Pesquisar este blog

segunda-feira, 20 de março de 2017

A BELA E A FERA - O QUE POUCA GENTE VÊ NO FILME

Em cartaz nos cinemas nacionais e também aqui em Parauapebas, a nova releitura do clássico "A Bela e a Fera" traz uma mensagem subliminar que só os mais atentos conseguirão perceber: a diferença que a leitura faz na vida das pessoas. Assisti a esse clássico junto com minha filha, e pedi que ela fizesse uma resenha crítica. Ficou tão boa que decidi compartilhar aqui com os leitores. Aproveite a leitura e, se quiser, fique a vontade para compartilhar também.

A Bela e a Fera - Resenha


Por Lúa F. Vieira*


O novo filme da Bela e a Fera, live-action (filme com atores reais misturados com animação) do clássico desenho da Disney de 1991, vai além do conto de fadas, da história de um príncipe encantado egoísta amaldiçoado por sua soberba e transformado em uma Fera até que alguém aprendesse a amá-lo, e muito além da mensagem inicial de que devemos aprender a enxergar a essência e não apenas a aparência das pessoas.

O filme revive essa mensagem e vai muito além: é tocante, nostálgico, divertido, com uma fotografia impecável e com uma riqueza de detalhes dos cenários, destinado para os fãs da animação ou para que os que só ouviram falar do “conto tão antigo quanto o tempo”, para adultos e crianças. Impossível não se emocionar com a beleza e delicadeza dessa nova versão.

“A Bela e a Fera” conta a história de uma simples camponesa, moradora de um povoado pacato no interior, chamada de estranha por todos os aldeões por ter um hábito um tanto atípico para o local: a leitura insaciável dos poucos livros disponíveis ali. Vinte e seis anos atrás, a animação da Disney já trazia uma mensagem sobre liberdade e sobre a capacidade da leitura de revolucionar a vida das pessoas comuns.

Bela era uma moça bastante comum, exceto pelo fato de que vivia mergulhada em livros, enquanto as moças da região estavam mais preocupadas em arranjar um casamento com o bonitão do povoado. Apesar de nunca ter saído do vilarejo, Bela conhecia milhares de outros lugares para os quais havia viajado através dos livros. Lugares e épocas diferentes, pessoas, cenários e detalhes que conhecia através dos livros tornaram Bela uma pessoa diferente, inconformada com a realidade em que vivia porque sabia que existia muito mais além dos limites de sua pequena vila para conhecer. Bela queria desbravar o mundo. E foi por isso que não teve medo ao encarar a Fera e tomar o lugar de seu pai como prisioneira do castelo. Conhecer outras realidades através dos livros tornou Bela uma mulher destemida, corajosa. Em uma época onde as mulheres deveriam arranjar um casamento vantajoso e não lhes era permitido nada além de cuidar dos filhos e do marido, uma moça que lia e conhecia outras realidades era um tanto perigosa.

Contudo, a mensagem do filme ainda é bastante atual. A leitura tem um poder fascinante, mas pouco explorado e ainda desvalorizado. Os livros são quase mágicos: nos transportam imediatamente para a época e o local de sua narrativa. A riqueza de detalhes e as descrições precisas contidas em um bom livro têm um poder muito maior de nos fazer mergulhar em seu universo do que o melhor dos filmes. Através dos livros, podemos ser quem quisermos. Podemos conhecer outras culturas, lugares, pessoas e às vezes nos tornamos tão próximos dos personagens que ficamos um pouco órfãos quando um livro acaba. E ainda, ao mergulhar na vida de outras pessoas através dos livros, nos tornamos mais empáticos e sensíveis com o próximo. É como ver o mundo pelos olhos do outro.


A leitura transforma vidas. Pra constatar isso, bastar procurar as histórias de pessoas simples que venceram na vida através do estudo e dos livros. Pessoas destinadas a uma vida sem muitas perspectivas que revolucionaram a sua história através da leitura. Isso é possível porque a leitura nos permite contestar a nossa realidade, enriquece o nosso vocabulário, estimula a escrita, nos torna insaciáveis e ávidos por mais conhecimento. Mergulhar no universo da leitura é uma viagem sem volta: saímos totalmente transformados da experiência e ansiosos por outras aventuras. E você, para quantos lugares já viajou através dos livros?

*Advogada

Um comentário: