Sessão de 29 de maio - como sempre atrasada

Harmonia ou pacto pela hipocrisia?

Ontem a sessão começou exatamente com 55 minutos de atraso. Imaginem se os vereadores fossem empregados de uma empresa qualquer. Seriam demitidos sem dúvida alguma. Começar algo atrasado significa falta de compromisso, falta de organização, falta de respeito, falta de noção, falta de inteligência. Demonstra um clima generalizado de bagunça. E para complicar, além do atraso rotineiro, alguns vereadores só entram no plenário após os hinos, outros só adentram quando a sessão já está em andamento. E entram todos faceiros arrumando a gravata, ajeitando os fios da careca como se fosse a coisa mais normal do mundo. Enquanto isso o povo fica com cara de taxo esperando e olhando para o telão onde é exibido imagens entediantes. Vai uma sugestão: já que a mesa diretora não consegue iniciar os trabalhos no horário certo, pelo menos coloquem uma boa música para preencher essa lacuna com qualidade.

A única sessão que começou rigorosamente no horário marcado foi em junho do ano passado, aquela que durou 13 minutos. Lembram? Foi onde os vereadores aprovaram a primeira suplementação do prefeito em apenas 13 minutos. Naquele momento alguns vereadores votaram contra a suplementação. Vejam só a evolução: no segundo pedido de suplementação que aconteceu em dezembro todos votaram bonitinho a favor. Só para lembrar!

Na sessão dessa terça feira deu para notar claramente uma prática inaugurada no período legislativo de 2005 a 2008. Essa prática foi instituída pelos então vereador Wanterlor Bandeira. Consistia num pacto entre os vereadores para não brigarem entre si e que vulgarmente ele chamou de "harmonia na Câmara". Logo os populares batizou a tal harmonia de pacto pela mediocridade. Com esse pacto, não podia haver debates de idéias, divergências e nem assunto polêmico. De vez em quando, para disfarçar encenavam uma briguinha teatral e logo em seguida os brigões se encontravam na sala do lanche para dar gargalhadas e trocar beijinhos. Assim, vereadores de oposição e governistas viviam entre beijos e afagos para garantir que nenhum entregasse o outro em algum delito. Ontem vi isso claramente. O discípulo do Wanterlor, Euzébio Bandeira tratou de garantir a continuidade dessa prática. É claro e notável a mudança de comportamento dos vereadores. Assistimos discursos mornos, sem comprometimento, sem polêmica e todos com elogios, agradecimentos a algum secretário e ao prefeito. Tudo bem que os governistas façam isso, mas a oposição? Tudo bem que a oposição fizesse isso se o prefeito demonstrasse claramente mudança de comportamento, mas não é o caso. Por enquanto os escândalos denunciados pela oposição continuam sem solução.

Que legado estamos construindo para Parauapebas?

Mas um vereador ontem destoou essa música. Parece que não aderiu ao pacto. Trata-se do vereador Zé Arenes.

Se vocês perceberam, estou evitando escrever sobre as ações negativas dos vereadores. Ao invés disso fico garimpando fatos ou ações positivas dos nobres edis para divulgar aqui. E divulgo com prazer o discurso do Arenes. Ontem vi um vereador usar a tribuna e fazer um discurso a altura de um parlamentar. Discurso com conteúdo, com convicção, com entonação e coerência. Falou sobre a falta da construção de um legado pelos políticos para Parauapebas. Citou exemplos de outras cidades que são reconhecidas por ações evoluídas na saúde ou na educação e comparou a renda per capta. "E em Parauapebas, o que estamos deixando de legado? Desde o governo de Faisal até o atual o que estamos construindo para nossos filhos? Será que vamos ficar o resto da vida esperando pelo minério? E quando o minério acabar o que restará a nossa população? Já estou cansado de ver ser aprovado e de ajudar a aprovar orçamento milionário e não ver retorno para a população", destaca o vereador. Muito bem colocado e merecia destaque em todos os jornais. Digo mais: mereceria um debate aberto sobre o legado que queremos construir em Parauapebas.

Dia da educação

"Em 1947 o Japão foi destruído pela Bomba de Hiroshima e pouco tempo depois foi totalmente reconstruído e se tornou uma super potência graças a educação". Quem disse isso na sessão de ontem? O Professor Josineto? A professora Luzinete? A professora Eliene? O professor Euzébio? Todas as alternativas estão erradas. Isso foi dito pelo vereador Odilom Rocha, a quem muitos chamam de analfabeto. E falou muito bem de improviso, sem anotações e sem firulas quando se referia sobre a importância da educação. Apenas se equivocou com o ano mas isso não tem problemas. Datas todo mundo confunde. A bomba de Hiroshima foi lançada pelos americanos na manhã de 6 de agosto de 1945.