ONDE ESTÁ A SOLUÇÃO?
Nesse
domingo acordei mais cedo para assistir ao Liberal Comunidade e vi o Gesmar -
atual gestor do SAAEP – dando explicações sobre o problema da falta de água em
Parauapebas. De cara ele disse que nossa tubulação foi construída na década de
80 e por isso dava tanto problema. Só para lembrar, nossa tubulação não é tão
velha assim. Foi enterrada no governo do Chico das Cortinas –Governo que o
Gesmar fez parte- no período de 1993 a 1996 e a ETA foi inaugurada no início da
gestão da Bel em 1997. O Chico fez a obra e deixou para a Bel inaugurar. O fato
do Gesmar ter errado na citação do ano não tem importância nenhuma. É normal,
todos cometemos esse tipo de equívoco quando se trata de datas. Mas vendo suas
explicações fiquei refletindo e vendo como os discursos mudam rápido! Durante a
campanha falavam que o problema da água seria resolvido imediatamente, como num
passe de mágica. Chamavam o gestor anterior de incompetente, de irresponsável e
outros adjetivos carinhosos. E não foi só a turma do Valmir que usou esse
discurso. O Darci usou contra a Bel em 2004 e a Bel e Faisal usaram contra o
Darci em 2008. Em 2012 a água foi mais uma vez a grande vedete que contribuiu
para definir a eleição a favor da oposição.
É fato que
temos problema de falta de água em nosso município. É fato também que os
gestores não estão sabendo tratar desse problema de forma técnica. Olhando as
desculpas que o Gesmar dava hoje, parecia uma gravação já repetida pelos
gestores anteriores. Sempre colocando a culpa na tubulação velha, na falta de
investimento do governo anterior, no crescimento da população e, até na falta
de consciência do povo que desperdiça o precioso líquido. Sem demonstrar
credibilidade falava em prazos futuros para resolver o problema e até apontou
soluções velhas e arcaicas que já foram excluídas tecnicamente como a abertura
de poços profundos. Gostaria de lembrar que nosso lençol freático não é ideal
para a utilização de poços artesianos e em um estudo feito por técnicos da UFPÁ
isso já foi demonstrado que é inviável. Será o que está faltando? Investimento?
Talvez não. Mais uma vez lembrando, na primeira gestão do Darci foi feito um
grande investimento na ampliação do sistema, inclusive a empresa INTEGRAL do
seu Valmir foi a responsável pela obra.
No segundo mandato do Darci foi construída uma nova ETA com investimento
de 12 milhões que resolveria 80% do problema. O sistema funcionou
experimentalmente a partir de dezembro de 2012 e, se você se lembra, sentimos o
impacto positivo, ou seja: em dezembro não tivemos problema de falta de água. O
que aconteceu com essa ETA? A equipe técnica do atual governo até agora não
conseguiu colocar para funcionar em definitivo.
Estou citando isso não para chamar ninguém de incompetente, mas para demonstrar
que nosso problema não é falta de investimento, tampouco falta de vontade
política para resolver o problema da falta de água potável em nossas torneiras.
Então onde está o problema?
De forma
equivocada os governantes trataram a questão da água como moeda política. Como
é um fato que mexe muito com o povo, esse tema sempre foi explorado nas campanhas eleitorais e as
promessas nessa área foram as mais esdrúxulas possíveis. Passada a eleição, o
eleito sabendo que essa foi sua principal promessa, o mote que o conduziu ao
poder, passa a procurar soluções rápidas e improvisadas para resolver o
problema. Como a coisa não é tão simples assim, o tempo vai passando e as
cobranças aumentam. Pressionados, os gestores cometem seguidos erros e tentam
remendar o problema que só vai virando uma bola de neve. Os improvisos são tão
prejudiciais quanto a falta de água, além de representar prejuízos aos cofres
públicos. Já testemunhei um ato de desespero do Darci quando ele acuado com o
problema pensou em distribuir caixas d’águas para a população.
É importante
que a própria sociedade passe a ver esse problema com outros olhos, e passe a
cobrar dos nossos políticos outra postura. Por mais investimento que houver,
uma cidade que cresce como Parauapebas, vai sempre existir algum bairro com
problema de abastecimento. A falta de água, a falta de saneamento é um problema
do planeta e, se olharmos um pouco ao nosso redor perceberemos que nós nem
temos tanto problema assim. Vou citar só dois exemplos para ilustrar meu
argumento: Marabá completou 100 anos e quase não tem água potável nas casas;
Belém, a nossa capital vive sem água nas torneiras. Quase todos os dias os
telejornais da metrópole está mostrando a população da periferia e do centro
reclamando da falta de água. Parauapebas com seus 25 anos está muito à frente
da capital e da maioria das cidades mais antigas do Estado do Pará. Aí você
poderia dizer: mas o nosso município é rico! Somos ricos sim, mas dinheiro não
resolve por si só todos os problemas.
Mudança de
atitude talvez fosse a palavras de ordem nesse momento. Mudança de atitude dos
governantes para deixar de utilizar o problema da falta de água como moeda
política e parar de fazer improvisos para enganar a boa fé do povo. Precisamos
de investimentos com planejamento, sem a pressão de ter que correr atrás do
problema. Mudança de atitude do povo também é imprescindível. Começar cobrar
dos políticos uma atitude mais séria e não se deixar levar por emoções de
eleições seria o ideal. Uma boa educação ambiental seria de bom tamanho também,
pois convenhamos: grande parte do nosso problema está nas nossas atitudes, na
má utilização da água. Quem nunca viu alguém lavando calçada com água potável?
Para mim isso é tão grave quanto a falta de compromisso dos políticos.
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