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terça-feira, 7 de maio de 2013

UMA BELA LIÇÃO DE VIDA

07 de maio - 4º dia de caminhada


"Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz. Coragem, coragem que eu sei que você pode mais, muito mais" (Raul Seixas)


Estou saindo hoje para o meu 4º dia de caminhada. Muito cansado e abatido, quase desanimado. Para piorar meus pés resolveram apresentar a fatura. Dois calos resolveram dar o ar da graça. Envolvi-os com curativos, calcei as botas com dificuldade e saí. O percurso seria de Pamplona a Ponte la Reina. Vamos caminhar que o caminho é longo.
Já falei que no caminho se encontra muito idoso? Pois se encontra aos montes. Logo na saída cruzei com um senhorzinho de cabelos brancos que andava bem devagar. Parei, olhei e voltei para tentar conversar com ele em espanhol. Um italiano chamado Franco de 78 anos. Bem humorado e disposto me contou que estava sem pressa e repetiu um ditado espanhol: "não importa como se anda, mas como se chega. Um passo de cada vez". Disse que pretendia chegar a Santiago lá para julho ou agosto e faria uma parada de uma semana no meio do caminho. Fiquei um tempo conversando com seu Franco e aprendi muito com ele. Depois segui adiante.
Quando sai do hotel, estava muito mal. Tudo doia. Inexplicavelmente esqueci da dor e passei a andar com mais disposição. Será que foi o milagre do seu Franco? Me sinto mais revigorado e até o joelho que doia já não dói mais. Acho que o Caminho é assim. No começo te testa para ver se você é digno de trilhar. Depois seu corpo vai ganhando resistência.
Deveria ter parado em Ponte la Reina. Ainda estava cedo e estava com muita disposição. Não havia entendido porque os peregrinos todos ficaram lá. Segui em frente praticamente sozinho. Só dois ciclistas passaram por mim. Logo entendi. O próximo povoado que se chama Mañeru fica a 5 km de distância e é só subida. Pense numa subida bruta? Para quem já tinha andado 24 km, o ideal era dormir em Ponte la Reina. Mais tudo bem. Cheguei sem problema e me hospedei no único albergue do povoado. Depois do jantar para minha alegria, encontrei um violão. Perguntei ao hospitaleiro se podia tocar e ele autorizou. Disse que era de um amigo que tinha morrido no ano passado e até então ninguém tocara. A gringaiada está empolgada e o hospitaleiro já nos ofereceu a segunda garrafa de vinho por conta da casa. Vou acabar com essa festa. Violão na capa sob protesto da pequena platéia. Hora de dormir para um novo dia.
Amanhã mostro a foto do seu Franco. 

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