Polícia ocupa a Câmara

Sessão de 05 de agosto

Quem apareceu ontem na Câmara para assistir a sessão tomou um susto logo na entrada. Um grande numero de policiais, inclusive da tropa de choque militar ocupava espaços estratégicos da Câmara. Alguns chegaram a comentar que se tratava de uma ordem de prisão expedida pela juíza contra alguns vereadores. Eta povo de mente maliciosa! Mas tudo não passou de alarme falso. Correu na cidade um boato de que um grande numero de manifestantes fariam uma ocupação e protesto durante a sessão ordinária dessa terça-feira. Na verdade, apenas um pequeno grupo de moradores que foram despejados pelo prefeito Valmir de uma ocupação na VS-10 compareceram a sessão para pedir apoio aos vereadores, mas tudo transcorreu na mais perfeita ordem.

Não sei de quem foi a ideia de chamar a polícia, mas foi uma ideia infeliz. Esse negócio de tratar o povo com polícia é um complexo de ditador barato herdado da ditadura militar. A polícia só deve ser acionada em último caso caso haja risco eminente ao patrimônio público ou a pessoas. Manifestação popular tem que ser tratada com inteligência e bom senso. Afinal, na democracia quando o povo manifesta é porque quer ser ouvido pelas autoridades. Aliás, acho o povo de Parauapebas muito ordeiro e por demais pacato e até acomodado. O que acontece aqui na nossa política já teria causado uma revolução popular em qualquer município do Brasil.

O grupo de manifestante foi recebido pela vereadora Eliene que se solidarizou com sua luta e empenhou o seu gabinete na busca de uma solução prática. A vereadora agiu com muito bom senso, pois como é candidata a Deputada Estadual, poderia ter se aproveitado da situação do povo para tirar proveito político e incitá-los a novas invasões como geralmente fazem os políticos em campanha. Ao contrário, ouviu as lideranças da ocupação e entrou em contato com o representante do Terra Legal do INCRA. Se informou que o local da ocupação na VS-10 é legal e o proprietário possui a documentação de posse. Mediante essa informação se comprometeu a buscar junto ao Prefeito uma solução.

No uso da tribuna a Vereadora Eliene reiterou seu apoio aos moradores despejados e a todos os movimentos sociais: "todas as vezes que tiver um grupo reivindicando direitos como saúde, educação, terra ou moradia, eu estarei ao lado deles. Esse é o meu papel como Vereadora, como representante do povo", ressaltou a Vereadora. Denunciou a forma arbitrária como a prefeitura fez a desocupação do terreno destruindo telhas, madeira e o sonho daquele povo que buscava o direito a moradia numa cidade onde prevalece a especulação imobiliária.

O Vereador Major no uso da tribuna pediu ao líder de governo e ao presidente da Câmara que intervisse junto ao Prefeito para construir a escola Plácido de Castro no Bairro da Paz que está abandonada e servindo de esconderijo para vândalos e malfeitores. Na verdade o vereador Major se equivocou ou fez a troca de propósito. Não se trata da escola Plácido que é municipal, e sim da Escola Estadual Irmã Dulce que também abrigava a Escola Municipal Plácido de Castro. Lembram dessa escola? Foi aquela que apresentou rachaduras na laje no início do ano 2013 e foi interditada pela Defesa Civil. Como o Major se apresenta como representante do Jatene em Parauapebas, buscou soluções junto ao Estado. A escola Irmã Dulce foi transferida para um galpão próximo ao Eventual. Como não havia nenhuma estrutura os alunos reivindicaram um novo espaço. Foi transferida para uma creche no bairro Bela Vista onde funcionou precariamente até o final de 2013. Esse ano, foi locado um prédio no bairro da paz provisoriamente enquanto o Estado reformasse o prédio da escola. Resultado da novela: o Estado abandonou a escola e nunca deu satisfação a comunidade. O proprietário do prédio locado nunca recebeu um centavo e a energia foi cortada pela CELPA. Os alunos da Escola Irmã Dulce estão sem aulas e sem saber quando retornarão, com risco de perderem o ano letivo já bastante comprometido. E agora vereador Major? O que o senhor vai dizer para a comunidade? Sei que o senhor é corajoso e vai assumir esse pepino e denunciar o Estado por descaso e irresponsabilidade.

De tanto esse Blog cobrar debate nas sessões, ontem houve um ensaio entre Zé Arenes e Odilom. O Vereador Arene cobrava do Estado responsabilidade do Governador Jatene que abandonou a educação em Parauapebas. Tomou como exemplo a situação da Escola Irmã Dulce. O Vereador Odilom rebateu em defesa do Governador e falou que Arenes estava com memória curta, pois todos os problemas foram deixados pela ex-governadora Ana Júlia. 

Como já estavam nas explicações finais, os vereadores não continuaram o debate, mas sinto que na próxima sessão esse tema será retomado. Para colaborar com os dois vereadores deixo aqui alguns dados para apimentar o debate:

I- O Governo do Estado sempre foi omisso na educação em Parauapebas. Tanto que só existem 3 escolas estaduais: Eduardo Angelim, Irmã Dulce e Marluce Massariol. A Escola Eduardo Angelim e Escola Irmã Dulce foram construídas na época do Jader Barbalho; a escola Marluce Massariol foi iniciada pelo Jatene e a obra ficou abandonada, sendo retomada e concluída pela Governadora Ana Júlia.

II- A Escola Irmã Dulce construída em madeira nunca recebeu uma reforma pelos governos Almir e Jatene do PSDB. Estava caindo e foi interditada. A Governadora Ana Júlia mandou derrubar o que sobrou e construiu uma escola novinha toda de alvenaria, com dois pisos e 12 salas climatizadas, além de quadra coberta e áreas técnicas como sala de informática, biblioteca, etc. Essa mesma escola apresentou rachaduras depois de cinco anos e foi interditada em 2013. Até hoje está abandonada pelo Jatene. 

III- Quando Ana Júlia recebeu o governo, além de construir o Irmã Dulce, reformou, ampliou e construiu a quadra coberta da Escola Eduardo Angelim. Essa escola estava caindo aos pedaços por nunca ter recebido sequer uma pintura nos governos Almir e Jatene (12 anos). Concluiu também a Escola Marluce Massariol que foi abandonada pela metade da obra por Jatene.

IV- Enquanto Ana Júlia fez concurso para professores de todas as áreas, o governo Jatene demite professores e deixa as escolas vazias e alunos sem várias disciplinas. Aqui em Parauapebas não existe uma escola onde tem professores para todas as disciplinas. O diretor sede Professor Sena em entrevista ao Liberal Comunidade disse que começou o ano letivo com um déficit de cerca de 60 professores. Para piorar, vários professores tiveram seus contratos encerrados e não renovados.

V- Ana Júlia ficou devendo muito ao Estado do Pará, mas se compararmos os 4 anos dela com os 15 anos de Almir e Jatene, ela ainda ganha de 7 X 1. Se alguém achar o contrário que apresente as estatísticas.

Tai vereadores Odilom e Arenes. Que tal enriquecerem a próxima sessão com esse debate?