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sexta-feira, 5 de junho de 2015

COLUNA DO LEITOR - PROCURA-SE A VOZ DE UMA GERAÇÃO

*Por Angélica Nunes

Só pensando aqui.

Na atual conjuntura Brasileira, de pobreza cultural e intelectual, onde os poucos movimentos que surgem ou se mantém não ganham o devido respeito e notoriedade, muito menos retorno financeiro, o jeito é olhar pra fora e ouvir música internacional.

Clichê ou não, eles têm os melhores cantores, os melhores dançarinos, e se não são os mais originais, pelo menos tem as melhores produções. E sabem ser profissionais, coisa que o Brasil tem medo de ser. Entendem que para obter sucesso, a música é só uma parte do todo. Que tem muito trabalho por trás.

Amo Roberta Sá, mas ela não tá fazendo nada de novo, Ana Cãnas, agradável de ouvir, apenas isso. Maria Gadú fez um trabalho legal mesmo assim agora desapareceu. E aí tem aquela galera estilo Mallu Magalhães, do tipo, levando a vida devagar e de qualquer jeito ao estilo Los Hermanos (que são “os caras”... ou foram) mas na prática não estão fazendo nada de novo. Rock, até me faltam referências atuais. Que tal a Banda Malta? Que se você analisar bem, é praticamente um roupa nova numa roupagem rock? Lembrando que eu me refiro apenas a bandas já conhecidas nacionalmente. 

Nada revolucionador, nada tocante, nada que faça especialmente o coração bater. 

Falando em bater o coração, enquanto se economiza emoções, palavras, e música como um todo, os sertanejeiros fazem a cultura nacional com músicas de três a quatro notas e duas frases. Porquê? por quê não tem medo de tocar nas emoções, de falar abertamente, de serem intensos. 

A questão é, tem tanta coisa pra se dizer, que tá na cabeça do povo, forte o suficiente, tocante e que não seja apenas, algo relacionado a beber ate cair ou pegar geral. Eu sou fã de legião urbana, mas tá faltando uma banda pra dizer o que a nossa geração tá pensando agora, porque pra cantar que país é este, tem muita banda por aí.

Parece que é obrigatório entre alguns ser alternativo, não ser pop, como se fazer sucesso popular fosse algo ruim. Eu conheço uma pessoa muito próxima que costuma desmerecer qualquer música que seja sucesso, como se o sucesso fosse atestado de falta de originalidade. Santa ignorância. Nem tudo que faz sucesso popular é bom. Mas se for bom o suficiente, até o pop vai saber reconhecer isso, mesmo que não entenda muito mais. E não é porque é arte, que não precisa de um trabalho de marketing, de produção, de luzes e efeitos. Com tanto recurso, tem uma galera que acha que tudo tem que ser feito ao modo hippie e o mais cru possível. Será que eles não desconfiam que isso também já não é mais original há muito tempo? 

Bora parar de economizar música, galera. Nem sempre menos é mais. Se continuar nessa coisa de menos, menos... Daqui a pouco não sobra nada. Tá na hora de se reinventar. Tem que impressionar mesmo. Criar uma marca. Michael Jackson fazia shows que ninguém conseguia esquecer. Queen cantava músicas de fazer qualquer um chorar. Elvis não tinha nenhum problema em ser brega. Legião, Cazuza, rasgavam o verbo pra valer. Elis cantava sem medo nenhum. Todos eles, tinham uma marca. Uma personalidade. 

É triste ver um artista completo, se render à música sertaneja por falta de alternativa econômica. E eu to ficando cansada de cantar sempre os sucessos antigos, porque os novos ninguém conhece ou não tem peso. Queria ter o poder de ser a voz dessa geração. Tenho algumas criações. Mas ainda to engatinhando. Quando achar que vale um CD, eu gravo. Mas tem tantos gênios espalhados por aí. Por isso não quero perder a esperança. Se eu perder a esperança, vou acabar gravando alguma dancinha maluca, ou uma versão do Pablo pra vocês. Desde já, perdoem a minha ignorância.

*Administradora, compositora e vocalista da banda 4º Crescente.

3 comentários:

  1. A música é uma coisa misteriosa, Angélica. Uma mesma música toca milhares de pessoas de formas diferentes! Cabe ao ouvinte e amante da boa melodia encontrá-la dentre as milhões que ecoam pelo universo! Temos, sim, bons e talentosos cantores e compositores. Arnaldo Antunes é um deles. Marcelo Jeneci, Filipe Cato, a Céu também são ótimos. Posso citar outros, mas teria que pesquisar! No exterior, os talentos se multiplicam, basta uma rápida visita ao "Playing for change" para se ter ciência disto! Outro cara que me surpreendeu foi o Michel Telló! Cabra bom. No entanto, concordo com você! O mau gosto, (creio que fruto da péssima educação) da massa consumidora de músicas neste país, é o principal fator que contribui para a falta de divulgação dos nossos talentos no mercado. A ganância dos produtores, aliada à avidez com que querem lucros, destoa da vontade de muitos e ótimos intérpretes de cantar com o coração! Tenha persistência e creia no seu talento! Você já tem um brilho natural! Só que a sua luz ainda não foi vista! Sucesso pra você e sua banda!

    Alípio

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  2. Tá faltando modéstia não, dona Angélica? Ou tá sobrando ignorância de mim? Também peço desculpas pela minha.

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  3. Tem muita coisa boa ainda sendo produzida no brasil como Crioulo, dj dolores banda black rio entre tantos é só não procurar na globo ou na midia populesca.
    A vida é como a música. Deve ser composta de ouvido, com sensibilidade e intuição, nunca por normas rígidas.
    Samuel Butler

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