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segunda-feira, 22 de julho de 2013

BASTA! CHEGA! NÃO PODEMOS MAIS TOLERAR!

LUTO.


Taí uma coisa que nunca conseguimos vencer em Parauapebas: a banalização da violência. Digo banalização porque violência existe em todos os cantos do mundo e as instituições e os institutos de pesquisa até tem números que consideram normais. Enfim, o ser humano é um animal que pode se tornar violento por diversas razões. Por ísso a sociedade civilizada cria mecanismos para inibir e coagir esse ímpeto. Falo sociedade civilizada porque ao que parece Parauapebas ainda não atingiu esse estágio.
Não culpo especificamente as autoridades por essa selvageria que vivemos em Parauapebas. Todos temos a nossa parcela de culpa. Entra governo e sai governo (Estadual e Municipal) e a violência só aumenta. De vez em quando, num rompante, seja pela morte de algum ilustre, ou seja por alguma morte com excesso de crueldade a sociedade se mobiliza. As autoridades esbravejam, os vereadores promovem audiência pública, alguma ONG promome uma passeata para no final tudo voltar ao "normal". Todos se esquecem. A bandidagem volta a imperar como manda o figurino.
Enquanto isso, quem tem dinheiro se refugia em suas casas com circuito interno de tv, com sistemas de alarmes, com cercas elétricas e muros que mais parecem muralhas de presídios. Enquanto o cidadão de bem fica preso, os marginais tomam conta da cidade zombando de todos e por vezes recebendo as benesses de alguns políticos e de alguma "instituição de defesa dos direitos humanos"
Hoje mais um pai de família honrado, um trabalhador foi brutalmente assassinado. Altamiro Borba fazia uma coisa rotineira que não deveria representar nenhum risco a um cidadão. Apenas tentou entrar numa agência bancária para depositar a renda auferida no final de semana trabalhado. Rotineira se vivessemos numa sociedade civilizada. Em Parauapebas isso é uma atividade de alta periculosidade. Altamiro não sabia que para uma tarefa dessa ele teria que estar num carro blindado, acompanhado de 04 homens armados com escopeta e pistola ponto 40 trajando colete a prova de balas. Meio neurótico não? Pois é assim que teremos que nos comportar se todos nós não dermos um basta nisso já.
Não precisamos mais de oba-oba. Basta de ações superficiais contra a violência! Basta de discursos inflamados! Chega de banalização! Chega de brincar com a vida humana! Ontem foi o Delegado André, a Ana Karina....e tantos outros. Hoje foi o Altamiro Borba. Amanhã quem será?
Chega de apatia! Abaixo toda forma de violência! Não toleramos mais uma BR assassina num Estado tão rico; Não toleramos mais uma polícia desaparelhada, sucateada e mal paga na rica região do Carajás; Não toleramos mais uma justiça desmoralizada e desaparelhada que inevitavelmente proporciona a impunidade; Não toleramos mais bandidos, assaltantes, estrupadores, corruptos que ceifam vidas, que destroem famílias e continuam zombando da nossa inércia.
Defenda sua vida. Defenda sua família, sua comunidade. Não aceite a violência como coisa normal. Reaja! Mostre sua indignação! Queremos viver numa Parauapebas civilizada. Temos esse direito e exigimos.

Um comentário:

  1. Terra sem lei - tudo por 1.99. Até a nossa vida?

    Lembro-me de dois episódios ocorridos em Parauapebas que surtiram efeito paliativo e logo caíram no esquecimento. Um drástico e outro folclórico/festivo.
    O primeiro (não me lembro com precisão a data - entre 2001-03) foi quando Parauapebas vivia sob o domínio de gangs juvenis, que ignoravam a justiça (porque nunca existiu mesmo por aqui) e impunham o terror na cidade, ditando suas próprias leis. Certa manhã amanheceram mortos, executados a tiro, à queima-roupa, quatro adolescentes. Foi uma comoção social; para os familiares e amigos próximos todos eram "meninos bons" que não faziam mal a ninguém - "eram uns santos". Houve até passeata clamando por justiça. O certo foi que os pais dos outros (integrantes do grupo) deram um jeito de tirar os seus filhos daqui; os demais, filhos de pobres, temendo pelas suas vidas, deram um jeito de desarticular a quadrilha e, por um bom tempo, a coisa se acalmou.
    O segundo episódio foi no iníicio do mandato do prefeito Darci. A violência estava tão banalizada que ninguém podia mais sair às ruas; mesmo durante o dia, os pais tinham medo de mandar seus filhos para a escola. A coisa chegou a um extremo que até o prefeito sentiu medo e convocou a sociedade para um ato público denominado "Abraço da Paz". Foi bonito, é verdade; a cidade inteira - povo e autoridades - foi prá rua e num gesto simbólico todos se deram as mãos e promoveram um grande abraço aos prédios públicos que simbolizam (eu disse simbolizam) o poder e a justiça. Houve uma trégua, muito pequena, na situação de violência; mas como nada foi feito a partir daí, em pouco tempo tudo voltou ao normal (outra vez: eu disse normal).
    Conheci muito pouco o Altamiro. Sei que foi candidato a vereador pelo PT em duas ou três tentativas, foi, por pouco tempo, secretário de assistência social e em uma ou duas oportunidades chegamos a conversar. Mas não é por isso que devo ficar calado. Ele era trabalhador, pai de família e era um ser humano que foi balnalmente assassinado; até onde eu sei, sem disscussão, sem briga, sem acerto de contas, apenas tiraram-lhe a vida para roubar. Quero juntar a minha indignação a todos aqueles que entendem que a vida do ser humano merece respeito. Por isso eu também peço justiça. BASTA!!!
    Minha solidariedade aos seus familiares.

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