Esse texto é uma parte do conto "O pântano azul" que está no livro "O escorpião e a borboleta". Achei bem adequado para o momento político que Parauapebas atravessa. Divirtam-se com a leitura e comentem a vontade.
Ao longo dos
anos, Mestre Sist cuidou para aperfeiçoar o pântano azul e atrair sempre mais
almas para o seu projeto. Era importante manter o mistério e fortalecer os
princípios regimentais que transparecesses normalidade na casa.
Além do Grande
Conselho, havia o guardião da caixa forte que tinha o poder de organizar a
aldeia e prover o desenvolvimento e o bem estar dos aldeões. Esse guardião
também era escolhido de forma direta num pleito disputadíssimo, e o cargo era
muito cobiçado por todos, pois além do poder de gerenciar a caixa forte, era
laureado com poderes supremos que lhe conferiam prestígio e riquezas
incalculáveis. Bastaria se submeter, após ser escolhido, aos ditames do mestre
e ter esperteza o suficiente para se livrar das armadilhas do Dr. Torga. Se
conseguisse, o céu seria o limite.
Cabia ao Grande
Conselho o controle e a fiscalização do guardião da caixa forte. Era tudo bem
estruturado para conferir poder aos conselheiros e não deixar o guardião pensar
que era deus. Assim, qualquer medida, qualquer decisão do guardião, teria que
ser chancelada pelo Grande Conselho. Se por um lado, o guardião da caixa forte
tinha poderes privilegiados, por outro lado, esses poderes dependiam dos
conselheiros. Essa foi uma forma inteligente que Mestre Sist criou para manter
o equilíbrio e, ao mesmo tempo, acirrar as disputas entre os poderes. Afinal,
nesse jogo, vale a criatividade para trapacear, para dominar e para subjugar os
mais fracos.
Com o poder de
controle que o Grande Conselho exercia sobre o guardião, foi enfraquecendo a
sua influência, de maneira que algumas figuras ilustres caíram em desgraça no
exercício da função. Foi então que há tempos atrás, um guardião teve a
brilhante ideia de explorar a cobiça e a ganância dos conselheiros. Passou a
fazer acordos, a oferecer privilégios e criar cargos para contemplar os
conselheiros e seus parentes. Sabendo que as mentes dos componentes do pântano
estavam corrompidas, usou e abusou desse expediente exaustivamente, até que nem
um componente soubesse mais viver sem esses favores extras. Além disso, usou de
artimanhas para dividir o grupo e provocar disputas entre eles.
Esse guardião
que teve a grande ideia de seduzir os conselheiros com privilégios extras fez
escola no pântano azul e influenciou toda uma geração, de tal forma, que até os
dias atuais esse modelo é seguido e aperfeiçoado pelos seus sucessores. Agora,
todo guardião que tem o privilégio de assumir a caixa do tesouro, cuida para
seduzir principalmente àqueles que foram seus adversários na disputa. Assim,
terá garantida toda a tranquilidade para usufruir do tesouro sem nenhum
aborrecimento. Por sua vez, os conselheiros tratam de juntarem-se em grupos
para fortalecerem-se e arrancar mais benefícios do guardião. Tudo dentro da
mais perfeita ordem e em nome da moral, dos bons costumes e, até dos princípios
religiosos, mesmo que as crianças morram à míngua, mesmo que famílias inteiras
de aldeões padeçam, mesmo que o reinado apodreça e vire ruínas. O importante é
manter o sistema em perfeita harmonia.
Um certo
guardião do tesouro que presidiu a aldeia num período crítico, inventou uma
arma secreta para acalmar os conselheiros do pântano que apresentavam
comportamento rebelde. Com o livre arbítrio que o Mestre Sist dava de vez em
quando para testar a astúcia dos postulantes, vez por outra, alguma pessoa bem
intencionada conseguia passar pelo teste e entrar no pântano azul. Diziam que
iriam mudar e transformar o pântano e mostrar que ainda havia almas boas
naquele lugar, capazes de mergulharem no pântano e saírem puras.
Para evitar
problemas de desequilíbrio, e, para continuar reinando soberano gozando de
todos os privilégios do cargo de guardião do tesouro, seus antecessores usavam
de violência, intimidação, e até assassinato contra os conselheiros e aliados
que não dançassem conforme a música. Isso custava muito caro e criava muita
desordem e complicação, chegando até a perda da função de uns. Foi então que
esse iluminado guardião teve a brilhante ideia de lançar mão de sua arma
secreta: tratava-se de uma mala preta que era levada por um emissário e aberta
exclusivamente na presença do conselheiro rebelde que estava criando problemas.
Até hoje,
ninguém de fora descobriu o misterioso conteúdo dessa mala preta, e o segredo é
passado somente de guardião para guardião. Todos os guardiões do tesouro lançam
mão desse recurso, uns mais e outros menos. Basta um conselheiro se rebelar, ou
ameaçar ruir a estrutura, logo aparece o emissor com a tal poderosa mala preta.
Dizem que o sujeito fica transtornado e entra num transe total. Alguns cheiram
o conteúdo, outros fecham os olhos e oram em agradecimento, outros choram
diante da visão. Depois da visita do emissário da mala preta, os rebeldes ficam
mansos como cordeiros e mudam radicalmente o comportamento: se antes odiavam o
guardião, agora passam a amá-lo.
Uma característica
mais comum de quem recebe a visita do emissário da mala preta, é a mudança de
vida. Como num passe de mágica, o sujeito, além de ficar dócil como um
carneirinho, muda radicalmente sua situação financeira. Dizem que é o poder da
mala secreta que abre a visão para a prosperidade. Se antes, o jetom recebido
pelo seu “suado” trabalho não dava nem para as necessidades básicas, agora,
sofre a mutação e se transforma em riqueza incalculável. É o verdadeiro milagre
da multiplicação.
Cada guardião
que entra, cria sua própria mala preta e vai aperfeiçoando para driblar a
vigilância do Dr. Torga. Apesar de ninguém saber o conteúdo da mala, ela é
proibida e mantida sob o mais absoluto segredo. Alguns curiosos chegaram perto,
mas só descobriram objetos sem sentido que cobriam o verdadeiro conteúdo.
Algumas vezes chegaram a ver carambolas, laranjas, e até roupas velhas. Outras
vezes, no lugar da mala preta, o emissário levava caixa de papelão ou sacola de
supermercado.
Com esse
moderno sistema de acalmar os rebeldes, os guardiões quase não precisam mais
lançar mão de recursos violentos. A mala preta é mais eficiente e mais barata,
além de deixar o sujeito em estado de letargia, criando uma dependência
perpétua. Uma vez tendo recebido a mala preta, nunca mais o conselheiro
seria o mesmo. Aquele espírito de
rebeldia era transformado em subserviência, e mesmo que o conselheiro fosse
rico, vivia como um mendigo, sempre rastejando sem a mínima dignidade.
Mestre Sist admirava com orgulho a sua criação. “Pobres coitados!
Quando vão evoluir a ponto de descobrir que o pântano é composto por partículas
extraídas de suas próprias fraquezas? Quando vão se darem conta de que a
ambição, o orgulho, a vaidade, o vício, a perversidade, e outras deformidades
humanas são matérias indispensáveis para a continuidade do pântano azul?”, divagava
o Mestre.
Um dia, quem sabe, uma alma pura
mergulhará no pântano e sairá limpa e incólume. Quando isso acontecer, será tão
forte que contaminará outros membros e abalará a estrutura do pântano azul.
Enquanto isso, Mestre Sist vai brincando e fazendo novas experiências com os
que penetraram nesse universo misterioso de luz azulada tão atraente e tão
complexo. Cada novo ser que entra no pântano recebe a picada do escorpião e o
beijo da borboleta, e a contradição passa a ser condição natural em sua vida.
Por um lado, sente que o veneno está destruindo suas entranhas, corroendo sua
alma, e, por outro lado, se entrega perdidamente ao jogo da luz. Perde suas asas, mas não abandona o pântano
azul.
Mestre sist é cruel, mas o povo não perdoa, mesmo que isto lhe custe quatro anos de atraso.
ResponderExcluirEu espero que o povo não se venda. Porque os bandidos ( maioria dos vereadores) estão embolsando só pra comprar votos.
ResponderExcluirKkkkkk. Esse blog é demais. Essa mala preta é aquela que amansou os vereadores da oposição. Uns cheiram o conteúdo, outros oram p agradecer. Já sei até quem é. E as carambolas do Maridé? Demais. Só ainda não sei quem é o homem da mala preta. Será que é quem eu tô pensando?
ResponderExcluirAcreditem se quiserem mas naquela sessão que ia ser votado o documento pedindo afastamento do prefeito, quando o Miquinhas fugiu após uma grave acidente e uma cirurgia que levou três pontos, quando o Euzébio garantiu ao PT que votaria com a oposição mas já estava com a passagem de avião no bolso e viajou junto com quem? Com quem? Com o Bruno que agora é líder de governo. Mas acreditem se quiserem naquele dia a mala preta estava LITERALMENTE na câmara.. e comprou gente, gente que aguardava uma secretaria que ainda não tinha saído e agora saiu mas com um grande buraco. kkkkkkkkkk
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