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quinta-feira, 16 de julho de 2015

COLUNA DO LEITOR - Aluno espanca professora após ser punido por explodir um mictório

Por: José O. Zelão V. Reis*
 
A manchete é chamativa e chocante, um prato cheio para os defensores da redução da maioridade penal. Todos dirão: “é um marginal que deve ser tirado do convívio familiar e social (entenda-se é um bandido perigoso que deve ser encarcerado)”.
Lendo o artigo (abaixo), o leitor mais atento logo perceberá que não há nenhuma imparcialidade por parte do informante, apenas que o referido jovem era um “aluno problema” e que já havia sido chamado a atenção várias vezes, inclusive com o conhecimento de seus familiares. Ora, aluno problema deve ser tratado como aluno problema, e o problema deve ser resolvido conforme a sua gravidade. O encarceramento resolve ou agrava o problema? Resolve para quem?
Explodir o mictório da escola, agredir o professor e/ou a diretora porque vai ser punido pelo seu ato agressivo não é atitude comum, correta e nem corriqueira de nenhum ser humano em suas faculdades normais; mas é preciso entender o que levou este jovem, juntamente com os seus colegas a tal ato. Geralmente se procuram respostas pelo caminho mais cômodo e sempre criminalizando o dito “infrator” e a sua classe e condição social: é de família desestruturada, é usuário de droga, é membro de gang, é morador de periferia  e por aí vai. Se é ou deixa de ser, nunca se vão aos fatos de fato: qual o “modelo” de família estruturada, o quê o levou a ser usuário de droga e membro de gang? Poderíamos ir mais além: que tipo de incentivo e/ou benefício social este jovem encontra no seu bairro/comunidade para que possa ter uma “família estruturada” e, em tese, evitar vir a cometer atos violentos? É notado que na grande maioria dos bairros periféricos de nossas cidades, além da falta de oportunidade para o trabalho, o jovem também não tem incentivo e nem espaço para o lazer, a prática de esportes saudáveis e menos ainda o acesso à cultura; sem contar que as escolas são ambientes inóspitos e os professores que se encorajam a trabalhar ali não são os melhores preparados – pedagógica e psicologicamente falando -, além de serem mal remunerados. Em síntese, nesses bairros, salvo raras exceções, a presença do Estado se reduz à presença da polícia – quase sempre corrupta e sempre violenta. Ainda assim não se justifica a atitude desse jovem em explodir o mictório da escola junto com seus colegas e depois, individualmente, agredir a diretora.  Deve ser punido sim, pelo vandalismo, por destruir um bem público e pela agressão física à sua superiora, que acima de tudo é um ser humano. Porém, o que se discute é a forma e não o tipo de punição. E se por acaso esse jovem for filho de um empresário, de um político influente da cidade ou mesmo de um agente da polícia ou do judiciário, o que diriam do seu vandalismo seguido de agressão à diretora? Com certeza não diriam que ele é um delinquente juvenil, um marginal ou outro adjetivo do gênero. Num esforço frenético de seus familiares, já que o fato não foi noticiado na mídia convencional, mas sim através das redes sociais, via internet, o que teria acontecido foi “um ataque de fúria, seguido de arrependimento e depressão do ‘garoto’”; “ele está passando por dificuldades psicoemocionais, por isso perdeu o controle”, etc; ou, mesmo a mídia mais radical diria: “é um rebelde sem causa”. Viram só a “lógica” das coisas? É justamente isto o que acontece. Apenas um exemplo para ilustrar este absurdo: O que aconteceu com o playboy Tor Batista, filho do ex-milionário Eike Batista? Nada, absolutamente nada – continua nas farras e em alta velocidade.
Senhores ILUMINADOS (congressistas e jurista), neste momento em que o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – completa 25 anos, tornando-se absolutamente MAIOR DE IDADE, em vez de fazer proselitismo político para parte de um povo que infelizmente vive na ignorância e outra parte que quer o povo na miséria, é mais que oportuno repensar todo o sistema – político, jurídico, econômico, educacional e principalmente prisional. Reduzir a maioridade penal e construir mais presídios para encarcerar “jovens infratores” não trás mais saúde, mais educação, mais emprego, mais qualidade de vida para a população e muito menos reduz a violência. É hora de construir novos paradigmas e principalmente pensar e praticar uma educação que realmente educa. A lógica é clara e evidente: se houver mais educação haverá menos prisão.

*Pedagogo e educador ambiental. Parauapebas.

O artigo a seguir mostra um caso isolado de vandalismo e violência juvenil, porém não menos preocupante. É referente ao título e que motivou este texto (acima). 

Mais uma história triste para a conta do Brasil, a pátria educadora. No país que fiz focar seus investimentos na educação dos jovens, a professora Carla Valéria de Oliveira, 41 anos, que leciona em Aracaju, no Sergipe, é a prova de que as coisas vão mal. Ela foi espancada por um de seus alunos, de apenas 16 anos.

O caso começou quando um grupo de alunos estourou um mictório com bombas de festa junina. A escola apurou para descobrir quem eram os autores do vandalismo e, entre eles, estava o adolescente acusado de agressão. Carla, que também é diretora na Escola Estadual Senador Lourival Fontes, então, foi alvo do aluno enfurecido com a punição que receberia.

“Ele [aluno] ficou sabendo que ia ser expulso. Então veio cantando uma música violenta, Falou eu saio, mas eu lhe mato. Partiu para cima. Deu o primeiro murro e eu caí. E me socou, vários murros. A cabeça batia muito na parede e eu só conseguia gritar pedindo socorro. Uma colega passou por ele depois e ele disse: a diretora está morta. Essa era a vontade dele. Dá medo ser professor hoje em dia”, relatou Carla a uma rádio local.

Carla, agora, desistiu de sua escola. Assustada e com medo de que a cena se repita, ela pediu transferência. Como alerta, avisa que o grande problema do colégio é o consumo de drogas internamente, que ela tentou combater em vão. O aluno que a agrediu, segundo ela, já havia sido alvo de diversas conversas, inclusive com sua família, sobre comportamento inadequado.
Extraído do yahoo.
 
   

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