Pesquisar este blog

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O MÉDICO E O MONSTRO

Uma questão de ética

Médico que sugeriu procedimento para matar d. Letícia
No programa da Rede Globo* Fantástico desse domingo (12/02), ouvi um dado muito preocupante: "até hoje no Brasil, nenhum médico perdeu seu registro por questões éticas". No máximo, foram afastados temporariamente ou receberam advertências. Isso é muito grave numa profissão onde a ética deveria ser o principal instrumento. 

A matéria do Fantástico referia-se aos médicos do Hospital Sírio Libanês e outras unidades de saúde que divulgaram numa rede social os exames da ex-primeira dama Marisa Letícia - esposa do ex-presidente Lula - e ainda fizeram piadas sobre o seu estado de saúde. O Brasil inteiro testemunhou atitudes que seriam normais se tivesse partido de monstros psicopatas ou de um grupo pertencente a uma seita satânica. Mas não. Infelizmente partiram de médicos formados que tem como a principal missão a defesa da vida de acordo com o juramento de Hipócrates. (não seria juramento de hipócritas?).

Recentemente, tivemos outro episódio um tanto quanto preocupante. É sabido que muitos médicos se formam no Brasil e não querem ir trabalhar no interior. Para sanar esse problema, a presidente Dilma implantou o programa "Mais Médicos". Esse programa trouxe médicos de vários países,
Médicos brasileiros hostilizando médicos cubanos
principalmente de Cuba e mudou para melhor o nosso triste cenário da saúde pública. Aldeias, ilhas e vilas desse nosso imenso Brasil que antes nem sabia o que era um médico, passaram a ser assistidas por dedicados profissionais que vieram para o Brasil trabalhar com paixão e compromisso com a medicina popular. Infelizmente, bastou parte da classe médica brasileira ver seus privilégios ameaçados, para botar em pauta uma guerra contra os médicos estrangeiros, e usaram para isso a demonização ideológica com os ingredientes CUBA e COMUNISMO. Usaram a boa fé e a ingenuidade do povo mais inocente, contando com a benevolência e apoio da mídia e fizeram um verdadeiro terrorismo que envergonharia qualquer patriota civilizado. 

Presenciamos caravanas de médicos brasileiros nos aeroportos esperando os médicos cubanos (os escolhidos), não para dar as boas vindas como deveria ser, mas para humilhá-los e hostilizá-los. De forma inacreditável, profissionais com um diploma universitário portavam cartazes agressivos e gritavam: "voltem para Cuba", "parecem um bando de empregadas domésticas" (referindo-se as médicas negras), "bando de macacos", terroristas", "comunistas". E para meu espanto, ainda houve gente que se diz do "BEM" compartilhando esses absurdos nas redes sociais em total apoio. Pensei: esse país não tem mais jeito, está seriamente e irremediavelmente doente. Quando se vê uma atrocidade dessa sendo praticada por seres ignorantes, desprovidos de estudos, de raciocínio, ainda dá para entender. Mas, no caso, tratava-se de gente com diploma universitário (a maioria formada às custas do Estado, ou seja, do povo).

Ainda considero a medicina uma profissão nobre. Considero os médicos como anjos, que adquiriram conhecimentos para salvar nossas vidas. Mas parece que o Conselho de Medicina não pensa assim. A omissão dos Conselhos Regionais, o corporativismo, chegou a tal ponto que está comprometendo toda a classe médica. Daqui a pouco, a população começará a achar que todo médico é monstro desprovido de alma. E aqui, lembro do meu avô paterno, velho sertanejo de cultura rústica que não gostava de médicos. Dizia que jamais faria um exame de sangue, pois não queria dar sangue para o diabo.

Aos bons e honrados médicos, fica aqui o meu apoio, minha admiração e respeito.

*Sim. Assisto a Globo. Se não, como poderia fazer análise crítica?

Um comentário: