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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

SESSÃO DE 6 DE OUTUBRO - O BOBO DA CORTE

No fundo, Mestre Sist sabia que aquele lugar era apropriado para desnudar os mais íntimos e originais sentimentos do ser humano. Toda a personalidade, todos os desejos inconfessáveis, todas as luxúrias e ganâncias do ser humano apareciam de forma cristalina quando ele mergulhava no pântano. (Trecho do conto O Pântano Azul do livro O escorpião e a borboleta de Luiz Vieira)




Ontem (6) a sessão foi fantástica, espetacular, vibrante, hiperinteressante. Quem não foi perdeu um dos maiores espetáculos do pântano, ou melhor, da câmara. Nunca na história de Parauapebas vimos coisa igual.

Nossos artistas representaram bem os seus papéis. Desde o primeiro momento com a aprovação de dezenas de requerimentos, passando pelos discursos do grande expediente, até as explicações finais, assistimos a um primor luxuoso digno das tragédias gregas ou das grandes representações dos melhores teatros franceses.

Enquanto o Titanic afunda, a ordem é continuar a orquestra


Quem nunca assistiu o filme Titanic? Enquanto o gigantesco navio afundava, o comandante ordenava a orquestra que não parasse de tocar. Tudo para disfarçar o momento trágico e manter o glamour. No final da história, vocês sabem o que aconteceu.

No Poder Legislativo é mais ou menos assim. Os vereadores são os membros da orquestra do Titanic, representado aqui pelo Palácio Cinzento (Prefeitura). O comandante que no caso é o prefeito, sabe que vai afundar. Assim, ordena que a orquestra continue tocando para que todos morram juntos e em grande estilo. O grande problema é que quem não faz parte dessa orquestra também está sendo levado a pique. E nossos músicos tocam, tocam, tocam. Alguns com um sorriso bobo no rosto, outros com um choro reprimido. Mas todos tocam, tocam...

Enquanto o velho capitão Valmir da Integral está com suas contas bloqueadas pela justiça, nossos artistas, ou melhor, nossos vereadores fingem que nada acontece. Enchem a sessão de requerimentos pedindo ao regente da orquestra pavimentação de ruas, iluminação, pontes, etc. etc. etc. E aprovam os requerimentos mesmo sabendo que vão ter o mesmo destino dos milhares que já foram aprovados: a máquina de picar papel do chefe de gabinete. E continuam aprovando os requerimentos. Que importância tem se tudo vai virar lixo? O importante é mostrar para o povo que estão trabalhando. O importante é fazer a estatística crescer para esfregar na cara do povo. Quem sabe, dá até para fazer uma festinha paga pelo velho comandante e mostrar num telão o numero de requerimentos aprovados pelo vereador! Isso dá ibope. Isso dá voto. Então minha gente, vamos tentar bater o record de requerimentos e vamos deixar essa balela de cassar o prefeito de lado. O povo está pouco se lixando e está disposto a votar novamente nesses bravos guerreiros, desde que possa comer um pouco das migalhas desse banquete.

E por falar em banquete, os vereadores ontem foram jantar no restaurante Dom Mendonça. Um jantar merecido para comemorar a união e o clima de paz que voltou a reinar na casa de leis. Agora está tudo bem. Os rebeldes foram adestrados e estão sorrindo de orelha a orelha. Nada de brigas, nada de pedido de CPI, nada de requerimento para afastar o prefeito. Agora a harmonia e a paz reinam absoluta naquela casa. Deixe a casa cair, deixe o barco afundar. O importante é manter unidos e abocanhar um pouco do que ainda resta. Não importa se o banquete tem gosto de fezes e se o vinho tem gosto de sangue. Façamos um brinde e esqueçamos a realidade. E o povo? Ora, o povo. Dane-se!

O vice líder de governo


Um momento da sessão chamou a atenção de todos. No grande expediente, quando 4 vereadores normalmente discursam usando o tempo de 10 minutos cada, o Massud, Charles e Eliene discursaram pela oposição. Numa espécie de combinado secreto, fora de qualquer artigo regimental, o líder de governo sempre fala por último. Assim fez o eterno suplente Zacarias. Com 6 minutos de discurso, o vereador Bruno Soares pediu um aparte e falou os 4 minutos restantes num claro tom de ataque a oposição e defesa do velho Valmir. O Zaca ficou olhando com aquela cara de "tá querendo comer meu bandeco hem menino!". No final, o Zacarias devolveu a palavra ao presidente e fez cara de paisagem. Agora não entendi mais nada.

E assim termina mais um episódio desse nosso glamouroso teatro digno de aplausos. Aplausos, aplausos, aplausos. Convido toda a imprensa a exaltar nossos nobres vereadores que merecem toda pompa e circunstância.

6 comentários:

  1. Luiz, Nem todos os vereadores foram nesse jantar! A vereadora Eliene não participou!

    Soraya Corrêa

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  2. "Enquanto o Titanic afunda, a orquestra toca" - e a corte continua com seus bobos! Como é cara de paisagem?

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  3. Para que fique bem claro o Vereador Dr Charles não participou desse jantar!
    O mesmo segue firme acreditando que pode fazer diferente tem mantido sua posição e lutado com todas as suas forças para fazer o seu melhor por nossa população,e as pessoas que tem acompanhado as sessões na Câmara Municipal de Parauapebas estão cientes de que Charles faz o diferencial,o mesmo é um Vereador independente,atuante,polêmico e tem a coragem de concordar com oque considera certo e discordar do que considera que esteja errado.O mesmo não comunga com o opinião da maioria e tem feito com muita determinação seu papel de fiscal do povo,trabalhando incansavelmente para que nossa cidade tome o melhor rumo para todos nós!

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  4. Respostas
    1. A Joelma é a única que escapa na câmara. Por enquanto

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