O líder do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral (PT)
foi preso em novembro de 2015. Fato inédito na nossa jovem democracia, onde
nunca antes na história desse país um senador havia sido preso em pleno
exercício do mandato. Motivo da prisão: segundo os investigadores, ele estava
atrapalhando a operação Lava Jato. Por um breve momento pensei: até que enfim,
nosso judiciário está tomando o rumo e fazendo justiça. Vários empresários e
políticos graúdos foram presos, também de forma inédita na história do Brasil.
Cheguei a soltar foguete e abri uma garrafa de vinho para comemorar. Será que
estamos entrando em uma nova era?
Ao analisar os fatos e as prisões com mais frieza, percebo
que não é bem assim. Ainda não será dessa vez que assistiremos o fim da
impunidade e da corrupção no Brasil. O que vemos na mídia é uma justiça
seletiva que tem seu alvo certo e nem consegue esconder que está comprometida
ideologicamente. Senão, vejamos: o senador Delcídio do Amaral foi preso por
atrapalhar as investigações da polícia; o deputado Eduardo Cunha foi denunciado
pelo ministério público da Suíça por manter contas secretas com 2,4 milhões de
dólares. Tudo foi feito com provas robustas e inquestionáveis contra o Cunha, e
ele continua solto e presidindo a Câmara dos Deputados. Como se não bastasse,
usa o cargo e o poder de presidente para manipular, chantagear e atrapalhar de
todas as formas a comissão de ética que tenta sem sucesso lhe processar. Isso é
um flagrante acintoso de que Eduardo Cunha confia na impunidade e sabe que tem
fortes aliados no Poder Judiciário. E ainda conta com o apoio baseado na
chantagem que ele mantém no congresso, fruto de acordos impublicáveis para se
eleger presidente da câmara.
A Suíça no caminho da justiça brasileira
Cunha será preso? Talvez. O Ministério Público botou água no
chope da justiça brasileira. As provas são tão contundentes que constrangem a
nossa justiça. Não afastar Cunha do cargo e não prendê-lo seria expor o nosso
sistema ao ridículo perante a comunidade internacional. Mas vão protelar até o final e retardar o
máximo o seu afastamento.
Prender o senador Delcídio Amaral (PT) por atrapalhar a
justiça e deixar solto o Eduardo Cunha (PMDB) que manipula o Congresso, abusa
do poder e manobra a justiça é um tapa na cara do nosso sistema. É um flagrante que prova que nossa justiça é
seletiva e vingativa contra um lado. Para os velhos poderosos tradicionais, ela
continua uma senhora matrona, carcomida, ultrapassada e cega. E nem vou me alongar aqui para falar
de helicóptero com meia tonelada de cocaína que a polícia federal não conseguiu
descobrir o dono, nem da sonegação da Globo, nem de evasão de divisa e
apartamentos de luxo não declarados de tucanos de alta plumagem, nem de
aeroporto construído com dinheiro público em fazenda do tio do ex-governador Aécio,
nem de apartamento de luxo de ex-juiz em Nova York, etc. Mas certamente vão
tentar pegar o Lula com toda pirotecnia por frequentar uma chácara e,
supostamente comprar um apartamento de classe média.
Não será dessa vez que assistiremos o alvorecer de uma nova
era e testemunharemos uma justiça implacável contra a corrupção e agindo de
forma imparcial. Ainda teremos que conviver com juízes, promotores e
procuradores midiáticos que adoram holofotes e capas da Revista Veja. Claro,
salvo algumas exceções.
Eles não estão nem aí com o Cunha ou outros políticos corruptos ligados à ala direitista. Eles querem é tirar o Lula da disputa presidencial em 2018. Para tanto, selecionam, perseguem e prendem qualquer pessoa do PT ou "amigo" do Lula. E agora estão caçando o próprio Lula como a um bicho perigoso, como se ele fosse o pior dos bandidos da terra - ou da estratosfera. Em 2018 daremos a resposta definitiva e a tal da "justiça" brasileira terá que rever a sua "cegueira".
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