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quinta-feira, 3 de março de 2016

A latente esquizofrenia política do PT de Parauapebas


Um excelente texto do professor Henrique Branco extraído com a devida autorização do seu blog, apresenta de forma didática o momento de crise de identidade em que vive o PT de Parauapebas. Uma análise feita por um petista que conhece o partido intimamente. Eu recomento.


O Partido dos Trabalhadores de Parauapebas atingiu o seu ápice político em 2004, quando conquistou nas urnas, em disputa político-eleitoral, a prefeitura de um dos municípios mais ricos do Brasil. Darci Lermen ainda seria reeleito e governado por mais quatro anos, saindo do Palácio do Morro dos Ventos em 2012, não fazendo o seu sucessor, mas sendo o primeiro a governar Parauapebas por dois mandatos consecutivos.

O PT então perdeu o comando da prefeitura, mas elegeu quatro vereadores: Miquinha, Eusébio, Arenes e Eliene. Naquele momento, início dos trabalhos legislativos da atual legislatura, o referido partido contava com a maior bancada da Câmara Municipal de Parauapebas. Cenário perfeito para o fortalecimento da oposição, enquadramento do governo e firmamento do partido no campo oposicionista, demonstrando que, mesmo perdendo a disputa pelo Executivo municipal, seria forte na política da “Capital do Minério”.

Não demorou muito para os inflados e críticos discursos dos parlamentares petistas começassem a mudar ou, pelo menos, tornasse mera retórica dialética, algo meio protocolar. Em diversas ocasiões, os legisladores petistas votaram de acordo com os desejos e interesses do Palácio do Morro dos Ventos. Quem se salva dessa afirmação é Eliene Soares, vereadora que ainda se mantém fora do controle, da órbita palaciana.

Quis o destino e fatos que o vereador José Arenes (PT) fosse preso e perdesse o mandato em maio de 2015, por conta da operação “Filisteus” do Ministério Público do Pará, além de serem encontradas armas e munições sem autorização em sua residência. Joelma Leite, suplente, assumiu o mandato e continua até hoje na cadeira. PT então continuava com quatro cadeiras no parlamento municipal, bancada que representa quase 1/3 do total de cadeiras na “Casa de Leis”.

Mas os trâmites políticos da “Capital do Minério” transformaram parte do PT (pelo menos em sua representação parlamentar) em aliados do governo. Os vereadores Miquinha, Joelma e Eusébio votam favoravelmente ao governo Valmir, pelo menos, as sessões parlamentares apontam isso em breve pesquisa. Como disse apenas a vereadora Eliene se mantém firme em sua postura crítica ao Palácio do Morro dos Ventos, mas tornou-se uma voz perdida em meio ao batalhão defensivo montado na “Casa de Leis” e que permite atualmente o prefeito Valmir Mariano “navegar” em águas calmas, rumo à disputa eleitoral que se aproxima.

Por esses meandros políticos do PT parauapebense é que o ex-prefeito Darci Lermen ficou sem saída, em uma encruzilhada, escorado no corner. Não, por acaso que decidiu sair do referido partido. Faz sentido essa estratégia política do ex-prefeito. Como se manter oposição, uma alternativa de governo, de gestão, com parte do partido apoiando o atual prefeito? Darci no PT seria facilmente “tratorado” pelos seus adversários na campanha, especialmente por Valmir.

Conforme escrevi em meu blog na semana passada, Darci Lermen sabe fazer política e tem voto. Sua indefinição em relação a qual legenda irá ingressar, é mais uma tática política. Dessa forma, ele dita o ritmo dos bastidores, haja vista, que a sua opção poderá alterar o tabuleiro político da “Capital do Minério”. Iremos entrar no mês de março e o ex-prefeito ainda tem tempo para escolher o seu futuro. Irá retardar ao máximo o anúncio, pois “valoriza o passe” e pode impor condições aos grupos políticos e partidos que o querem.

Certo mesmo é que o PT de Parauapebas vive um intenso e perigoso processo de esquizofrenia. Parece que muitos integrantes do partido não conseguem ficar fora do poder. Os oito anos no Palácio do Morro dos Ventos os tornaram reféns da “Mosca azul”. Aguardemos fortes emoções que estão sendo preparadas pelos bastidores do processo político. Estamos só no começo da disputa.

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