Nesses dois últimos dias minha caixa de mensagem ficou lotada de mensagens de repúdio ao habeas corpus que colocou em liberdade os vereadores Odilon e Arenes. O sentimento geral é de indignação, de descrença na justiça e sensação de impunidade. Aliás, muitos esperavam que eu usasse esse blog para tripudiar e dançar sobre os corpos dos acusados. Vejo (ressalvadas as exceções) um sentimento de vingança que esperava nada menos que um paredão de fuzilamento principalmente para Odilon.
Como eu sempre digo: muita calma nessa hora! Fazer justiça não é promover vingança. Não consiste em deixar o indivíduo encarcerado pelo resto da vida. Independente do grau do crime que se tenha cometido, todo cidadão tem direito a responder em liberdade até que seja julgado, após encerrado todos os recursos. A prisão de Odilon e Arenes foi provisória e só teria sentido mantê-los presos em caso de ameaça a testemunhas, de conluio com cúmplices, ou se atrapalharem de qualquer forma o trabalho da justiça.
Crime e castigo
Eu entendo a indignação do povo que queria ver o linchamento público dos políticos corruptos. Para os mais leigos, a soltura dos vereadores representa um privilégio para quem tem dinheiro e poder. É fato que um cidadão pobre ficaria muito mais tempo esquecido numa cela imunda de presídio, mas isso não é correto. Também é fato que quem tem dinheiro e bons advogados não esquenta lugar em prisão. Não podemos considerar o tratamento dado aos pobres desse país como símbolo de justiça, e muito menos o privilégio dos endinheirados. Mas, nesse caso em especial, creio que a justiça está sendo feita até com um certo rigor.
O vereador Zé Arenes (PT) foi preso apenas por porte ilegal de armas. Apesar de ter sido acusado posteriormente por corrupção passiva, contra ele não pesa graves acusações com provas. Pesa contra ele o fato de ter sido vice-presidente da câmara no biênio 2013-2014. Até que se prove o contrário, é um cidadão honrado e deve à justiça apenas o fato de ter um arsenal em casa. Isso lhe custou mais de 40 dias de prisão.
Já o vereador Odilon, além de posse ilegal de armas, foi acusado de formação de quadrilha, peculato, entre outros crimes. Contra ele tem o flagrante de escutas telefônicas que podem trazer a tona fatos mais graves ainda. Ele também ficou mais de 40 dias na prisão e foi solto sob condições rigorosas que praticamente torna-o um prisioneiro dentro de sua própria casa. As condicionantes impostas pelo dr. Líbio praticamente encerra a carreira política de Odilon e deixa-o isolado da sociedade, dos amigos, e principalmente dos velhos aliados políticos.
Odilon está proibido de pisar na câmara, na prefeitura, em qualquer espaço público, além de não poder manter contato com qualquer agente público ou testemunhas do caso. Resumindo, seria melhor que estivesse preso. E você acha que isso é pouco? Experimente ficar uma semana impedido de sair de casa e de falar com seus amigos. Para um homem com o perfil do Odilon que está acostumado ao poder, a influenciar e comandar pessoas, a articular nos bastidores, a manipular situações, isso é o mesmo que a morte.
Para quem acha que a justiça foi branda, volte o calendário a 25 de maio. Até aquele momento nem os mais otimistas sequer imaginariam ver um vereador ser preso aqui no nosso "pebinha". No meu blog muitos comentavam: "vai sonhando abestado", "aqui é terra de muro baixo e nada acontece contra os corruptos", "tem que roubar mesmo, pois a justiça está dominada e nada vai acontecer". Agora esses mesmos incrédulos continuam falando as mesmas coisas em relação ao prefeito. E eu continuo falando para prestarem atenção nas minhas previsões, pois não são formuladas a partir de bola de cristal, e sim de observações, análises conjunturais e informações concretas. Lembram do texto que publiquei aqui com o título "ÁGUAS DE MARÇO"? Então fiquem ligados.
Odilon, pede pra sair, pelo amor de Deus.
ResponderExcluirEu ja vejo que a impunidade é fato aqui no Brasil, pois os demais e também o líder está ai dando continuidade as irregularidades.
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