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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

RETROSPECTIVA 2015 - PARTE I


Dr. Jackson, Presidente da OAB - Parauapebas: mais uma vítima da bestialidade, da corrupção e da impunidade. Até quando vamos tolerar pacificamente? Até quando vamos ficar em silêncio? Quantos ainda terão que perder a vida para essa cidade acordar?

O silêncio é a forma mais estúpida de mostrarmos a nossa conivência e cumplicidade.



A besta e a fera

Tenho ouvido de muitos amigos que aqui no Pará, especialmente em Parauapebas, não existe lei e quem morre logo será esquecido pelo descaso das autoridades e da justiça. Muitos falam que não vale a pena lutar contra as injustiças, contra a corrupção ou mesmo contra a violência, pois aqui fala mais alto a lei da pistolagem, da barbárie. "Um cara te dá um tiro no meio da rua, simula um assalto, simula um acidente, e pronto, fica por isso mesmo. Só quem perde é sua família", disse um amigo. Respondo sempre o seguinte: "melhor morrer como um homem do que viver como um rato".
  
A morte do Dr. Jackson foi anunciada aos quatro ventos. Ele próprio fez a denúncia nos órgãos competentes reforçado pela respeitada OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Mesmo assim foi brutalmente assassinado. Seus algozes confiaram tanto na impunidade que não tiveram nem uma precaução. Apenas deixaram passar um tempo para esfriar o clamor que houve após as mortes do advogado Décio e do líder comunitário "Grande". Fizeram como fazem os assassinos profissionais: deram um tempo para que a vítima baixasse a guarda e se descuidasse.

Aqui não estou acusando ninguém, apenas discorrendo e analisando os fatos. Talvez a morte do Jackson não tenha nada a ver com as denúncias e as ações jurídicas que ele movia contra agentes públicos. Talvez tenha sido mesmo um assalto como muitos se apressaram em divulgar. (Em Manaus os assaltantes tem o hábito de andar pelas ruas com escopeta calibre 12 sem serem importunados pela polícia. Há, há, há). Talvez tenha sido uma fatalidade, um mal entendido, um acerto de contas, ou dezenas de outras possibilidades. Talvez. Tudo pode ter acontecido. 
  
"Os assassinos estão livres, nós não estamos" (O Teatro dos Vampiros - Legião Urbana)...


Num evento de "inauguração de uma reforma" no Posto de Saúde do Bairro Altamira, ocorrido nesse dia 30 de janeiro o prefeito Valmir da Integral soltou os cachorros juntamente com cobras e lagartos pra cima da OAB e da imprensa de Parauapebas. Um correspondente do Blog que acompanhava tudo disse que a pequena platéia formada por assessores e alguns funcionários ficou perplexa com a forma grosseira e desrespeitosa que o prefeito falou sobre o assassinato do Jakson Silva. 

Em tom irônico o prefeito disse estar indignado com a OAB-Parauapebas. Acusou-a de usar o caixão do dr. Jakson para "fazer um pandemônio político". Também acusou a imprensa de ocultar os motivos da viagem do Jakson, fazendo insinuações maliciosas sobre a ida da vítima à Manaus.

Nesse momento em que a sociedade de Parauapebas ainda está chocada com a perda de um filho querido, o prefeito foi extremamente infeliz, para não dizer grosseiro e insensível. Como o chefe do executivo deveria ao menos respeitar esse momento de dor da família e dos amigos, e não ficar fazendo insinuações e acusando uma instituição tão respeitada como a Ordem dos Advogados.




A crise política instalada entre o Poder Legislativo e o Executivo de Parauapebas teve sua primeira grande baixa. E quem perdeu foi a Câmara Municipal. João Assi, conhecido como João do Feijão usou de astúcia e fez um malabarismo sensacional. Primeiro abandonou a base governista do Valmir e  juntou-se ao grupo de oposição. Nem esquentou a cadeira de oposição e foi convencido a voltar para a base governista de forma mais sensacional ainda: abandonou seu mandato de vereador e assumiu a "importante" Secretaria de Esportes e Lazer (SEMEL).

Com essa movimentação do João do Feijão a Câmara dos Vereadores ficou cambaleante, pois perdeu o seu mais ilustre membro. Já o Prefeito Valmir Mariano está rindo a toa, pois conseguiu atravessar seu mais cruel inferno astral e saiu fortalecido com o convencimento do retorno do João do Feijão. Assim, a Câmara perde uma perna, uma cabeça pensante e Valmir ganha um gênio que vai revolucionar o seu governo.

João do Feijão estava na metade do seu segundo mandato. Vereador experiente, de personalidade forte e decisivo em todos os momentos do Poder Legislativo, sempre se destacou entre seus pares. Dono de uma inteligência inigualável, um senso de justiça afiado, lutou com todas as suas forças para defender os menos favorecidos. Todas as terças feiras a Câmara ficava lotada de populares que iam àquela casa só com um objetivo: ouvir o João do Feijão falar. Com um discurso forte, marcante e bem articulado, o seu João era capaz de convencer até os mais céticos. Era comum observar na plenária estudantes universitários com gravadores ligados para tomarem as lições e absorverem a sapiência enquanto o Feijão proferia seu discurso.

E agora, o que será da Câmara sem o João do Feijão? As sessões não serão mais as mesmas. Aquele ambiente outrora tão cheio de vida agora ficará sombrio, pois perdeu sua principal estrela. Pobre do Vereador Zacarias que assumirá sua vaga de vereador com a missão impossível de substituir o João do Feijão! Definitivamente o seu João é insubstituível. É incomparável!

Mas nem tudo é lamentação e tristeza. Se por um lado a Câmara perde, por outro, ganha o prefeito Valmir e todo o município de Parauapebas. João assume a secretaria mais importante do governo e com sua experiência e dedicação o esporte dará uma guinada de 360 graus. Agora nossa juventude está bem representada e poderá contar com a energia, a vitalidade e a dedicação do João do Feijão. Como um desportista nato, seu João revolucionará o esporte e o lazer de Parauapebas, tornando a secretaria uma referência no Estado do Pará. Valmir está sorrindo a toa e a oposição está desnorteada com tamanho golpe. Não contavam com a astúcia, a inteligência e o poder de articulação do super-Valmir Furacão.

Em tempo: Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa mandam lembrança.



Agentes do GAECO invadem residência do Odilon
Para quem não acreditou, par quem desdenhou, para quem achava que Parauapebas estava imune à justiça, eis aí. Eu bem que falei, eu bem que avisei que mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer. Por enquanto, ainda não é o grande terremoto. Apenas um pequeno abalo sísmico, mas que poderá se transformar num abalo de grandes proporções. Essa é apenas a ponta do iceberg.

Hoje, 26 de maio, Parauapebas enfim recebeu a tão esperada visita do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Mas calma! Tudo indica que ainda não é a ação contra o prefeito e seu grupo. Por enquanto, estão apenas nas casas dos vereadores Odilon, Luzinete e no Supermercado Baratão. O grupo também invadiu a Câmara Municipal às 6 horas da manhã e arrombou portas dos gabinetes de vários vereadores para uma devassa geral. Pelas evidências da operação do GAECO, parece ser apenas o caso de propina na câmara que foi descoberto após um desentendimento da Luzinete com o Odilon dentro do supermercado Baratão.

Essa operação deixou muita gente de cabelos em pé, pois a polícia do GAECO está levando tudo: documentos, cofres, computadores, e tudo que possa indicar alguma irregularidade. Se não houver a mão pesada do governador Jatene para proteger os seus, muita gente vai cair. É claro que o prefeito que deve estar sorrindo por não ser na sua casa, era o que deveria estar mais preocupado. Inevitavelmente a polícia encontrará esqueletos fedidos ligados diretamente ao chefe. E o pior: o GAECO encontrará até o que não veio procurar.


OPERAÇÃO FILISTEUS (OU OPERAÇÃO TERREMOTO)


Para quem não se lembra, postei uma matéria aqui no dia 1º de março que trazia como título "ÁGUAS DE MARÇO". Quem perdeu é só clicar aqui. Na matéria previ mudanças drásticas na política de Parauapebas. No decorrer do período batizei o processo de TERREMOTO, em alusão às mudanças que iria provocar em nossa cidade. Por isso, prefiro chamar a "Operação Filisteus"de "Operação Terremoto".

Ontem, 26 de maio de 2015 os incrédulos acordaram estarrecidos com a movimentação da polícia em nossa cidade.  O Ministério Público em conjunto com a Polícia Federal realizou aqui em Parauapebas a maior operação contra a corrupção que já houve no Estado do Pará. Nem os mais otimistas acreditavam que tal fato fosse acontecer por aqui, devido ao nosso histórico de corrupção e impunidade. Mas aconteceu. Policiais do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO) desembarcaram aqui na madrugada com vários mandados de busca e apreensão contra diversos vereadores, prefeito, secretária de habitação e empresários. Na câmara os seguintes vereadores tiveram seus gabinetes arrombados: Josineto Feitosa (SDD), Arenes (PT), Devanir Martins (SDD), e Odilon Rocha de Sansão (SDD). Os mesmos também tiveram suas casas vasculhadas pelos "homens de preto". Na prefeitura o GAECO e a Federal vasculharam o setor de licitação, a secretaria de habitação, a procuradoria e o próprio gabinete do prefeito. A casa do prefeito Valmir Mariano (PSD) também sofreu a operação, tendo o mesmo ficado detido durante toda a devassa. Outra secretaria que sofreu uma devassa foi a SEMOB, onde foram apreendidos documentos e computadores.

Além dos políticos, o Ministério Público também cumpriu mandato de busca e apreensão na empresa de Hamilton Ribeiro e no Supermercado Baratão do empresário Edmar Cavalcante. Segundo informações da promotoria, essa foi uma operação para desmanchar uma quadrilha que atuava na prefeitura e na câmara e que praticava todos os crimes como licitações fraudulentas, superfaturamento na compra de lotes, notas fiscais frias, pagamento de propinas, desvio de recursos público, entre outros.

Como resultado inicial, tivemos até agora três prisões: vereador Arenes preso por posse ilegal de armas, vereador Odilon, preso por corrupção ativa e posse de armas e o empresário Edimar (Boi de Ouro) por fraude em contrato com a câmara. Fomos informados que os presos foram transferidos para Belém, exceto o Odilon que passou mal.
  

Edmar Cavalcante (Boi de Ouro) seria boi de piranha?


Muitos comentam pela cidade que a prisão do empresário Edmar foi apenas uma estratégia da polícia para pegar peixes mais graúdos. Ele é conhecido e benquisto na cidade e até o presente momento não havia provas do seu envolvimento em nenhum esquema. No entanto, o modus operandi que o poder público impõe aos empresários, deixa-os numa situação complicada. Muitos se submetem as regras do jogo para não caírem em desgraça, e acabam se envolvendo indiretamente no esquema. 

É claro que o Boi de Ouro não vai aceitar virar Boi de Piranha. Deve provar que foi vítima desse esquema e assim, muita gente vai cair.

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