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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Bye bye Brasil

Apagão coletivo


Quem se lembra da grande final de 1998? Brasil X França? Toda expectativa foi depositada sobre o melhor jogador do mundo, Ronaldo Nazário, o fenômeno. Ronaldo estava no auge! Por dois anos consecutivos foi eleito o melhor do mundo -1996 e 1997. (Em 2002 foi eleito pela terceira vez). 

Copa do Mundo na França, jogo final contra os donos da casa. O Brasil era o favorito absoluto e todos os comentaristas esportivos do mundo apontavam suas baterias para o nosso fenômeno. Além do fenômeno tínhamos Cafú, Bebeto, Roberto Carlos, Leonardo, Júnior Baiano, entre outros craques que estavam entrosados e com muita experiência.

No dia do jogo corre o boato que Ronaldo teria sofrido um mal estar na noite anterior. Apreensão total! Somente 30 minutos antes do jogo o técnico Zagalo confirmou a escalação de Ronaldo. Mas bastou iniciar a partida para todos perceberem que havia algo errado. Um Ronaldo apático, com aparência de quem estava dopado não conseguia se movimentar e não acertava uma jogada. Os demais jogadores foram contaminados com aquela situação e aí vocês já sabem o que aconteceu: o Brasil tomou uma goleada de 3 X 0 e todos os torcedores ficaram desnorteados procurando uma explicação. Aquela seleção que brilhou tanto nos seis jogos não era a mesma na final. Será que a situação de um jogador pode abalar um time inteiro? Falou-se até em teoria da conspiração. O fato é que nem Zagalo, nem Ronaldo explicou o que aconteceu naquele dia.

Ontem, dia 08 de junho no Mineirão (terra do principal secador da seleção -Aécio Neves), aconteceu outro apagão. Só que dessa vez foi diferente. Com a lesão do nosso principal atleta, o time teve uma semana para se adaptar à nova realidade e preparar uma nova tática para jogar sem Neymar. O resultado foi desastroso e cruel. Criou-se a expectativa de que todos os jogadores dariam a alma por aquele jogo e supririam a falta do Neymar. Mas, o que vimos foi a pior tragédia da história do futebol. Nem um brasileiro mais pessimista e nem um alemão mais otimista seria capaz de prever essa catástrofe. Assistimos a um time inteiro se arrastando pelo campo após o primeiro gol da Alemanha e cometendo erros infantis. Parecia um time juvenil treinando contra uma poderosa seleção. Pela segunda vez a nossa seleção sofreu um apagão coletivo causado pela ausência de apenas um jogador.

Já escrevi duas vezes sobre essa tese quando comentei sobre as derrotas do Anderson Silva. A minha tese é a seguinte: quando se começa uma batalha com o psicológico abalado, a derrota é certeira e natural. O nosso grande problema é não saber lhe dar com as adversidades da vida. O brasileiro tem esse perfil. Não fomos preparados para agirmos com sangue frio diante de condições adversas. Não temos a frieza dos alemães. E nesse aspecto os alemães são mestres. Veja um exemplo: eles escolheram as cores da camisa da maior torcida do Brasil. Esse detalhe por mais que pareça banal tem uma forte reação psicológica no nosso subconsciente.

Perder faz parte, é natural numa disputa. Agora tomar de 7 X 1? Esse resultado deixou toda a nação brasileira perplexa e triste. Hoje amanhecemos de luto. O mais importante é viver intensamente esse luto e tentar aprender alguma lição dessa derrota desastrosa.

De quem foi a culpa?


É normal o brasileiro ficar procurando culpados diante de uma derrota. Eu diria que não houve. A escalação do Felipão foi a mais consensual e festejada de todos os tempos. Jamais na nossa história houve tamanha concordância da escalação de um técnico, salvo algumas poucas exceções. Nossos jogadores são de qualidades inquestionáveis. Todos arrebentaram nos seus clubes -a exceção de Júlio Cesar. Ganhamos os outros jogos com placar apertados? Normal em Copa. Grandes seleções como Inglaterra, Itália e Espanha deram vexame e voltaram cedo para casa. Na minha visão, o Felipão só falhou em dois aspectos: Hulk e Fred. Hulk estava pesadão e desde o primeiro jogo teve péssimo desempenho; Fred era a única experiência do time, mas era jogador para entrar após trinta minutos do segundo tempo. Começando o jogo com Fred é o mesmo que jogar com um a menos. Sem desmerecer suas qualidades, Fred já não tem mais as habilidades e o perfil de jogador de seleção.

Outro fator foi o desentrosamento do time. Enquanto a Alemanha tinha sete jogadores do mesmo time (Bayern de Munique), o Brasil tinha craques isolados e desentrosados. E pior: todos dependiam da genialidade do Neymar.

Ganhamos fora de campo


Se perdemos a copa de forma vexaminosa, fora de campo demos um show e conquistamos uma grande vitória. Ao contrário do que previam os agouradores do apocalipse que tentaram tirar vantagem política, não tivemos apagões nos aeroportos, não tivemos violência, arruaças, manifestações, não tivemos estádios inacabados, enfim, a tragédia tão esperada e propalada pelos políticos derrotados não aconteceu. Ao contrário, demos um show de organização, de entusiasmo, de civilidade, de empreendedorismo e de hospitalidade. Os jornalões, a imprensa dominada pela elite retrógrada e reacionária caíram no ridículo. Tiveram que engolir elogios rasgados da imprensa internacional sobre a nossa organização da copa.

Última esperança para Aécio e Campos


Por incrível que pareça, já vemos nas redes sociais os adeptos desses dois políticos espalharem mensagens ridículas tentando a qualquer custo associar a política com o futebol. Antes falavam que Dilma teria comprado a copa. Agora agem tentando passar a ideia de que a Dilma foi a responsável pela escalação da seleção. 

Pela falta de criatividade, pela falta de propostas concretas de mudança política para o país, a velha e carcomida elite política continua apostando no caos. Alimentam a esperança de que com esse resultado os vândalos vão promover quebra-quebra, vão provocar instabilidade política e assim tirarem proveito nas eleições próximas. Apostam na imbecilidade dos desavisados que torcem pelo pior e acham que somos desprovidos de cérebro.

E por falar em bye bye Brasil, hoje me despeço temporariamente do meu país. FÉRIAS! Vou dar uma voltinha pela Europa e em agosto estarei de volta com as baterias carregadas e com muito mais balas na agulha.

Boa sorte a todos! Independente do futebol a vida segue nos oferecendo muitos motivos para comemorar. Aproveite cada um deles e agradeça.

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