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quarta-feira, 17 de abril de 2024

OS DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA

  Por Luiz Vieira       

No dia 16 de abril, a 21ª DRE (Diretoria regional de Ensino) reuniu seus diretores dos municípios que compõem a regional – Parauapebas, Curionópolis, Eldorado dos Carajás e Canaã - para um treinamento sobre a aplicação dos recursos públicos na escola. O evento aconteceu no auditório do CEUP (Centro Universitário de Parauapebas) e foi considerado um sucesso total.


Um dos pontos altos do encontro foi a apresentação dos diretores numa dinâmica onde cada um falava seu nome, sua escola e sua filosofia de gestão. As palavras mais citadas foram:

GESTÃO DEMOCRÁTICA

GESTÃO DESCENTRALIZADA

GESTÃO HUMANIZADA

GESTÃO PARTICIPATIVA

GESTÃO COMPARTILHADA

Todos esses termos culminam na GESTÃO DEMOCRÁTICA.

Mas afinal, o que é GESTÃO DEMOCRÁTICA?
Organizar e promover uma gestão democrática no ambiente escolar é uma das tarefas mais difíceis do diretor escolar. Porém, me atrevo a dizer que é a principal forma da escola dar certo e a gestão colher os frutos que são resultados naturais desse modelo. A principal dificuldade está na compreensão do conceito. Alguns profissionais ainda confundem gestão democrática com o modelo lassiez-faire (o deixar fazer, deixar acontecer). A ideia equivocada aqui é a de que um diretor democrático tem que jogar todas as decisões para a equipe. Ele não gerencia nada, apenas deixa acontecer e vive praticando contorcionismo para agradar a todos.

Fazer gestão democrática envolve vários fatores, entre eles, a capacidade de liderança, a criatividade e a compreensão do processo. Como não é tarefa fácil, muitos se escondem atrás de desculpas do tipo: a comunidade é desinteressada, não participa da escola, não vem nem para reunião de pais ou não tem conhecimento técnico para participar de questões sérias da escola.

Um bom líder vai descobrir que o primeiro passo para fazer gestão democrática é trazer a comunidade para dentro da escola. Uma vez descoberto isso, ele passa a articular com todos os atores sociais que compõem essa comunidade: professores, funcionários, estudantes, associações, sindicatos, etc. O primeiro teste de fogo vai ser o poder de articulação e a liderança do diretor. Uma vez superado esse teste, vem a segunda e mais importante ação: ORGANIZAR O CONSELHO ESCOLAR. Quando falo ORGANIZAR, significa criar um conselho orgânico, atuante, que realmente participe das decisões da escola e não aquele conselho que serve apenas para assinar as atas com as decisões.

Então, fica claro que não existe gestão democrática sem a participação organizada da comunidade escolar através do Conselho. E se trazer a comunidade escolar para dentro da escola já é um desafio, imagine administrar essa comunidade! Esse é outro teste de fogo para o gestor moderno. Saber administrar interesses divergentes, conciliar ideias, valorizar e incentivar o livre pensamento, acolher o contraditório, encorajar o debate franco e honesto, liderar, moderar, são alguns dos atributos indispensáveis para esse gestor.

Vivemos numa sociedade plural com múltiplas faces, crenças e interesses. E isso, se bem trabalhado pelo líder gestor, se transforma em energia criativa para impulsionar o motor da escola e alcançar resultados surpreendentes.

Isso dá trabalho? Muito. Trazer a comunidade para dentro da escola é um caminho sem volta. No início, será estressante, cansativo, contraproducente e às vezes, conflituoso. Mas é um interessante exercício de cidadania que a escola tem a obrigação de fazer. E o primeiro paradigma que temos que quebrar é o de que a comunidade não tem interesse de participar das atividades da escola. No lugar disso, substituiremos esse conceito por: a comunidade não foi educada para participar da escola, não foi incentivada a compartilhar decisões, não foi acostumada a valorizar de fato a educação, não tem o hábito de frequentar a escola, não descobriu que tem poder de escolha e decisão.

Quebrando esse paradigma, a escola estará contribuindo para a transformação da sociedade. Aí sim, a educação está acontecendo de verdade e de forma completa. Será o grande milagre do cidadão descobrindo a cidadania na essência da palavra. Será o milagre do ser descobrindo que é um sujeito de direitos e deveres. E esse processo, que no início será amargo, durante a execução se tornará doce e trará resultados positivos para a escola e a sociedade. Repito: é um caminho sem volta.

Agora é com você gestor e gestora. Lidere sua equipe. Lidere sua comunidade.

           

           

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