Por José O. Zelão V. Reis.
No final dos anos sessenta e toda a década de mil novecentos e setenta, período conhecido como anos de chumbo da ditadura militar, os movimentos sociais, sindicais e partidários para sobreviver e contrapor às barbáries impostas pelo regime (tanto dos militares quanto dos seus apoiadores - empresários internos e externos), tiveram que agir na clandestinidade - às vezes partindo para o confronto armado, como foi o caso das guerrilhas urbanas no eixo Rio-São Paulo e a guerrilha do Araguaia (debelada em 1975).
Nesse período, também não menos perseguida, sobreviveu fora da clandestinidade a UNE (União Nacional dos Estudantes). A UNE era a voz da juventude e influenciou no Brasil inteiro outros segmentos da classe estudantil e da sociedade como um todo. Na dor pela tortura e na perda pela morte, pelo desaparecimento e pelo exílio, a juventude era a força da esperança, a chama da liberdade, o grito que rompeu fronteiras e a voz que ecoou em distintos continentes e se fez ouvir incansavelmente até que veio a anistia, o primeiro passo para a retomada da democracia.
A transição não foi fácil; mais que transição foi uma imposição negociada: *o primeiro presidente civil pós-ditadura militar foi um fracasso, posto que veio por indicação dos militares; o segundo foi um desastre, visto que veio de uma tradição coronelista do que há de mais arcaico e corrupto do interior nordestino (nada contra os meus irmãos do nordeste, apenas contra os coronéis, não importa de onde o são); o terceiro foi uma farsa trans-vestida de social-democracia, sendo o mesmo um filhote do imperialismo norte-americano - foi um entreguista do patrimônio nacional a preço de bananas às multinacionais.
Mas o povo não se cansou e a luta continuou
A partir daí tivemos treze anos de governo popular, de reconhecimento e respeito internacional, de autoestima de um povo que saiu da linha de miséria e extrema pobreza ao ponto de se tornar modelo para o mundo no combate à fome, na ampliação de vagas nas universidades e do acesso às classes historicamente alijadas do ensino superior e na promoção e desenvolvimento de programas sociais como forma de distribuição de renda.
Isto mexeu com os brios da "Casa Grande" e infelizmente a nossa geração não preparou a geração Wi Fi para usufruir e gozar dessas benesses, conquistadas a ferro e a fogo. A nova geração não sabe de onde/como veio tanta liberdade e tantas oportunidades; apenas enxergam "culpados", como meninos mimados, quando o seu desejo não é satisfeito.
A Casa Grande soube aproveitar o "descuido" da ex-senzala, a insatisfação dos meninos mimados e o deslumbre dos ex-pobres/neo ricos que não entenderam nada e... de novo deu o golpe.
Retrocedendo ao período colonial, resta saber como os ex-ricos agora neo pobres vão se virar para reconquistar o seu lugar ao sol. Se vão lutar como os seus pais ou se vão procurar culpados.
P.S.*
1. Sarney (oriundo da ditadura militar - saiu do PDS e se filiou ao PMDB na última hora, porque a legislação eleitoral não permitia coligação interpartidária, resquícios do autoritarismo);
2. Collor - eleito pelo voto popular - cassado por corrupção ativa); e
3. FHC - indicado por Itamar Franco, deu sequência ao programa de privatização iniciado por Collor, sob orientação do FMI.
Depois deles até o golpe do Michel houve o período intermediário com Lula e Dilma.
P.S.*
1. Sarney (oriundo da ditadura militar - saiu do PDS e se filiou ao PMDB na última hora, porque a legislação eleitoral não permitia coligação interpartidária, resquícios do autoritarismo);
2. Collor - eleito pelo voto popular - cassado por corrupção ativa); e
3. FHC - indicado por Itamar Franco, deu sequência ao programa de privatização iniciado por Collor, sob orientação do FMI.
Depois deles até o golpe do Michel houve o período intermediário com Lula e Dilma.
Este artigo deveria ser disseminado nas redes sociais e mídia impressa. Reabre espaço para discussões que muitos querem fugir.
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