Estamos nos aproximando de uma importante festa dos cristãos: a Páscoa. Originalmente, Páscoa significa ressurreição, a vitória da vida sobre a morte, o renascimento da esperança. É tempo de rever conceitos, de refletir sobre princípios e descobrir os verdadeiros valores que fazem a diferença em nossa vida.
Eis que concorrendo com essa tradição, surge um bicho de olhos vermelhos e pelos branquinhos que consegue roubar a cena. Mas de onde surgiu essa lenda do coelho da Páscoa? De onde saiu essa ideia esdrúxula do coelho que bota ovos e sai distribuindo às crianças? Uma das versões conhecidas dá conta de que teria surgido na Europa. Segundo essa narrativa, uma mulher pobre escondeu ovos coloridos num ninho para entregar aos filhos na festividade religiosa. Quando as crianças descobriram, um grande coelho assustado passou correndo espalhando os presentes, dando aos pequenos a ilusão de que o bicho carregava e distribuía os ovos.
Aqui no Brasil, há a versão de que o coelho simboliza a fertilidade, por isso foi incorporado ao símbolo da ressurreição. Independente das versões criadas, em grande parte do mundo, esse símbolo foi adotado pelo mercado capitalista e transformado numa grande oportunidade de vendas de ovos de chocolate. As várias campanhas publicitárias imprimiram esse símbolo na cabeça do povo, de tal maneira que a Páscoa passou a ser a festa do coelho e o símbolo religioso perdeu espaço. Dar ovos de páscoa de presente para toda a família tornou-se uma obrigação, algo quase sagrado.
Independente de nossa crença, seria importante resgatarmos o verdadeiro sentido da Páscoa. Não precisamos radicalizar deixando de comer os tais ovos que, não vamos negar, são deliciosos. Mas, antes de alimentarmos a fome insaciável do sistema capitalismo com suas armadilhas sedutoras, que tal alimentarmos a nossa fé? Que tal alimentarmos os princípios de solidariedade? Que tal aproveitar esse período para refletir sobre o sentido da nossa existência e do nosso valor? Que tal reforçarmos os sentimentos de solidariedade e amor ao próximo? Afinal, Jesus morreu e ressuscitou para nos ensinar o verdadeiro sentido do amor, da entrega verdadeira e da comunhão com o próximo, e não para nos ensinar a comer chocolate com açúcar.
Padre Afonso, meu ex-professor, um velho francês metido a anarquista, dizia o seguinte: "Meste, o capitalismo é fantástico!"
ResponderExcluirE não é que o meu mestre estava coberto de razão? É fantástico!