Na semana passada, recebi um comentário de um leitor anônimo do blog que criticava a postagem que eu havia feito com o título "O MANÍACO DO PREGO". De imediato, mandei para a lixeira, não por seu teor crítico, mas por ser completamente sem noção. Achei que não acrescentaria nada para os meus leitores.
No dia seguinte, ao fazer uma caminhada, notei quando um senhor que caminhava a minha frente, embolou um papel e jogou no chão, como se fosse o gesto mais natural do mundo. Instintivamente, abaixei, apanhei a bolinha de papel e abordei o senhor e disse: "senhor, você deixou cair isso" - e entreguei-o. Ele me olhou meio confuso, balançou a cabeça negativamente e disse: "não deixei cair não. É lixo mesmo" - falou enquanto voltou a jogar a bola de papel no chão. Voltei a questionar dizendo: "Mas o senhor acha normal jogar lixo no chão?" E ele respondeu: "Mas é só um papelzinho, não vai fazer diferença".
Imediatamente lembrei do comentário do anônimo no blog e arrependi por não ter publicado. Mas dizia mais ou menos assim: "Luiz Vieira, com tanta corrupção na política, com o aquecimento global, (...) você vai se preocupar com prego nas árvores?" E continuou com uns impropérios que não posso publicar aqui. Foi inevitável associar o gesto do "sugismundo porcolino" com esse anônimo. "É só um pedaço de papel, são apenas alguns pregos nas árvores, coisinhas sem importância". O grande problema é que o ser humano começa a se acostumar com pequenos delitos, e quando menos percebe, sua mente já está totalmente deteriorada e corrompida. Primeiro a criança começa brincando de torrar formigas com uma lupa apontada contra o sol, e os pais falam: "é só brincadeira de criança". Depois ele já adolescente, brinca de jogar álcool em mendigo e tacar fogo. E os pais perguntam: "onde foi que eu errei?
Quando nos acostumamos com pequenos desvios, com o tempo nos tornamos insensíveis aos grandes problemas. Se eu não sou capaz de me indignar com um maníaco que sai enchendo as árvores de pregos, logo, acharei normal quando alguém aterrar o igarapé Ilha do Coco. Se eu acho normal alguém jogar uma bolinha de papel no chão, que moral terei para reclamar dos alagamentos causados pelos entupimentos dos bueiros?
São as pequenas atitudes que formam o nosso caráter e nossa personalidade. Pense nisso!
E como dizia a vovozinha: "é desde menino que torce o pepino".
ResponderExcluirMuito bom Luiz. Realmente as pessoas estão perdendo a essência humana por pequenos detalhes. Texto digno de ser lido nas escolas. Se me permite, vou usar na minha escola. (Professora De Jesus)
ResponderExcluir