No sertão da agitada cidadezinha aos pés da montanha encantada, mesmo estando em pleno século XX, ainda predominava as tradições da honra. Nesse contexto, os casamentos arranjados e de conveniência era quase corriqueiro.
Maria Teófilo era uma jovem donzela pura e recatada. Moça de posses e com grandes atrativos físicos, era cortejada e desejada pela metade dos rapazes da cidade. Mesmo sendo criada nos moldes tradicionais, não escapou das garras do conquistador Dadá. Dadá era uma figura boa praça, voz mansa e de boa convivência com todos. Alguns até chamavam-o de "encantador de serpentes". Era daqueles que resolvia tudo com uma boa conversa.
E foi essa boa conversa que convenceu a Maria Teófila a entregar-lhe o que tinha de mais sagrado: a sua pureza. Namoraram, amaram-se, e aproveitaram todos os prazeres que a vida tinha a oferecer. E continuaram fagueiros e fazendo inveja aos rapazes e moças da agitada cidade de sonhos dourados. O sonho de Maria Teófilo era casar e constituir família com Dadá. Esse, por sua vez, sonhava em trabalhar e ajudar a desenvolver sua cidade, e quem sabe, um dia transformá-la na famosa "Capital do Minério".
Tudo ia muito bem, até que Maria Teófilo ficou grávida. "E agora, o que vamos fazer?" - Indagou Maria preocupada. "Calma guria, daremos um jeito" - respondeu Dadá despreocupado. Maria só pensava em se casar o quanto antes para evitar a desonra pública e o grave castigo do seu pai. Mas o tempo foi passando e o Dadá não demonstrava nem um interesse em se casar. Não dava mais para esconder aquele estado onde a donzela ia perdendo suas curvas de forma acelerada e ficando rechonchuda. Não dava mais para esperar.
Percebendo que o Dadá não ia se casar e que tudo estava perdido, Maria Teófilo resolveu por um ponto final no namoro. O Dadá aproveitou para dar um tempo e mudou-se de cidade para se recompor. Saiu prometendo um dia voltar para sua querida cidade encantada.
Enquanto mantinha o relacionamento com o Dadá, a Maria era cobiçada de longe pelo senhor Vavá. Esse, nutria uma paixão secreta pela musa, mas não se atrevia a manifestar. Agora que o Dadá estava fora do páreo, ele se atreveu a se declarar. Maria viu naquele intrépido cavalheiro a sua chance de salvar a honra de donzela. Contou-lhe tudo o que havia sucedido e falou do seu estado crítico, ao qual ele respondeu: "minha filha, não tem problema. Assumo esse filho como se fosse meu". E assim, marcou o casamento o quanto antes, pois a noiva já estava perdendo as formas e ficando em estado interessante.
Vavá antecipou o casamento para tentar mostrar a sociedade que o filho era seu. Contratou o cantor Sergio Reis e marcou a grande festança para o dia primeiro do mês que sucedeu. Com Sergio Reis cantando, quem é que ia prestar atenção na protuberância da noiva. E que importância teria se falassem que o filho da donzela não era seu? Dane-se as convenções! O importante era manter as aparências.
Esse Vavá é um perigo! E o Dadá vai deixar barato? Afinal, ele não é o pai da criança? Se o moleque for bonito então e de olhos azuis!
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