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domingo, 14 de abril de 2013

ÁGUA: O NOSSO DILEMA


ONDE ESTÁ A SOLUÇÃO?
 

            Nesse domingo acordei mais cedo para assistir ao Liberal Comunidade e vi o Gesmar - atual gestor do SAAEP – dando explicações sobre o problema da falta de água em Parauapebas. De cara ele disse que nossa tubulação foi construída na década de 80 e por isso dava tanto problema. Só para lembrar, nossa tubulação não é tão velha assim. Foi enterrada no governo do Chico das Cortinas –Governo que o Gesmar fez parte- no período de 1993 a 1996 e a ETA foi inaugurada no início da gestão da Bel em 1997. O Chico fez a obra e deixou para a Bel inaugurar. O fato do Gesmar ter errado na citação do ano não tem importância nenhuma. É normal, todos cometemos esse tipo de equívoco quando se trata de datas. Mas vendo suas explicações fiquei refletindo e vendo como os discursos mudam rápido! Durante a campanha falavam que o problema da água seria resolvido imediatamente, como num passe de mágica. Chamavam o gestor anterior de incompetente, de irresponsável e outros adjetivos carinhosos. E não foi só a turma do Valmir que usou esse discurso. O Darci usou contra a Bel em 2004 e a Bel e Faisal usaram contra o Darci em 2008. Em 2012 a água foi mais uma vez a grande vedete que contribuiu para definir a eleição a favor da oposição.
            É fato que temos problema de falta de água em nosso município. É fato também que os gestores não estão sabendo tratar desse problema de forma técnica. Olhando as desculpas que o Gesmar dava hoje, parecia uma gravação já repetida pelos gestores anteriores. Sempre colocando a culpa na tubulação velha, na falta de investimento do governo anterior, no crescimento da população e, até na falta de consciência do povo que desperdiça o precioso líquido. Sem demonstrar credibilidade falava em prazos futuros para resolver o problema e até apontou soluções velhas e arcaicas que já foram excluídas tecnicamente como a abertura de poços profundos. Gostaria de lembrar que nosso lençol freático não é ideal para a utilização de poços artesianos e em um estudo feito por técnicos da UFPÁ isso já foi demonstrado que é inviável. Será o que está faltando? Investimento? Talvez não. Mais uma vez lembrando, na primeira gestão do Darci foi feito um grande investimento na ampliação do sistema, inclusive a empresa INTEGRAL do seu Valmir foi a responsável pela obra.  No segundo mandato do Darci foi construída uma nova ETA com investimento de 12 milhões que resolveria 80% do problema. O sistema funcionou experimentalmente a partir de dezembro de 2012 e, se você se lembra, sentimos o impacto positivo, ou seja: em dezembro não tivemos problema de falta de água. O que aconteceu com essa ETA? A equipe técnica do atual governo até agora não conseguiu colocar para funcionar em definitivo.  Estou citando isso não para chamar ninguém de incompetente, mas para demonstrar que nosso problema não é falta de investimento, tampouco falta de vontade política para resolver o problema da falta de água potável em nossas torneiras. Então onde está o problema?
            De forma equivocada os governantes trataram a questão da água como moeda política. Como é um fato que mexe muito com o povo, esse tema sempre foi  explorado nas campanhas eleitorais e as promessas nessa área foram as mais esdrúxulas possíveis. Passada a eleição, o eleito sabendo que essa foi sua principal promessa, o mote que o conduziu ao poder, passa a procurar soluções rápidas e improvisadas para resolver o problema. Como a coisa não é tão simples assim, o tempo vai passando e as cobranças aumentam. Pressionados, os gestores cometem seguidos erros e tentam remendar o problema que só vai virando uma bola de neve. Os improvisos são tão prejudiciais quanto a falta de água, além de representar prejuízos aos cofres públicos. Já testemunhei um ato de desespero do Darci quando ele acuado com o problema pensou em distribuir caixas d’águas para a população.
            É importante que a própria sociedade passe a ver esse problema com outros olhos, e passe a cobrar dos nossos políticos outra postura. Por mais investimento que houver, uma cidade que cresce como Parauapebas, vai sempre existir algum bairro com problema de abastecimento. A falta de água, a falta de saneamento é um problema do planeta e, se olharmos um pouco ao nosso redor perceberemos que nós nem temos tanto problema assim. Vou citar só dois exemplos para ilustrar meu argumento: Marabá completou 100 anos e quase não tem água potável nas casas; Belém, a nossa capital vive sem água nas torneiras. Quase todos os dias os telejornais da metrópole está mostrando a população da periferia e do centro reclamando da falta de água. Parauapebas com seus 25 anos está muito à frente da capital e da maioria das cidades mais antigas do Estado do Pará. Aí você poderia dizer: mas o nosso município é rico! Somos ricos sim, mas dinheiro não resolve por si só todos os problemas.
            Mudança de atitude talvez fosse a palavras de ordem nesse momento. Mudança de atitude dos governantes para deixar de utilizar o problema da falta de água como moeda política e parar de fazer improvisos para enganar a boa fé do povo. Precisamos de investimentos com planejamento, sem a pressão de ter que correr atrás do problema. Mudança de atitude do povo também é imprescindível. Começar cobrar dos políticos uma atitude mais séria e não se deixar levar por emoções de eleições seria o ideal. Uma boa educação ambiental seria de bom tamanho também, pois convenhamos: grande parte do nosso problema está nas nossas atitudes, na má utilização da água. Quem nunca viu alguém lavando calçada com água potável? Para mim isso é tão grave quanto a falta de compromisso dos políticos.

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