Quando eu tinha uns 15 anos li um romance que nem me lembro o título, mas a história ficou gravada em minha mente. Era uma história sobre uma experiência da CIA para produzir um soldado perfeito para a guerra. Esse soldado não sentia dor, remorso e qualquer ferimento se curava e cicatrizava instantaneamente. Óleo fervendo em sua pele, perfuração a bala ou a faca, nada lhe incomodaria.
Um dia esse cobaia fugiu do laboratório antes que os cientistas programassem o seu cérebro para só cumprir ordens dos seus superiores. Agora a CIA tinha um problema: um super soldado imbatível e perigoso estava a solta pelas ruas sem nenhum controle. A experiência tinha fugido dos propósitos e o cobaia era um homem extremamente perigoso disposto a usar seus super poderes para propósitos de vingança.
Esse cobaia saiu pelas ruas soltando o terror. Se vingou de todos os seus desafetos e fez todas as atrocidades que se pode imaginar. Um dia resolveu acertar as contas com um ex amigo (ex amigo é o bicho mais perigoso que já vi). Invadiu sua casa e dominou sua esposa e filha. Quando o ex amigo chegou deparou com a cena e reconheceu seu amigo de infância.
Ao tentar livrar sua família das garras do facínora, o refém apelou para as boas lembranças do tempo de criança e para os melhores sentimentos. Disse: "eu sei que você não é mal, apenas sofreu algumas decepções. Éramos amigos, brincamos juntos, frequentamos a igreja juntos, dividimos sonhos. Sei que no fundo você ainda tem um bom coração e não será capaz de nos fazer mal".
Com um sorriso sádico o cobaia assassino respondeu: "sem essa de bom coração. Isso é baboseira. O ser humano nasceu para o mal. Somos todos psicopatas perigosos. A diferença entre nós é que eu tenho a oportunidade de me vingar dos meus inimigos e tenho coragem para isso. Vai me dizer que você nunca teve vontade de estrangular alguém? Se tivesse oportunidade você me estrangularia agora." E continuou a sua linha de argumentação: "lembra quando éramos crianças? Qual a nossa brincadeira preferida? Lembra que você me ensinou a torrar formigas usando uma lupa contra o sol? De forma inocente matávamos as pobres criaturas com prazer. E quando brincávamos de médico usando os ratinhos brancos como cobaias, lembra? Quantos nós já operamos e enterramos no quintal? E aquele acidente que o nosso vizinho ficou despedaçado sob as rodas de um caminhão? Lembra quanta gente se aglomerou para ver os pedaços ensanguentados? É meu amigo, sinto muito, mas eu, você, todos somos cruéis. A diferença é que uns não tem a chance de desenvolver essa crueldade. O ser humano prefere a desgraça do que a glória. ´Basta olhar o que vende mais jornal, o que dá mais audiência nas Tv's. A violência, o terror e a iniquidade chamam mais a atenção do que as coisas boas. A humanidade é cruel por natureza", finalizou o facínora.
Não vou contar o fim da história, mas aproveito esse romance para fazer uma reflexão. Será que existe um fundo de verdade nisso? Será que gostamos mesmo de desgraça? Fico observando quando o povo reclama dos políticos corruptos, mas na eleição vota neles. Vejo tanta gente boa que se sente sozinha no mundo porque suas ideias não convencem e são consideradas ultrapassadas, caretas. Conheço políticos honestos que resolveram "aderir" ao sistema por ver inútil a sua luta, por não encontrar aliados. Vejo bons livros e bons textos esquecidos nas prateleiras por falta de pessoas que os valorizem, enquanto pessoas compram lixos literários. Vejo compositores de mente privilegiada se renderem ao lixo musical simplesmente para não morrerem de fome. Música com letra e boa melodia não vende. Parece que estamos invertendo os valores.
Um exemplo claro do que estou falando é esse Blog. Sempre que escrevo sobre o lixo político, sempre que exponho as mazelas do nosso meio tenho um enorme acréscimo de acesso. Basta escrever algo mais suave, a audiência cai vertiginosamente. Vejam a sessão da Câmara dos Vereadores do dia 08 de outubro onde incomodei alguns vereadores e os mesmos resolveram me atacar! No dia 09 respondi a altura e o acesso ao Blog saltou de 300 para 1048. Hoje estou mais light e até fui elogiado por 03 vereadores na sessão do dia 15 de outubro e tive 523 acessos até esse horário. Ou seja: para esse Blog é mais interessante ser xingado do que elogiado.
Não estou buscando audiência, mas me incomoda muito ter que expor o lixo e as mazelas da nossa sociedade. Vivemos num circo de hipocrisia e sempre haverá plateia para quem quiser mostrar sangue e tragédia. Também sempre haverá quem se submeta a uma linha editorial duvidosa e sensacionalista simplesmente para ganhar mais audiência.
Não sei até onde vale a pena expor essas mazelas e denunciar as falcatruas se nas eleições o mal quase sempre vence com o voto legítimo do povo. A corrupção, o crime, a bandidagem, o trambique são mais sedutores aos olhos do povo do que as boas práticas.
Será que o cobaia da CIA do romance de ficção tinha razão?
Luiz quando li o seu texto fiquei preocupado. É impressão minha ou você está pensando em mudar o teor do seu Blog? Não faça isso pois o que há de melhor são seus textos políticos. Conheço muita gente que acessa o seu Blog e se tornou fã pela forma como você aborda esses temas de forma direta e verdadeira. Continue nos brindando com suas denúncias. Não se intimide e nem desista. Precisamos disso para esclarecer a sociedade sobre essas canalhices que acontecem no meio político.
ResponderExcluirRealmente é preciso ter estômago de urubu para falar da política de Parauapebas. Cada dia fica pior. Quando vejo os mesmos corruptos de sempre se dando bem da vontade de rasgar meu título e cair fora dessa podridão. O pior é que o povo sempre vota nesses miseráveis em troca de uma esmola. Tenho certeza que o Bruno, a Elieni, o Zé Arenes não vão aguentar muito tempo. Olhe o Miquinhas, era até gente boa mas já se desiludiu e preferiu se unir ao sombra.
ResponderExcluirAs mazelas devem ser expostas sim, porém, de forma verdadeira, com comprovação dos fatos e sem intenção sensacionalista. Isto você faz bem e é isto o que importa. Os que se incomodam é porque praticam as mazelas, então devem mudar de postura. Esta é a sua contribuição para a sociedade - entre outras.
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