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segunda-feira, 11 de abril de 2016

COLUNA DO LEITOR - CRISE... (Parte II)


   Por José O. Zelão V. Reis - pedagogo

Vivemos numa sociedade com excesso de intolerância e carente de solidariedade.

         É inegável que estamos vivendo um momento de crise, uma prova de fogo – tempo de acrisolamento; mas uma coisa em particular chama a atenção: o ódio generalizado, disseminado pela mídia conservadora patrocinada por empresas sonegadoras de impostos, grupos religiosos fundamentalistas e partidos políticos insatisfeitos com seguidas derrotas eleitorais.

         Numa sociedade dita civilizada e que se quer democrática é natural que haja disputa de interesses e luta pelo comando do poder da nação. Um dos princípios básicos da democracia é o respeito pelo contraditório; no jogo político ou em qualquer disputa, se ganha e se perde; quem ganha comemora a vitória e exerce o seu direito de vencedor e quem perde aceita a derrota e segue o seu caminho – preparando-se para a próxima disputa. Seria simples assim se não fosse por um detalhe: na atual conjuntura política brasileira, os perdedores não aceitaram a derrota, mesmo que a diferença tenha sido de mais de três milhões de votos (número extremamente significativo numa disputa acirrada) e querem mudar as regras do jogo com o jogo em curso. A Constituição brasileira reza que o Brasil é uma República Federativa, constituída de Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), cujo sistema é Presidencialista. Pois bem, o Presidente da República Federativa do Brasil é o chefe máximo da nação, mas não tem poderes absolutos para governar (sozinho); precisa de aprovação do Congresso Nacional (Poder Legislativo) e também do Poder Judiciário. Em casos excepcionais o Presidente pode editar Medidas Provisórias, mas como o próprio termo explicita, são provisórias; porém, em se tratando de um regime democrático, não pode governar por decreto (senão não faria sentido a existência dos demais poderes). Nesse mandato em especial, o Congresso entrou em estado de paralisia e boicota as ações da Presidenta Dilma, colocando-a em situação de desgoverno e gerando uma crise de governabilidade.

         A crise é um fenômeno mundial que gera um efeito dominó e como sempre acaba atingindo com mais força os mais fracos – desempregados, subempregados, assalariados, micro, pequenas e médias empresas. No Brasil isto não é diferente; a diferença é que aqui a crise não é apenas econômica; o grupo dito de oposição aproveitou-se da crise econômica mundial para por a culpa no governo e gerou daí uma crise política e institucional sem precedentes. Eu diria que no Brasil atualmente há uma crise moral e, principalmente, crise de caráter; senão vejamos: qual é o crime que imputam à Presidenta Dilma para impedi-la de governar? E, quem são os seus julgadores? Nem é preciso apontar nomes e seus malfeitos, basta ler os jornais, acompanhar o noticiário pela televisão e segui-los nas redes sociais – nada é às escondidas, mas culpam apenas um lado, talvez numa tentativa de esconder os seus próprios defeitos e livrarem-se da justiça.

         Eu cresci ouvindo a minha mãe dizer que “há males que vêm para o bem”. O momento é delicado, admitamos, mas requer calma, coerência, senso de justiça e, acima de tudo, muita serenidade (zero intolerância e mais solidariedade). Não se resolve nada no grito recorrendo-se a expedientes movidos a Janainas, Malafaias e Bolsonaros, muito menos agredindo bispos e transeuntes que usam roupa vermelha. No mundo a fora já há muitas guerras e muito sangue inocente sendo derramado; o povo brasileiro sempre agiu de forma pacífica mesmo quando foi duramente agredido no corpo e na alma. Vamos agora, mais uma vez, dar uma lição de civilidade, mostrar para o mundo que somos maiores e resolver as nossas CRISES com um forte abraço da paz, quiçá com um bom cachimbo.

         O mundo pede PAZ, sejamos todos nós os seus portadores.


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