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terça-feira, 25 de junho de 2024

OS DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR NA VISÃO DE UM PROFESSOR GESTOR

 Vai lá, pega a Vice direção. Vice-diretor não faz nada, mesmo!


Por Marcony Castro*

 

O convite para assumir a vice direção da escola chegou de forma inesperada. O que viria pela frente prometia transformar minha rotina. Eu, professor do Ensino Médio no Estado do Pará, com anos de experiência em sala de aula, estava prestes a enfrentar um desafio totalmente novo: a gestão escolar.

Aceitei o convite com um misto de entusiasmo e apreensão. Nos primeiros dias, a imensidão das responsabilidades administrativas rapidamente dissipou qualquer ilusão de facilidade. Trabalhar nos bastidores da escola revelou-se uma tarefa árdua. Antes, meu universo era a sala de aula, com os alunos, lições e provas. Agora, eu me via mergulhado em planilhas, reuniões intermináveis e burocracia.

A inexperiência era um fantasma constante. Cada decisão parecia carregada de um peso enorme, e eu frequentemente me pegava duvidando de minhas escolhas. Os antigos colegas, que antes eram apenas amigos, agora me olhavam com olhos críticos. Algumas críticas eram construtivas, outras, nem tanto. Porém, todas contribuíam para um ambiente de tensão. A amizade que fluía livremente no corredor se transformou em uma formalidade desconfortável nas reuniões de equipe.

A pressão administrativa para alinhar a escola aos programas oficiais do governo era implacável. Havia metas a cumprir, relatórios a entregar, e os desafios eram muitos: garantir a conectividade da internet, gerir os recursos financeiros da escola, e assegurar a qualidade da merenda escolar. Cada problema parecia maior do que o anterior, e as soluções, muitas vezes, pareciam inatingíveis. As centrais de ar quebradas deixavam salas de aula insuportavelmente quentes, comprometendo o aprendizado. Boletins de ocorrência contra casos de ameaças na escola tornavam o ambiente tenso e exigiam uma atenção redobrada para a segurança de todos.

 

No entanto, entre as dificuldades, surgiam momentos de aprendizado e crescimento. Cada crítica recebida me forçava a refletir sobre minhas ações e decisões, levando-me a buscar melhorias constantes. A complexidade dos problemas administrativos me ensinava a importância da paciência e da resiliência. A pressão para fazer a escola funcionar me mostrou a importância da organização e do planejamento.

Com o tempo, comecei a perceber que esses desafios eram oportunidades disfarçadas de obstáculos. A experiência na vice direção estava me moldando, transformando-me de um professor experiente em um gestor em amadurecimento. Aprendi que a gestão escolar não se trata apenas de resolver problemas, mas de criar um ambiente onde alunos e professores possam prosperar e crescer.

Hoje, compreendo que cada dificuldade enfrentada foi um degrau em minha jornada para me tornar um bom gestor. A transição da sala de aula para os bastidores da escola foi um processo doloroso, mas, necessário. Ao enfrentar críticas, pressão e inexperiência, encontrei em mim mesmo uma resiliência que desconhecia. E, assim, continuo a trilhar esse caminho desafiador, com a certeza de que cada obstáculo superado me aproxima mais da excelência na gestão escolar.


*Marcony Castro

Vice-diretor Pedagógico da Escola Cecília Meireles


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