Quase um ano após a independência do Brasil, o Pará resolve aderir ameaçado por um blefe
Foi somente quase um ano depois que Dom Pedro I desembainhou a espada e deu o famoso grito às margens do Ipiranga que a então Província do Pará se juntou ao novo império praticamente à força.
A adesão do Pará à independência que se comemora hoje se deu num contexto de guerra, com a presença do primeiro-tenente inglês John Pascoe Grenfell, que usou do blefe para ameaçar as autoridades locais e conseguir prender o governador Joaquim Moura, no dia 15 de agosto de 1823. Capitão general, Joaquim Moura já havia dito não à adesão, em 1822, preferindo manter a Província do Pará ligada diretamente a Dom João VI que havia voltado recentemente a Portugal, depois da Revolução Liberal do Porto, deixando Dom Pedro I no comando do Brasil, na chamada monarquia dual.
“O povo gostou e o Pará continuou português, ligado a Portugal”, diz a professora Magda Ricci, diretora do curso de História da Universidade Federal do Pará (UFPA), explicando que o contato com Lisboa era mais fácil do que com o Rio de Janeiro naquela época. Sob as ordens do lorde Thomas Alexander Cochrane, contratado pelo império para obrigar a adesão das províncias rebeldes à independência, Grenfell chegou em Belém no brigue “Maranhão”, afirmando que a esquadra do então primeiro almirante da Marinha do Brasil vinha logo atrás, mas Cochrane permaneceu no Maranhão, já com uma esquadra reduzida, depois de forçar a adesão da Bahia, Pernambuco, Piauí e do próprio Maranhão à independência.
No cumprimento dessa missão, Grenfell ordenou o fuzilamento de cinco paraenses, no Largo do Palácio, no dia 17 de Outubro de 1823, do qual o cônego Batista Campos escapou por interferência de amigos depois de ter sido amarrado à boca de um canhão. Grenfell também ordenou que jogassem cal em 258 prisioneiros, dos quais 256 morreram no porão de uma embarcação no porto de Belém, na chamada “tragédia do brigue Palhaço”, durante aquela revolta dos oficiais brasileiros que queriam a equiparação de seu soldo ao dos portugueses.
O fato serviu de mote para a Cabanagem, em 1935, da qual Batista Campos se tornou um dos maiores líderes. “Muitas vezes se enfatizou o processo pacífico da nossa independência, diferente da América hispânica, marcada por guerras e divisões, enquanto o Brasil manteve sua unidade e o próprio rei, dom Pedro I, mas como se pode dizer que a independência foi tranquila?”, questiona a professora, referindo-se não só às lutas no Pará, mas às revoltas no Rio Grande do Sul, que resultaram na separação do Uruguai do Brasil, na Bahia e em Pernambuco, entre outras, conhecidas como Guerra da Independência do Brasil.
(Diário do Pará)
sou o 113000 acessos cravados.quero premio.
ResponderExcluirPois é, na escola não se ensina que a independência custou muito sacrifício e vidas humanas. Está na hora de a história verdadeira vir à tona.
ResponderExcluire verdade e na escola
ResponderExcluiracho que seria em 1835 e não em 1935... tirando esse equívoco, tudo muito bem explicado
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