O GRANDE MESTRE DO PÂNTANO AZUL
O Pântano Azul com seus mistérios e segredos era guardado e
protegido pelo Grande Mestre Sist. Ele era um ser enigmático e tão misterioso
quanto o Pântano que guardava. Despertava nas pessoas uma mistura de medo, pavor,
asco, admiração, inveja, respeito, repugnância e outros sentimentos
contraditórios. Ninguém sabia de onde vinha seu poder e muito menos a quem
servia. O fato é que mantinha forte influência sobre todos e ditava as regras
dentro e fora do Pântano Azul. As pessoas viviam cercando-o em busca de
orientações, de favorecimentos e de suas bênçãos para aproximar do temido
Pântano.
Mestre Sist cuidava para que os segredos que envolviam aquele
lugar ficasse guardado a sete chaves. Dizia de forma lacônica que todos
precisavam do Pântano para manter o equilíbrio, o controle e a ordem entre os
homens que viviam em sociedade. Assim, organizava um complexo sistema de
escolha a cada quatro anos, onde um grupo de “sortudos” após passar por duras
provas era “abençoado” e recebia a autorização para penetrar no Pântano Azul e
desfrutar dos seus misteriosos benefícios.
A cada período de escolhas Mestre Sist cuidava para que um
maior número de pessoas se habilitassem para a grande disputa. Assim,
atribuiria mais importância ao evento. Apesar do temor, dos mistérios, das
histórias tenebrosas, das deformidades que causava no ser humano, havia uma
força atrativa que atraia as pessoas para aquele lugar. No geral costumava
aparecer até duzentas vezes mais candidatos do que o numero de vagas ofertadas.
Esses candidatos precisavam passar por um teste até mesmo para se habilitar
para a disputa e os critérios eram cada vez mais rigorosos. Dizia-se que para
se candidatar para fazer parte do Conselho do Pântano, era preciso ter coragem, ter muito dinheiro
e pouco escrúpulo.
Algumas características eram mais exigidas aos candidatos
para o Grande Conselho do Pântano. Teriam que ter muita habilidade, muito poder
de convencimento, muita astúcia, muito poder de sedução, e, principalmente a
capacidade de mentir e enganar o maior número de pessoas sem que ninguém
percebesse. Além disso, teria que contar com padrinhos influentes e fazer parte
de uma organização que lhe concedesse o registro que legitimava o indivíduo
para a disputa. O período da disputa era longo e penoso para provar a
resistência dos postulantes. Apesar do Mestre Sist fazer parecer que havia
regras bem definidas, na verdade o jogo era um grande vale tudo com muita
manipulação.
Os envolvidos agiam como fantoches e acreditavam estar
fazendo parte de um jogo aberto onde teriam que mostrar suas espertezas e
qualidades. Assim, faziam de tudo: mentiam, roubavam, trapaceavam, traiam, se
endividavam com os agiotas de plantão, faziam acordos espúrios que sabiam
impossíveis de serem cumpridos, matavam, trocavam de aliados e até abandonavam
as próprias famílias e amigos. Porém, tudo teria que ser feito de forma que
ninguém percebesse. O mais importante era parecer que o postulante ao cargo era
uma pessoa acima de qualquer suspeita, de reputação ilibada e dedicada a alguma
causa nobre.
Mestre Sist com sua onipotência dominava todo o processo e às
vezes brincava com os postulantes. Alguns realmente eram homens e mulheres com
boas intenções que tinham seus trabalhos baseados na ética e no compromisso social.
Acreditavam que tinham que fazer parte do Conselho do Pântano Azul para
melhorar a vida do seu povo. Eram chamados de ingênuos e na maioria das vezes
não tinham a menor chance na disputa, pois eram engolidos pelos que tinham
poder e capacidade de manipulação. Porém, como um teste o Mestre Sist
manipulava e permitia que alguns desses ingênuos se credenciassem para entrar
no Pântano. Falava nas entrelinhas e de forma enigmática que o Pântano
precisava de algumas almas boas para manter seu equilíbrio e satisfazer ao seu
ecossistema. Um dia, quem sabe, alguma alma boa conseguiria entrar e sair do
Pântano Azul sem se manchar e sem perder sua essência! Esse era um grande
desafio que ainda não fora cumprido.
Assim, em um período pré-definido, acontecia a grande disputa
que envolvia e mobilizava toda a cidade daquela próspera região dos confins da
terra. Era um acontecimento sem igual e a cada período reforçava ainda mais os
mistérios daquele lugar de luz azulada que continuava cegando e atraindo as
pessoas.
Será que existe nos confins do lado de cá alguma alma bem intencionada disposta a entrar no Pântano Azul e dele sair sem a fatal contaminação? Quem se habilita?
ResponderExcluirCuidado com o Mestre Sist.
Dinheiro e sucesso não mudam as pessoas só ampliam o que já esta lá(Will Smith)muito triste e deplorável saber que existem pessoas tão pobres de espírito e caráter, que se sujeitam a bajular,endeusar alguém por miseres trocados. Lamentável.
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ResponderExcluirE como são chamados ou caracterizados os secretários municipais que indicam e financiam seus pupilos usando a maquina publica e pressionando seus subordinados, para eleger os mesmos à uma vaga no pântano azul?
ResponderExcluirMais um belo texto. Queria saber onde você acha inspiração. Você está mostrando de forma leve e inteligente a realidade dos políticos e do poder de forma geral. É claro que existem as boas almas que conseguem passar pelo pântano sem se contaminar. Muito raro mas tem.
ResponderExcluirOH, Luiz, neste Pântano Azul o papel do conselho é camuflar os devaneios do Mestre Sist que por sua vez é um ancião experiente. Como uma alma boa fará parte do mesmo sem se contaminar? Pois uma das regras é ser ungido pelo óleo consagrado pelo Mestre.
ResponderExcluirConheço uma vila com o nome deste mestre Cist! Ele poderia ter comprado os jornais do Antonino! Quem sabe, assim, o Antonino teria deixado de pular sob as rodas?
ResponderExcluirAlípio