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domingo, 30 de março de 2014

Política sem puritanismo

No dia 29 de março o PT decidiu em seu encontro estadual a tática eleitoral 2014. A maioria dos 320 delegados credenciados votaram a favor da aliança que apoiará Helder Barbalho para governador do Pará. Isso causou muita revolta e muita polêmica nas redes sociais. Mostro aqui um exemplo que foi postado no Face pelo meu amigo Dr. Rivelino de Xinguara. "O PT acaba de decidir pela aliança com o PMDB. A maior decepção na minha vida política. Um retrocesso. A volta das forças reacionárias para destruir ainda amais o Pará. O PT lança mão de sua capacidade política de governar. O PT não honrou a sua história de lutas e conquistas contra o poder do latifúndio, da degradação ambiental e da exploração dos trabalhadores urbanos e rurais. O PT está desconstruindo. O PT do Pará vai enfrentar a maior turbulência de sua história. Eu não vou prá Rua. Eu defendo que a militância não vá prá rua. O PT ajudará no fortalecimento do crime organizado no Pará, no desvio de verbas públicas, no desmantelamento (ainda mais) da máquina pública. O PT deu um soco no meu estômago; só me resta vomitar até passar a dor..."

Concordo com Rivelino e com outros petistas indignados. Realmente foi um soco no meu estômago também e ainda estou digerindo até agora essa aliança. Não sei se terei estômago e estímulo para ir para rua fazer campanha pois minha militância aqui no Pará sempre foi contra tudo que representa a família Barbalho. Porém, sem radicalismo e sem ranços quero fazer alguns questionamentos:

1- Política é a arte de fazer alianças, é a arte do debate e o exercício de tolerância. Da forma como está estruturada hoje a sociedade, nem um partido conseguirá chegar ao poder sozinho e muito menos governar sem um amplo arco de alianças. As vezes é preciso recuar, outras vezes avançar. Esse recuar e avançar pode significar fazer alianças com quem pensa completamente diferente de nós e até com antigos inimigos. Nesse terreno vale quase tudo. Só não vale dedo no fiofó e nem jogar a ética no lixo.

2- O PMDB é aliado do PT no Brasil e tem sido importante para a tática eleitoral e para a governabilidade de Dilma. Aqui no Pará é complicado com Jader, mas o homem tem votos, e muitos votos. Se o PT tivesse num momento bom, a realidade seria outra. Aqui cabe uma crítica as lideranças que conduziram mal nosso partido.

3- É bom lembrar que a família Barbalho já foi aliada do PT em outros momentos aqui no Pará. Quando Edimilson se tornou prefeito de Belém contou com o apoio da Elcione Barbalho e Ana Julia foi eleita governadora com apoio dos Barbalhos e companhia. Como éramos majoritários não vi nem um petista indignado com tais alianças. Se valeu para nos ajudar a chegar ao poder, por que não vale agora?

É claro que eu prefiro fazer campanha para um governador petista, mas da forma como estamos fica difícil. Corremos o risco até de encolher nossa bancada na assembléia legislativa. Chegamos onde chegamos aqui no Pará por uma série de fatores que não cabe expor aqui, mas precisamos reorganizar nossas bases para reconstruir esse partido. Aí quem sabe em 2018 não estaremos com moral para sair com candidatura própria? Ou não?

Independente do resultado, seguimos a máxima de obedecer o que foi decidido pela maioria. Se bem que questiono os métodos que foram utilizados para se chegar a essa maioria. A primeira incoerência foi fazer um encontro fechado só com 320 delegados e decidir um assunto tão importante como esse. Para eleger a direção o PT faz eleições diretas e porque pelo menos não ouviu os filiados sobre essa aliança? Lamentável!

De qualquer forma compete a nós que não concordamos com essa aliança, digerir, passar a fase de enjoo e recompormos para a campanha que se aproxima. 

Ainda não sei se terei estômago para isso, mas relembro que na política não podemos ser puritanos. De repente vale aquela máxima de Maquiavel: "Os fins justificam os meios".


Um comentário:

  1. Tá errado. Tá tudo errado. Maquiavel continua errado. Campanha do voto nulo.

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