SESSÃO DE 02 DE JUNHO - FILISTEUS ABATE O LEGISLATIVO

A sessão transcorreu normalmente. Cantaram o hino nacional, o municipal, a secretária fez a leitura do versículo bíblico, tudo como manda o rito da casa. Apenas duas ausências: Josineto e Maridé que fizeram questão de mandar justificativa que não convenceram a platéia.  O primeiro expediente foi aquela água com açúcar: vereadores apresentando requerimentos pedindo o asfaltamento de uma rua, um quebra-molas, a limpeza de uma via, essas coisas que vereador faz para fingir que tem compromisso com a comunidade. Não importa se o município está pegando fogo, mas os requerimentos corriqueiros tem que ser aprovados, mesmo sabendo que vão para a máquina de picotar papel do Gilmar na chefia de gabinete do Valmir.

Os vereadores Euzébio e Miquinha (PT) protocolaram uma moção de repúdio. Expectativa geral. Será? Será que agora os petistas vão assumir a oposição ao Valmir como determina o seu partido? Assim não vale. Agora que a onça está baleada ficaria muito fácil fazer discurso dizendo que é oposição. Mas, antes tarde do que nunca! Mesmo o Valmir já estando cambaleante, muitos petistas chegaram a vibrar achando que a tal moção de repúdio fosse contra o prefeito. Que decepção! Quando o Euzébio leu a tal moção, muitos balançaram a cabeça negativamente. Tratava-se de uma moção de repúdio contra o governador Jatene. Bater em quem está longe é uma boa estratégia para quem quer fugir das responsabilidades locais. Por enquanto, os petistas vão continuar esperando.

Havia algo estranho no ar. Os vereadores estavam com um ar de preocupação tão evidente que não conseguiam disfarçar. O nervosismo estampava em seus rostos e no tom das vozes. O presidente se enterrava na cadeira a tal ponto que quase não era visto da plenária. Para quebrar o gelo e demonstrar que estava tudo bem, convidou o Bruno (membro do G-7) para sentar à mesa e ocupar a segunda secretaria que estava vaga pela ausência do Maridé. A casa estava lotada por populares que protestavam contra a corrupção. De vez em quando um gaiato gritava "olhe a polícia!", e todos os vereadores sobressaltados esticavam os olhos para a entrada do plenário. Havia um boato de que o GAECO estaria novamente na cidade, e que três vereadores seriam presos durante a sessão. Muitos só foram lá para assistir a esse espetáculo que é tão esperado pela população. Um carro da SUSIP parou em frente a câmara e houve um desconforto geral. Acharam que seria a viatura do GAECO. O presidente mandou seu ajudante de ordens Wanterlor Bandeira dar uma conferida e certificou que estava tudo bem. Ufa!

Iniciou o grande expediente, aquele em que os vereadores tem dez minutos para fazerem seus discursos. Todos esperavam discursos bombásticos e reveladores dos dois lados. Esperava-se que a oposição iria ressaltar a operação Filisteus e comemorar a vitória alcançada após tanto sacrifício e tempo. Por outro lado, esperava-se que a ala governista iria reclamar da truculência dos promotores que arrombaram as portas dos gabinetes dos vereadores e deram prejuízo ao erário. Alguns esperavam que o Major e Zacarias fossem apresentar uma nota de repúdio pela prisão "arbitrária e desnecessária" do vereador Odilon. Pura ilusão! Apenas três vereadores se pronunciaram. Eliene falou novamente sobre a falência da saúde no município. Bruno falou por três minutos sobre alguma coisa da Vale. Miquinha também falou por três minutos, um discurso um tanto constrangido e desconexo. No mais, foi aquele silêncio constrangedor. O Poder Legislativo está totalmente abatido.

O momento mais animado da sessão foi no encerramento, durante as explicações finais. Até aqui, nada de polícia. Os vereadores estavam mais relaxados. O Zacarias resolveu reclamar da vereadora Eliene. Disse que a culpa dessa crise no município era dela, pois não tinha nada que ficar denunciando. Eis que a vereadora Luzinete usa a palavra e dá uma descompostura no Zacarias que não restou-lhe outra alternativa a não ser ficar calado. Aliás, tenho a impressão que a vereadora Luzinete está muito a vontade e estimulada diante dessa crise. Foi a única que vi mostrando a cara na rua durante a operação Filisteus. 

Assim encerrou uma das sessões mais curtas da história. Iniciou às 16:30 e terminou às 17:45. Nossos edis estão desmotivados, desnorteados e abatidos. A impressão que se tem é que todos esperam más notícias a qualquer momento. Realmente a operação Filisteus causou um grande estrago no nosso Poder Legislativo. Será quem se salva?