No dia 31 de janeiro um grupo de pessoas bem intencionadas tentou organizar uma grande manifestação contra a CELPA em todo o Estado do Pará. O grupo iniciou mobilizando a população pelas redes sociais e em Parauapebas contou com o apoio da Rádio Arara Azul que ajudou a divulgar o evento.
Não sei como foi no resto do Estado, mas aqui em Parauapebas foi um grande apagão. Juntando os vendedores ambulantes não tivemos 20 pessoas. O que houve? Será que o povo está satisfeito com os serviços da CELPA? Será que o povo está apático e descrente nas lideranças que não quer mais perder tempo com manifestações?
Muita calma nessa hora. É importante compreender o contexto histórico e conhecer a alma desse povo para se fazer qualquer avaliação. Em primeiro lugar, todos sabem que o povo paraense ODEIA A REDE CELPA. A empresa tem tratado o consumidor com o maior desrespeito possível. O povo, sem ter para onde recorrer fica humilhado e submetido a esses absurdos. E não tem para onde recorrer em todos os sentidos. Por um lado, a CELPA é uma concessionária de um serviço exclusivo, um monopólio. Não é como você contratar um serviço numa marcenaria e ter a liberdade de procurar outra se for mal atendido. Aqui você só tem a CELPA e tem que pagar direitinho e se humilhar para receber a prestação de serviço pela metade; por outro lado, os órgãos que deveriam defender o consumidor como o PROCOM e a ANEEL (Agencia Nacional de energia Elétrica), se comportam como verdadeiros defensores da empresa. Alguém já fez uma reclamação no PROCOM de Parauapebas contra a CELPA e saiu satisfeito? Além da demora (que caracteriza desrespeito e impunidade), no final você tem que aceitar a palavra final da concessionária que usa sempre de artifícios jurídicos para manipular ou empurram o caso para frente. Eu mesmo já tive duas ações que nunca foram resolvidas há anos.
Se a CELPA está essa tragédia toda, então porque o povo não foi para a rua e não botou para quebrar? Vários fatores contribuíram para o fracasso da manifestação. Vejamos:
1-O povo anda meio escaldado com manifestações puxadas por grupos que não se sabe a origem e as reais intenções. São vários os casos de pessoas que tentaram pegar carona em movimentos para se projetar politicamente. Depois que elegeram o Valmir como símbolo da mudança, e ter caído num golpe, agora é que está escaldado mesmo.
2- A manifestação foi divulgada pelas redes sociais. Apesar de ser uma febre, uma forte ferramenta de divulgação, aqui em Parauapebas ainda não é bem assim. O povo prefere o corpo a corpo, a mobilização popular, o convencimento.
3- Não basta uma iniciativa de uma pessoa para o povo ir atrás. Essa modalidade de FAZER PARA O POVO não dá certo. Aqui tem que ser FAZER COM O POVO. Assim, faltou organização, maturidade e mobilização de verdade. E digo isso com a autoridade de quem já ajudou a organizar muitas manifestações de sucesso em Parauapebas. O ideal seria mobilizar primeiro os movimentos sociais, as organizações estudantis, as igrejas, etc para discutir o problema. A partir daí se formaria um comitê popular para decidir o que fazer. Após decidir coletivamente pela manifestação, aí sim, seria uma tarefa coletiva, um movimento legítimo que pararia essa cidade.
E é bom lembrar que todo movimento, toda manifestação é política. Não existe essa de neutralidade, de movimento sem bandeira. Isso é ilusão. Movimento popular tem cor, tem alma, tem ideologia. Por isso, as bandeiras são bem vindas. O que há de mal partidos políticos se unirem em prol de uma causa? Afinal, as grandes decisões não dependem de política? Ignorar essa realidade é alienação, é ingenuidade. É isso que a elite neo liberal quer que o povo pense.
Para finalizar, é preciso conhecer um pouco da história da CELPA. Como foi criado esse monstro que coloca nosso Estado na era das trevas? Qual a culpa do governador Simão Jatene nesse processo? Ah se o povo conhecesse a verdade sobre o processo de privatização da CELPA! Não sobraria pedra sobre pedra.
Amanhã publicarei aqui um pouco dessa história. Vale a pena tirar 30 minutos para ler. Você vai se surpreender! E prometo que não vou tratar da questão sob a ótica ideológica. Vou apenas apresentar fatos e dados oficiais que já foram divulgados na mídia. Leia e tire suas conclusões.
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