de Fúria”. Em slow-motion, para ser cruel, despedaçando otários, dilacerando playboys, triturando energúmenos, fatiando filhinhos de papai e papaizinhos amamãezados, os seres que compõem um autêntico Abestado do Pisca-Alerta.

Que murmurem! Não importa que murmurem que sou ranzinza ou implicante. Mas veja: o Abestado do Pisca-Alerta é a sílaba tônica da parlemice, a flexão da rudeza, a boçalidade conjugada – o idiota em gênero, número e grau. O que me assusta é que ele se reproduz com a volúpia das baratas. Deixou de habitar apenas as portas de colégios e faculdades. Está em todo o canto, a praga, presença nojenta na rotina das cidades. É soberano, em Belém, e nos obriga à condição de súditos. Onde está Michael Douglas que não vê uma coisa dessas? O pisca-alerta só deve ser utilizado em situações de emergência. Não estou inventando: está no Código de Trânsito, artigo 251, parágrafo 1º. É lei, que se permite até exceções – não abusos. A exceção (o pisca-alerta com veículos em movimento, por exemplo) não foi feita para humilhar a regra. Mas tem uma moçada – os Abestados do Pisca-Alerta – cujo cérebro está no dedão do pé e a unha encravada na cabeça. Esses caras param no meio da rua, para jogar conversa fora, bocejar, comprar menta, mascar chiclete, fazer agá, seja na pacata Triunvirato ou na nervosa Conselheiro Furtado. Como se a rua fosse o quintal da casa deles, a garagem do raio que os parta, o esfíncter da mãe!

- Paaaaaai...

É impressionante. O pisca-alerta, para os abestados é o salvo-conduta da burrice, o passaporte da mediocridade, o carimbo da cretinice passada no cartório da insensatez. Pessoas nefastas, por que não são lançadas para além do horizonte, feitos tábuas no mar? Estacionar em fila dupla é uma grave infração de trânsito, com multa de 127 reais (não atualizei) e perda de cinco pontos na carteira. Com pisca-alerta ligado, é infração ao quadrado. Meu Deus! Onde está o Michael Douglas? Schwarzzenegger? IdiAmin Dadá? Incrível Hulk? Saroquinha!

O Abestado do Pisca-Alerta, pretenso dono das ruas, estaciona onde quer, atrapalha quem bem entende, é um revival do antropocêntrico. A empingem do trânsito, roendo a paciência alheia. Não tem noção de cidadania. É estúpido, grosseiro, intransigente, leso trouxa, canalha, babaca, pilantra, pacóvio, covarde, parvo, imbecil, pamonha. Filho da p...!

- Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai!

Eu me pergunto qual o problema desses brutos. Não foram amamentados? Roeram caroço de pupunha? Devia haver, no bafômetro, um indicador de consumo de leite materno na infância. Seria proibida a carteira a quem não tenha mamado.

A Lei do Peito Livre!

Ou então, meus amigos, é melhor que se rasguem os códigos, não só o de trânsito. Imponha-se a barbárie. Elejamos Charles Bronson. Ou Duciomar, tanto faz...



Paulo Silber Gama Alves - Escritor e Jornalista

quinta-feira, 27 de julho de 2017

COLUNA DO LEITOR - INOCENTES OU IMBECIS?

AVANÇAR NA FAIXA DE PEDESTRE, NÃO DAR SETA E MUITO MAIS.


Por Alípio Mário Ribeiro*

(VINTE MINUTOS ANDANDO PELA CIDADE, MAIS DE 10 INFRAÇÕES REGISTRADAS!)

As atitudes irracionais tomadas por pessoas no dia-a-dia podem ser interpretadas como atitudes inocentes, por falta de conhecimento e treinamento, ou como imbecilidade? É possível agir irracionalmente com razão?
Vi várias reclamações nas redes sociais sobre motoristas que dirigem seus veículos na pista esquerda (em ruas de pista dupla na mesma direção), devagar, atrapalhando aqueles que querem ir mais rápido e dentro do limite de velocidade. Será que eles não sabem que têm de deixar a pista esquerda livre para ultrapassagem? São inocentes (compraram a carteira de motorista e desconhecem as leis de trânsito) ou são imbecis? Pior são os motociclistas! Como são atrevidos e infratores! Por isto são os que mais sofrem com os acidentes que eles mesmos provocam!
O brasileiro é passivo? Não gosta de reclamar? Como mudar isto?
Creio que uma fiscalização rígida e rotineira mudaria muita coisa. Os agentes de trânsito, por exemplo, poderiam rodar pelas ruas multando aqueles que estacionam nas esquinas, nas vagas preferenciais, nas calçadas, que trafegam na contramão! Basta uma ronda nos horários de pico de bares e restaurantes para ver o tanto de infratores. Eles debocham do estado. Sei que existem câmeras pela cidade. A lei permite que se multem os infratores baseado nas imagens desta câmeras. Será que estão multando? É frequente ver motoristas trafegando pela PA 275 no centro da Cidade Nova, que, simplesmente, param seus veículos, esperando para virar à esquerda ou à direita, infringindo a lei e cruzando a faixa dupla. Basta ficar 05 minutos nas esquinas das ruas 10, 11 e 16 com a PA. As placas juntos aos semáforos são claras! Proibido virara ä esquerda/direita. Mas eles não dão a mínima! E depois do viaduto então? E as paradas de ônibus e vans? Estão tomadas por veículos dos infratores que desafiam a lei!
Além dos veículos com seus motoristas imbecis, existem também os pedestres imbecis! Se um veículo trafega em marcha à ré, é obrigação do pedestre ficar atento e não atravessar pela traseira do veículo. Estou cansado de sair da garagem, de ré, e pedestres baterem no carro gritando e me ofendendo. Para que isto? Pior é que o pedestre tem certeza que é de ferro. Não usa a calçada quando ela está livre! Anda pelas ruas desafiando os veículos! É um imbecil ou um super-homem?
E a imbecilidade humana não para por aí! Quantas vezes tentei desviar de objetos, garrafas de água vazias, latas de cerveja, pedaços de frutas e vários outros objetos atirados por passageiros de dentro de ônibus, vans e outros veículos? Outro dia um motorista filho de uma boa mãe atirou uma guimba de cigarro que caiu dentro do meu carro. Eu sempre ando com os vidros do carro fechados. Mas um passageiro abriu o vidro traseiro justamente no momento que o imbecil atirou a guimba! Foi um Deus nos acuda! Serviu de lição para meu amigo passageiro, mas ninguém deu uma lição no imbecil do motorista!
Eu já cometi atos imbecis! Depois de estacionar, abri a porta do carro sem olhar antes para trás e checar se vinha algum veículo. Um ciclista me acertou em cheio. Machuquei a perna e tive que aguentar, calado, os xingamentos do sujeito! E se fosse uma moto, um carro? Nem vou contar sobre aqueles que dirigem olhando o celular! É tão comum! Quantas vezes acompanhei e filmei motociclistas guiando suas motos e mexendo no celular! São kamikazes? Querem morrer?
Quem ainda não presenciou crianças pilotando motos por aí? E adultos carregando crianças, bebês nas motos? Será que os imbecis não percebem que podem cegar os pequeninos? Se a poeira e os grãos de areia machucam os olhos até de quem caminha pelas ruas, imagina os olhos dos anjinhos inocentes na parte frontal das motos? Este tipo de infração tem que ser combatido com rigor!
Há que se tomar uma atitude. O "sem noção”" da rede globo já publica imagens e videos de imbecis no trânsito. Então. Fotografem tudo! Enviem para o órgão de trânsito responsável. Aliás, aqui em Parauapebas, o DMTT deveria criar um número numa rede social para receber as denúncias através de imagens e videos!
Uma coisa eu sei que faço: furo pneus e risco carros que estacionam em frente à minha garagem! Se é para ser um imbecil, que arque com as consequências da imbecilidade! Incluo-me!
E você? Quantos imbecis já encontrou hoje?

*Advogado e professor

terça-feira, 25 de julho de 2017

25 DE JULHO - DIA NACIONAL DO ESCRITOR

Esta data celebra as pessoas dedicadas às palavras escritas. Sejam nos textos científicos ou fictícios, os escritores precisam ter a grande habilidade de entreter os leitores e, para isso, é necessário um vasto conhecimento de vocabulários, da gramática e ortografia, além de uma boa dose de criatividade e conhecimentos gerais do mundo.
A nível internacional, os escritores são homenageados em 13 de outubro, data conhecida como o Dia Mundial do Escritor.

Origem do Dia Nacional do Escritor

A ideia de homenagear todos os escritores no dia 25 de julho surgiu a partir do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado na década de 1960 pela União Brasileira de Escritores, sob a presidência de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, um dos principais nomes da literatura nacional.

Frases para o Dia do Escritor

"Escrever é estar no extremo de si mesmo" (João Cabral de Melo Neto)
“Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.” (Carlos Drummond de Andrade)
“Quando os escritores morrem, eles se transformam nos seus livros. O que, pensando bem, não deixa de ser uma forma interessante de reencarnação.” (Jorge Luis Borges)
“O mais belo triunfo do escritor é fazer pensar os que podem pensar.” (Eugène Delacroix).
Fonte: www.calendarr.com

segunda-feira, 24 de julho de 2017

O SILÊNCIO DOS PATINHOS AMARELOS

Selecionei uma matéria que achei bastante pertinente para o momento atual. Acrescento aqui que o silêncio não é apenas fadiga como destaca um jornal alemão, mas trata-se precisamente de uma vergonha dos que entenderam que foram usados, manipulados e depois cuspidos pela engrenagem do poder. Muitos perceberam que caíram no golpe da promessa de que tudo iria melhorar, e agora entenderam que tudo não passava de uma manobra descarada capitaneada pela FIESP, Rede Globo, Temer, Cunha, Aécio e seus asseclas.

Porém, mesmo vendo que foram enganados, manipulados, muitos foram tão afetados que ainda continuam repetindo o mantra com o qual foram adestrados: "a culpa é do PT", "Petralhas", "chola não", "é tudo igual mesmo..."

A manipulação mental foi tão forte que a galera do patinho amarelo e as paneleiras, mantém uma indignação seletiva. Não importa o Aécio ser flagrado pedindo $2 milhões para o Joeslei Batista, não importa o ex-deputado Rocha Loures ser flagrado correndo com malas de dinheiro, não importa o Temer ser flagrado em escuta telefônica dando ordens para pagar o Cunha para ficar calado, não importa o Aécio ser flagrado dizendo "tem que ser alguém que a gente mata antes de delatar", não importa o STF ter soltado os corruptos flagrados e ter garantido o mandato do Aécio, que por sua vez foi pego em grampo telefônico dando ordens a Gilmar Mendes - do STF, nada importa para os patinhos adestrados. A única coisa que importa para essa massa é a condenação do Lula e a destruição do PT.

Leia a matéria, mas só se você ainda não foi atingido pelo feitiço do patinho. Senão, esqueça. Melhor continuar nas redes sociais sendo útil aos corruptos.


O silêncio das ruas do Brasil


Impopular, suspeito de corrupção e à frente de controversas reformas, Michel Temer tem sido poupado de grandes manifestações. O que está por trás da atual passividade dos brasileiros?


Um presidente extremamente impopular que tenta aprovar reformas rejeitadas pela maioria da população; escândalos de corrupção envolvendo diretamente o próprio ocupante do Planalto; economia que dá sinais apenas tímidos de recuperação; apoio parlamentar sendo largamente negociado com verbas e loteamento de cargos; pesquisas que apontam que a maioria da população deseja eleições diretas. 

Diante de cenários com bem menos elementos, os ex-presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff tiveram que enfrentar multidões que foram às ruas do Brasil para pedir suas cabeças.

Por que então Michel Temer, que foi gravado em uma conversa comprometedora com um empresário e amarga popularidade de apenas 7% (segundo último levantamento do Datafolha) não está sofrendo com grandes protestos tal como ocorreu com seus antecessores?

Temer enfrentou em seu governo algumas manifestações convocadas por centrais sindicais contra as reformas ou concentrações de apoio à Lava Jato. Mas todas as iniciativas tiveram adesão que ficou longe dos números registrados ao longo de 2015 e início de 2016. Uma greve geral organizada no final de junho acabou sendo um evento esvaziado, mesmo após a apresentação da denúncia criminal contra o presidente. Mais de 2.500 policiais foram convocados para acompanhar manifestantes em Brasília, mas pouca gente apareceu. 

O mesmo se repetiu nos dias do julgamento da Chapa Dilma-Temer pela Justiça Eleitoral, no julgamento pelo Supremo sobre a permanência de Edson Fachin como relator da delação da JBS e após a divulgação do fim da força-tarefa da Polícia Federal em Curitiba que se encarregava dos casos da Lava Jato.

Fadiga?


O silêncio das ruas tem chamado a atenção da imprensa internacional. O jornal Süddeutsche Zeitung, da Alemanha, chegou a publicar em junho que é "surpreendente que não haja milhões nas ruas para exigir a saída de Temer.” Sensação de "fadiga” e "apatia” foram algumas das palavras usadas por jornais estrangeiros para explicar a passividade das ruas diante dos escândalos e da insatisfação com o governo. (...)

sábado, 22 de julho de 2017

OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA...

O local mais seguro para um navio é o porto onde ele está fundeado. Mas não é para portos que se constroem navios.
O lugar mais seguro para um automóvel é a garagem, onde ele fica guardado. Porém, não é para as garagens que se fabricam carros.
O melhor lugar para um bebê que se gera ou para uma criança que nasce é o ventre da mãe ou os braços do pai. Entretanto, não é para ficar vitalícia e umbilicalmente no ventre da mãe nem permanentemente debaixo das vistas do pai que se geram filhos.
Apesar de ali estarem seguros, não é para portos, mas sim para os mares, que navios são construídos. É para a probabilidade da tempestade, é para a possibilidade da bonança, é para a certeza da viagem que navios são feitos e são lançados à água e singram mares já ou nunca dantes navegados.
Navios são feitos porque os mares, e não os portos, existem.
Também é para roer distâncias, encurtar tempos, transportar pessoas e coisas em velocidade, mas sobretudo com segurança, que se fazem carros. Eles são para as ruas e estradas, pois das vielas e becos cuidam nossos pés.
É porque (ainda) existem espaços para trafegar, e não garagens para guardar, que se industrializam carros.
É para a vida, para o mundo, para a certeza das buscas e incerteza do encontro, que se geram filhos. Sobre eles, pais, no máximo, têm autoridade, não propriedade.
É urgente e preciso organizar as pessoas para que elas organizem, para melhor, nossa cidade, estado, o país, o mundo. Abrir não o leque que espalhe um arzinho de conforto, mas um fole, que resfolegue, que crie, espalhe e trabalhe também o desconforto, donde poderão sobrevir respostas e realidades.
O desconforto, o incômodo podem ser criativos e deles pode sair muita coisa boa.
É do desconforto, da irritação da ostra que nasce a preciosidade da pérola. (Grãos de areia e pequenos seres invasores chegam ao interior da ostra, que se irrita com isso e, para se proteger do "ataque", produz uma substância calcária -- o nácar -- que vai cobrindo o corpo agressor em camadas. Três anos depois, a pérola está formada.)
Não é um elogio às dificuldades nem à infelicidade. Nada disso. Mas, se ocorrer, quando ocorrer, faça da situação difícil algo bom. E aprenda com a Mãe natureza:
Ostra feliz não produz pérolas.

EDMILSON SANCHES
edmilsonsanches@uol.com.br
www.edmilsonsanches.com

sexta-feira, 14 de julho de 2017

COLUNA DO LEITOR - NÃO HÁ CADEIA SUFICIENTE PARA LULA

Texto sugerido pelo leitor Antonio Alves dos Santos
Por Prof. Dr. Perci Coelho de Sousa - UNB.

Não há cadeia suficiente para Lula, não há construção erigida que suporte tamanha pena, que dê conta de tanto pecado. Haja grades de ferro e de aço que sejam capazes de segurar, de reter e de trancafiar tanta coisa numa só, tanta gente num só homem. Não há cadeia no mundo que seja capaz de prender a esperança, que seja capaz de calar a voz.
Porque, na cadeia de Lula, não cabe a diversidade cultural
Não cabe, na cadeia de Lula, a fome dos 40 milhões
Que antes não tinham o que comer
Não cabe a transposição do São Francisco
Que vai desaguar no sertão, encharcar a caatinga
Levar água, com quinhentos anos de atraso,
Para o povo do nordeste, o mais sofrido da nação.
Pela primeira vez na história desse país.
Pra colocar Lula na cadeia, terão que colocar também
O sorriso do menino pobre
A dignidade do povo pobre e trabalhador
E a esperança da vida que melhorou.
Ainda vai faltar lugar
Para colocar tanta Universidade
E para as centenas de Escolas Federais
Que o ‘analfabeto’ Lula inventou de inventar
Não cabem na cadeia de Lula
Os estudantes pobres das periferias
Que passaram no Enem
Nem o filho de pedreiro que virou doutor.
Não tem lugar, na cadeia de Lula,
Para os milhões de empregos criados,
(e agora sabotados)
Nem para os programas de inclusão social
Atacados por aqueles que falam em Deus
E jogam pedras na cruz.
Não cabe na cadeia de Lula
O preconceito de quem não gosta de pobre
O racismo de quem não gosta de negro
A estupidez de quem odeia gays
Índios, minorias e os movimentos sociais.
Não pode caber numa cela qualquer
A justiça social, a duras penas, conquistada.
E se mesmo assim quiserem prender
– querer é Poder (judiciário?),
Coloquem junto na cadeia:
A falta d’água de São Paulo,
E a lama de Mariana (da Vale privatizada)
O patrimônio dilapidado.
E o estado desmontado de outrora
Os 300 picaretas do Congresso
E os criadores de boatos
Pela falta de decência
E a desfaçatez de caluniar.
Pra prender o Lula tem que voltar a trancafiar o Brasil.
O complexo de vira-latas também não cabe.
Nem as panelas das sacadas de luxo
O descaso com a vida dos outros
A indiferença e falta de compaixão
A mortalidade infantil
Ou ainda (que ficou lá atrás)
Os cadáveres da fome do Brasil.
Haja delação premiada
Pra prender tanta gente de bem.
Que fura fila e transpassa pela direita
(sim, pela direita)
Do patrão da empregada, que não assina a carteira
Do que reclama do imposto que sonega
Ou que bate o ponto e vai embora.
Como poderá caber Lula na cadeia,
Se pobre não cabe em avião?
Quem só devia comer feijão
Em vez de carne, arroz, requeijão
Muito menos comprar carro,
Geladeira, fogão – Quem diz?
Que não pode andar de cabeça erguida
Depois de séculos de vida sofrida?
O prestígio mundial e o reconhecimento
Teriam que ir junto pra prisão
Afinal, (Ele é o cara!)
Os avanços conquistados não cabem também.
Querem por Lula na cadeia infecta, escura
A mesma que prendeu escravos,
‘Mulheres negras, magras crianças’
E miseráveis homens – fortes e bravos
O povo d’África arrastado
E que hoje faz a riqueza do Brasil.
Lula já foi preso, ele sabe o que é prisão.
Trancafiado nos porões da ditadura
Aquela que matou tanta gente,
Que tirou nossa liberdade
A mesma ditadura que prendeu, torturou.
Quem hoje grita nas ruas
Não gritaria nos anos de chumbo
Na democracia são valentes
Mas cordatos, calados, covardes
Quando o estado mata, bate e deforma.
Luis Inácio já foi preso,
Também Pepe Mujica e Nelson Mandela.
Quem hoje bate palmas, chora e homenageia,
Já foi omisso, saiu de lado e fez que não viu.
Não vão prender Lula de novo
Porque na cadeia não cabe
Podem odiar o operário
O pobre coitado iletrado
Que saiu de Pernambuco
Fugiu da seca e da fome
Pra conquistar o Brasil
E melhorar a vida da gente
Mas não há
Nesse mundão de meu Deus
Uma viva alma que diga
Que alguém tenha feito mais pelo povo
Do que Lula fez no Brasil.
“Não dá pra parar um rio
quando ele corre pro mar.
Não dá pra calar um Brasil,
quando ele quer cantar.”
Lula lá!

quinta-feira, 13 de julho de 2017

SÉRGIO MORO: VÍTIMA DO SEU PRÓPRIO NARCISISMO

Por Chico Almeida Xavier

A condenação do presidente Lula pelo inoxidável juiz sérgio moro (com minúsculas mesmo), foi um balde de água fria na elite reacionária corrupta que comanda esse país, bem como no seu exército de marionetes adestradas que ensaiam bordões e repetem mantras como se fossem seus.

Foram mais de 3 anos de operação Lava-jato com uma verdadeira caçada ao presidente Lula. Toda a sua vida e de sua família foi devassada violentamente. O moro junto com sua milícia formada pela Polícia Federal e seus procuradores que, pela primeira vez na história se uniram em torno de um objetivo, gastou tempo, muito dinheiro, muitas horas de exposição na mídia, muitas manchetes sensacionalistas, muitos grampos ilegais e imorais e gerou grande expectativa para os vampiros.

Após a conclusão do processo o sérgio moro ficou desesperado. Várias devassas, várias delações forçadas, várias prisões com tortura psicológica e nenhuma prova concreta contra o Lula. O procurador federal do PowerPoint, o “irmão” Deltan Dallagnol em busca desesperada pela fama e pelos holofotes criou uma nova jurisprudência: “não temos provas, mas temos convicção", o que deixou o ministério público em situação de escárnio.

Seus chefes, capitaneados pela Rede Globo, Aécio Neves e companhia, esperavam uma prisão espetacular com uma condenação de pelo menos 70 anos em regime fechado, e estão dispostos a cobrar a fatura do moro. Mesmo sem nenhuma prova concreta (e quem fala isso são os especialistas jurídicos), o moro se valeu em delações e leniências sem provas de condenados desesperados. O único que disse que tinha provas, o Hilberto Mascarenhas (chefe do setor de propinas da Odebrecht) disse que jogou o computador no mar de Miami (alguém é tão idiota o bastante para acreditar nesse conto da carochinha?).

O moro ficou em situação complicadíssima diante da enroscada que se meteu. Inocentar o presidente Lula, dizer que não há provas suficientes para uma condenação depois de todo o circo armado e de toda a expectativa dos seus chefes, seria sua sentença de “morte”, seu linchamento. Então, ele arrumou essa gambiarra que tirou o seu da reta: condenou Lula a 9 anos e seis meses de prisão, mas não mandou prendê-lo.

O juiz moro amarelou, acovardou, apequenou-se diante do cenário político que se desenhou. Ele apenas jogou o abacaxi para o Tribunal Federal da 4ª Região e lavou as mãos como Pilatos. E só para lembrar, esse Tribunal já anulou quase todas as sentenças do juiz moro por irregularidades e abusos. Portanto, o moro tem a certeza que essa sentença será anulada por não encontrar nem uma base legal, mas ficará bem com seus chefes. Dirá: “fiz minha parte heroicamente, mas os juízes superiores anularam meu trabalho". Quem sabe, depois disso, consiga se eleger a algum cargo político no Paraná?


Pobre menino moro! Foi comido pela própria vaidade e será devorado por quem o protegeu e usou-o. Pobres fantoches que tiveram suas expectativas frustradas. Os pobres até já tinham comprado a sidra para comemorar.