Após o atentado terrorista que ocorreu na França no último dia 07, o mundo inteiro discutiu freneticamente sobre a liberdade de imprensa. O que ninguém está discutindo são os limites éticos dessa liberdade. É meio difícil falar em limite ético quando se trata de uma força tão poderosa como se tornou a grande mídia no mundo inteiro, que além de corporativista tem se colocado acima do bem e do mal. Aqui no Brasil fala-se inclusive em quarto poder ao se referir a imprensa. Em nome dessa liberdade de imprensa, muitos maus profissionais vem fazendo verdadeiros absurdos como chantagens, assédio moral, assédio político e linchamento público de reputação. Esses setores obscuros da imprensa tem se tornado uma força tão absurda que o cidadão prejudicado muitas vezes nem procuram os seus direitos de defesa por conhecer a estrutura de poder que tem por trás dos veículos de comunicação.
O sistema democrático necessita de uma imprensa livre e irrestrita para que se fortaleça o regime. Nos dias atuais onde predomina o acesso as informações e a condenação voluntária de qualquer tipo de censura, não poderemos imaginar qualquer limite de expressão, qualquer forma de censura à imprensa. Porém, o único limite que deve ter - e que está faltando muito - é o limite ético. Em nome da liberdade não poderemos aceitar como fato normal que algum jornalista ridicularize a religião do próximo; não poderemos aceitar que se exponha ao ridículo cidadãos, instituições, governos sem que seja baseado em provas contundentes e sem que seja dado o amplo e irrestrito direito de resposta. Veja um exemplo: em todas as últimas eleições presidenciais desde a era Collor a revista VEJA criou factoides contra um partido que depois se descobriu sem fundamento. Na última eleição apresentou uma capa escancarando uma matéria às vésperas da eleição, onde afirmava que Lula e Dilma sabiam dos desvios na Petrobrás. Na matéria, num cantinho bem discreto, o autor cita que não há provas disso e que se trata apenas de uma declaração de um acusado. Mesmo que você odeie o PT, mas se usar a ética será capaz de colocar no lugar dos citados.
E se fosse você o acusado por um jornal de estuprar uma vizinha e depois o mesmo jornal informar que foi apenas uma informação de um desafeto seu? O que diria? Procuraria o direito de resposta? Aí já seria tarde. Lembra do caso dos proprietários de uma escola em São Paulo que foram acusados de abusarem de crianças? A Globo explorou essa notícia de forma sensacionalista e depois teve que reconhecer que todos eram inocentes. O reconhecimento reparou os prejuízos? Não! Resultou em falência da escola, em destruição das famílias envolvidas e em mortes. E se fosse você?
Muitos setores da imprensa tem confundido esse direito a liberdade e se apresentado como sendo um direito exclusivo dos jornalistas. Essa semana tive um embate com um membro do governo municipal que me questionava sobre o fato de eu ter citado o seu nome nesse Blog. Ele escreveu o seguinte: "Luiz, fique claro que você não está autorizado a falar meu nome. Não lhe dei procuração para isso. E mais, você é professor e não jornalista... O que acontece é que você como professor não está amparado pela liberdade de imprensa". É claro que considerei isso uma sandice. E quem disse esse absurdo não foi um desinformado qualquer, foi um advogado experiente. Exatamente dessa forma equivocada pensam muitos jornalistas. Acham que só eles gozam dessa liberdade. Por isso, e para acabar com esse lastimável equívoco o termo deveria mudar. Ao invés de liberdade de imprensa, passaria a ser liberdade de expressão. Liberdade ampla e irrestrita com ética e responsabilidade e não esse jogo de vale tudo que se transformou a mídia.
A sensação que fica é que uns se acham mais humanos do que os outros, e como tal, imortais. Daí quando a "coisa" pega, a "corporação" diz: por que fizeram isto com ele? Liberdade é algo amplo - tem que ser para todos - e não o que alguns "iluminados" querem que seja.
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