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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O sigilo de Cármem Lúcia e o alívio de Temer



Por Carlos Fernandes, no blog Diário do Centro do Mundo:


A quem a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármem Lúcia, pensa estar enganando quando ao passo que homologa as 77 delações da Odebrecht, mantém o seu mais absoluto sigilo?

Como já é do conhecimento até do reino mineral, no Brasil do golpe não existe um único ato por parte dos grandes figurões de nossa tragédia democrática que não seja milimetricamente pensado e elaborado para que toda essa farsa seja mantida, quando não da mesma forma, com as oportunas mudanças de cenários que as ocasiões da empreitada assim o exigem.

A morte de Teori Zavascki, o relator original da operação Lava Jato, mais do que uma tragédia acidental ou provocada, trouxe um leque de oportunidades na então conjuntura do circo de Curitiba, isso justamente às vésperas do que há muito já é considerada como a delação do fim do mundo.

É triste termos que encarar a morte de um ser humano como a saída providencial de uma quadrilha multi-institucional que tomou de assalto a República, o Estado Democrático de Direito e a Constituição Federal, mas assim é o reino dos chacais.

O fato é que homologar as mais importantes e reveladoras delações de toda a Lava Jato ainda no período de recesso do STF e, portanto, de forma monocrática e independente antes mesmo de ser indicado o seu novo relator, é – independente da inquestionável urgência do assunto e de todo o seu cunho legal – uma autopromoção que cai como uma luva para alguém que, digamos, sonha com voos ainda mais altos.

Não tornar, porém, público o conteúdo dessas delações, atende, para utilizarmos um termo recorrente nesses dias sombrios, o “timing” necessário para que as peças do nosso xadrez político estejam devidamente posicionadas.

Já sabido que as tais delações possuem um monumental poder de destruição voltados especialmente para a cúpula do governo Temer, ele próprio chafurdado até a alma, não é à toa que o Planalto recebeu a notícia da manutenção do sigilo com um profundo “alívio”.

Além de dar tempo para que sujeitos do naipe de Rodrigo Maia e Eunício Oliveira disputem (e provavelmente ganhem) as eleições para presidente da Câmara e do Senado – peças fundamentais para uma sobrevida do governo Temer – ainda abre espaço para os nossos velhos conhecidos vazamentos seletivos.

A grande questão é que Cármem Lúcia, novamente, atua muito menos como uma juíza preocupada com a crise institucional e muito mais como um agente político que, pelo menos por ora, dá suporte aos interesses de um governo visivelmente corrupto, incapaz e inoperante.

A resposta entretanto pode estar na necessidade da plutocracia de se manter um parasita no poder até que as condições necessárias para que o golpe do golpe estejam definitivamente satisfeitas.

Temer pode até ter respirado aliviado por mais esse “jeitinho brasileiro” encontrado nos gabinetes da mais alta corte do país, mas ele, traidor como ninguém, deveria saber que essa nova bajulação da presidente do STF pode lhe custar muito caro.

Afinal, como dizia Winston Churchil, um bajulador é aquele que alimenta um crocodilo e que espera comê-lo no final.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

CRÍTICA LITERÁRIA - MEL FILHA DA AMAZÔNIA

Acabei de ler a obra da escritora de Parauapebas Terezinha Guimarães*. Mel - Filha da Amazônia é um romance surpreendente que conta a história de uma menina nascida e criada numa comunidade ribeirinha às margens do rio Amazonas. Menina brejeira, sonhadora, com um forte senso de realidade adquirido através da árdua vida e das privações do dia-a-dia. Sonhava em ser modelo e conquistar as passarelas do mundo, mas, enquanto esse sonho não se concretizava, convivia com uma família problemática, um pai alcoólatra, mãe depressiva, além de presenciar e conviver com a dura realidade da prostituição infantil e a exploração e degradação dos recursos naturais.

Enquanto seu sonho não vira realidade, Mel atravessa o rio com suas irmãs para estudar na escola do vilarejo, trabalha nos afazeres domésticos e, mesmo sendo menor, administra a problemática família. Embalada pelo sonho e pela fé, vai rompendo barreiras que parecem intransponíveis e se identifica cada vez mais com a região amazônica, pela qual mantém uma paixão incondicional.

Após completar 15 anos, Mel deixa o pequeno vilarejo esquecido na Região Norte e segue sozinha para Brasília apenas com um numero de telefone de um jovem pesquisador que passara pela sua comunidade e prometera ajudá-la a concretizar seu sonho. O que parecia loucura, aventura sem sentido, transforma-a numa modelo famosa que leva não só a beleza amazônica para as passarelas, mas a mensagem do povo esquecido e discriminado da Amazônia. Após conquistar fama e dinheiro, Mel volta para a sua comunidade como psicanalista para desenvolver um projeto social e ajudar seu povo tão sofrido.

Esse fantástico romance que prende até mesmo o leitor mais desinteressado do início ao fim, aborda com leveza e sutileza temas como a exploração sexual, o tráfico dos recursos naturais, a destruição da floresta amazônica, alcoolismo e depressão, e ressalta a realidade dos povos ribeirinhos tão presentes em nossa região. A autora se envolve de tal maneira na trama, que às vezes dá a impressão de ser a própria protagonista da história. Se não fosse a escritora moradora de uma região esquecida do mundo, e que só aparece na grande mídia pelas notícias negativas, seu livro, com certeza seria reconhecido nacionalmente e estaria sendo divulgado por uma grande editora, e, quem sabe, até viraria um seriado de Tv. 

Li, gostei e recomendo.

*Terezinha Guimarães (1962) maranhense, casada, mãe de três filhos. Pedagoga, psicanalista clínica, escritora com doze obras publicadas. Membro da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense e da Academia Parauapebense de Letras, onde exerce o cargo de vice-presidente. Atualmente coordena o Bem Estar Centro Terapêutico, onde trabalha com casais, utilizando uma abordagem psicoterapêutica de orientação psicanalítica. 


segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

DARCI TOMA POSSE NA CERIMÔNIA MAIS DISPUTADA QUE PARAUAPEBAS JÁ VIU

Foto de Berlazin Atrox
"Uma festa com cara de povo". Essa foi a melhor definição que ouvi durante a cerimônia de posse do prefeito Darci e dos vereadores. Com o plenário totalmente lotado e a multidão disputando espaço do lado de fora, o clima foi de euforia e esperança. Esperança em dias melhores, na construção de novas oportunidades, na retomada do crescimento. A população presente na festa, mesmo não conseguindo entrar no plenário, não arredou pé das imediações da Câmara. Todos queriam testemunhar e sentir a energia desse novo momento para o município de Parauapebas. 

Essa é uma característica marcante do Darci. Sempre arrasta a multidão e desperta em cada um a capacidade de sonhar e acreditar no futuro. Com esse sentimento começamos 2017. Com os pés no chão, não esperamos milagres do novo gestor, que terá que administrar um verdadeiro caos que foi transformado o nosso município. Mas esperamos muito envolvimento e comprometimento para administrar de forma transparente, humana e justa como é o seu perfil. Darci terá que reconstruir praticamente do zero uma máquina sucateada e cheia de problemas, onde difícil é saber o que priorizar, tal a urgência de tudo. Confiamos na equipe montada pelo prefeito para lhe ajudar nessa árdua missão, e aos poucos poderemos ver esse "trem" voltar aos trilhos e seguir seu percurso rumo ao futuro.

Desejamos toda a sorte ao prefeito Darci e sua equipe de colaboradores. Estaremos aqui atentos a tudo e com nossas críticas construtivas, colaboraremos à medida do possível. "Dias melhores virão!"

Aproveito para desejar a todos um ano novo cheio de saúde e paz!