Entre os anos de 2005 a 2008 participei como membro do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) que era presidido pela então Ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Reuníamos em Brasília a cada dois meses e tive o privilégio de conviver de perto e conhecer melhor a Marina. Mulher aparentemente frágil, com saúde debilitada -em consequência de doença que contraiu na floresta quando era seringueira-, fala mansa e sorriso fácil. A trajetória política de Marina mostra o contrário. Para uma mulher que saiu da floresta, trabalhou como doméstica grande parte de sua vida, se alfabetizou depois de adulta, não tem nada de frágil. Muito ao contrário! Marina se torna uma gigante quando defende uma causa. Seu tom de voz mansa, seu espírito conciliador acabam sendo armas letais no embate político.
Assim, por um acaso do destino Marina se tornou candidata a Presidente da República em substituição ao Eduardo Campos, morto no desastre aéreo do dia 13 de agosto. Acaso do destino mesmo! Marina vem de um desgaste por não ter conseguido registrar seu partido -REDE- mesmo com todo apoio da mídia conservadora e uma grande mobilização nacional. Após essa derrota Marina se ofereceu para se filiar no PSB (Partido Socialista Brasileiro) e ser candidata a vice na chapa do Eduardo Campos. Com a morte do Eduardo o PSB ficou desnorteado pois não tinha em seu quadro ninguém com bagagem para substituí-lo na chapa. Eles não engoliam a Marina. No máximo ela servia como vice simplesmente pela força que teve na última campanha presidencial, mas nas questões políticas divergiam muito. Há uma enorme distância entre o pensamento de Marina e da turma do Eduardo. Enquanto o Eduardo e o PSB estão próximo ao PSDB inclusive com dobradinha em vários Estados como São Paulo e Pará, Marina se posiciona mais a esquerda e ainda luta para oficializar seu partido REDE.
Marina se demonstrou mais "macho" do que muitos marmanjos
Como o PSB não tinha nome com bagagem, tiveram que engolir a Marina pela possibilidade real de uma disputa real com Dilma. No entanto, fizeram uma carta onde engessavam a Marina. Em tese, essa carta exigia entre outras coisas que Marina esquecesse a ideia de criar a REDE e se submetesse a todas exigências do PSB. Ela seria, caso fosse eleita, a presidente, mas todo o comando ficaria com o PSB. Seria uma espécie de rainha da Inglaterra, uma presidente figurante, uma fantoche nas mãos da velha trupe da ala conservadora do PSB que mais se parece com o PSDB.
E a Marina, o que fez? Botou para quebrar. Com aquela voz mansa disparou: "quer dizer que para ser vice eu servia. Agora para ser presidente tenho que assinar carta"? Marina não assinou a tal carta e ainda falou que não subiria nos palanques que o Eduardo subiria nos Estados em que ele era aliado dos tucanos como São Paulo e Pará. Isso causou uma saia justa e tremendo desconforto na velharia do PSB que de socialista só tem o nome. De cara dois caciques caíram fora da coordenação, inclusive o coordenador geral Carlos Siqueira -secretário geral do partido- que alfinetou: "Ela é que vá mandar na REDE dela". Marina que já havia dito que teria sua própria coordenação, não se fez de rogada: convocou a ex-petista Deputada Luíza Erundina para ser a coordenadora geral. Assim, entre farpas e cravos de defunto começa a campanha presidencial de Marina.
Essa campanha será muito interessante. Não tenho dúvidas que a disputa será entre as duas mulheres. Se antes o eleitorado tinha que decidir entre a Dilma e o playboy mineiro Aécio Neves, agora terá uma terceira opção. Aliás, segunda opção, pois Aécio não é opção para ninguém que leva política a sério.
E a cobra vai fumar.
ResponderExcluirTenho grande respeito pela Marina, mas tenho certeza de que ela é menos capaz do que a Dilma para governar este pais machista. Eu voto 13!
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