Sessão de 29 de outubro - Parauapebas agoniza

Presença de servidores usando crachá da prefeitura

Na sessão dessa terça feira a Câmara estava tão lotada que dava gosto de ver. Só na sessão de posse tivemos um público tão grande como o de ontem. Seria maravilhoso se fosse um público espontâneo, mas não é bem assim. Como anunciei aqui na semana passada foi condição do novo líder do governo que o prefeito convocasse servidores para dar apoio a base governista nas sessões. Na primeira sessão da nova liderança que foi na semana passada todos perceberam essa novidade. Ontem foi o ápice. Um exagero escancarado. Servidores da prefeitura devidamente acompanhados por seus chefes que estavam ali para garantir o cumprimento integral da ordem. Dava para observar em seus semblantes o constrangimento e a contrariedade por estarem ali. Muitos até esqueceram de tirar os crachás ou deixaram de propósito como forma de protesto como me confidenciou uma servidora da SEMAS.

Os vereadores Miquinha e Eliene Soares denunciaram esse abuso. Consideraram isso um fato grave e abusivo. Ambos parabenizaram o vereador Charles por nunca ter utilizado essa prática de coronel durante sua gestão como líder. Odilom rebateu as críticas afirmando que desconhecia o fato de secretários estarem obrigando servidores a participarem das sessões. "Se antes eles não vinham é que não eram convidados", afirmou o vereador. De qualquer forma, a presença massiva de ontem demonstrou uma mudança repentina de comportamento que não é normal. Mas milagres acontecem! Quem sabe se de repente todos aceitaram o convite e espontaneamente  resolveram participar? Vamos monitorar essa participação nas próximas sessões.

Não tenho nada contra servidores participarem das sessões. Muito pelo contrário! Acho um gesto muito bonito, uma demonstração de cidadania. Porém, essa participação tem que ser espontânea e nunca imposta. Vale a pena os vereadores de oposição dar uma conferida na folha de pagamento da prefeitura para ver o contraponto dessa estratégia. Coagir servidor público a realizar qualquer tipo de atividade fora da natureza do trabalho é manipulação política. Uma prática abominável. 

E a suplementação orçamentária? Já virou novela mexicana. Ao que tudo indica a base governista não conseguiu chegar a um acordo com o Valmir. Afinal dar de bandeja 600 milhões para o prefeito gastar até dezembro em pleno inicio de inverno. Depois que o prefeito torrou mais de 1 bilhão sem demonstrar sequer uma obra será preciso muita coragem e "argumento" para aprovar mais essa suplementação. No fundo desconfio que a suplementação servirá apenas para o Prefeito pagar as dívidas contraídas sem os devidos processos licitatórios. Pensem bem comigo: que obras daria tempo de fazer com 600 milhões até dezembro (dois meses) e ainda mais com o início do inverno? Até para pagar servidores ele pediu suplementação, sendo que o primeiro orçamento daria de sobra. Isso explica o inchaço da folha. Isso explica o ato desesperado de obrigar servidores a participarem das sessões. 

A situação é crítica. Muito crítica. Com esse descontrole orçamentário, com a falta de gestão e com o abandono das instituições públicas Parauapebas agoniza. Antes eu via uma luz no fim do túnel. Agora vejo um túnel no fim da escuridão. 

Mas nem tudo está perdido. Ainda temos na Câmara bons vereadores que não vão se conformarem a ficar assistindo o barco afundar.