O auge do circo dos horrores
Desde as 15 horas caravanas começaram a chegar na câmara e ocupar os principais lugares. Muitos eram funcionários públicos que foram intimados pelo prefeito e pelos secretários para dar apoio moral ao chefe. Já virou moda: cada vez que o prefeito se vê acuado, convoca todos os contratados que são coagidos a deixar o local de trabalho em pleno expediente. Dizem que foi por isso que o Valmir decretou as oito horas de trabalho. Antes, quando convocava servidores, os mesmos ficavam em suas casas, pois o turno de trabalho acabava às 14 horas, e ninguém se via obrigado a participar. Agora não. Os pobres contratados e comissionados são retirados de dentro das repartições e ficam com medo das retaliações. Um detalhe que chama a atenção é que quando chega próximo às 18 horas, a câmara vai se esvaziando. Os funcionários que já cumpriram sua jornada diária, não se vêem mais obrigados a ficar ali, e saem de fininho.
As caravanas de funcionários vão entrando na câmara com caras constrangidas e procuram os últimos bancos. Cada grupo de 20 tem um chefe que controla a presença e a reação. Esse chefe - geralmente um comissionado - observa tudo de perto, enquanto o secretário dá uma olhada de longe e de vez em quando acena para o grupo passando uma mensagem oculta do tipo "estou aqui de olho". De vez em quando um funcionário desavisado é flagrado com o crachá a vista e logo é repreendido pelo chefe. "Esconda esse crachá maluco. Quer me comprometer é?"
Mas uma outra caravana chamou mais a atenção dos curiosos. De repente, eis que adentra pelo corredor central do plenário da câmara uma multidão estranha e se posiciona bem em frente ao vidro que protege o povo dos vereadores mais raivosos. A primeira vista, parecia um grupo que faria um protesto contra o abandono da periferia. Eram pessoas com o semblante sofrido e notava-se claramente que estavam bastante necessitados. No meio daquela balbúrdia surge um rapazinho alegre e pululante dando ordens e tentando incitar o grupo para fazer barulho. Ao seu lado, um rapaz carregava uma bolsa de onde retirava apitos, cornetas e vuvuzelas e distribuía ao grupo.
O rapazinho pululante estava histérico. Agitava os braços e dava ordens ao grupo. A cada fala de um vereador da oposição, mandava vaiar e apitar com histeria. Quando um governista falava, aplausos e palavras de apoio. Depois fiquei sabendo que o moço era uma espécie de assessor para assuntos aleatórios do prefeito e da primeira dama. Responde pelo nome de Alberto, mas na intimidade do casarão é tratado por outros nomes que são proibidos para esse espaço.
Fiquei observando o semblante daquele grupo que gritava, aplaudia, apitava, tocava corneta e pulava com histeria. Alguns mostravam os sorrisos desdentados, outros mostravam as marcas do abandono e da velhice precoce, causada pelo alcoolismo e pelo sofrimento; eram homens e mulheres sem emprego, sem trabalho (o que permitiria estarem ali naquele horário), e, acima de tudo, sem cidadania. Quantos ali sofriam pela falta de medicamento e atendimento no hospital público? Quantos já não perderam parentes pelo descaso do governo? Quantos ali moravam nas periferias abandonados à própria sorte? Quantos ali não sofriam pela falta dos serviços essenciais e pelo abandono do governo? Quantos naquele grupo tinham filhos nas escolas de péssima qualidade e com o futuro condenado?
Mas independente da miséria e do abandono, estavam ali seguindo ordens do rapazinho pululante. Gritavam histericamente como se tivessem hipnotizados. Defendiam uma causa que não era sua. Ofendiam inimigos que não eram seus e apoiavam e aplaudiam o seu próprio algoz. Nada importa, senão o trocado prometido para o final do espetáculo. Lembrei-me da música do Zé Ramalho - Vida de gado. "Ê, ê, ê vida de gado. Povo marcado ê, povo feliz".
E a vida continua, apesar do abandono, do descrédito nas autoridades e da falta de justiça para os mais necessitados. Êh vida de gado!
ResponderExcluirPrezado Luiz.,
ResponderExcluirEm revisão histórica vejo que vc - sem intenção (acho eu) - copiou as palavras do Dr. Líbio Moura na diplomação dos eleitos em 2012.
Naquela tarde o Magistrado inferiu a evidência de o posso massacrado não poderia se manter naquela forma, como na música "Admirpavel Gado Novo" , que agora vc repisa. Alegou que haveria a esperança de uma "mudança".
Não sei se o discurso do magistrado seria o mesmo hoje. Todavia, continua atual.
Bonito o texto, triste a história.
Sds,
foi o anterior...
ResponderExcluirTem vereador que fingiu ser oposição esse tempo todo , na hora que o trem apertou pulou fora
ResponderExcluircaro luiz vieira, estive la na seção e vi a baderna que esse cidadao que comanda a fulia desse imcopetente prefeito, tou de olho nele uma hora ele pega uma cadeia por injuria, derespeitos, aos presentes. ta ligado
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