...Continuação
Jesus ou Barrabás?
- Jesus
não morreu de morte natural nem de acidente. Ele foi um prisioneiro
político. Foi perseguido, preso, torturado e condenado. O que incomodou a elite romana não foi sua pregação religiosa,
mas sua prática, seu posicionamento firme contra a exploração dos
humildes, contra a hipocrisia do poder. Ele não ficou em cima do muro.
Jesus teve lado e defendeu até as últimas consequências a justiça social,
a igualdade e a fraternidade. Ele disse: "Eu vim para que as ovelhas
tenham vida, e para que a tenham em abundância" (João, 10, 10). E
isso irritou os poderosos que viam-no como uma ameaça aos propósitos de
poder do Império Romano. E hoje? O que fazemos com nossos líderes que
ousam a pregar uma sociedade justa e igualitária? O que fazemos com quem
ousa a desafiar e enfrentar os poderosos? O que pensamos de alguém que aparece
defendendo as mesmas ideias que Cristo defendeu?
- Ler
a Bíblia hoje e compreender que Jesus foi injustiçado é fácil. Ir para a
igreja e reviver com emoção a Paixão de Cristo é bonito e emocionante. Mas
pare e compare o julgamento de Cristo com os julgamentos que fazemos hoje.
Jesus foi preso, julgado e condenado à morte por um tribunal legítimo.
Seus algozes seguiram todo o rito do processo e, aparentemente, aos
rigores da lei, foi um julgamento legal e houve até o sagrado direito a
defesa. Para os entendidos no direito, foi seguido todo o rito processual.
No entanto, sabemos que seu julgamento foi uma farsa, um teatro montado
para dar legitimidade a uma acusação falsa. Atualmente, nossos tribunais
continuam julgando e condenando inocentes. E o povão o que fala? "Ah,
se está preso é porque deve". "Se não devesse nada, não teria
sido condenado, afinal, juízes estudaram e sabem o que estão
fazendo". "Tá na cara que é culpado. Não temos provas, mas temos
convicções". E você, o que diria?
- Tanto
Pilatos como Herodes até tentaram livrar a barra de Jesus. Pilatos chegou
a declarar: "Eu não acho neste homem culpa alguma. Mas eles
insistiram fortemente: Ele revoluciona o povo ensinando por toda a Judeia,
a começar da Galileia até aqui" (Lucas, 23, 4-5). Veja que o próprio
povo manipulado pelas autoridades romanas pediu a morte de Jesus.
Preferiram soltar Barrabás. E hoje, será que não estamos fazendo o mesmo?
Analisem nossa história recente. Sem querer fazer nenhuma comparação,
quando Tiradentes foi condenado a forca, o povão foi para a praça aplaudir
a morte de quem eles chamavam de facínora traidor da pátria, para depois
de um século transformá-lo em herói nacional, o mártir da inconfidência.
Isso lhe diz alguma coisa? Por que o povo sempre fica do lado dos
poderosos e contra os líderes que lutam pela libertação desse povo? Por
que o povo tem a tendência de endeusar juízes e achar que os doutores
estão sempre corretos? Foi exatamente assim com Cristo.
- E
para terminar, imagine Jesus vivendo aqui na Terra hoje e invadindo uma
igreja e quebrando as maquininhas de cartão de crédito e dizendo:
"Não está porventura escrito: a minha casa será chamada casa de
oração para todas as nações, mas vós fizeste dela um covil de
ladrões"(Marcos, 17). Acho que ele seria expulso a pontapés e seria
acusado de estar possuído pelo demônio.
Pense nisso. Reveja os seus conceitos, seus preconceitos, seus
prejulgamentos e viva intensamente a verdadeira Paixão de Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário