PREFEITURA SEM COMANDO

Desde aquela fatídica sessão de março onde os vereadores afastaram o prefeito Valmir Mariano, o Palácio Cinzento ficou à deriva. Aquela crise criada só demonstrou para a cidade o que todo mundo já sabia: Valmir não tinha mais condições de administrar nosso município. O G-7 por diversas sessões votou contra todos os requerimentos e projetos do executivo, alegando que o Valmir estava afastado e, assim, não poderia assinar nada.

De lá para cá houve uma queda de braço entre governo e oposição. Os governistas partiram para cima com tudo e fizeram uma violenta campanha para desmoralizar a oposição. Espalharam boatos, divulgaram vídeos montagens tentando desmoralizar vereadores e lideranças de oposição, intimidaram com truculência, usaram e abusaram da imprensa paga para passar a mensagem de que o pobre prefeito bonzinho estaria sofrendo a tentativa de um golpe arquitetado por "pessoas inescrupulosas, sedentas de poder". A oposição por sua vez, sentiu o golpe logo no início. Quando perderam o João do Feijão que, misteriosamente voltou para o ninho do palácio após assinar todas as denúncias contra o Valmir, os vereadores ficaram desnorteados, sem saber como reagir. Esqueceram de fazer o básico: fazer contato com o povo, articular com as entidades e partidos, conquistar a confiança da população. 

Diríamos que o prefeito Valmir ganhou o primeiro round dessa luta após a tentativa de afastamento. Mas foi uma vitória de Pirro. Custou caro, muito caro essa estratégia orientada por assessores trapalhões e advogados que só aproveitaram a situação para ganhar mais dinheiro. Dada as proporções e afastando os erros dos dois lados (governo e oposição), a operação do Grupo de Ações Especiais de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do dia 26 de maio que culminou com a prisão dos vereadores Odilon e Arenes, e do empresário Edmar, expôs para a sociedade um mar de lama que nem a oposição sabia. E olhe que foi só o começo.

Depois de sofrer uma devassa da Polícia Federal no primeiro ano de mandato, depois da Operação Filisteus, depois de escancarado o esquema multimilionário de corrupção dentro da prefeitura, depois de ter sua casa invadida pela polícia, o prefeito Valmir já não tem nenhuma condição de continuar governando Parauapebas. Só já não pediu afastamento do cargo por pura falta de noção, diria até falta de sanidade. Valmir é teimoso, é turrão. Já foi abandonado à própria sorte por seus aliados, que só continuam nos cargos por pura conveniência. Assessores e secretários já repassam informações à oposição sem ao menos tomarem o cuidado de preservar a fonte. O afastamento oficial do Valmir é questão de dias, e, ainda não aconteceu por excesso de cautela do Ministério Público. Eles sabem que estão lidando com um esquema poderoso e que conta com a proteção de aliados importantes e influentes no Estado. Mas é inevitável que caia em questão de dias.

Valmir está minado. Valmir está só. Cercado por inimigos íntimos, ainda insiste em dar um último suspiro. Seus fantasmas o assombram à noite e todas as manhãs amanhece com uma lista de demissões, que acaba adiando para a semana seguinte. Depois de constante troca-troca, não lhe restaram muitas opções. Só lhe resta o consolo de um menino que anda lhe rodeando com uma vassourinha na mão direita e outro assessor que lhe ampara gentilmente beijando-lhe as mãos com sensibilidade e zelo.

Pobre prefeito. Sua expressão é de dor, de desalento, de solidão. Seus olhos estão vazios e não consegue enxergar uma saída digna e honrosa. Pobre Parauapebas! Seu povo ordeiro e honrado não merecia um fim tão enfadonho como esse. 

Por enquanto, o povo ordeiro espera pacientemente as próximas ações da polícia. Enquanto isso, vamos convivendo no meio do lixo e do abandono. O caos total!