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terça-feira, 6 de maio de 2014

Meu ex-inimigo íntimo

Há uns dias atrás estava em um barzinho numa periferia da cidade tomando uma cerveja e batendo um papo com um amigo. De vez enquanto faço isso. Procuro um lugarzinho descolado com pouco movimento, e principalmente sem nenhum  conhecido onde eu possa passar desapercebido. Isso é bom para relaxar. De repente noto um desafeto adentrando o ambiente. Ele está sozinho e ocupa uma mesa no canto oposto ao meu. O amigo que está comigo se despede e sai para um compromisso. Também tenho a intenção de sair imediatamente após a última "gelada".

Vejo que o meu desafeto se levanta e caminha em minha direção. Levanto-me e fico em posição de combate, preparado para qualquer situação. Surpreendentemente o moço se aproxima e me estende a mão dizendo: "calma, vim fumar o cachimbo da paz". Retraio por um instante e retribuo oferecendo-lhe a mão. Convido-o para sentar. Não costumo fazer isso, mas meu instinto de caçador me diz que essa conversa será bem interessante. E no mais, essa inimizade entre nós não é tão grave assim. Já fomos amigos e nutríamos um pelo outro o sentimento de respeito e admiração. Já fizemos muita política e muitos conchavos juntos. Começamos a ter algumas divergências políticas mas isso não foi motivo para nossa inimizade. A relação azedou quando alguém maliciosamente lhe falou que eu estava dividindo com ele algo muito estimável. Pura maldade! Depois disso ele jurou vingança e passou a me atacar violentamente. Asim foi construída uma inimizade quase mortal.

Nesse momento estávamos ali dividindo a mesma mesa de bar. Ofereci-lhe uma cerveja e ele recusou alegando cuidados especiais com seu diabetes e pressão arterial. Falei que nesse caso tomaríamos Whisky que além de relaxar não faz mal. Ele topou e pedi ao garçom que trouxesse dois duplos. Entre uma dose e outra ele foi relaxando e fazendo confidências. Primeiro me pediu contas do mal entendido que levou ao rompimento da amizade. Mal entendido resolvido, ele passou a fazer confidências sobre o governo que agora é assessor de confiança. Reclamou que durante o governo do PT nunca teve oportunidade e que agora é reconhecido pelo prefeito Valmir.

Meu ex-inimigo agora já estava com a língua bem solta e chegou a fazer confidências indiscretas. Disse que frequenta a casa do prefeito e tem uma amizade "interessante" com alguém de muita influência. Para estimular a conversa contei-lhe algumas confidências do tempo do palácio, da minha contradição com o poder.

Como meu instinto me avisou, a conversa foi muito boa. Entre outras coisas meu ex-inimigo me falou que no governo Valmir ninguém confia em ninguém. todos estão tramando o tempo todo contra alguém. É, segundo ele um governo provisório e, por isso, cada um procura se "salvar" enquanto é tempo. "Camarada, já fiz política por ideologia e só me estrepei. Agora quero mais é me dar bem, cuidar dos meus interesses", disse meu -agora-amigo com a voz um tanto pesada. E arrematou: "o que eu ganhei no governo Darci? Nada. Só vi adversários se dando bem. Agora é minha vez de me dar bem também".

Paguei a conta e saí. Ele falou que iria ficar mais um pouco. Me pediu para manter sigilo sobre a nossa conversa e para segurança de ambos melhor que continuássemos parecendo inimigos. Topei. Realmente é mais conveniente. Só lhe disse que como Blogueiro não poderia deixar de escrever sobre isso mas garanti-lhe que preservaria sua  identidade. Agora tenho um excelente informante. Mais um.

Um aperto de mão na despedida e um aviso do meu ex-inimigo: "cuidado hem camarada. Agora temos um segredo. Se pisar na bola conto o que sei de você". Fique frio amigo. Conte com minha discrição.

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