Vivemos numa sociedade com excesso de
intolerância e carente de solidariedade.
É
inegável que estamos vivendo um momento de crise, uma prova
de fogo – tempo de acrisolamento; mas uma coisa em
particular chama a atenção: o ódio generalizado, disseminado pela mídia
conservadora patrocinada por empresas sonegadoras de impostos, grupos
religiosos fundamentalistas e partidos políticos insatisfeitos com seguidas
derrotas eleitorais.
Numa
sociedade dita civilizada e que se quer democrática é natural que haja disputa
de interesses e luta pelo comando do poder da nação. Um dos princípios básicos
da democracia é o respeito pelo contraditório; no jogo político ou em qualquer
disputa, se ganha e se perde; quem ganha comemora a vitória e exerce o seu
direito de vencedor e quem perde aceita a derrota e segue o seu caminho –
preparando-se para a próxima disputa. Seria simples assim se não fosse por um
detalhe: na atual conjuntura política brasileira, os perdedores não aceitaram a
derrota, mesmo que a diferença tenha sido de mais de três milhões de votos
(número extremamente significativo numa disputa acirrada) e querem mudar as
regras do jogo com o jogo em curso. A Constituição brasileira reza que o Brasil
é uma República Federativa, constituída de Três Poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário), cujo sistema é Presidencialista. Pois bem, o
Presidente da República Federativa do Brasil é o chefe máximo da nação, mas não
tem poderes absolutos para governar (sozinho); precisa de aprovação do
Congresso Nacional (Poder Legislativo) e também do Poder Judiciário. Em casos
excepcionais o Presidente pode editar Medidas Provisórias, mas como o próprio
termo explicita, são provisórias; porém, em se tratando de um
regime democrático, não pode governar por decreto (senão não faria sentido a
existência dos demais poderes). Nesse mandato em especial, o Congresso entrou
em estado de paralisia e boicota as ações da Presidenta Dilma, colocando-a em
situação de desgoverno e gerando uma crise de
governabilidade.
A crise é
um fenômeno mundial que gera um efeito dominó e como sempre acaba atingindo com
mais força os mais fracos – desempregados, subempregados, assalariados, micro,
pequenas e médias empresas. No Brasil isto não é diferente; a diferença é que
aqui a crise não é apenas econômica; o grupo dito de
oposição aproveitou-se da crise econômica mundial para
por a culpa no governo e gerou daí uma crise política e
institucional sem precedentes. Eu diria que no Brasil atualmente há uma crise moral
e, principalmente, crise de caráter; senão vejamos:
qual é o crime que imputam à Presidenta Dilma para impedi-la de governar? E,
quem são os seus julgadores? Nem é preciso apontar nomes e seus malfeitos,
basta ler os jornais, acompanhar o noticiário pela televisão e segui-los nas
redes sociais – nada é às escondidas, mas culpam apenas um lado, talvez numa
tentativa de esconder os seus próprios defeitos e livrarem-se da justiça.
Eu
cresci ouvindo a minha mãe dizer que “há males que vêm para o bem”.
O momento é delicado, admitamos, mas requer calma, coerência, senso de justiça
e, acima de tudo, muita serenidade (zero intolerância e mais
solidariedade). Não se resolve nada no grito recorrendo-se a
expedientes movidos a Janainas, Malafaias e Bolsonaros, muito menos agredindo
bispos e transeuntes que usam roupa vermelha. No mundo a fora já há muitas
guerras e muito sangue inocente sendo derramado; o povo brasileiro sempre agiu
de forma pacífica mesmo quando foi duramente agredido no corpo e na alma. Vamos
agora, mais uma vez, dar uma lição de civilidade, mostrar para o mundo que
somos maiores e resolver as nossas CRISES com um forte
abraço da paz, quiçá com um bom cachimbo.
O
mundo pede PAZ, sejamos todos nós os seus portadores.
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