...Falando isso, saiu de novo, foi ter com os judeus e disse-lhes: “Não acho nele crime algum. Mas é costume entre vós, que pela Páscoa vos solte um preso. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?” Então todos gritaram novamente e disseram: “Não! A este não! Mas a Barrabás!” (Jo. 18, 38-40).
Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: “Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação”. Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse: “eis o homem!”. Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram: “Crucifica-o! Crucifica-o.” Falou-lhes Pilatos: “tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma. (Jo. 19, 4-6).
Declarou Pilatos aos príncipes dos sacerdotes e ao povo: “Eu não acho neste homem culpa alguma”. Mas eles insistiam fortemente: “Ele revoluciona o povo ensinando por toda a Judeia, a começar da Galileia até aqui”. Lc. 23, 4-5).
Essas palavras dos evangelhos faz lembrar algo? Nem Pilatos (prefeito da província romana de Judeia entre os anos 26 e 30 d,C.) conseguiu encontrar crime algum em Jesus. Ele insistiu várias vezes para livrar Jesus e até ofereceu outro prisioneiro para satisfazer a sanha dos judeus. Mas eles preferiram a Barrabás do que a Cristo. Aquele Jesus que revolucionava o povo, que jantava com “impuros”, que salvou a prostituta do apedrejamento, que chicoteou os vendilhões do templo, que mandou um jovem rico vender tudo o que tinha e dar aos pobres, desagradou muita gente. E desagradou principalmente aos poderosos que queriam manter a qualquer custo os seus privilégios e costumes. Esses poderosos não eram pessoas cruéis e diabólicas como muitos pensam. Eram pessoas de “bem”, religiosas, sacerdotes, pontífices e doutores da lei. Eram pessoas acima de qualquer suspeita.
Esses poderosos temiam o fato de Jesus ser um homem do povo, de estar revolucionando esse povo. Temiam que esse povo descobrisse que tinha direitos, que era igual em essência, que tinha dignidade. E o que os poderosos da época usaram para prender e matar Jesus? Usaram o próprio povo. Esse povo suscetível e sugestionável. Nota que quem estava gritando para Pilatos “solte barrabás!” “Crucifique a Jesus” era o próprio povo incitado pelos poderosos. Quando Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumentinho, foi saudado pelo povo e recebido como um rei. Esse mesmo povo estava lá na frente do palácio de Pilatos gritando: “Crucifique-o! Crucifique-o!
E se Jesus voltasse hoje novamente como um ser humano comum como fez na época? Será que não teríamos a mesma reação? Imagine um cabeludo, barbudo, de chinelos, aparecer hoje pregando o que Jesus pregou há dois mil anos atrás! Muitos religiosos, muitas pessoas de bem, muitos pastores, sacerdotes, muitas damas da caridade iriam protestar e exigir pena de morte.
Quantas vezes não condenamos e matamos Jesus atualmente? Quantas vezes não julgamos e até condenamos nosso irmão pela sua aparência? Quantas vezes não desejamos a morte de um irmão apenas por pensar diferente de nós, por nos importunar com suas ideias? Quantas vezes não desejamos a morte de um irmão que foi pego em algum delito? Duvida? Então dê uma olhada nas redes sociais e encontrará um monte de fotos de pessoas espancadas, ensanguentadas, mortas com a legenda: “bandido bom é bandido morto!”. Quantas vezes não agimos como manadas teleguiadas que gritam nas ruas palavras de ordem contra pessoas que nem foram condenadas? Quantas vezes já não nos colocamos como doutores da lei e fizemos um julgamento precipitado e seletivo para satisfazer nossas conveniências?
Muitas vezes vamos à igreja, fazemos caridade, nos declaramos cristãos, mas nossos atos do dia-a-dia são semelhantes aos dos escribas e fariseus hipócritas. E Jesus nos diria: “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas! Limpai por fora o prato e por dentro está cheio de roubo e de intemperança”. (Mt. 23, 25).
Nessa Páscoa desejo que possamos identificar nossas ações que são parecidas e idênticas às ações dos que crucificaram Jesus; que possamos refletir sobre nossos atos e identificar nossas ações que são contrárias aos dois maiores mandamentos que são: Amarás o Senhor, Teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito (...) amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas. (Mt. 22, 37-40).
Feliz Páscoa!!!
escribas e fariseus hipócritas! Limpai por fora o prato e por dentro está cheio de roubo e de intemperança.
ResponderExcluirUma reflexão digna de um bom cristão.
ResponderExcluirInfelizmente estamos rodeados de fariseus e doutores da lei que instigam o povo a crucificar os Jesus de hoje. e este povo se deixam enganar por migalhas.
Infelizmente povo é povo, só muda de época.
ResponderExcluirQuem seria mais cruel os fariseus de hoje ou os de ontem?
ResponderExcluirEu me envergonho, não só pelos evangélicos dos quais sou um mas também de outras religiões, onde as lideranças estão falando de amor entre 4 paredes dos templos, e, usando as redes sociais para caluniar e difundir o ódio, se Jesus viesse hoje como antes, seria pendurado no madeiro de forma muito mais cruel, a história nos mostra isso, principalmente indicado pelos maiores líderes religiosos de hoje, igualzinho os de antes.
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